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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda

Ano 11 - N° 513 - 23 de Abril de 2017

THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)
 

 

Sexo e Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 34)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro Sexo e Obsessão, obra de autoria de  Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada originalmente em 2002.

Questões preliminares 

A. De acordo com os ensinos espíritas, ninguém foge de si mesmo. Por quê?  

A explicação foi dada pelo mentor Anacleto a autor desta obra. Estamos sempre diante da própria consciência, que registra todos os pensamentos e ações de que somos objeto, responsável pelas nossas construções morais e espirituais. Durante muito tempo ela pode permanecer adormecida e seus conteúdos bloqueados pela conduta extravagante ou pela inspiração perturbadora que desvia os indivíduos da trajetória que devem seguir. No entanto, basta um toque de amor, e todo um mecanismo semelhante às sinapses neuroniais desencadeia sucessivas reações que trazem à tona tudo quanto se encontra aparentemente morto ou desconhecido. Esses impulsos liberam fixações e atitudes transatas, que ora volvem a exigir conduta reparadora, quando são negativos, ou estímulos novos para a ampliação do quadro de valores, quando positivos. É por isso que se diz que ninguém foge de si mesmo. “Deus habita a consciência do ser humano e Suas Leis aí estão exaradas com todas as exigências de que se fazem portadoras”, acrescentou o Instrutor espiritual. (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.) 

B. Por que nos faz mal o ódio que nasce do ressentimento e da necessidade de vingança? 

Em sua fala ao Espírito ainda atormentado de Rosa Keller, madre Clara de Jesus explicou que o ódio nascido em tais condições, herança vigorosa do barbarismo que ainda predomina em a natureza humana, nutre-se dos seus próprios fluidos e termina por consumir aquele que o vitaliza. Quando, porém, recebe os impulsos da compaixão diluem-se as teceduras de que se constitui, alterando a vibração morbígena e cedendo, por fim, espaço à comiseração, à ternura, à fraternidade. É por isso que é muito bom o perdão, tanto para quem é perdoado, quanto para quem perdoa. (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.) 

C. É certo afirmar que a morte não libera os indivíduos envolvidos nos vícios e nas fixações tóxicas? 

Sim. É exatamente isso que Dr. Bezerra de Menezes disse ao marquês de Sade: “Como você não ignora, toda treva densa é apenas resultado da luz ausente que, em chegando, altera por completo a paisagem de horror concedendo-lhe beleza e claridade. O ontem são as sombras pesadas da embriaguez dos sentidos e da loucura que trazias desde priscas eras, que estouraram em violência vulcânica naqueles dias, gerando maior soma de sofrimentos para o futuro. Em decorrência dos vícios e das fixações tóxicas, a morte não libera aqueles que se devotam às baixas vibrações, antes os encaminha para regiões equivalentes onde dão curso aos seus apetites insaciáveis e mórbidos”. (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.) 

Texto para leitura 

166. Ninguém foge de si mesmo – Percebendo as reflexões e conhecendo o interesse de Manoel Philomeno de Miranda quanto aos mecanismos obsessivos e auto-obsessivos, o irmão Anacleto e elucidou, com critério e prudência: “Miranda – referiu-se em tom fraternal, não obstante a sua ascendência espiritual – estamos sempre diante da própria consciência, que registra todos os pensamentos e ações de que somos objeto, responsável pelas nossas construções morais e espirituais. Durante muito tempo pode permanecer adormecida e os seus conteúdos parecem bloqueados pela conduta extravagante ou pela inspiração perturbadora que desvia os indivíduos da trajetória que devem seguir. No entanto, basta um toque de amor, e todo um mecanismo semelhante às sinapses neuroniais desencadeia sucessivas reações que trazem à tona tudo quanto se encontra aparentemente morto ou desconhecido. Esses impulsos liberam fixações e atitudes transatas, que ora volvem a exigir conduta reparadora, quando são negativos, ou estímulos novos para a ampliação do quadro de valores, quando positivos. Por essa razão, ninguém foge de si mesmo. Deus habita a consciência do ser humano e Suas Leis aí estão exaradas com todas as exigências de que se fazem portadoras”. Detendo-se em reflexão, prosseguiu: “O drama do marquês de Sade é o mesmo da maioria das criaturas, que se distraem no mundo e preferem as experiências embriagadoras à responsabilidade na vivência do culto dos deveres e realizações morais. A viagem carnal longe está de ser um mergulho sem sentido na ilusão da matéria. Tem finalidades definidas, tais como a necessidade de evolução, de desenvolvimento dos valores internos que dormem no imo de cada criatura, manifestação de Deus que é, movimentando-se em área correspondente ao estágio de evolução na qual se encontra”. (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.) 

167. Na obra da Criação tudo é perfeito – Dando continuidade à explanação, Anacleto acrescentou: “Mantendo contato com o mundo de onde procede, através das mil formas de comunicações espirituais e de todo um arquipélago de fatos que despertam para reflexões e compromissos dignificadores, guarda as heranças que lhe são peculiares. Ninguém, portanto, que possa justificar ignorância em relação aos deveres de evolução porque não esteja informado da realidade espiritual. A opção de tornar a vida melhor ou mais agradável depende de cada qual e daquilo que considera mais favorável ao seu elenco de prazeres assim como em relação aos compromissos a que se junge desde antes... Na relatividade de todas as coisas, somente o Bem é eterno, porque procede de Deus, sendo todas as outras propostas terrenas transitórias e sujeitas aos Soberanos Códigos, que estabelecem o seu período de vigência, de durabilidade. Desse modo, todos avançamos para a Grande Luz, demo-nos ou não conta da ocorrência. E quando a teimosia humana atinge níveis absurdos, a Divindade interfere para a felicidade do próprio Espírito, em razão de haver perdido o contato com a sua realidade interior. Estamos, pois, diante de Leis inalteráveis, que funcionam com absoluta precisão e não podem ser derrogadas. Desconsideradas, permanecem nos seus mecanismos automáticos até alcançarem aqueles que as rejeitaram e são atraídos à retificação. Tudo é perfeito na Divina Criação”. (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.)  

168. Como surgiu a ideia da volta do marquês – Reportando-se diretamente ao caso do marquês de Sade, o Mentor informou: “Sabíamos da excelência dos valores da genitora do marquês e, consultando-a, antes de quaisquer providências que o envolvessem, fomos informados de que também ela programava a liberação do estúrdio(1), planejando-lhe a futura reencarnação, quando o teria nos braços, iniciando nova etapa do processo iluminativo. Em razão dos fatores do desequilíbrio que o infelicitava, tomara providências para que o palco da reencarnação fosse em área de grandes sofrimentos distante dos centros citadinos, onde se reunissem Espíritos expurgando gravames do passado. A sua seria uma existência breve, de forma que a orfandade e as asperezas do caminho constituíssem-lhe o processo de libertação, considerando-se os limites orgânicos e as deficiências mentais que o aprisionariam no vaso carnal. Não poderia haver providência mais sensata e oportuna, que correspondia perfeitamente aos nossos anseios, tendo em vista a necessidade da renovação espiritual do padre Mauro, envolvido também com a sórdida conduta do seu modelo infeliz. Assim, concertamos a atividade desta noite, reunindo os mais envolvidos na trama dos destinos, ao mesmo tempo desenhando programas de benefícios inadiáveis para outros que tombaram na urdidura do Mal e permanecem nas regiões sombrias e tormentosas da cidade perversa. Tudo acontece sempre para melhor atender aos desígnios superiores”. (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.) 

169. Reencarnação: uma bênção de Deus – Enquanto Dr. Bezerra de Menezes esclarecia o marquês, madre Clara de Jesus confortava Rosa Keller, que parecia estupefacta ante o desenrolar das ocorrências para as quais não se houvera preparado. Exultava ante a possibilidade de ser feliz, mas temia a convivência com o adversário da sua paz. A Mentora esclarecia-a explicando que a reencarnação é bênção de Deus, que amortece as lembranças do passado e abre espaço para novos relacionamentos e para a verdadeira fraternidade, por contribuir com recursos valiosos para o entendimento, a interdependência entre os indivíduos, assinalando-os com a necessidade do auxílio recíproco, no qual surgem novas afinidades e desenvolvem-se sentimentos de amizade e de compaixão. “E porque – aduziu a Mentora – o processo apenas começa, haverá muito tempo para adaptar a mente e modificar conceitos em torno dos relacionamentos que Deus concederá em relação ao futuro. Quando o perdão é muito difícil de ser concedido, a compaixão desempenha papel de importância, porque todos necessitamos desse sentimento, já que, defraudando as Leis de Deus, todos tombamos nos mesmos deslizes e somos credores dessa misericórdia, que é o primeiro passo para que se manifestem as bênçãos do amor. O ódio, que nasce do ressentimento e da necessidade de vingança, herança vigorosa do barbarismo que ainda predomina em a natureza humana, nutre-se dos seus próprios fluidos e termina por consumir aquele que o vitaliza. Quando recebe os impulsos da compaixão diluem-se as teceduras de que se constitui, alterando a vibração morbígena e, por fim, cedendo espaço à comiseração, à ternura, à fraternidade. Tudo porém deve começar do ponto inicial, que é o desejo de mudança, a necessidade de renovação.” (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.) 

170. Treva é apenas ausência de luz – Na sequência de sua fala, madre Clara pediu-lhe: "Desse modo, filha, compadece-te de ti mesma e tenta compreender a enfermidade ultriz que assinalou toda a existência desditosa do teu algoz, concedendo-lhe a oportunidade de alcançar a saúde, tanto quanto a necessitas tu mesma”. Essas palavras, ungidas de bondade, encontraram ressonância no imo do Espírito revoltado, que se foi acalmando lentamente, à medida que recebia o influxo de energias restauradoras do equilíbrio a que não estava acostumado. Logo depois, ainda embalada pela voz da Mensageira do Amor, demonstrou imenso cansaço, alterando o ritmo respiratório. Nesse comenos, madre Clara de Jesus induziu-a ao repouso, informando-a: “Dorme, filha, saindo lentamente das sombras densas do passado, ante o amanhecer de um novo e luminoso dia que te espera. Esquece toda dor e toda treva, que representam o teu ontem, para pensares somente no teu amanhã radioso, que logo mais alcançarás. Despertarás em outra Casa de reeducação, onde te prepararás, a pouco e pouco, para a dadivosa oportunidade do renascimento carnal. Agora, entrega-te a Jesus e deixa-te por Ele conduzir docilmente como criança confiante que O aguarda, feliz”. A enferma espiritual entrou em sono tranquilo, sendo removida do recinto, ante o olhar esgazeado e surpreso do marquês de Sade. Compreendendo os conflitos que o assaltavam, o bondoso Dr. Bezerra de Menezes, explicou-lhe: “Como você não ignora, toda treva densa é apenas resultado da luz ausente que, em chegando, altera por completo a paisagem de horror concedendo-lhe beleza e claridade. O ontem são as sombras pesadas da embriaguez dos sentidos e da loucura que trazias desde priscas eras, que estouraram em violência vulcânica naqueles dias, gerando maior soma de sofrimentos para o futuro. Em decorrência dos vícios e das fixações tóxicas, a morte não libera aqueles que se devotam às baixas vibrações, antes os encaminha para regiões equivalentes onde dão curso aos seus apetites insaciáveis e mórbidos”. (Sexo e Obsessão, capítulo 18: Os labores prosseguem.)  (Continua no próximo número.)


(1) 
Estúrdio, adj. e subst., significa: estouvado; leviano; travesso; estroina.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita