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Um minuto com Chico Xavier

Ano 11 - N° 514 - 30 de Abril de 2017

REGINA STELLA SPAGNUOLO
rstella10@yahoo.com.br
Botucatu, SP (Brasil)
 

 

Em junho de 1964, Chico, com o aval de Emmanuel e com o apoio de Waldo Vieira, decidiu ceder à Comunhão Espírita Cristã os direitos de livros escritos por ele e seu parceiro. Pela primeira vez, ele seria beneficiado, embora indiretamente. O centro, cada vez maior, contraía dívidas e já não podia contar apenas com a ajuda esporádica e voluntária de amigos ricos e de gente grata a Chico Xavier.

O prédio crescia a cada ano. O barraco de cinco anos antes já era acompanhado por galpão, sala de refeições, livraria, depósito. Um afilhado de Chico, Hermínio Cassemiro, filho de José Felizardo Sobrinho, de Pedro Leopoldo, visitou o prédio e ficou impressionado com a quantidade de cobertores, remédios e alimentos acumulados.

Chico garantiu ao conterrâneo: - Uberaba tem mais campo para mim.

Na despedida, parou diante de algumas flores e afirmou: - O sonho de sua mãe, Júlia, era ter na janela do quarto um canteiro para plantar as damas-da-noite. Eu plantei as flores aqui e ela me visita toda noite.

Escurecia. Hermínio voltou para casa com uma das flores no bolso.

Os generais tomavam conta do país e Chico Xavier, com a ajuda do jovem Waldo Vieira, promovia mais uma distribuição de Natal. No dia 13 de janeiro de 1965, uma fila de 11.765 pessoas se estendeu diante da Comunhão Espírita para buscar sacolas com roupas e alimentos. Com a ajuda de seus amigos de São Paulo e de outros estados, conseguiram arrecadar 8.337 peças de roupas, 993 pares de sapatos, 311 enxovais infantis, 1.926 brinquedos, 4.320 lápis, 500 livros, 335 sacas de arroz, 218 quilos de balas, 11.815 sanduíches. Eram raros os que agradeciam ao receber as doações.

Alguns assistentes de Chico, de vez em quando, citavam um bilhete que teria sido enviado por São Vicente de Paulo aos auxiliares nas campanhas de atendimento aos pobres: - Muita tolerância com os hóspedes de Jesus, pois eles são impacientes e exigentes.

Entre os "hóspedes de Jesus" não estavam apenas os pobres. Comerciantes, acompanhados de amigos e parentes, também enfrentavam o calor para buscar os donativos, enfiá-los em Kombis e transformá-los em lucro. Um amigo de Chico denunciou a presença constante na fila de uma mulher rica, conhecida na cidade. Todo fim de ano, ela fazia questão de levar sacolas para casa. Era um roubo. Havia gente passando fome em todo canto e ela tirava comida da boca de quem precisava.

Chico escapou da polêmica mais uma vez:

- Que humildade a desta senhora! Enfrenta uma fila com sol ou chuva e, pacientemente, aguarda sua vez para pegar mantimentos.

As distribuições anuais às vezes terminavam em briga e sempre provocavam confusão. Pobres de cidades vizinhas chegavam a Uberaba e ficavam por ali mesmo. Afinal de contas, os centros espíritas também distribuíam sopa todo dia ou toda semana e ainda providenciavam atendimento médico e dentário gratuitos. Chico nem respondia a quem o acusava de atrair miseráveis à cidade. Fazia caridade a qualquer preço.

Os adversários reclamavam e Chico estudava, de acordo com orientação ouvida de Emmanuel, estatísticas sobre suicídios publicadas pelas Nações Unidas no Demographic Year-Book, em 1964. A Áustria liderava o número de suicidas (1.598 em 1962) e era seguida pela Alemanha, Suíça, Japão, França, Bélgica, Inglaterra, Estados Unidos, Polônia e Portugal. Nenhum país subdesenvolvido entrava na lista. Conclusão: o suicídio teria ligações com o vazio provocado pelo materialismo. Ou seja: faltava espiritualidade naqueles países. Chico e Waldo começaram a arrumar as malas para viajar ao exterior. (Continua na próxima semana.)


Do livro As vidas de Chico Xavier , de Marcel Souto Maior.




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita