A. A quem se
deve a
primazia de
haver
narrado o
primeiro
exemplo de
“correspondência
cruzada”
obtida
espontaneamente?
Segundo
Bozzano,
devemos o
relato à
Sra. De W. O
autor da
comunicação
teria sido
“Rodolfo”,
nome com que
se
apresentava
determinado
Espírito. A
explicação
do fenômeno
pode ser
deduzida por
esta
informação
prestada por
ele à Sra.
De W.:
“Eis-me
aqui, minha
amiga. Esta
noite
proponho-me
a ir e vir
de um grupo
ao outro,
por meio dos
filamentos
fluídicos
que teci, de
maneira que
escreverei a
minha
mensagem ora
com a mão da
médium R. e
ora com a
mão da
médium T.,
subtraindo
fluido da
primeira
para
adicionar à
segunda, a
fim de
chegar a
escrever com
a mão desta
última”.
Vê-se que as
lacunas
existentes
numa
mensagem e
supridas na
outra não
foram fruto
do acaso,
mas criadas
de caso
pensado. (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
B. É certo
que a
telepatia
implica a
existência
de duas
pessoas em
ação?
Segundo o
Dr. Geley,
citado por
Bozzano,
sim. A
telepatia
implica a
existência
de duas
pessoas em
ação: uma
ativa, outra
passiva; uma
transmissora,
ou melhor, emanadora,
outra
receptora. É
isso que
caracteriza
o fenômeno
telepático. (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
C. Por que o
fenômeno
chamado de
“correspondência
cruzada” não
pode ser
explicado
simplesmente
pela
telepatia?
Bozzano cita
neste livro
as
considerações
feitas pelo
Dr. Geley,
que entende
que nas
“correspondências
cruzadas”
por ele
examinadas
tudo
concorre
para
presumir que
uma
inteligência
autônoma,
independente
do médium e
dos
assistentes,
tenha tomado
a iniciativa
das
experiências
no sentido
de
prepará-las,
dirigi-las e
levá-las a
bom termo.
Nas
experiências
em causa,
ambas as
médiuns
ignoravam a
ideia, a
natureza, o
conteúdo das
mensagens
que
escreviam e
eram,
portanto,
incapazes de
compreender,
isoladamente,
o sentido e
o fim de
tais
mensagens.
Na
realidade,
elas
portavam-se
literalmente
como duas
máquinas
postas em
ação por uma
direção
única e por
uma
inteligência
independente. (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
Texto para
leitura
302. O
primeiro
exemplo de
“correspondência
cruzada”
obtida
espontaneamente,
isto é, sem
que ninguém
a tivesse
desejado ou
nela
houvesse
pensado, é
narrado pela
Sra. De W.:
Ao
principiar a
sessão, às
escuras, de
22 de
agosto, a
Sra. T.
apanha papel
e lápis e
logo
observa:
“Parece-me
que algum
espírito já
se apoderou
do lápis,
pois sinto a
mão como que
morta”,
respondendo
eu: “Tanto
melhor.
Então me
abstenho de
acender a
luz.”
Passada meia
hora,
ilumino a
sala e
percebo,
traçadas
numa folha
de papel,
algumas
linhas
escritas,
mas ao
lê-las,
verifico que
se trata de
duas frases
tão
incoerentes
que, se não
tivesse
lido, no fim
delas, um
aviso para
guardá-las
cuidadosamente,
eu as teria
rasgado, sem
mais exame.
No dia
seguinte,
recebi de
Wimereux a
seguinte
carta, na
manhã de um
sábado:
“Apenas duas
palavras
para
acompanhar a
comunicação
da noite de
ontem.
Sinto-me
muito
cansada,
porque não
dormi a
noite
inteira. É a
primeira
vez, desde
que me acho
em férias,
que me
acontece
semelhante
fato e
pergunto a
mim mesma se
a causa não
seria uma
experiência
tentada por
“Rodolfo”.
Observo,
porém, que
no começo da
sessão,
tinha uma
forte dor de
cabeça que
já no fim
desapareceu;
todavia,
hoje de
manhã
sinto-me
esgotada.” (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
303. Eis a
comunicação
de
“Rodolfo”,
dirigida à
Sra. De W.:
“Eis-me
aqui, minha
amiga. Esta
noite
proponho-me
a ir e vir
de um grupo
ao outro,
por meio dos
filamentos
fluídicos
que teci, de
maneira que
escreverei a
minha
mensagem ora
com a mão da
médium R. e
ora com a
mão da
médium T.,
subtraindo
fluido da
primeira
para
adicionar à
segunda, a
fim de
chegar a
escrever com
a mão desta
última.
Estou muito
satisfeito
com o bom
êxito de
nossas
experiências
e devo
participar-vos
que aqui se
encontram
condições
bem
favoráveis
para
tentá-las. A
senhorita R.
vive em um
ambiente
completamente ...
(Aqui a mão
se detém e
eu espero
muito tempo.
Depois
“Rodolfo”
recomeça).
... próprios
deveres
quotidianos
e
dificuldades
a vencer. Se
assim não
fosse, eu
não teria
tentado
estas
experiências.
“Carlos”
ajuda-me.
Seu fluido
tão doce e
tão
calmo ...
(Aqui se dá
nova
interrupção,
que também
dura muito
tempo, e
depois
“Rodolfo”
recomeça).
... que
poderiam
perturbá-la.
Por esta
noite basta,
senhorita
R., e,
portanto, me
proponho a
restabelecer
a corrente.
Boa noite
aos amigos
dos dois
grupos.
Rodolfo.” (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
304. As duas
frases
interrompidas,
recebidas no
grupo de
Paris pela
Sra. T.,
eram estas:
“...
diferente do
seu. Toda
preocupação
é deixada de
parte e ela
não é mais
afligida
pelo
pensamento
penoso
dos ...
... isola a
nossa
preparação
fluídica
contra as
correntes
perniciosas,
...” (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
305.
Nota-se,
portanto,
que,
intercalando
essas duas
frases nos
pontos em
que se deram
as
interrupções
na mensagem
escrita pela
senhorita R.
em Wimereux,
obtemos a
seguinte
mensagem
completa: “A
senhorita R.
vive em um
ambiente
completamente diferente
do seu. Toda
preocupação
é deixada de
parte e ela
não é mais
afligida
pelo
pensamento
penoso dos próprios
deveres
quotidianos
e
dificuldades
a vencer. Se
assim não
fosse, eu
não teria
tentado
estas
experiências.
“Carlos”
ajuda-me.
Seu fluido
tão doce e
tão calmo isola
a nossa
preparação
fluídica
contra as
correntes
perniciosas, que
poderiam
perturbá-la.”(2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
306. Tais
são os
fatos.
Acrescento
que no
começo da
sessão do
dia 22 de
agosto a
Sra. T.
havia dito à
Sra. De W.:
“A Srta. R.
está-me
escrevendo,
mas deve
estar
sofrendo dor
de cabeça,
porque leva
constantemente
a mão
esquerda à
testa e tem
os cabelos
soltos.”, o
que lhe foi
inteiramente
confirmado
posteriormente. (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
307. Eis um
segundo
exemplo
deste
gênero:
Na sessão de
16 de
setembro, a
médium Sra.
T. assinala
um ir e vir
de dois
“núcleos
luminosos”,
que
representam
os
espíritos, e
sente que se
preparam
para fazê-la
escrever. E,
de fato,
escreve ela
as seguintes
frases
destituídas
de sentido
aparente:
... prudentes
como um
convento de
jovens
educandos ...
(longa
interrupção).
... seus
grandes
olhos tão
doces estão
habituados a
ver
passar ...
(nova
interrupção).
... a
moderna
cortesã,
cujos
olhos ...
(outra
interrupção,
e nada
mais).
Encerramos a
sessão,
pouco
satisfeitos
com seu
resultado,
porque o
significado
do que fora
escrito era
indecifrável;
mas no dia
seguinte
recebemos de
Wimereux
algumas
grandes
folhas
cobertas de
escrita
mediúnica da
Srta. R.,
escrita à
mesma hora
em que a
Srta. T.
escrevia as
frases
também
interrompidas.
Tais folhas
continham
uma espécie
de apólogo
ditado
mediunicamente
por
“Rodolfo”,
no qual a
significação
dos períodos
ficava
suspensa em
três pontos. (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
308.
Intercalando
as
interrupções
às três
frases
incoerentes,
obteve-se a
seguinte
narração com
o título “As
cervas do
bosque”:
“Atravessando
as densas
moitas dos
nossos
parques,
nunca vos
encontrastes
com as
cervas que
ali habitam
por entre as
densas
folhagens, ora
prudentes,
como um
convento de
jovens
estudantesbem
comportadas,
ora tímidas,
medrosas,
fugindo aos
saltos, em
bandos
compactos,
porém mais
graciosas,
mais
sedutoras do
que nunca?
Nunca vos
perguntastes
em que
pensam essas
belas
criaturas e
qual é o
destino que
as espera?
Longe de mim
a ideia de
traçar-lhes
o horóscopo,
do qual não
saberiam
elas o que
fazer, mas
me parece
que a sua
mentalidade
deve ser
muito
diversa da
que anima as
cervas
selvagens
das matas. Seus
grandes
olhos tão
doces estão
habituados a
ver passar estranhos
carros que
voam sem
cavalos e,
dentro dos
carros ou
pelas
veredas dos
bosques,
estão
acostumadas
a divisar
mulheres de
grandes
olhos
semelhantes
aos seus,
mulheres
delicadas,
lânguidas,
elegantes.
Quem nos
poderia
dizer se a moderna
cortesã,
cujos olhosparecem
desmesuradamente
grandes pela
obra genial
de um
pincel, não
seria uma
cerva da
mata que já
não se
recorda do
passado?”
“Cara amiga,
tive alguma
dificuldade
em levar a
cabo esta
minha
experiência
porque a
Srta. R. a
buscava
compreender,
porém creio
que o
consegui.
Rodolfo.” (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
309. Da
mesma fonte,
eis outro
exemplo:
No dia 5 de
setembro,
antes de se
apagarem as
luzes, a
Sra. T. e eu
pegamos
juntas o
lápis, como
nos havia
sido
indicado
fazer, de
modo que a
mão esquerda
da Sra. T.
se sobrepôs
à minha
direita, que
escreveu a
seguinte
frase:
“Designa, em
uma folha de
papel, com
uma só
palavra, o
tema que
deseje que
eu vá
imediatamente
desenvolver
com a Srta.
R.” em
Wimereux.
Tiro uma
folha do
caderno que
se acha em
minha
frente,
reflito um
instante e
depois
escrevo a
palavra
“sonho”.
Nesse
ínterim a
Sra. T.
havia saído
da sala e
ficara fora
todo o tempo
que eu
levara a
pensar no
tema a
escolher.
Quando
voltou, eu
já havia
fechado no
cofre a
folha de
papel em que
escrevera a
palavra
“sonho”,
folha que
ninguém mais
viu até
chegar de
Wimereux a
carta
correspondente.
Reentrando,
nota a Sra.
T. que
desaparecera
um dos
“núcleos
luminosos”.
No dia
seguinte,
chega de
Wimereux um
grande
envelope
contendo
algumas
folhas, com
a seguinte
comunicação:
“Tenha
paciência,
Srta. R. Era
preciso que
eu
arranjasse
todas as
coisas para
a nova
experiência.
Espere um
pouco. Neste
momento
estou muito
ocupado. Não
me faça
perguntas.
Quando
estiver
pronto,
partirei.” (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
310. Depois
de algumas
garatujas do
lápis, a
comunicação
continua:
“Cara amiga,
não te direi
com que
sonham as
meninas,
pois isto
não poderia
interessar-te
muito, tanto
mais que já
o disse De
Musset em
forma um
tanto
leviana,
como era
usual na
literatura
de seu
tempo.
Dir-te-ei
antes que,
por volta da
meia-noite,
quando
adormeces, o
espírito
levanta voo
para regiões
mais ou
menos
encantadas,
segundo os
casos. Um de
nós te
estende a
mão para
ajudar-te a
transpor a
fronteira
fluídica que
separa o
estado
consciente
do estado de
sonho e
empregamos o
nosso melhor
esforço a
fim de
auxiliar-te
a transpor
rapidamente
a região de
nevoeiro que
não te
poderia
proporcionar
prazer. Em
outros
termos,
conduzimos-te
a nós, às
regiões
encantadas,
cuja
lembrança se
apaga logo
de tua
memória. Não
te deves,
porém,
queixar da
lacuna que
fica, pois
que, para
recordar os
sonhos de
tal natureza
é necessário
uma têmpera
muito mais
impressionável
do que a
tua. Se
conservasses
a recordação
das belezas
entrevistas
em nossa
morada, a
existência
terrena se
tornaria
repulsiva a
ti. Quando
algumas
vezes te
levantas
pela manhã,
triste e
desanimada,
é porque, no
fundo de tua
consciência,
persiste uma
lembrança
inconsciente
de um país
encantado,
que, com as
sombras da
noite,
desaparece
de ti.
Cara amiga,
não te
parece que
“Rodolfo” se
torna um
literato de
fundo
terrestre,
embora trate
de assunto
astral? Sou
eu mesmo
quem dita as
reflexões
expostas,
porque
“Carlos”
neste
momento não
está aqui em
Wimereux e
sim junto de
ti, em
Paris. Tudo
isto eu
escrevi para
limitar-me
ao tema que
me
propuseste.
Até outra
vez.
Rodolfo.” (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
311. Ao
relato dos
fatos, o Dr.
Geley faz
considerações
muito
interessantes,
das quais
extraio o
trecho
seguinte:
O que se
depreende
destas
experiências?
Um fato
primordial,
cujas
consequências
filosóficas
são
discutíveis,
mas que se
impõe à
atenção. O
fato é o
seguinte:
Nas
“correspondências
cruzadas”
tudo
concorre
para
presumir que
uma
inteligência
autônoma,
independente
do médium e
dos
assistentes,
tenha tomado
a iniciativa
das
experiências
no sentido
de
prepará-las,
dirigi-las e
levá-las a
bom termo.
Toda vez que
se refletir
convenientemente
sobre as
experiências
em exame
reconhecer-se-á
que tais
conclusões
se impõem
irresistivelmente.
Poder-se-ia
talvez
manter
conclusões
ilusórias?
Não! De
qualquer
modo
reconheço
que não
poderia
excluir, sem
reservas, a
hipótese
telepática e
isto pela
boa razão de
não
conhecermos,
ou melhor,
de não
podermos
estabelecer
limites à
telepatia.
De qualquer
modo, na
circunstância
do caso
exposto, tal
hipótese
acha-se à
frente de
dificuldades
insuperáveis.
Convém
observar, a
propósito,
que as duas
médiuns
nunca haviam
feito
experiências
juntas e que
as relações
existentes
entre elas,
puramente de
conhecimento,
não
implicavam
uma simpatia
particular
entre si, o
que, de
resto, não
basta para
excluir-se a
hipótese
telepática.
Mas eis o
que torna o
caso mais
grave: esta
hipótese, na
aparência
tão simples,
impõe, ao
contrário,
excessivas
complicações
ao nosso
caso.
Procuremos,
portanto,
analisar
praticamente,
de que modo
se deveria
ter
desenvolvido
uma ação
telepática
nas
circunstâncias
em exame.
Como se
sabe, a
telepatia
implica a
existência
de duas
pessoas em
ação: uma
ativa, outra
passiva; uma
transmissora,
ou melhor,emanadora,
se nos
permitirem
este
neologismo,
outra
receptora.
De que
forma,
então, se
realizaram
tais
atribuições
nas
experiências
de Wimereux?
Nos casos
das
“correspondências
cruzadas” ou
simultâneas,
parece
logicamente
impossível
atribuir-se
o papel de
agente ativo
a uma ou
outra das
médiuns,
visto que
ambas
ignoravam a
ideia, a
natureza, o
conteúdo das
mensagens
que
escreviam e
que ambas
eram
incapazes de
compreender,
isoladamente,
o sentido e
o fim de
tais
mensagens.
Na
realidade,
ambas se
portavam
literalmente
como duas
máquinas
postas em
ação por uma
direção
única e por
uma
inteligência
independente. (2ª
Categoria:
Mensagens
mediúnicas
entre vivos
e à
distância.
Subgrupo F)
(Continua
no próximo
número.)