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Crônicas e Artigos

Ano 11 - N° 512 - 16 de Abril de 2017

HYEROHYDES GONÇALVES 
hyero.inlar@hotmail.com
Governador Valadares, MG (Brasil)

 


Enquanto estamos a caminho


“Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário, enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido em prisão. – Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil."
(Mateus 5:25 e 26).

Diante dessa recomendação do Mestre Jesus a todos nós, Espíritos em evolução, passando pelas bênçãos das provas e das expiações, nesta oficina Terra, temos de levar em conta alguns detalhes contidos nos versículos em pauta, de suma importância para o nosso entendimento e compreensão.

Observemos que Jesus nos recomenda “reconciliar” com os nossos “adversários” e chamando-nos a atenção para que seja “o mais depressa possível”, e ainda a circunstância: “enquanto estiver com ele a caminho”.

O dicionário online de português traz a definição de que “reconciliar” é instaurar a paz entre; ficar em harmonia com; harmonizar-se.

Em analogia com o entendimento de que para amar o próximo é necessário primeiro amar a si mesmo, logo, para reconciliar com os adversários, é necessário cada qual reconcilie consigo mesmo, em primeiro lugar, pacificando a própria consciência e harmonizando-se com os bons pensamentos, em sintonia com as leis divinas.

Estando em paz consigo mesmo, estará desenvolvendo os quesitos da caridade como a entendia (e entende) Jesus: benevolência (= boa vontade, surgida da voluntariedade, sem esperar nada em troca); indulgência (= doçura por dentro); e perdão (doar-se por completo). (Vide: O Livro dos Espíritos, questão 886.)

Em seguida, estaremos habilitados ao relacionamento com os adversários.

Adversários???

Exatamente, adversários!

Pois bem! Novamente, em consulta ao referido dicionário, observamos que “adversário” significa aquele que entra em combate com outra pessoa; antagonista; que é capaz de se opor; que é contrário a; opositor; que disputa uma competição contra; concorrente; rival; contendor.

Logo, observamos que um adversário não precisa, necessariamente, ser um inimigo. Mas alguém que está a caminho conosco e que pensa e age diferente de nós, expõe as suas opiniões diversas da nossa, conduz a vida de um jeito que nos incomoda, ou pode ser, mesmo, um inimigo, decorrente de entreveros desta e/ou de outras existências e que agora é a oportunidade de ajuste ou reajuste, ou seja, da reconciliação, do acertar dos ponteiros e seguir o caminho desbravando horizontes de amizade e paz.

Que essa reconciliação atenda a recomendação do Mestre Jesus, sendo a mesma o mais depressa possível, porque estamos a caminho.

Estar a caminho tem o sentido de movimento, de estar andando para frente. Muito diferente de estar no caminho, porque estar no caminho tem o sentido estático.

Mas a ideia de Jesus é de evolução. E para evoluir temos de agir e de nos movimentar, ir ao encontro do outro que, muitas das vezes, é nosso adversário e/ou inimigo.

Quando Jesus nos alerta quanto ao “mais depressa possível”, desperta a ideia de “tempo”, de aproveitarmos a oportunidade que temos para nos apaziguarmos uns com os outros, acertando as arestas e desenvolvendo as virtudes morais, sendo caritativos; cada qual se colocando no lugar do outro, com o coração misericordioso removendo e ajudando o outro a remover as pedras do caminho.

É aproveitarmos o tempo, essa ferramenta que temos em mãos para o exercício do livre-arbítrio, para desenvolvermos a maturidade das nossas escolhas, e buscarmos a felicidade juntamente com os companheiros de jornada evolutiva que também estão a caminho.

Mas a caminho de quê? Para onde?

Rumo à felicidade, para a qual todos nascemos e renascemos, que se localiza dentro de cada um de nós em particular, onde está o Reino de Deus, conforme Jesus nos ensinou através do Evangelho de Lucas, capítulo 17, versículo 21.

E, ao fazer essa viagem, rumo à felicidade, no mundo da consciência, muitos, quiçá a maioria, acabarão por concluir que, também, os nossos adversários podem ser nós mesmos, que não nos damos oportunidades de nos ouvir e perceber o que temos de melhorar e que temos de exercer o amor a nós mesmos (o autoamor), não nos culpando de nada, mas nos responsabilizando pelas nossas ações e omissões.

Se estamos a caminho, estamos de passagem de um lugar para o outro, em busca do conhecimento da verdade que liberta da prisão do orgulho e do egoísmo, da ignorância, da intolerância, da falta de perdão.

É preciso, no caminho, o mais depressa possível, aprender a caminhar um com o outro, lado a lado, tantas milhas que forem necessárias, aprendendo um com o outro, com as experiências do outro.

É preciso, no caminho, mostrar a outra face, que é a face da benevolência para com todos, da indulgência para as imperfeições dos outros e do perdão das ofensas.

É preciso, no caminho, entregar a túnica do conhecimento e, se possível, a capa do desprendimento.

É preciso, o mais depressa possível, e, se possível, ainda nesta encarnação, para que evitemos a prisão de nossa consciência nas grades da ignorância, da consciência culpada, do egoísmo e do orgulho e de tantos e demais vícios que nos aprisionam, a fim de evitarmos os pagamentos dolorosos de cada ceitil, de centavo por centavo, na conta da vida.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita