Ainda não houve
Abril… para os
espíritas!
25 de Abril de
2017,
comemoram-se 43
anos do fim da
ditadura
iniciada por
Salazar e que
terminou com a
intervenção dos
militares
portugueses, que
nos devolveram a
liberdade. Os
injustiçados
foram
ressarcidos pelo
Estado, com
excepção dos…
espíritas! Falta
cumprir o ideal
de Abril para o
Espiritismo.
A Doutrina
Espírita,
doutrina
filosófica de
consequência
morais (in “O
que é o
Espiritismo”,
Allan Kardec),
não é mais uma
seita ou
religião, mas
uma filosofia
espiritualista.
Sendo de
tríplice aspecto
(ciência,
filosofia e
moral), a
Doutrina dos
Espíritos (ou
Espiritismo ou
Doutrina
Espírita) sempre
pugnou, desde o
seu aparecimento
em 1857, pela
defesa dos
direitos
humanos, pela
igualdade de
todo o ser
humano na sua
filiação divina,
pelos direitos
das mulheres (a
1ª mulher médica
em Portugal, Drª
Amélia Cardia,
era espírita),
pela liberdade
de expressão.
Obviamente, a
filosofia
espírita era
incómoda para o
antigo regime,
ditatorial,
acoplado ao
Cardeal
Cerejeira, chefe
da Igreja
Católica
portuguesa, que
fazia parceria
com Salazar.
Depois de várias
tentativas ao
longo dos anos
para ilegalizar
o Espiritismo, a
27 de Junho de
1962, por
despacho do
Ministro do
Interior, todo o
património da
Federação
Espírita
Portuguesa (FEP)
revertia para o
Estado (Edifício
da Rua da Palma,
251, Lisboa;
edifício da Rua
Álvares Cabral,
22 a 26, no
Porto onde
estava a
Sociedade
Portuense de
Investigações
Psíquicas; a
sede da FEP na
Rua de S. Bento,
640, Lisboa,
recheio,
bibliotecas,
dinheiro,
depósitos na CGD
e muitos outros
bens), conforme
se pode ler em
“Movimento
Espírita
Português &
Alguns Vultos”,
de Manuela
Vasconcelos,
editora
Federação
Espírita
Portuguesa.
Com o advento da
liberdade, as
pessoas e
entidades que
foram espoliadas
pelo Estado Novo
foram
ressarcidas pelo
Estado
pós-liberdade…
menos a
Federação
Espírita
Portuguesa.
Renascida das
cinzas, a FEP e
os espíritas
portugueses
reorganizaram-se,
não num sentido
proselitista mas
num sentido de
vida: viver
servindo o
próximo, dentro
da moral que o
Espiritismo
encerra e que se
baseia na
mensagem de
Jesus de Nazaré.
Os espíritas
portugueses
espoliados pelo
Estado Novo,
ainda não foram
ressarcidos, 43
anos
depois do 25 de
Abril
O Estado livre
não reconhece a
actual FEP como
sendo a
sequência da
anterior e, no
meio de
vírgulas,
interpretações
jurídicas e
quejandos, ainda
hoje, 25 de
Abril de 2017
(43 anos
depois), os
livros continuam
retidos na
Biblioteca
Nacional, os
arquivos na
Torre do Tombo e
os bens
confiscados e
entregues à Casa
Pia, ainda não
foram
devolvidos.
Se vivêssemos
num país
civilizado da
União Europeia,
decerto estas
injustiças já
teriam sido
ressarcidas.
Se após o golpe
militar que em
25 de Abril de
1974 restituiu a
liberdade aos
portugueses,
tivessem
aparecido
partidos
políticos que
servissem os
interesses do
povo, certamente
este caso faria
parte do rol do
esquecimento
histórico.
Mas não, qual
país do 3ª
mundo, onde a
justiça é feita
à medida dos
conhecidos e
endinheirados,
em Portugal os
Espíritas foram
e são
esquecidos,
mantendo-se a
injustiça do
Estado.
Quem sabe,
quando um dia
formos um país
europeu, a
própria
comunicação
social que tem o
dever moral de
divulgar casos
de injustiça,
informar,
esclarecer, se
interesse por
este assunto,
tantas vezes
comunicado aos
“media” e sempre
esquecido.
Isto não é
notícia.
Notícias são os
crimes, os
escândalos
sociais, o
diz-que-disse do
futebol, a
violência, a
degradação moral
que diariamente
encharcam as
páginas dos
jornais.
O Espiritismo é
importante
contributo para
a pacificação do
ser humano e da
sociedade.
O Espiritismo é
o maior
preservativo
contra o
suicídio.
O Espiritismo
sempre esteve na
vanguarda contra
a diferença de
género, contra
as desigualdades
sociais, contra
a poluição da
Natureza, contra
a xenofobia,
contra o
racismo.
O Espiritismo
defende que
“Fora da
caridade não há
salvação”, isto
é, que somente
mudando o nosso
sentimento, o
nosso pensamento
e o nosso agir
em consonância
com os
ensinamentos
ético-morais de
Jesus de Nazaré,
o Homem se
espiritualiza e
se aproxima de
Deus.
Por isso o
Espiritismo
continua a ser o
grande
desconhecido e o
grande espoliado
pelo Estado
Português, 43
anos depois da
liberdade…
O autor é
Tenente-Coronel
e membro do
Centro de
Cultura Espírita
de Caldas da
Rainha e da
Associação de
Divulgadores de
Espiritismo de
Portugal (ADEP).