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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda

Ano 11 - N° 511 - 9 de Abril de 2017

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

 

Sexo e Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 32)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada originalmente em 2002.

Questões preliminares 

A. Embora emocionado com a presença e o carinho de sua mãe, o marquês aceitou de pronto a proposta de mudança de vida que ela lhe trouxe?

Não. Embora tomado por copioso pranto, quase em convulsão, ele protestou: “Não posso abandonar tudo de uma só vez. Aqui, comigo, estão centenas de companheiros que residem em nossa comunidade e me necessitam. Aguardam-me, em sala contígua, e devem estar ansiosos ou desesperados, sem saberem o que me acontece. Ainda não posso, mamãe, seguir a estrela, ficando no charco, onde apodreço, assim reparando todos os crimes cometidos e aqueloutros que continuo praticando... Perdoe-me, por havê-la feito descer de algum astro sem poder erguer-me com a sua vara de condão, com o seu amor de misericórdia... Sou mais desgraçado do que pareço. O ódio da minha loucura, a alucinação que me assalta, o desespero em que resfolego impedem-me de enfrentar o cárcere de correção. Ainda prefiro esta vida maldita à recuperação mediante outros tipos de sofrimento, de consciência culpada e atormentada...” (Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) 

B. Em que consistiam os planos que a mãe do marquês, vencida a indecisão inicial do filho, lhe expôs?

Eis como ela mesma os resumiu: “Voltaremos ao corpo novamente juntos. Eu irei primeiro, a fim de preparar-me para receber-te. Depois seguirás, após um período de depuração, quando te libertarás da intoxicação demorada destas energias que te oprimem e desgastam. Volveremos a estar juntos. O meu regaço te embalará com ternura e fruirás de venturas, que Deus nos concederá a ambos. De alguma forma, tenho necessidade de estar ao teu lado, a fim de contribuir para o teu renascimento espiritual, por sentir-me também responsável pelos acontecimentos que te assinalaram a existência. A convivência na Terra te iluminará a consciência; reencontraremos aqueles a quem prejudicamos e poderemos auxiliá-los, ascendendo do vale sombrio no rumo do planalto da vera fraternidade”. Na sequência, ela explicou que ele receberia a graça da idiotia, ocultando o raciocínio em um cérebro incapaz de reproduzir o pensamento corretamente. Além disso, em decorrência dos abusos excruciantes cometidos, ele sofreria rudes limitações na organização genésica, transitando no mundo como um sonâmbulo. (Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) 

C. O planejamento feito pela mãe do marquês incluía também Rosa Keller?

Sim. Segundo Marie-Eléonore, Rosa Keller também reencarnaria como sua filha e receberia dela toda a ajuda e o amparo necessário para recuperar-se e dar início a uma vida inteiramente diversa da que ela enfrentara nos dois últimos séculos. (Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) 

Texto para leitura 

156. Dúvida e vacilação na alma do marquês – O atormentado marquês, embora tomado por copioso pranto, quase em convulsão, protestou: “Não posso abandonar tudo de uma só vez. Aqui, comigo, estão centenas de companheiros que residem em nossa comunidade e me necessitam. Aguardam-me, em sala contígua, e devem estar ansiosos ou desesperados, sem saberem o que me acontece. Ainda não posso, mamãe, seguir a estrela, ficando no charco, onde apodreço, assim reparando todos os crimes cometidos e aqueloutros que continuo praticando... Perdoe-me, por havê-la feito descer de algum astro sem poder erguer-me com a sua vara de condão, com o seu amor de misericórdia... Sou mais desgraçado do que pareço. O ódio da minha loucura, a alucinação que me assalta, o desespero em que resfolego impedem-me de enfrentar o cárcere de correção. Ainda prefiro esta vida maldita à recuperação mediante outros tipos de sofrimento, de consciência culpada e atormentada...” A mãe ouviu-o e, em seguida, advertiu: “Donatien-Alphonse, ignoras o procedimento das Leis Divinas e considera-as conforme a tua caótica capacidade de entendimento. A Justiça de Deus não é feita de desforços, nem se utiliza dos mecanismos terrestres de cobrança e de punição. Todas elas têm como fundamento o amor, e este funciona mediante os valores arquivados na consciência de cada qual. Não podes imaginar o que te está reservado, antes que experimentes o doce convívio com a verdade. Afinal, os irmãos e seguidores que te aguardam, encontram-se igualmente amparados neste reduto espiritual de socorro que te recebe e os envolve em ondas de paz. Mesmo que te recuses aos benefícios desta hora e queiras retornar à tua cidade, serás surpreendido pelo número de acólitos que terão preferido ficar aqui, desfrutando da esperança de harmonia e de felicidade, conforme já está acontecendo. Grande número daqueles que te seguem, infelizes e submissos, não estão concordes contigo, mas temerosos de ti, deixando-se consumir pelas labaredas de sensações que já não os movimentam, porque diluídas no seu corpo perispiritual, somente o pensamento as vitaliza, atormentando-os mais do que produzindo-lhes prazer. Ademais, tu não és responsável pelos seus destinos. Foram eles que se fixaram aos teus desmandos, mediante o convívio psíquico com as tuas propostas perversas, e têm o direito de libertar-se logo alterem a paisagem mental e a opção evolutiva. Pensa, portanto, agora, em ti, na felicidade que está ao teu alcance, no teu novo e oportuno projeto de vida”.(Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) 

157. A mãe expõe os planos ao marquês – A nobre dama silenciou, por um pouco, enquanto envolvia seu filho em dúlcida vibração de paz, segurando-lhe as mãos e vitalizando-o com sua energia superior. Continuando, disse-lhe com meiga voz: “Voltaremos ao corpo novamente juntos. Eu irei primeiro, a fim de preparar-me para receber-te. Depois seguirás, após um período de depuração, quando te libertarás da intoxicação demorada destas energias que te oprimem e desgastam. Volveremos a estar juntos. O meu regaço te embalará com ternura e fruirás de venturas, que Deus nos concederá a ambos. De alguma forma, tenho necessidade de estar ao teu lado, a fim de contribuir para o teu renascimento espiritual, por sentir-me também responsável pelos acontecimentos que te assinalaram a existência. A convivência na Terra te iluminará a consciência; reencontraremos aqueles a quem prejudicamos e poderemos auxiliá-los, ascendendo do vale sombrio no rumo do planalto da vera fraternidade. Não te escuses à iluminação nesta oportunidade, porquanto não podemos prever quando te surgirá outra bênção semelhante. Reconheço que não será um tentame simples, nem uma viagem de natureza romântica ao país da fantasia ou dos sonhos. Será uma experiência de iluminação e de eternidade. Não são poucos os Espíritos que se transviaram do caminho do Bem e do amor para seguirem a senda tormentosa das paixões primevas e alucinantes. Ódios em sementeira de desespero traçaram incontáveis desvarios, que se multiplicam em sórdidas consequências e que temos de transformar em esperança e alegria. Compreendes que não se convertem espículos em flores sem que se arrebentem interiormente do invólucro em que dormem, a fim de esplenderem na claridade do dia. Adversidades e testemunhos dolorosos uns, enquanto angustiantes outros, nos aguardam na grande viagem de recomeço transformador. Terás o meu carinho a todo instante e as bênçãos de Deus te assinalarão a marcha nos limites que te serão impostos pela própria necessidade de crescer, sem riscos desnecessários de novamente tombares nos desvãos da impiedade..." (Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) 

158. A idiotia como medida educativa – Emitindo claros sinais de emoção diferente e assimilando a possibilidade futura de paz, o marquês interrogou, compungido: “Imaginemos que eu possa tentar recomeçar, deixar de lado a falsa posição de dono de alguns destinos humanos; como volverei? Em que forma me apresentarei, vestido de carne?” Sem ocultar a verdade, que se fazia indeclinável, a Entidade nobre elucidou: “Não ignoramos, nós ambos, que os choques de retorno dos atos constitui fenômeno natural nos planos da Vida. É inevitável a colheita que vem da sementeira conforme foi realizada. Na marcha do processo de equilíbrio, torna-se necessário reconstruir tudo quanto a insânia demoliu, e isso será feito com os instrumentos utilizados no labor infeliz. Assim, receberás a graça da idiotia, ocultando o raciocínio em um cérebro incapaz de reproduzir-te o pensamento corretamente. Em decorrência dos abusos excruciantes que tens vivido na cidade perversa, sofrerás rudes limitações na organização genésica, transitando no mundo como um sonâmbulo, que o meu amor e a caridade de Deus converterão em um ressuscitado ditoso”. Mediante oportuno silêncio, que lhe permitia reflexionar em torno do que o aguardava em relação ao futuro, ela concluiu, afetuosamente: “Postergar a hora da verdade é torná-la mais severa, que será enfrentada pela ânsia de ser feliz ou mediante o impositivo da evolução, que a todos alcança com ou sem a sua anuência. Ninguém foge do seu Deus interno que, embora adormecido por longo período, desperta e conclama pela necessidade de vir a flux, de exteriorizar-se. Assim, convém-nos antecipar a hora, a fim de avançarmos pelas trilhas do porvir”. (Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) 

159. O receio do marquês quanto à ação de seus inimigos – O marquês indagou, então, temeroso: “E os meus inimigos, aqueles que sempre me perseguiram, terão oportunidade de alcançar-me?” Sua mãe respondeu-lhe afirmativamente: “É inevitável, filho da alma, porque onde se encontra o devedor aí estará com ele o cobrador ignorante e mesquinho, enfermo e cruel. Mas o amor, que cobre a multidão de pecados, se encarregará de os transformar em amigos, conquistando-os para sempre. Lembra-te, no entanto, que sempre fulgirá a luz da verdade nos refolhos do ser, impressa pelo desejo veemente de corrigir os erros e de crescer na direção de Deus. Força alguma poderá apagar essa claridade interna que te constituirá um roteiro sempre seguro, mesmo quando a morte me trouxer de retorno, deixando-te ainda em peregrinação pelo mundo... Não podes, neste momento, imaginar sequer os esforços que vimos empenhando, nós e o abade Amblet, para que se reorganizem as possibilidades para o teu retorno e a tua vitória. Como podes constatar, a marcha do Bem aguarda somente o primeiro passo, e essa decisão é tua”. Dito isso, ela concluiu: “Agora ouve o restante da planificação, desde que nos largos cometimentos da vida não existe entre nós o improviso".(Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) 

160. Os planos relativos a Rosa Keller – Acercando-se do espectro Rosa Keller, desfigurada e semienlouquecida, Marie-Eléonore envolveu-a em carícia afetuosa, explicando-lhe: “Não ignoramos, minha filha, todo o calvário que tens padecido desde aquele já longínquo dia... Não desconhecemos, também, os abismos aos quais foste atirada pela leviandade dos nossos coevos e as circunstâncias infelizes que assinalaram a tua dolorosa existência, que terminaram por conduzir-te após a morte do corpo à cidade perversa. Por isso mesmo, não nos atrevemos pedir-te que o perdoes, porque o fel absorvido por muitos anos transformou-se em ácido a queimar-te e requeimar-te a alma. Não obstante, suplicamos-te que o desculpes, compreendendo que somente um enfermo mental, profundamente afetado, sem sensibilidade para o amor nem para a fraternidade, poderia permitir-se o que Donatien te fez e a diversas outras pessoas proporcionou. A sua estada no manicômio, transitando entre os atacados pelos delírios e alucinações que os vitimavam nos transtornos horrendos em que se aturdiam e sob obsessões cruéis que os vergastavam, contribuíram para piorar-lhe a criminalidade. A imaginação enferma, atingindo o clímax da aberração, elaborou, então, nas jaulas do hospital, algumas das obras infelizes de literatura doentia que outros do mesmo nível de perturbação mental imprimiram e têm sido celebrizadas no teatro e noutros veículos da moderna informação. Se o desculpares, dando-lhe ensejo de recuperar-se, também tu serás beneficiada, iniciando o teu recomeço em clima diferente deste que vens vivendo há mais de dois séculos de sofrimentos que parecem nunca terminar”. (Sexo e Obsessão, capítulo 17: Libertação e felicidade.) (Continua no próximo número.)



 


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