Candeia sobre o
candeeiro
“Não há ninguém
que, depois de
ter acendido uma
candeia, a cubra
com um vaso, ou
a ponha debaixo
da cama; põe-na
sobre o
candeeiro, a fim
de que os que
entrem vejam a
luz (...).”
1
No passado, a
candeia (*)
ficava ao alto,
num canto da
sala, e sua luz
se estendia por
todo o ambiente.
Sempre mais
intensa para os
que estavam
próximos a ela.
Aqueles que
estavam ao longe
recebiam dela um
fiapo de luz...,
mas a recebiam!
Assim é a
compreensão do
Evangelho: chega
a todos, mas em
graus variados
de intensidade,
como luz que nos
atrai. Fruto das
vibrações e do
amor zeloso de
Jesus!
Todos os que
frequentamos
templos
religiosos
(quaisquer
deles!) ali
vamos amiúde ou
periodicamente
porque a
mensagem de
Jesus, de uma
forma ou de
outra, já nos
tocou e
contagiou o
coração!
Uns assimilam
mais o teor da
mensagem, porque
situados mais
próximos da luz
– da candeia de
canto, ou do
próprio
Evangelho! E não
há nisso nenhum
privilégio: quem
a busca, quem se
esforça por
compreendê-la e
aplicá-la à
própria vida,
aproximam-se,
por vontade
própria, da luz
imperecível da
Boa Nova!
Emmanuel 2,
Espírito,
claramente
exemplifica esse
fato:
[“E Deus
pelas mãos de
Paulo fazia
maravilhas
extraordinárias.”
– O Evangelho
não nos diz que
Paulo de Tarso
fazia
maravilhas, mas
que Deus operava
maravilhas
extraordinárias
por intermédio
das mãos dele.
O Pai fará
sempre o mesmo,
utilizando todos
os filhos que
lhe apresentarem
mãos limpas.
Muitos
Espíritos, mais
convencionalistas
que propriamente
religiosos,
encontraram
nessa notícia
dos Atos uma
informação sobre
determinados
privilégios que
teriam sido
concedidos ao
Apóstolo.
Antes de tudo,
porém, é preciso
saber que
semelhante
concessão não é
exclusiva. A
maioria dos
crentes prefere
fixar o Paulo
santificado sem
apreciar o
trabalhador
militante.
Quanto custou ao
Apóstolo a
limpeza das
mãos?
Raros indagam
relativamente a
isso.]
E o Mestre,
sábio educador,
a pouco e pouco
nos atrai,
sempre mais e
mais, até nos
converter
plenamente às
claridades da
Sublime
Mensagem, eis
que afirmou:
‘Das ovelhas que
o Pai me
confiou, nenhuma
se perderá!’
3
Não há, pois,
condenações
‘eternas’:
todos, ao longo
das múltiplas
encarnações,
teremos
oportunidades de
compreender
essas Lições
imorredouras e
de, lentamente,
reparar nossas
faltas, ainda
que à custa de
renúncias e
dores! E, assim,
seremos
redimidos,
sempre amparados
por aqueles que,
no plano físico
ou no
espiritual, nos
conduzem à
compreensão da
mensagem de
Amor.
Nem há, também,
o ‘demônio’ ou o
inferno tão
temido. Só
alimentam essas
crendices os que
não compreendem
a grandeza do
Amor de Deus,
criador do
Universo visível
e invisível.
Ninguém melhor
que Voltaire –
François Marie
Arouet (Paris,
21.11.1694-30.05.1778)
– expressou a
sabedoria do
Criador, por
oposição à
imensa
ignorância dos
humanos, na
sábia afirmação
“Eu
acredito no Deus
que criou os
homens, e não no
Deus que os
homens criaram”.
À medida que
evoluímos,
ampliamos nossa
compreensão da
vida, de nós
mesmos e
aprendemos a
compartilhar com
os demais tudo o
de bom que o Pai
nos concede.
*
No Velho
Testamento temos
– num sonho
conhecido como
Escada de
Jacó 4
– belo símbolo
de nossa
evolução
espiritual.
Em forma de
espiral, seus
primeiros
degraus são de
menor extensão;
e vão se
ampliando, à
medida que se
eleva.
Cada degrau
comporta
inúmeros
ensinamentos,
que devemos
assimilar. E só
ascendemos ao
próximo quando
completamos o
aprendizado
desse estágio.
Daí por que as
questões que nos
incomodam
surgem,
reiteradamente e
de forma
inesperada em
nossas vidas.
Oferecem-nos,
assim,
oportunidades de
superar questões
que nos
desequilibram e
de vencermos a
nós mesmos: de
não revidarmos
ofensas; de
perdoarmos etc.
Afinal, de irmos
além, de
transcendermos
nossos limites.
Compreendida a
lição, somos
envolvidos por
extraordinária
paz, que se
torna, a cada
vitória
conquistada
sobre nós
mesmos, em
incentivo a
ficar atentos às
próximas lições
que nos serão
oferecidas. Faz
parte do
processo de
autoconhecimento
que o Evangelho
nos favorece,
eis que ele
é o mais
perfeito roteiro
para o
crescimento
espiritual! Daí
a importância de
conhecê-lo e
aplicá-lo em
nossas vidas.
[Diz “A Grande
Síntese” que “se
a dor faz a
Evolução, a
Evolução anula
progressivamente
a dor...” E
outro não
poderia ser o
caminho. Inútil
lutarmos contra
a dor como se
ela
representasse um
elemento intruso
e agressor da
Vida. Só
compreendendo-a
em profundidade
e aceitando-a
com resignação
é que obteremos
sucesso nas
ascensões que
nos aguardam.
Quando a dor
obriga o
Espírito a
dobrar-se sobre
si mesmo, ao
mesmo tempo em
que anula as
dissonâncias
inerentes à
alma, prepara
terreno para
profundas
introspecções,
desenvolvendo e
despertando
potencialidades
espirituais.]
5 –
[Sublinhamos.]
Conhecer os
ensinos de Jesus
e ignorar sua
prática é o que
mantém o atraso
da Humanidade,
não obstante
transmitidos há
dois mil anos,
pelo incansável
Mestre!
Nosso
aprendizado deve
beneficiar a
todos. Não basta
adquiri-los. É
preciso que ele
transforme
nossas vidas de
forma efetiva,
produzindo bons
frutos:
“Assim
resplandeça a
vossa luz diante
dos homens, para
que vejam as
vossas boas
obras e
glorifiquem a
vosso Pai, que
está nos céus.”
Mt, 5:16 6
– Grifo do
original.
(*) –
Candeia: Lâmpada
formada por
recipiente de
barro ou de
folha, munida de
um bico pelo
qual passa a
extremidade de
um pavio, que se
enche com óleo
para queimar. (Dic.
Online de
Português.)
Referências:
1.
KARDEC, Allan.
O Evangelho segundo o Espiritismo.
Trad. Evandro
Noleto Bezerra.
2. ed. 1ª. impr.
FEB: Brasília,
2013. Cap. XXIV,
it. 2, p. 291.
2.
XAVIER,
Francisco C.
Caminho,
Verdade e Vida.
Pelo Espírito
Emmanuel. 13.
ed. Rio de
Janeiro: FEB,
1989, Cap. 74.
3.
XAVIER, F.
Cândido.
Roteiro.
Pelo Espírito
Emmanuel. 4ª ed.
Rio de Janeiro:
FEB, 1978. Cap.
39, p. 165.
(Citação de
Emmanuel)
4.
ALMEIDA, João F.
de – Tradutor.
A Bíblia
Sagrada.
Brasília:
Sociedade
Bíblica do
Brasil. 1969.
5.
CARDOSO, G.
Perez e BOECHAT,
Newton. Do
átomo ao
Arcanjo. Rio
de Janeiro:
edição dos
autores, 1984.
Cap. XI, p. 105.
6.
NOVO TESTAMENTO.
Trad. João
Ferreira de
Almeida.
Campinas (SP):
Os Gideões
Internacionais
no Brasil, ed.
2003.