Terras de Nhô Quinca
Cornélio Pires
Parecia uma fera de
encomenda.
Quando Nhô Quinca dava a
sapituca1,
O povo no roçado ou na
poruca2
Chorava que nem cana na
moenda.
Posseava3 das
terras de contenda,
Tomou terra de Adão,
terra de Juca,
As terras de Donana de
Minduca...
Ele queria o mundo na
fazenda.
Vem um velho pedir barro
de oca4,
Nhô Quinca bate nele na
engenhoca
E cai num tacho quente
de melado.
Morreu de raiva... E o
pobre do Nhô Quinca
Só teve na fazenda da
Cainca
Sete palmos de terra do
cerrado.
Referências:
1. Sapituca:
Loucura, doidura.
2. Poruca: Peneira
com que se escolhe o
café em grão.
3. Possear: Tomar
posse, ocupar.
4. Barro de oca:
Argila própria para
fabrico de produtos
cerâmicos.
Do livro O Espírito
de Cornélio Pires,
obra mediúnica
psicografada pelos
médiuns Waldo Vieira e
Francisco Cândido
Xavier.