Sexo e Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 32)
Damos sequência
ao estudo metódico
e sequencial do
livro Sexo e Obsessão,
obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada originalmente em 2002.
Questões
preliminares
A. Embora
emocionado com a
presença e o
carinho de sua
mãe, o marquês
aceitou de
pronto a
proposta de
mudança de vida
que ela lhe
trouxe?
Não. Embora tomado por copioso pranto, quase
em convulsão, ele protestou: “Não posso
abandonar tudo de uma só vez. Aqui, comigo,
estão centenas de companheiros que residem
em nossa comunidade e me necessitam.
Aguardam-me, em sala contígua, e devem estar
ansiosos ou desesperados, sem saberem o que
me acontece. Ainda não posso, mamãe, seguir
a estrela, ficando no charco, onde apodreço,
assim reparando todos os crimes cometidos e
aqueloutros que continuo praticando...
Perdoe-me, por havê-la feito descer de algum
astro sem poder erguer-me com a sua vara de
condão, com o seu amor de misericórdia...
Sou mais desgraçado do que pareço. O ódio da
minha loucura, a alucinação que me assalta,
o desespero em que resfolego impedem-me de
enfrentar o cárcere de correção. Ainda
prefiro esta vida maldita à recuperação
mediante outros tipos de sofrimento, de
consciência culpada e atormentada...” (Sexo
e Obsessão, capítulo 17: Libertação e
felicidade.)
B. Em que consistiam os planos que a mãe do
marquês, vencida a indecisão inicial do
filho, lhe expôs?
Eis como ela mesma os resumiu: “Voltaremos
ao corpo novamente juntos. Eu irei primeiro,
a fim de preparar-me para receber-te. Depois
seguirás, após um período de depuração,
quando te libertarás da intoxicação demorada
destas energias que te oprimem e desgastam.
Volveremos a estar juntos. O meu regaço te
embalará com ternura e fruirás de venturas,
que Deus nos concederá a ambos. De alguma
forma, tenho necessidade de estar ao teu
lado, a fim de contribuir para o teu
renascimento espiritual, por sentir-me
também responsável pelos acontecimentos que
te assinalaram a existência. A convivência
na Terra te iluminará a consciência;
reencontraremos aqueles a quem prejudicamos
e poderemos auxiliá-los, ascendendo do vale
sombrio no rumo do planalto da vera
fraternidade”. Na sequência, ela explicou
que ele receberia a graça da idiotia,
ocultando o raciocínio em um cérebro incapaz
de reproduzir o pensamento corretamente.
Além disso, em decorrência dos abusos
excruciantes cometidos, ele sofreria rudes
limitações na organização genésica,
transitando no mundo como um sonâmbulo. (Sexo
e Obsessão, capítulo 17: Libertação e
felicidade.)
C. O planejamento feito pela mãe do marquês
incluía também Rosa Keller?
Sim. Segundo Marie-Eléonore, Rosa Keller
também reencarnaria como sua filha e
receberia dela toda a ajuda e o amparo
necessário para recuperar-se e dar início a
uma vida inteiramente diversa da que ela
enfrentara nos dois últimos séculos. (Sexo
e Obsessão, capítulo 17: Libertação e
felicidade.)
Texto para leitura
156. Dúvida
e vacilação na alma do marquês –
O atormentado marquês, embora tomado por
copioso pranto, quase em convulsão,
protestou: “Não posso abandonar tudo de uma
só vez. Aqui, comigo, estão centenas de
companheiros que residem em nossa comunidade
e me necessitam. Aguardam-me, em sala
contígua, e devem estar ansiosos ou
desesperados, sem saberem o que me acontece.
Ainda não posso, mamãe, seguir a estrela,
ficando no charco, onde apodreço, assim
reparando todos os crimes cometidos e
aqueloutros que continuo praticando...
Perdoe-me, por havê-la feito descer de algum
astro sem poder erguer-me com a sua vara de
condão, com o seu amor de misericórdia...
Sou mais desgraçado do que pareço. O ódio da
minha loucura, a alucinação que me assalta,
o desespero em que resfolego impedem-me de
enfrentar o cárcere de correção. Ainda
prefiro esta vida maldita à recuperação
mediante outros tipos de sofrimento, de
consciência culpada e atormentada...” A mãe
ouviu-o e, em seguida, advertiu:
“Donatien-Alphonse, ignoras o procedimento
das Leis Divinas e considera-as conforme a
tua caótica capacidade de entendimento. A
Justiça de Deus não é feita de desforços,
nem se utiliza dos mecanismos terrestres de
cobrança e de punição. Todas elas têm como
fundamento o amor, e este funciona mediante
os valores arquivados na consciência de cada
qual. Não podes imaginar o que te está
reservado, antes que experimentes o doce
convívio com a verdade. Afinal, os irmãos e
seguidores que te aguardam, encontram-se
igualmente amparados neste reduto espiritual
de socorro que te recebe e os envolve em
ondas de paz. Mesmo que te recuses aos
benefícios desta hora e queiras retornar à
tua cidade, serás surpreendido pelo número
de acólitos que terão preferido ficar aqui,
desfrutando da esperança de harmonia e de
felicidade, conforme já está acontecendo.
Grande número daqueles que te seguem,
infelizes e submissos, não estão concordes
contigo, mas temerosos de ti, deixando-se
consumir pelas labaredas de sensações que já
não os movimentam, porque diluídas no seu
corpo perispiritual, somente o pensamento as
vitaliza, atormentando-os mais do que
produzindo-lhes prazer. Ademais, tu não és
responsável pelos seus destinos. Foram eles
que se fixaram aos teus desmandos, mediante
o convívio psíquico com as tuas propostas
perversas, e têm o direito de libertar-se
logo alterem a paisagem mental e a opção
evolutiva. Pensa, portanto, agora, em ti, na
felicidade que está ao teu alcance, no teu
novo e oportuno projeto de vida”.(Sexo e
Obsessão, capítulo 17: Libertação e
felicidade.)
157. A
mãe expõe os planos ao marquês –
A nobre dama silenciou, por um pouco,
enquanto envolvia seu filho em dúlcida
vibração de paz, segurando-lhe as mãos e
vitalizando-o com sua energia superior.
Continuando, disse-lhe com meiga voz:
“Voltaremos ao corpo novamente juntos. Eu
irei primeiro, a fim de preparar-me para
receber-te. Depois seguirás, após um período
de depuração, quando te libertarás da
intoxicação demorada destas energias que te
oprimem e desgastam. Volveremos a estar
juntos. O meu regaço te embalará com ternura
e fruirás de venturas, que Deus nos
concederá a ambos. De alguma forma, tenho
necessidade de estar ao teu lado, a fim de
contribuir para o teu renascimento
espiritual, por sentir-me também responsável
pelos acontecimentos que te assinalaram a
existência. A convivência na Terra te
iluminará a consciência; reencontraremos
aqueles a quem prejudicamos e poderemos
auxiliá-los, ascendendo do vale sombrio no
rumo do planalto da vera fraternidade. Não
te escuses à iluminação nesta oportunidade,
porquanto não podemos prever quando te
surgirá outra bênção semelhante. Reconheço
que não será um tentame simples, nem uma
viagem de natureza romântica ao país da
fantasia ou dos sonhos. Será uma experiência
de iluminação e de eternidade. Não são
poucos os Espíritos que se transviaram do
caminho do Bem e do amor para seguirem a
senda tormentosa das paixões primevas e
alucinantes. Ódios em sementeira de
desespero traçaram incontáveis desvarios,
que se multiplicam em sórdidas consequências
e que temos de transformar em esperança e
alegria. Compreendes que não se convertem
espículos em flores sem que se arrebentem
interiormente do invólucro em que dormem, a
fim de esplenderem na claridade do dia.
Adversidades e testemunhos dolorosos uns,
enquanto angustiantes outros, nos aguardam
na grande viagem de recomeço transformador.
Terás o meu carinho a todo instante e as
bênçãos de Deus te assinalarão a marcha nos
limites que te serão impostos pela própria
necessidade de crescer, sem riscos
desnecessários de novamente tombares nos
desvãos da impiedade..." (Sexo
e Obsessão, capítulo 17: Libertação e
felicidade.)
158. A
idiotia como medida educativa –
Emitindo claros sinais de emoção diferente e
assimilando a possibilidade futura de paz, o
marquês interrogou, compungido: “Imaginemos
que eu possa tentar recomeçar, deixar de
lado a falsa posição de dono de alguns
destinos humanos; como volverei? Em que
forma me apresentarei, vestido de carne?”
Sem ocultar a verdade, que se fazia
indeclinável, a Entidade nobre elucidou:
“Não ignoramos, nós ambos, que os choques de
retorno dos atos constitui fenômeno natural
nos planos da Vida. É inevitável a colheita
que vem da sementeira conforme foi
realizada. Na marcha do processo de
equilíbrio, torna-se necessário reconstruir
tudo quanto a insânia demoliu, e isso será
feito com os instrumentos utilizados no
labor infeliz. Assim, receberás a graça da
idiotia, ocultando o raciocínio em um
cérebro incapaz de reproduzir-te o
pensamento corretamente. Em decorrência dos
abusos excruciantes que tens vivido na
cidade perversa, sofrerás rudes limitações
na organização genésica, transitando no
mundo como um sonâmbulo, que o meu amor e a
caridade de Deus converterão em um
ressuscitado ditoso”. Mediante oportuno
silêncio, que lhe permitia reflexionar em
torno do que o aguardava em relação ao
futuro, ela concluiu, afetuosamente:
“Postergar a hora da verdade é torná-la mais
severa, que será enfrentada pela ânsia de
ser feliz ou mediante o impositivo da
evolução, que a todos alcança com ou sem a
sua anuência. Ninguém foge do seu Deus
interno que, embora adormecido por longo
período, desperta e conclama pela
necessidade de vir a flux, de
exteriorizar-se. Assim, convém-nos antecipar
a hora, a fim de avançarmos pelas trilhas do
porvir”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 17: Libertação e
felicidade.)
159. O
receio do marquês quanto à ação de seus
inimigos –
O marquês indagou, então, temeroso: “E os
meus inimigos, aqueles que sempre me
perseguiram, terão oportunidade de
alcançar-me?” Sua mãe respondeu-lhe
afirmativamente: “É inevitável, filho da
alma, porque onde se encontra o devedor aí
estará com ele o cobrador ignorante e
mesquinho, enfermo e cruel. Mas o amor, que
cobre a multidão de pecados, se encarregará
de os transformar em amigos, conquistando-os
para sempre. Lembra-te, no entanto, que
sempre fulgirá a luz da verdade nos refolhos
do ser, impressa pelo desejo veemente de
corrigir os erros e de crescer na direção de
Deus. Força alguma poderá apagar essa
claridade interna que te constituirá um
roteiro sempre seguro, mesmo quando a morte
me trouxer de retorno, deixando-te ainda em
peregrinação pelo mundo... Não podes, neste
momento, imaginar sequer os esforços que
vimos empenhando, nós e o abade Amblet, para
que se reorganizem as possibilidades para o
teu retorno e a tua vitória. Como podes
constatar, a marcha do Bem aguarda somente o
primeiro passo, e essa decisão é tua”. Dito
isso, ela concluiu: “Agora ouve o restante
da planificação, desde que nos largos
cometimentos da vida não existe entre nós o
improviso".(Sexo e Obsessão, capítulo 17:
Libertação e felicidade.)
160. Os
planos relativos a Rosa Keller –
Acercando-se do espectro Rosa Keller,
desfigurada e semienlouquecida,
Marie-Eléonore envolveu-a em carícia
afetuosa, explicando-lhe: “Não ignoramos,
minha filha, todo o calvário que tens
padecido desde aquele já longínquo dia...
Não desconhecemos, também, os abismos aos
quais foste atirada pela leviandade dos
nossos coevos e as circunstâncias infelizes
que assinalaram a tua dolorosa existência,
que terminaram por conduzir-te após a morte
do corpo à cidade perversa. Por isso mesmo,
não nos atrevemos pedir-te que o perdoes,
porque o fel absorvido por muitos anos
transformou-se em ácido a queimar-te e
requeimar-te a alma. Não obstante,
suplicamos-te que o desculpes, compreendendo
que somente um enfermo mental, profundamente
afetado, sem sensibilidade para o amor nem
para a fraternidade, poderia permitir-se o
que Donatien te fez e a diversas outras
pessoas proporcionou. A sua estada no
manicômio, transitando entre os atacados
pelos delírios e alucinações que os
vitimavam nos transtornos horrendos em que
se aturdiam e sob obsessões cruéis que os
vergastavam, contribuíram para piorar-lhe a
criminalidade. A imaginação enferma,
atingindo o clímax da aberração, elaborou,
então, nas jaulas do hospital, algumas das
obras infelizes de literatura doentia que
outros do mesmo nível de perturbação mental
imprimiram e têm sido celebrizadas no teatro
e noutros veículos da moderna informação. Se
o desculpares, dando-lhe ensejo de
recuperar-se, também tu serás beneficiada,
iniciando o teu recomeço em clima diferente
deste que vens vivendo há mais de dois
séculos de sofrimentos que parecem nunca
terminar”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 17: Libertação e
felicidade.) (Continua
no próximo número.)