Celebrando o
Centenário
Irmão X
O Primeiro Centenário da Codificação do
Espiritismo revestiu-se de enorme
importância, não apenas no círculo dos
companheiros encarnados, mas também nas
Esferas Espirituais, vizinhas da Humanidade.
Inquestionavelmente, os núcleos de vida mais
nobre, postos avançados do Espírito Humano
para a Vida Superior, já guardavam consigo,
em soberana exaltação de beleza, os
princípios trazidos ao mundo por intermédio
de Allan Kardec, mas, no imenso vale das
criaturas torturadas, a se erguerem da
sombra para a luz, a Doutrina Espírita
representou preciosa contribuição no
trabalho iluminativo da alma, aplainando
dificuldades, auxiliando consciências e
clareando caminhos.
Desde o eclipse do Evangelho no culto
exterior, anuviou-se o roteiro da morte na
marcha da Civilização.
Longo tempo gastava a mente desencarnada
para desvencilhar-se dos escuros liames que
lhe escravizavam a vida. As garras medievais
senhoreavam largos continentes do Espírito.
Milhões de criaturas transportavam para a
névoa do túmulo apenas imaginárias
concepções do figurino religioso. Quando
devotadas à fé, acreditava-se no paraíso
estanque da contemplação sem limites, em
perigosa consagração à ociosidade e, se
atormentadas por remorsos e inquietações,
faziam-se presa fácil de gênios perversos,
demorando-se indefinidamente no inferno de
impressões culposas que lhes esbraseava o
próprio seio.
Que o auxílio celeste chegava sempre, não
havia dúvida. Mas vinha, como era justo, de
fora para dentro, subordinado a percalços de
toda sorte, porque a própria mente
interessada no auxilio de cima congelava em
si mesma os impulsos de evolução,
admitindo-se catalogada em sentença
definitiva.
Com naturais exceções, vastas fileiras de
desencarnados voltavam do sepulcro para o
berço, cristalizados na ilusão, depois de
longo itinerário na amargura e na
insensatez, sem qualquer proveito na
experiência além-túmulo, porque o fanatismo
é tirânico interventor no reino mental,
gerando superstições e fantasmas que se
nutrem do pensamento das próprias vítimas.
Com a luz do Espiritismo, porém, vigoroso
clarão varre o domínio das trevas.
Sublimes revelações banham as praias do
sem-fim...
O homem retoma o Cristianismo Libertador.
Jesus é lembrado não mais à feição de mago
invulgar, salvando as criaturas ou
condenando-as como poderoso ditador
terrestre, preocupado com o incenso da
adulação, mas sim como o Mestre Divino,
ensinando a cada um de nós a carregar a
própria cruz, servindo ao bem para
merecê-lo, segundo a reta justiça.
Valendo-se da cooperação de amigos do plano
físico que desalgemam as ideias dos antigos
cárceres de intolerância, os Servidores do
Bem, na esfera espiritual, encontram cabeças
de ponte para a administração de socorro a
compactas multidões de filhos do infortúnio
que circunvagam, sem a veste do corpo, no
nevoeiro da loucura e da desesperação.
Abrem-se túneis de generosa luz na noite de
ignorância.
Homens desencarnados, vibrando em novas
aspirações de trabalho, quais nós mesmos,
encontram recursos de colaborar na extinção
dos resultados infelizes da lavoura de
enganos a que se acolheram.
E movimentos de progresso e renovação surgem
nas regiões inferiores purificando emoções e
lenindo anseios, estendendo o consolo e
edificando a esperança.
Velhas bastilhas religiosas caem na Terra e
nos círculos de evolução que lhes dizem
respeito, e no Planeta amanhece um novo dia,
reaparecendo o vulto excelso de Jesus, à
frente da Humanidade, comandando-lhe a
jornada regeneradora no rumo da ascensão.
É por isso que, ante o sol do Primeiro
Centenário d’ O Livro dos Espíritos, cujas
sínteses fulgurantes constituem o marco da
grande transformação, comovidos e
reverentes, associamo-nos aos companheiros
de luta terrestre no coro de agradecimentos
ao Céu pela Bênção do Espiritismo,
reiterando jubilosos:
- Glória ao Cristo de Deus!
- Salve Allan Kardec!
Do livro Doutrina-Escola,
obra mediúnica psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier.