Sexo e Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 34)
Damos sequência
ao estudo metódico
e sequencial do
livro Sexo e Obsessão,
obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada originalmente em 2002.
Questões
preliminares
A. De acordo com
os ensinos
espíritas,
ninguém foge de
si mesmo. Por
quê?
A explicação foi dada pelo mentor Anacleto a
autor desta obra. Estamos sempre diante da
própria consciência, que registra todos os
pensamentos e ações de que somos objeto,
responsável pelas nossas construções morais
e espirituais. Durante muito tempo ela pode
permanecer adormecida e seus conteúdos
bloqueados pela conduta extravagante ou pela
inspiração perturbadora que desvia os
indivíduos da trajetória que devem seguir.
No entanto, basta um toque de amor, e todo
um mecanismo semelhante às sinapses
neuroniais desencadeia sucessivas reações
que trazem à tona tudo quanto se encontra
aparentemente morto ou desconhecido. Esses
impulsos liberam fixações e atitudes
transatas, que ora volvem a exigir conduta
reparadora, quando são negativos, ou
estímulos novos para a ampliação do quadro
de valores, quando positivos. É por isso que
se diz que ninguém foge de si mesmo. “Deus
habita a consciência do ser humano e Suas
Leis aí estão exaradas com todas as
exigências de que se fazem portadoras”,
acrescentou o Instrutor espiritual. (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.)
B. Por que nos faz mal o ódio que nasce do
ressentimento e da necessidade de vingança?
Em sua fala ao Espírito ainda atormentado de
Rosa Keller, madre Clara de Jesus explicou
que o ódio nascido em tais condições,
herança vigorosa do barbarismo que ainda
predomina em a natureza humana, nutre-se dos
seus próprios fluidos e termina por consumir
aquele que o vitaliza. Quando, porém, recebe
os impulsos da compaixão diluem-se as
teceduras de que se constitui, alterando a
vibração morbígena e cedendo, por fim,
espaço à comiseração, à ternura, à
fraternidade. É por isso que é muito bom o
perdão, tanto para quem é perdoado, quanto
para quem perdoa. (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.)
C. É certo afirmar que a morte não libera os
indivíduos envolvidos nos vícios e nas
fixações tóxicas?
Sim. É exatamente isso que Dr. Bezerra de
Menezes disse ao marquês de Sade: “Como você
não ignora, toda treva densa é apenas
resultado da luz ausente que, em chegando,
altera por completo a paisagem de horror
concedendo-lhe beleza e claridade. O ontem
são as sombras pesadas da embriaguez dos
sentidos e da loucura que trazias desde
priscas eras, que estouraram em violência
vulcânica naqueles dias, gerando maior soma
de sofrimentos para o futuro. Em decorrência
dos vícios e das fixações tóxicas, a morte
não libera aqueles que se devotam às baixas
vibrações, antes os encaminha para regiões
equivalentes onde dão curso aos seus
apetites insaciáveis e mórbidos”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.)
Texto para leitura
166. Ninguém
foge de si mesmo –
Percebendo as reflexões e conhecendo o
interesse de Manoel Philomeno de Miranda
quanto aos mecanismos obsessivos e
auto-obsessivos, o irmão Anacleto e
elucidou, com critério e prudência: “Miranda
– referiu-se em tom fraternal, não obstante
a sua ascendência espiritual – estamos
sempre diante da própria consciência, que
registra todos os pensamentos e ações de que
somos objeto, responsável pelas nossas
construções morais e espirituais. Durante
muito tempo pode permanecer adormecida e os
seus conteúdos parecem bloqueados pela
conduta extravagante ou pela inspiração
perturbadora que desvia os indivíduos da
trajetória que devem seguir. No entanto,
basta um toque de amor, e todo um mecanismo
semelhante às sinapses neuroniais
desencadeia sucessivas reações que trazem à
tona tudo quanto se encontra aparentemente
morto ou desconhecido. Esses impulsos
liberam fixações e atitudes transatas, que
ora volvem a exigir conduta reparadora,
quando são negativos, ou estímulos novos
para a ampliação do quadro de valores,
quando positivos. Por essa razão, ninguém
foge de si mesmo. Deus habita a consciência
do ser humano e Suas Leis aí estão exaradas
com todas as exigências de que se fazem
portadoras”. Detendo-se em reflexão,
prosseguiu: “O drama do marquês de Sade é o
mesmo da maioria das criaturas, que se
distraem no mundo e preferem as experiências
embriagadoras à responsabilidade na vivência
do culto dos deveres e realizações morais. A
viagem carnal longe está de ser um mergulho
sem sentido na ilusão da matéria. Tem
finalidades definidas, tais como a
necessidade de evolução, de desenvolvimento
dos valores internos que dormem no imo de
cada criatura, manifestação de Deus que é,
movimentando-se em área correspondente ao
estágio de evolução na qual se encontra”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.)
167. Na
obra da Criação tudo é perfeito –
Dando continuidade à explanação, Anacleto
acrescentou: “Mantendo contato com o mundo
de onde procede, através das mil formas de
comunicações espirituais e de todo um
arquipélago de fatos que despertam para
reflexões e compromissos dignificadores,
guarda as heranças que lhe são peculiares.
Ninguém, portanto, que possa justificar
ignorância em relação aos deveres de
evolução porque não esteja informado da
realidade espiritual. A opção de tornar a
vida melhor ou mais agradável depende de
cada qual e daquilo que considera mais
favorável ao seu elenco de prazeres assim
como em relação aos compromissos a que se
junge desde antes... Na relatividade de
todas as coisas, somente o Bem é eterno,
porque procede de Deus, sendo todas as
outras propostas terrenas transitórias e
sujeitas aos Soberanos Códigos, que
estabelecem o seu período de vigência, de
durabilidade. Desse modo, todos avançamos
para a Grande Luz, demo-nos ou não conta da
ocorrência. E quando a teimosia humana
atinge níveis absurdos, a Divindade
interfere para a felicidade do próprio
Espírito, em razão de haver perdido o
contato com a sua realidade interior.
Estamos, pois, diante de Leis inalteráveis,
que funcionam com absoluta precisão e não
podem ser derrogadas. Desconsideradas,
permanecem nos seus mecanismos automáticos
até alcançarem aqueles que as rejeitaram e
são atraídos à retificação. Tudo é perfeito
na Divina Criação”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.)
168. Como
surgiu a ideia da volta do marquês –
Reportando-se diretamente ao caso do marquês
de Sade, o Mentor informou: “Sabíamos da
excelência dos valores da genitora do
marquês e, consultando-a, antes de quaisquer
providências que o envolvessem, fomos
informados de que também ela programava a
liberação do estúrdio(1),
planejando-lhe a futura reencarnação, quando
o teria nos braços, iniciando nova etapa do
processo iluminativo. Em razão dos fatores
do desequilíbrio que o infelicitava, tomara
providências para que o palco da
reencarnação fosse em área de grandes
sofrimentos distante dos centros citadinos,
onde se reunissem Espíritos expurgando
gravames do passado. A sua seria uma
existência breve, de forma que a orfandade e
as asperezas do caminho constituíssem-lhe o
processo de libertação, considerando-se os
limites orgânicos e as deficiências mentais
que o aprisionariam no vaso carnal. Não
poderia haver providência mais sensata e
oportuna, que correspondia perfeitamente aos
nossos anseios, tendo em vista a necessidade
da renovação espiritual do padre Mauro,
envolvido também com a sórdida conduta do
seu modelo infeliz. Assim, concertamos a
atividade desta noite, reunindo os mais
envolvidos na trama dos destinos, ao mesmo
tempo desenhando programas de benefícios
inadiáveis para outros que tombaram na
urdidura do Mal e permanecem nas regiões
sombrias e tormentosas da cidade perversa.
Tudo acontece sempre para melhor atender aos
desígnios superiores”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.)
169. Reencarnação:
uma bênção de Deus –
Enquanto Dr. Bezerra de Menezes esclarecia o
marquês, madre Clara de Jesus confortava
Rosa Keller, que parecia estupefacta ante o
desenrolar das ocorrências para as quais não
se houvera preparado. Exultava ante a
possibilidade de ser feliz, mas temia a
convivência com o adversário da sua paz. A
Mentora esclarecia-a explicando que a
reencarnação é bênção de Deus, que amortece
as lembranças do passado e abre espaço para
novos relacionamentos e para a verdadeira
fraternidade, por contribuir com recursos
valiosos para o entendimento, a
interdependência entre os indivíduos,
assinalando-os com a necessidade do auxílio
recíproco, no qual surgem novas afinidades e
desenvolvem-se sentimentos de amizade e de
compaixão. “E porque – aduziu a Mentora – o
processo apenas começa, haverá muito tempo
para adaptar a mente e modificar conceitos
em torno dos relacionamentos que Deus
concederá em relação ao futuro. Quando o
perdão é muito difícil de ser concedido, a
compaixão desempenha papel de importância,
porque todos necessitamos desse sentimento,
já que, defraudando as Leis de Deus, todos
tombamos nos mesmos deslizes e somos
credores dessa misericórdia, que é o
primeiro passo para que se manifestem as
bênçãos do amor. O ódio, que nasce do
ressentimento e da necessidade de vingança,
herança vigorosa do barbarismo que ainda
predomina em a natureza humana, nutre-se dos
seus próprios fluidos e termina por consumir
aquele que o vitaliza. Quando recebe os
impulsos da compaixão diluem-se as teceduras
de que se constitui, alterando a vibração
morbígena e, por fim, cedendo espaço à
comiseração, à ternura, à fraternidade. Tudo
porém deve começar do ponto inicial, que é o
desejo de mudança, a necessidade de
renovação.” (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.)
170. Treva
é apenas ausência de luz –
Na sequência de sua fala, madre Clara
pediu-lhe: "Desse modo, filha, compadece-te
de ti mesma e tenta compreender a
enfermidade ultriz que assinalou toda a
existência desditosa do teu algoz,
concedendo-lhe a oportunidade de alcançar a
saúde, tanto quanto a necessitas tu mesma”.
Essas palavras, ungidas de bondade,
encontraram ressonância no imo do Espírito
revoltado, que se foi acalmando lentamente,
à medida que recebia o influxo de energias
restauradoras do equilíbrio a que não estava
acostumado. Logo depois, ainda embalada pela
voz da Mensageira do Amor, demonstrou imenso
cansaço, alterando o ritmo respiratório.
Nesse comenos, madre Clara de Jesus
induziu-a ao repouso, informando-a: “Dorme,
filha, saindo lentamente das sombras densas
do passado, ante o amanhecer de um novo e
luminoso dia que te espera. Esquece toda dor
e toda treva, que representam o teu ontem,
para pensares somente no teu amanhã radioso,
que logo mais alcançarás. Despertarás em
outra Casa de reeducação, onde te
prepararás, a pouco e pouco, para a dadivosa
oportunidade do renascimento carnal. Agora,
entrega-te a Jesus e deixa-te por Ele
conduzir docilmente como criança confiante
que O aguarda, feliz”. A enferma espiritual
entrou em sono tranquilo, sendo removida do
recinto, ante o olhar esgazeado e surpreso
do marquês de Sade. Compreendendo os
conflitos que o assaltavam, o bondoso Dr.
Bezerra de Menezes, explicou-lhe: “Como você
não ignora, toda treva densa é apenas
resultado da luz ausente que, em chegando,
altera por completo a paisagem de horror
concedendo-lhe beleza e claridade. O ontem
são as sombras pesadas da embriaguez dos
sentidos e da loucura que trazias desde
priscas eras, que estouraram em violência
vulcânica naqueles dias, gerando maior soma
de sofrimentos para o futuro. Em decorrência
dos vícios e das fixações tóxicas, a morte
não libera aqueles que se devotam às baixas
vibrações, antes os encaminha para regiões
equivalentes onde dão curso aos seus
apetites insaciáveis e mórbidos”. (Sexo
e Obsessão, capítulo 18: Os labores
prosseguem.) (Continua
no próximo número.)
(1) Estúrdio,
adj. e subst., significa: estouvado;
leviano; travesso; estroina.