Sexo e Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 30)
Damos sequência
ao estudo metódico
e sequencial do
livro Sexo e Obsessão,
obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada originalmente em 2002.
Questões
preliminares
A. Como estava a
psicosfera na
sala onde se
realizou o
encontro com o
marquês de Sade,
Rosa Keller e
Madame X?
Antes da oração
inicial, a
psicosfera no
local do
encontro, apesar
de saturada de
energias
superiores,
foi-se tornando
mais densa, à
medida que as
Entidades
convidadas
começaram a
exteriorizar os
anelos do seu
psiquismo
atormentado.
Foi, por causa
disso,
providencial a
prece que, a
pedido do
dirigente do
encontro, foi
proferida pelo
Dr. Bezerra de
Menezes.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
B. Que efeito
sobre o ambiente
teve a oração
inicial?
Foi excepcional
o resultado da
prece. Assim que
Dr. Bezerra de
Menezes
silenciou,
iluminado
interiormente
por peregrina
claridade
irradiante,
percebeu-se que
flocos diminutos
igualmente
luminosos caíam
do alto e,
tocando a todos,
assinalavam-nos
com pontos
refulgentes que
lhes produziam
inefável
bem-estar. O
próprio marquês
de Sade, que não
estava
acostumado a
algo dessa
natureza,
observou a
ocorrência entre
espantado e
receoso, não
podendo, porém,
ocultar o prazer
decorrente da
sensação que lhe
causava o
desconhecido
benefício.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
C. Presente no
encontro, Madame
X fez um
importante
desabafo. Qual o
pedido que ela
então formulou?
No seu desabafo,
Madame X disse:
“Também estou
cansada de tanta
desgraça.
Necessito ser
livre para
crescer e ser
feliz. Não mais
suporto a
pressão que me
submete, nem a
insaciabilidade
que me queima
interiormente,
buscando novos e
sórdidos
comportamentos.
O cansaço
asfixia-me e o
horror de mim
mesma toma
proporções com
as quais já não
posso conviver.
Aspiro por novos
comportamentos,
necessito
libertar-me da
luxúria, da
sensualidade
perversa que me
destrói. É
demasiadamente
alto o preço de
cada
comportamento
desditoso,
infelicitando
vidas infantis
que estertoram
no meu regaço,
enquanto a
perversão me
consome sem
cessar...”. Em
seguida, acusada
diretamente pelo
marquês pelos
seus desmandos,
ela declarou:
“Não me escuso à
responsabilidade
nem a nego. No
entanto, estou
cansada de luta
intérmina e
inglória. O
domínio que a
sua mente exerce
sobre mim,
levando-me
sempre de
retorno à
cidade, é o que
desejo romper,
para poder
avançar com
menos
dificuldade e
menor pressão
emocional.
Liberte-me, por
favor, da sua
hipnose
destruidora!”
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
Texto para
leitura
146. O
encontro se
inicia com uma
comovente oração
– A psicosfera
no local do
encontro, apesar
de saturada de
energias
superiores,
foi-se tornando
mais densa, à
medida que as
Entidades
convidadas
começaram a
exteriorizar os
anelos do seu
psiquismo
atormentado. Não
dominando a
surpresa, o
marquês de Sade
acercou-se de
Madame X e
desejou cingi-la
em um abraço
afetuoso, no que
foi
discretamente
repelido,
causando-lhe
singular
desagrado. O
irmão Anacleto
utilizou-se da
ocorrência para
informar que,
naquele momento,
seriam
estabelecidas
diretrizes novas
para o futuro,
tendo em vista
que o império da
desordem e da
desestruturação
de algumas vidas
deveria ceder
lugar a
cometimentos
diferentes,
ensejando a
edificação da
felicidade para
todos quantos se
encontravam
envolvidos na
urdidura da
insensatez. Com
segurança e
entonação de voz
especial, propôs
que se
iniciassem as
atividades
espirituais
através de uma
oração, que
solicitou ao
nobre Dr.
Bezerra de
Menezes
proferir. Sem
qualquer
delonga, o
Mensageiro da
Luz exorou,
sensibilizado, a
todos tocando
igualmente:
“Jesus,
Psicoterapeuta
por Excelência:
Asfixiados no
paul das
emanações
morbíficas
decorrentes da
inferioridade
moral que ainda
nos caracteriza,
erguemos o nosso
apelo à Tua
magnanimidade, a
fim de que nos
arranques do
lodaçal em que
nos retemos.
Cansados do
vaivém da
loucura que tem
ressurgido nas
diversas
experiências
reencarnatórias,
predispomo-nos a
recomeçar com
disposição nova,
por sentirmos
chegado o
momento da
libertação dos
condicionamentos
infelizes que
nos temos
permitido ao
longo dos
séculos de
perturbação e
primarismo.
Tens-nos
distendido mãos
generosas e
seguras,
tentando
elevar-nos,
enquanto
teimamos na
permanência da
acomodação
infeliz, sem
aspirações de
plenitude.
Utiliza-te deste
momento de
reflexão e
alça-nos às
regiões
luminíferas da
Espiritualidade
onde possamos
haurir energias
vitalizadoras,
que nos emularão
ao crescimento
interior longe
da perturbação e
da desordem. Não
é a primeira vez
que recorremos
ao Teu auxílio,
que tem estado
aguardando pelas
nossas decisões,
no entanto é o
momento especial
em que nos
dispomos
realmente à
mudança e
buscamos o Teu
magnetismo, a
fim de
encontrarmos a
saúde espiritual
que nos vem
faltando. Todos
quantos aqui nos
encontramos
somos os novos
filhos do
Calvário,
despertando para
avançar no rumo
dos altos Cimos.
Alonga-te até
nós, e sem
considerar os
nossos pesados
delitos,
enseja-nos a
recuperação
indispensável
para o recomeço
feliz dos
tentames
iluminativos.
Jesus, Benfeitor
Incessante,
aguardamos que
venhas até nós,
que nos
encontramos em
expectativa de
paz e de
renovação”.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
147. Rosa
Keller desperta
e mostra medo
– Quando o
Mentor
silenciou,
iluminado
interiormente
por peregrina
claridade
irradiante,
percebeu-se que
flocos diminutos
igualmente
luminosos caíam
do alto e,
tocando a todos,
assinalavam-nos
com pontos
refulgentes que
lhes produziam
inefável
bem-estar. O
marquês de Sade,
que não estava
acostumado a
algo dessa
natureza,
observou a
ocorrência entre
espantado e
receoso, não
podendo, porém,
ocultar o prazer
decorrente da
sensação que lhe
causava o
desconhecido
benefício.
Enquanto madre
Clara de Jesus
envolvia Rosa
Keller em
energias
saturadas de
harmonia, a
enferma, com as
deformações que
lhe assinalavam
o perispírito,
recobrou
totalmente a
lucidez, e,
reconhecendo o
seu algoz,
pareceu
tresvariar,
gritando
desordenadamente:
“Que faz aqui
esse monstro?
Novamente irá
torturar-me? Não
lhe bastam os
longuíssimos
dias da minha
desgraça? Ainda
tenho as carnes
dilaceradas pela
sua loucura
assassina.
Socorra-me,
alguém, por
piedade!” A
madre acudiu,
aplicando-lhe
energias
dulcificantes:
“Acalme-se,
minha filha. O
senhor marquês
não mais pode
afligir a
ninguém. A
partir deste
momento, também
ele se encontra
em tratamento,
dando o primeiro
passo para rumar
noutra direção”.
O marquês logo
interveio, com
ironia e desdém:
“Deve ser
loucura. Eu aqui
me encontro
voluntariamente
e sem nenhuma
disposição para
mudar de atitude
ou iniciar
qualquer
tratamento, pois
me reconheço
saudável e bem
disposto no que
faço, conforme
me sinto e no
que aspiro”.
Acercando-se-lhe,
o irmão Anacleto
esclareceu-o:
“Sabemos como o
caro amigo se
encontra e
sente-se. Nada
obstante,
aqueles que têm
sido suas
vítimas anelam
pela libertação,
estão cansados
das sevícias e
dos maus tratos,
especialmente a
nossa amiga
Rosa, que, após
libertar-se da
prisão no
Castelo de Y,
vem recebendo
tratamento
adequado para o
reencontro com a
felicidade”.
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
148. O
marquês dá sua
versão do que
fez com Rosa
– Enquanto isso,
a vítima do
sicário
continuava
gritando
aparvalhada:
“Não me deixem
voltar para
aquele inferno.
Eu tenho direito
à paz. Sei que
sucumbi mil
vezes a todos os
tipos de torpeza
moral, mas não
possuía
discernimento
nem capacidade
para lutar
contra a
desgraça que me
devorava por
dentro”. A madre
consolou-a:
“Sabemos disso,
minha filha;
ademais você se
encontrava
hipnotizada
desde quando
deambulava pelo
mundo nos trajes
desgastados da
perversão moral
a que se
entregou. Agora
surge uma
diferente
madrugada, em
que você
lentamente irá
recuperar-se.
Não tema, nem se
deixe sofrer,
porque o Mestre
do amor ouviu o
seu grito
rogando socorro
e atendeu-a.
Ninguém se
encontra perdido
indefinidamente.
O poder maléfico
exercido contra
você não possui
mais qualquer
força que a
submeta aos
caprichos que
vicejavam até há
pouco. Confie e
ore neste
momento decisivo
da sua vida”.
Rosa então
falou: “Ele
desgraçou-me e a
muitas vidas e
submeteu-nos a
sofrimentos
insuportáveis
nas furnas em
que nos reteve
por longos,
infinitos anos,
que não sei
contar... Ali,
no Castelo a
crueldade não
tem limites...”.
Nominalmente
acusado, o
marquês
esbravejou:
“Sempre foi uma
louca, a
desgraçada, por
cuja causa eu
sofri penalidade
injusta. Por
isso mesmo, após
a sua morte
vergonhosa,
arrebatei-a para
os meus
domínios, no
Castelo que eu
próprio ergui,
onde a explorei
a expensas dos
meus interesses
como é
compreensível.
Foi ela quem me
seduziu, ou
melhor dizendo,
quem me
perturbou a
juventude,
atraindo-me,
vulgar e
perversa, aos
seus
encantamentos
sensuais.
Açulado nos meus
instintos,
dilacerei-a,
esfogueado pelos
desejos que
irromperam
dominando-me
todo o corpo e a
mente. Odeio-a e
lamento não
haver feito
muito mais, a
fim de
submetê-la,
exemplo típico
da ralé e do
lixo social. Ela
pensava
certamente que
me conquistaria,
quando lhe
emprestaria meu
nome e meus
títulos. Pobre
insana!”
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
149. Rosa
Keller faz novas
acusações
– Dito isso, o
marquês
prorrompeu em
estrídula
gargalhada, que
tinha mais o
aspecto de
loucura que
mesmo de alegria
ou de
satisfação. Rosa
Keller, contudo,
respondeu: “Ele
mente, porque eu
não fui a
primeira, nem
mesmo a
causadora do seu
primeiro
encarceramento.
Por acaso, ele
se esqueceu de
Jeanne Testard,
das blasfêmias
contra Deus,
Jesus, Maria e
os atos
religiosos, bem
como do abuso
praticado contra
ela que se
recusava a
atendê-lo? O seu
primeiro
encarceramento
foi resultado
desse hediondo e
nefasto crime,
não por minha
causa. Comigo,
pobre tecelã, em
Arcueil, tudo
começou com o
seu estranho
psicodrama
sexual, que
terminou na
minha flagelação
sob ameaça de
morte. Se eu não
houvesse fugido
pela janela
aberta e contado
a todos quantos
encontrei e se
estarreciam com
o meu estado, o
infame ficaria
impune... Nem
desejo
referir-me à sua
vida incestuosa
com a própria
irmã... No
entanto, graças
à sua posição
social, ele
sempre conseguiu
a liberdade,
evitando a pena
de morte, mesmo
após condenado
mais de uma vez,
enquanto suas
vítimas ficamos
desgraçadas para
sempre, na Terra
e mesmo depois
da morte...” (Sexo
e Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
150. O
desabafo de
Madame X
– Nesse momento,
Madame X,
totalmente
desperta e
lúcida,
interveio:
“Também estou
cansada de tanta
desgraça.
Necessito ser
livre para
crescer e ser
feliz. Não mais
suporto a
pressão que me
submete, nem a
insaciabilidade
que me queima
interiormente,
buscando novos e
sórdidos
comportamentos.
O cansaço
asfixia-me e o
horror de mim
mesma toma
proporções com
as quais já não
posso conviver.
Aspiro por novos
comportamentos,
necessito
libertar-me da
luxúria, da
sensualidade
perversa que me
destrói. É
demasiadamente
alto o preço de
cada
comportamento
desditoso,
infelicitando
vidas infantis
que estertoram
no meu regaço,
enquanto a
perversão me
consome sem
cessar...”.
Ouvindo esse
desabafo, o
marquês disse:
“E que tenho eu
com isso? Serei
também
responsável pela
sua Casa de
perdição nos
arredores de
Paris, onde se
praticavam
aberrações que
me faziam corar?
Quando a visitei
por primeira vez
já era um antro
de prostituição
da mais baixa
qualidade.
Poderia mesmo
afirmar que ali
aprimorei alguns
dos meus
métodos, tal a
excelência do
que ocorria em
excesso de
depravação e
criminalidade...
Introduzi o uso
de
comportamentos
sexuais com
animais na parte
inferior da
Maison, porque
os seus
frequentadores
eram menos que
os próprios
quadrúpedes ou
com eles se
assemelhavam. Já
me encontrava
bastante
debilitado em
forças, naquele
período, porém
suficientemente
lúcido para
aquilatar em
torno dos
resultados dos
favores que
podia fruir e
proporcionar aos
demais”. Madame
X respondeu:
“Não me escuso à
responsabilidade
nem a nego. No
entanto, estou
cansada de luta
intérmina e
inglória. O
domínio que a
sua mente exerce
sobre mim,
levando-me
sempre de
retorno à
cidade, é o que
desejo romper,
para poder
avançar com
menos
dificuldade e
menor pressão
emocional.
Liberte-me, por
favor, da sua
hipnose
destruidora!”
(Sexo e
Obsessão,
capítulo 16: O
reencontro.)
(Continua no
próximo número.)