Carlos Roberto
da Silva Júnior:
“Ainda é o
orgulho,
acompanhado do
egoísmo e do
medo, os maiores
entraves a serem
superados”
O autor de
Autoconhecimento:
a chave da
mudança e
Entenda Jesus
conta-nos como
foi o processo
de elaboração
dos livros
e
principalmente
da mudança
pessoal para
chegar à
compreensão que
os livros
apresentam
|
Natural de
Recife (PE),
Carlos Roberto
da Silva Júnior
(foto)
reside hoje em
Curitiba. De
formação
religiosa
inicial
católica, por
influência da
mãe, aos 18 anos
ganhou do pai um
livro espírita
de Luiz Sérgio
intitulado O
mundo que eu
encontrei,
com o qual se
identificou e o
fez buscar um
entendimento
maior da
Doutrina
Espírita. Foi
quando passou a
|
frequentar a
Comunhão
Espírita de
Brasília, o que
se deu em 1991.
|
Sua primeira
realização na
seara espírita
foi ajudar na
fundação do
Centro Espírita
GASFA (Grupo
Assistencial São
Francisco de
Assis), por
influência de
sua esposa
Rosangela
Barreira
Leonardo da
Silva. O GASFA
inicialmente
funcionava
precariamente
numa escola da
Colônia Agrícola
Vicente Pires,
mas depois, com
ajuda dos
trabalhadores da
época, se
estabeleceu no
Paranoá (Zona
Rural), onde
funciona até
hoje com várias
atividades
espirituais e
assistenciais.
Na Comunhão
Espírita, de
onde nunca se
desligou, fez o
Estudo
Sistematizado,
Educação
Mediúnica e
diversos cursos
específicos para
atuação no
Atendimento
Fraterno, em
palestras,
passes e
atividades
mediúnicas
diversas.
Paralelamente,
fundou com sua
esposa o GEPA –
Grupo de Estudo
e Prática de
Autoconhecimento,
após formação em
Psicologia, no
qual atuam por
mais de 15 anos
esclarecendo aos
interessados a
aplicabilidade
prática das
palestras
publicadas por
Eva Pierrakos
nos livros
Não temas o mal
e O caminho
da
autotransformação,
que unificam
ciência e
religião, mais
especificamente,
psicologia,
filosofia,
sociologia,
antropologia e
espiritualismo.
O confrade
concedeu-nos a
seguinte
entrevista.
O que o motivou
a escrever o
livro "Autoconhecimento
- A chave da
mudança"?
Este livro foi
fruto do
trabalho
voluntário
realizado no
GEPA – Grupo de
Estudo e Prática
de
Autoconhecimento,
onde muitas
palestras
proferidas foram
gravadas e, a
pedido dos
participantes,
resolvi também
escrever. As
pessoas alegavam
dificuldade de
entendimento e,
principalmente,
de aplicação
prática do
conteúdo dos
livros de Eva
Pierrakos, mesmo
quando
recorrendo a
outros livros,
tais como: O
eu sem defesas,
de Susan
Thesenga. No meu
entendimento, o
autoconhecimento
é a principal
necessidade do
ser na vida, o
meio prático
para a
verdadeira
reforma íntima,
tão incentivada
na Doutrina
Espírita e, sem
dúvidas, o
principal
objetivo da
reencarnação.
E quanto ao
livro "Entenda
Jesus", qual foi
a motivação?
Foi uma
retribuição ao
muito que recebi
da Doutrina
Espírita, em
especial ao
acolhimento da
Comunhão
Espírita de
Brasília. Meus
amigos de grupo
mediúnico
solicitaram
diversas vezes
que escrevesse
um livro
direcionado
especificamente
ao público
espírita, com
objetivo de
compartilhar
algumas
interpretações
de trechos do
Evangelho de
Jesus, sob a luz
da psicologia
espiritista,
enfocando
autores como
Joanna de
Ângelis, Hammed,
Ermance Dufaux,
entre outros,
que se dedicam a
trazer a
compreensão dos
meios
comportamentais
para melhoria do
ser, conforme
propõe Doutrina
Espírita.
Qual é, segundo
seu
entendimento, a
contribuição das
duas obras para
a Doutrina
Espírita?
As duas obras
são ricas em
exemplos
práticos de
comportamentos e
atitudes a serem
tomados pelos
leitores diante
das dificuldades
cotidianas. As
pessoas precisam
de clareza,
especificação
máxima possível,
para entender o
que fazer em
cada problema,
em cada situação
vivenciada, pois
não conseguem
aplicar
conteúdos
morais, quando
passados de
forma genérica,
como o próprio
Kardec citou em
O Livro dos
Espíritos,
questão nº 647.
Que método
utiliza e quanto
tempo leva na
elaboração
literária?
O método é de
pesquisa
bibliográfica,
em diversas
fontes:
Psicologia,
Sociologia,
Antropologia,
livros de
autoajuda mais
técnicos (Eva
Pierrakos) e,
claro, a
Literatura
Espírita,
incluindo
principalmente
as obras básicas
de Allan Kardec,
André Luiz,
Emmanuel, Joanna
de Ângelis,
Hammed, Ermance
Dufaux, entre
outros. Isso é
demorado, pois
precisa ser
minucioso,
criterioso,
analítico e leva
cerca de dois
anos para
completar uma
obra.
Foi influenciado
pela prática de
alguma
instituição ou
sua iniciativa é
toda particular?
Minha inspiração
vem da vivência
particular na
busca da
aplicabilidade
do que aprendo
na Doutrina
Espírita,
através do
autoconhecimento
proporcionado
tecnicamente
pela psicologia
e outros
estudos. É
preciso
questionar com
sinceridade os
preceitos morais
aprendidos,
entender a
dificuldade de
aplicá-los na
vida, descer aos
detalhes menores
para então
descobrir uma
forma de
verdadeiramente
alcançar tais
comportamentos
libertadores e
usufruir dos
seus efeitos.
Qual a
importância dos
profissionais e
dos
conhecimentos da
psicologia e
abordagens
comportamentais
para a Doutrina
Espírita na
atualidade?
A importância se
dá pelo método
de estudo
científico, que
precisa detalhar
os eventos ao
nível mais
básico possível
para ser
possível a
reprodução do
conhecimento e
aplicabilidade
do mesmo em
qualquer tempo
ou lugar, por
qualquer pessoa.
Os postulados
não são verdades
absolutas, são
hipóteses que
precisam ser
testadas e
validadas de
forma racional e
lógica para
então constituir
um entendimento
prático e útil.
O método de
construção de
conhecimento
mais usado na
Doutrina
Espirita é a
revelação
através da
mediunidade, o
que não confere
ao indivíduo
apropriação
experiencial
imediata do
conhecimento.
Por outro lado,
a revelação
mediúnica
antecipa
conhecimento que
somente será
dominado mais
tarde pela
ciência. Na
unificação
desses dois
métodos de
produção do
conhecimento
está a maior
produtividade
possível.
Como você vê a
qualidade da
literatura
Espírita, em
geral, no
momento atual?
Na atualidade,
os espíritos
mais voltados
para psicologia,
como Joanna de
Ângelis, Hammed,
Ermance Dufaux,
Lucius, assim
como escritores
como Dr. Alírio
de Cerqueira
Filho, Eva
Pierrakos, entre
outros, lideram
um movimento de
aprofundamento e
atualização do
entendimento das
questões morais,
mais condizentes
com o
amadurecimento
da humanidade e
com o momento
atual. Percebo
também que há
uma resistência
no movimento
espírita a essa
abordagem, pois
alegam que
existe muita
ênfase no trato
das imperfeições
humanas.
Contudo, esses
críticos ignoram
que foi
justamente isso
que os espíritos
recomendaram a
Kardec que
fizéssemos na
questão nº 14 de
O Livro dos
Espíritos:
”(...) Estudai
as vossas
próprias
imperfeições, a
fim de vos
desembaraçardes
delas”.
Quais as
principais
dificuldades a
superar?
Ainda é o
orgulho,
acompanhado do
egoísmo e do
medo os maiores
entraves a serem
superados pelo
ser humano
encarnado na
terra. Citei o
orgulho em
primeiro lugar,
pois a maioria
que busca
qualquer
religião não
deseja descobrir
em si mesmo o
mal que reclama
existir no
mundo. Ainda
acreditamos ser
mais fácil
acusar os
outros, o
governo, os
parentes, os
“bandidos”, pela
infelicidade e
infortúnios
vividos, sem
voltar os olhos
e atenção para
si mesmo e
encontrar não
somente suas
próprias
imperfeições,
mas,
principalmente,
procurar
entender o
motivo de elas
existirem de
forma específica
em nossa
história de
vida, para então
poder
superá-las.
Qual o papel dos
escritores,
dirigentes e
líderes
espíritas na
melhoria e
preservação da
qualidade dos
conteúdos
literários
espíritas?
Acredito que
grupos de
escritores e
líderes
espíritas têm
seu papel e
objetivo em cada
época, traçados
pela
espiritualidade
superior que
dirige o
desenvolvimento
da humanidade
como um todo.
Não raro, muito
do que é
produzido de
conhecimento
dentro da
doutrina
espírita está
também sendo
divulgado em
outras
religiões,
diferentes
culturas e até
sendo seriamente
estudado pela
ciência. O
movimento
espírita precisa
avançar mais no
quesito da
universalização,
no sentido de
englobar de fato
as conquistas
científicas, se
abrir mais para
o debate dos
assuntos
emergentes, e
divulgar também
assuntos que
tocam o
cotidiano das
pessoas.
O que, na sua
percepção,
precisa e pode
melhorar no
incentivo e na
formação de
novos escritores
espíritas?
Creio que no
Brasil existe
uma dificuldade
natural para o
ofício de
escritor, tanto
na publicação,
quanto na
distribuição de
livros, pois
para um
desconhecido
começar a
escrever não
precisa apenas
se voluntariar,
mas também
investir na
publicação, e
creio que isso
ocorra em
qualquer área do
conhecimento. No
movimento
espírita o
processo é ainda
mais fechado,
muito
concentrado na
publicação de
livros
mediúnicos, de
médiuns
renomados, e
muito pouca
publicação de
estudos ou
pesquisas não
mediúnicas. Se
já existe um
filtro bastante
criterioso para
a produção
mediúnica, os
estudos
bibliográficos
ficam
praticamente à
margem e, na
minha opinião,
sem o devido
espaço para
divulgação.
Quais os seus
planos em
relação ao
futuro? Pretende
continuar a
escrever?
Muitas pessoas
compartilharam
comigo sua
experiência
pessoal de
mudança de vida
com a leitura
dos livros que
publiquei. Assim
como aconteceu
comigo mesmo,
com o livro de
Luiz Sérgio (O
mundo que eu
encontrei),
que mudou a
direção
espiritual da
minha vida, e
mais tarde com o
livro O
caminho da
autotransformação,
de Eva Pierrakos,
que determinou
minha escolha
pela Psicologia
e mudou
completamente
minha área de
atuação
profissional.
Por isso, apesar
das
dificuldades,
pretendo
continuar o
trabalho de
escrever, fazer
palestras e
compartilhar meu
entendimento do
Evangelho de
Jesus, Doutrina
Espírita,
Psicologia,
Filosofia e
outros ricos
campos do
conhecimento,
debatendo esses
assuntos de
forma didática e
profunda, com
sentido prático,
para que não
fique apenas no
plano das ideias
e, quiçá,
continuar
tocando uma ou
outra alma,
sendo afetado e
afetando vidas
para o despertar
de nossa
consciência
criadora,
poderosa e
infinita.
Sua mensagem
final aos nossos
leitores.
Nestes últimos
anos, tenho
amadurecido
muito no sentido
de entender que
a vida não dá
saltos, que o
ritmo da vida é
o ritmo da
natureza: bem
lento, mas nunca
se detém, que as
mudanças são
gradativas e
precisam ser
feitas com muita
consciência,
entendimento e
aceitação. Posso
dizer que
realmente Deus
está dentro de
nós, não está
fora, não está
preocupado com
nossos defeitos,
nem deseja
interferir em
nosso
livre-arbítrio,
está sempre
doando toda
energia possível
para nossa
realização
pessoal,
precisando
apenas que
venhamos a
entender a
melhor forma de
fazer isso, ou
melhor, que
venhamos a
descobrir o
caminho dentro
de nós, em nossa
própria história
de vida, pois
todo problema
tem uma solução,
todo enigma,
cedo ou tarde,
se revelará numa
simples verdade
libertadora para
aquele que busca
com sinceridade
as respostas da
vida.