Apontamento
Neio Lúcio
Manifestaste
indisfarçável
aborrecimento,
ante as
observações
paternas que te
contrariaram os
propósitos
impensados.
Ontem, abusaste
da alimentação,
hoje pretendias
uma excursão
inconveniente.
Referiu-se teu
pai às
necessidades do
espírito, com
acentuada
tristeza;
todavia, longe
de lhe
entenderes a
nobreza do
gesto, buscaste,
intempestivo, os
braços maternos,
na ânsia
incontida de
aprovação aos
teus caprichos
juvenis.
Foste, porém,
injusto. O jovem
que recusa a
orientação
acertada dos
mais velhos que
lhe desejam o
bem, procede
qual lavrador
leviano que
reprova a boa
semente.
Estimas as
longas incursões
no pomar, quando
as laranjeiras
se cobrem de
frutos e quando
a parreira deita
uvas doces.
Acreditas, no
entanto, que as
árvores
excelentes
teriam crescido
sem cuidado?
admites que a
vinha não
necessitou de
amparo em
pequena?
Todas as
plantas,
mormente as mais
tenras, sofrem
insistentes
perseguições de
detritos e
vermes. Sem
carinhosas mãos
que as protejam,
ser-lhes-ia
impraticável o
desenvolvimento
e a
frutificação;
muitos dias de
vigilância
requerem do
pomicultor antes
de nos atenderem
na chácara.
Ignoras que o
mesmo acontece
no campo do
coração?
As más
experiências de
uma criança
acompanham-na a
vida inteira.
Diz antigo
provérbio: “com
o tempo, a folha
da amoreira
converte-se em
veludoso cetim”;
mas não podemos
esquecer que
também com o
tempo as águas
desamparadas e
esquecidas se
transformam em
pântano.
Não te revoltes
contra a
sementeira de
reflexão e
bondade que o
carinho paterno
realiza em teu
espírito.
Sobretudo, não
te impressiones
com a fantasiosa
opinião de
colegas da rua.
O tempo dará
corpo aos
princípios
inferiores ou
superiores que
abraçares e,
enquanto o
companheiro
estranho ao teu
lar pode ser o
amigo de alguns
dias, teu pai
ser-te-á o amigo
e benfeitor de
muitos anos.
Do livro
Alvorada Cristã,
obra mediúnica
psicografada
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier.