MARCUS VINICIUS
DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
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Compliance e
a cura
Com o escândalo
de Watergate na
década de 1970
nos Estados
Unidos, surgem
as primeiras
movimentações
legislativas no
sentido de se
punir empresas
que
compactuassem
com atos
corruptos, o que
redundou na LeiForeign
Corrupt
Practices Act (FCPA),
promulgada em
1977, e de onde
saíram diversas
outras leis
similares no
mundo, como o The
Bribery Act (2010)
na Inglaterra e
a brasileira Lei
nº 12.846/2013,
também conhecida
como Lei
Anticorrupção.
Essas leis se
fundamentam não
somente na
punição de
empresas
corruptoras, mas
na promoção do Compliance,
ou seja, no
fomento para que
as organizações
empresariais
tenham
mecanismos
próprios que
deem conta do
risco de seus
funcionários se
envolverem em
práticas
corruptas na
relação com os
órgãos
governamentais,
o que traria
prejuízos de
imagem da
empresa e a
punição pela lei
(multa).
Assim, Compliance é
uma estratégia
das empresas não
só de reconhecer
a existência e a
possibilidade
destas, por meio
de seus
prepostos,
participarem de
atos corruptos
nas relações com
os governos, mas
também para
criar medidas
preventivas que
deem conta
dessas
situações,
mitigando o
risco dessa
ocorrência e as
suas
consequentes
perdas.
Apesar de ser um
assunto em voga,
de que forma ele
se encontra com
a prática do
movimento
espírita?
Simples.
Pegaremos um
exemplo comum no
cotidiano das
casas espíritas,
as reuniões de
cura, de todas
as espécies e
tipos,
magnetização,
receitas,
cromoterapia
etc. Concordando
ou não, esta é
uma realidade
cotidiana e
nelas a casa
recebe diversas
pessoas de fora,
algumas
desenganadas e
desesperadas, na
busca da cura
corporal.
Ainda que de
modo geral as
casas sérias se
pautem pela
máxima
evangélica do “dai
de graça o que
de graça
recebestes”,
se existem
várias pessoas
envolvidas,
existem riscos.
E pela ótica do Compliance,
qual o risco que
se apresenta? O
risco de algum
colaborador,
movido por
oportunismo ou
pela ganância,
cobrar por
locais na fila,
por tratamentos
especiais ou,
ainda, por
coisas que são
oferecidas
gratuitamente,
como a agua
fluidificada.
Muitas vezes
explorando o
desespero dos
pacientes.
Esse é um risco
real, o que leva
as casas a
adotar medidas
de Complianceinteressantes,
tais como munir
seus
colaboradores de
crachás, tornar
as regras de
atendimento
públicas no
sítio, na
internet, e
ainda espalhar
cartazes
indicando que
nenhum
colaborador é
autorizado a
cobrar nada,
pois o serviço é
gratuito.
Esse exemplo da
atividade de
cura pode se
expandir para
outras práticas
da seara
espirita, como a
atividade
assistencial,
que pode ser, em
épocas de
eleição, objeto
de captura de
interesses
locais. Ou
ainda, nas
palestras
públicas, nas
quais se deve
evitar a
divulgação de
serviços
prestados pelo
orador na sua
vida
profissional. A
cantina, as
mensalidades dos
mantenedores,
com o balanço
sempre visível
aos
frequentadores,
cultivando a
transparência.
Coisas simples,
mas essenciais.
A boa imagem do
Espiritismo e
das casas nas
quais ele é
praticado
depende de
pequenas coisas,
de enxergarmos
alguns riscos,
típicos da
natureza humana
e de adotarmos
medidas para
mitigá-los. Sim,
aplicamos o Compliance à
casa espírita,
como local de
relações humanas
e que podem sim
ser subvertidas,
em especial no
trato de coisas
de alto valor
percebido, como
dinheiro e a
cura, com
prejuízos
espirituais não
somente aos
agentes que
praticam, mas
também a toda
uma comunidade
que naquela casa
trabalha a sua
espiritualidade.