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Crônicas e Artigos

Ano 11 - N° 511 - 9 de Abril de 2017

BRUNO ABREU
viandante.geela@gmail.com
Lubango, Angola

 



O pensamento, a vontade
e a verdade


“Conhecereis a Verdade e ela vos libertará” – este foi um dos enormes ensinamentos deixados há 2.000 anos pelo Mestre da Vida, Jesus Cristo. Que verdade é essa de que o Mestre nos fala?

O mundo vive em insistente caos causado por nós; é muito fácil fugirmos a esta responsabilidade com afirmações de que não somos nós a causa da guerra, ou da fome, ou do caos, e por aí afora, mas todos esses horrores nascem da raiz do ser humano, daquilo que nos forma individualmente e, generalizado, constitui a sociedade.

A raiva ou o ódio individualizado que desponta esporadicamente contra um conhecido, em efeito coletivo, é o impulso ao início de uma guerra por parte de uma nação; a inércia que nos faz ficar em casa no tempo que poderíamos tirar a fome a alguém é a “alimentação” de uma fome planetária; todos os atos ou a falta deles de forma individual são a representação dos mesmos atos cometidos em grupos com efeitos de maior dimensão.

O início e a sustentação das coisas negativas no planeta são de fonte humana, porque, como Santo Agostinho afirma, o mal é nascido em nós, não existe de forma natural, e se nós, almas encarnadas, mentes ou consciências, como quiserem chamar, somos a fonte, o rio é o pensamento que desponta no mar das ações.

Jesus indica-nos que serão as nossas ações que serão “medidas”. Por que as ações e não os pensamentos? O que é o pensamento?

O pensamento é um fluxo impressionante de formas-energias geradas por nós, por outros encarnados, desencarnados, no presente ou no passado, que se movimentam em nosso planeta. Estará esta afirmação correta? Incorreta não está, poderá é estar incompleta. Vejamos se assim é.

Podemos nós criar pensamentos? Sem dúvida, somos seres pensantes que colocamos ideias e raciocínios fora de nós e em movimento na órbita terrestre, que chegarão aos que se afinizam com eles.

Poderão os pensamentos de outros encarnados chegar a nós? É necessária uma afinização entre os seres, por vezes gerada por anos de companheirismo ou afinidade de desejos e formas de vida, mas não há dúvida que a transmissão de pensamentos entre encarnados é algo de muito comum, aliás não só de pensamentos, mas de sentimentos e emoções.

Entre desencarnados e encarnados? O “sucesso” das obsessões é a maior prova de que a partilha ou imposições de pensamentos entre encarnados e desencarnados são uma realidade, não deixando dúvidas sobre este tema.

O Mestre Jesus aconselha-nos a vigiar constantemente nossos pensamentos, e continua o conselho para que oremos quando a tentação aparecer em forma-pensamento, aliás essa é a única forma em que esta pode aparecer.

Existe um movimento impressionante na mente, comum a todos nós e repetitivo – pensamento, nascimento da vontade ou desejo, ação. Saltando o meio teremos a ação após o pensamento e isto nos parece tão natural que nem nos traz dúvidas, mas a minha dúvida está no princípio. Se nem todos os pensamentos são meus, como vimos atrás, por que ajo após estes de forma inquestionável parecendo o trem e as carruagens? Não seria lógico colocarmos em questão cada pensamento que aparece em nós?

Há milhares de anos que viemos reencarnando, estando habituados a esse movimento, e ele funciona de tal forma sincronizado que muitas das vezes, segundo a espiritualidade, não nos conseguimos libertar nem quando desencarnamos. A forma como agimos instintivamente depois de pensarmos tornou-se uma natureza humana, e é demonstrada pela minha forma de estar que o “pensamento é meu”, uma posse do ser.

Há dois mil anos Paulo de Tarso nos disse que temos que nos levantar do sono profundo que parece a “morte”, e os Espíritos Superiores que trazem a Doutrina Espirita alertam-nos que somos conduzidos muitas das vezes em nossa reencarnação por uma Espiritualidade inferior.

Muitos dos sábios que passam na Terra, nas diferentes culturas e doutrinas, deixam-nos o recado de que nós somos a criação do mal em si, vindo ele do pensamento; como poderemos alterar isto?

Primeiro é necessário que vejamos com toda a certeza que o mal terreno é nascido no pensamento, com tanta certeza como vemos a matéria, não deixando dúvidas para a ilusão de que eu não faço nada de errado. A consciência da forma de como o pensamento funciona é a grande abertura da vontade de ver o movimento da existência. Nós só podemos iniciar o aprendizado sobre algo quando se torna clara para nós a ignorância sobre esse tema, por isso, na área psicológica de cada um, o sofrimento ser tão necessário.

Ao vermos os erros cometidos pela mente, por nós, que nascem em forma-pensamento, colocamos em questão cada pensamento, porque com o caminhar da ação percebemos que mesmo os que nos pareciam tão certos por vezes são completamente errados, que a ilusão de conhecimento pode acontecer em qualquer instante sem que nos apercebamos, e essa é a verdadeira ilusão. O pensamento é filho do Egocentrismo e este, por sua vez, um fortalecimento do primeiro, tornando-se um labirinto complexo enrodilhado que nos mantém em um sono hipnotizante da resolução de um passado que nada podemos fazer, ou a criação de um futuro ilusório com as marcas do passado, porque é assim que o pensamento funciona, ele não tem lugar no instante presente porque esse minúsculo espaço de tempo apenas pode conter observação; quando ele existe passa a ser passado ou um ilusório futuro, mesmo quando indagamos o presente para o observarmos, temos que o deixar.

Ao nos apercebermos disso como uma realidade, o passo seguinte é…

Seria bom que pudesse ser transmitido ou que eu o soubesse transmitir, mas isso é o conhecimento que nos trouxe onde estamos. Compreender o funcionamento do pensamento, não de um pensamento no seu sentido, mas do pensamento, do seu funcionamento, só por si, é um grande passo que transforma nossa vida e cria diretrizes diferentes. Não é o único passo mas é o primeiro, não com palavras ou com teorias como as linhas que foram escritas, mas na vivência das relações, observando cada ato, vigiando cada nascimento.

Tal como o Mestre nos disse: “A letra mata mas o Espírito vivifica".




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita