Caridade
Caridade
- segundo o Mestre
Jesus - é ter
bondade no seu coração
para com todos, ser
misericordioso e perdoar
as ofensas. É “Amar
uns aos outros, como
irmãos”.
Ou ainda: “[...] amar
ao próximo é fazer-lhe
todo o bem possível, que
desejaríamos que nos
fosse feito”.
Mas,
e há sempre um “mas”
em tudo, pergunto:
- Não há casos em que
pensamos estar ajudando
e só estamos
prejudicando, mantendo
as pessoas numa zona de
conforto de onde não
saem porque sabem que a
ajuda vem fácil e
constante?
Diz um provérbio chinês:
“Dê um peixe a um homem
faminto, e você o
alimentará por um dia.
Ensine-o a pescar, e
você o estará
alimentando pelo resto
da vida”.
Leitor, o que acontece
na maioria dos
Centros Espíritas no que
diz respeito à
Caridade?
Frequentemente,
pratica-se uma Caridade
não construtiva, que
apenas alimenta mais e
mais o parasitismo,
criando uma zona de
conforto e uma apatia na
procura de uma solução
sadia.
Famílias há que
ultrapassam 10 anos se
beneficiando da Caridade
em certas Casas
Espíritas. Vão
semanalmente buscar a
cesta de alimentos. Há
também uma equipe, que
visita as famílias para
lhes levar uma palavra
de conforto.
Sou de opinião que esse
trabalho é de uma
nobreza ímpar, mas não
está de acordo com a
realidade de certas
famílias.
Faz-se necessário
separar o trigo do joio.
Vejo algumas dessas
famílias com carro, moto
do ano, celulares caros,
algumas com dois ou três
filhos já adultos
trabalhando em empresas
e recebendo até cesta
básica dessas empresas,
e o que fazem? Um dos
filhos se inscreve na
Igreja Católica, outro
na Igreja Evangélica, e
a mãe no Centro
Espírita. Assim, o
núcleo familiar recebe
de cada uma destas
instituições outras
cestas básicas, em forma
de ajuda semanal ou
quinzenal. E, como o
leitor já deduziu,
vendem os alimentos a
preços reduzidos na
quitanda mais próxima,
ou trocam-nos por
bebidas alcoólicas,
cigarros, ou até mesmo
outras drogas. Isto
acontece com os
alimentos e também com a
roupa que lhes é doada.
Algumas senhoras levam
sacolas e sacolas de
roupa, que depois vendem
pela vizinhança.
Há Casas Espíritas que
têm instalações ociosas
durante o dia, mas não
se ocupam em ensinar
essas senhoras a ler e a
escrever, não ministram
aulas de culinária, não
ensinam o trabalho de
uma diarista... NÃO
ENSINAM A PESCAR. O que
alegam? Que não há
voluntários e, quando os
há e as pessoas se
oferecem para trabalhar,
existe um “medo” por
parte dos dirigentes em
delegar uma tarefa, a
pessoa fica em
observação, e os meses
vão passando até que a
pessoa desiste e, às
vezes, até deixa de
frequentar o Centro,
porque se sente
excluída. Dizem alguns
presidentes e dirigentes
que têm medo de não dar
certo. Na vida, no nosso
dia a dia, não temos a
certeza de nada, se algo
vai dar certo ou errado,
mas vamos em frente, nos
aventuramos, e, mesmo
com riscos, não deixamos
de viver. Em muitas
Casas Espíritas, ou a
pessoa pertence à
“panelinha” da casa para
ser aceita e sempre dar
certo, mesmo quando não
capacitada para
determinadas áreas; OU
já se sabe de saída que
não vai dar certo, mesmo
antes de tentar. Fica
evidente uma grande
falta de Fé por parte de
alguns dirigentes,
ciosos de suas posições
e de sua autoridade.
Como eles não podem
estar presentes ou não
podem ter pessoas de
“sua confiança” em
determinados horários,
então... não se faz o
trabalho... e, assim,
instalações espíritas
permanecem inúteis,
ociosas, e o verdadeiro
trabalho de CARIDADE vai
por água abaixo. É uma
caridade para “inglês
ver”.
Distribuem-se alimentos,
roupas, fazem-se bingos,
almoços e eventos para
angariar fundos para os
alimentos, mas NÃO SE
ENSINA A PESCAR...
ENSINAR A PESCAR
reduziria em muito a
necessidade de alimentos
e roupas e criar-se-ia
um grupo de senhoras,
hoje necessitadas, e que
amanhã poderiam ser
excelentes trabalhadoras
da Casa Espírita e
ensinar outras senhoras
nas mesmas condições. É
um custo-benefício
válido! Fora a parte
espiritual de se saber
que se está fazendo a
verdadeira Caridade.
Há como que uma ideia
generalizada de que a
mulher necessitada só
vai lá para “pegar” os
alimentos, mas não se
faz um trabalho de
envolvimento amoroso na
casa, não se valoriza
essas senhoras e essas
famílias – não damos a
elas o mesmo tratamento
que damos aos ricos que
frequentam o Centro...
Fazemos o que Jesus
jamais faria e, no
entanto, quando abrimos
a boca é sempre para
falar seu nome como se
nós tivéssemos uma
procuração Dele para
representá-Lo na Terra!
Quando, às vezes, me é
dada a oportunidade de
comentar este assunto, a
resposta que tenho é:
mas nós fazemos o bem
não importa a quem...
“o que os
outros fazem com o bem
que fazemos não é de
nossa conta”.
Este raciocínio não
procede. Somos
responsáveis, sim,
porque levamos as
famílias com esta forma
de atuação a se
“encostarem” e não
procurarem sua própria
subsistência. Ou seja,
não é isto que a
Doutrina Espírita nos
ensina.
Uma solução de dignidade
e elevação moral e
espiritual seria ENSINAR
A PESCAR para que a
pessoa se sinta
valorizada como ser
humano, procure a sua
própria subsistência e
não fique durante anos e
anos vivendo à custa de
uma Caridade inócua e
até humilhante.
Todas as Casas Espíritas
procedem assim? Todas as
Famílias Assistidas têm
este procedimento? É
claro que não, todos nós
sabemos que não, mas
também sabemos que,
infelizmente, esta
prática é mais comum do
que seria desejável!
Há famílias que se
encontram em estado
lastimável, crianças sem
comida? SIM!
Mas isso é tão visível,
que não tem como
contestar. Às vezes, a
situação em que vivem é
tão dolorosa e
lastimável que não dá
nem para esperar o
cadastramento na Casa
Espírita ser aprovado. A
ajuda tem que ser
imediata e rápida, os
agasalhos têm que ser
providenciados na hora,
porque as crianças
choram com fome e frio e
não é hora de aprovação
de formulários, nem de
entrevistas com a
Assistente Social, mas
sim da entrega rápida e
imediata de, no mínimo,
o básico. ISTO, SIM, É A
VERDADEIRA CARIDADE.
Meus queridos leitores,
todas as questões têm
tantas facetas que é
muito difícil
resolvê-las na sua
totalidade, mas
atendendo ao que
testemunho diariamente,
eu acredito que é
preciso que as Casas
Espíritas enveredem pelo
caminho de ENSINAR A
PESCAR.
E os dirigentes das
Casas Espíritas precisam
ter menos “medo” e se
arriscarem um pouco mais
com novos voluntários,
incentivando-os, na
certeza de que a
verdadeira liderança é
saber escolher as
pessoas certas e
DELEGAR, em vez de ficar
se lamentando de que têm
muito trabalho, trabalho
esse todo centralizado
em poucos e sempre os
mesmos das Casas. Se
não tiverem essa noção,
NUNCA terão voluntários,
porque todo ser humano
quer ser útil e
sentir-se valorizado, e
até trabalha
gratuitamente para ter
esses dois fatores. Se
aliar a isso ao
ensinamento máximo de
nossa Doutrina Espírita
“sem caridade não há
salvação”, então..., o
trabalhador se dedicará
a fazer o BEM para o
resto de sua vida aqui
na Terra.
Temos jovens
maravilhosos nos Centros
Espíritas, jovens cheios
de energia, de vontade
de trabalhar, de bom
coração, gente leal e
apta, mas o que fazemos?
Em vez de incentivá-los,
de estimular, de deixar
que liderem em
determinadas áreas
(porque eles serão os
dirigentes Espíritas de
amanhã), fazendo nós
apenas uma supervisão a
distância e corrigindo a
mão de alguma atitude
impulsiva ou menos
correta desses meninos,
não: nós os criticamos
tanto, julgamos seu
trabalho com tanta
severidade que acabamos
perdendo uma força de
trabalho maravilhosa.
Esquecemos de que já
fomos jovens como eles.
O que nos faz pensar, a
nós mais velhos, que só
nós sabemos, só nós
podemos liderar? Há
jovens nesse mercado de
trabalho com 18 e 19
anos que já são
milionários com o
esforço de seu trabalho,
éticos na sua liderança,
suas ideias e ideais
inovadores.
Mas não, o que fazemos
de novo? Tudo o que o
jovem faz como
voluntário é alvo de
crítica, de censura, é
chamada sua atenção, às
vezes na frente das
pessoas: “você precisa
fazer assim...”, “você
não pode...” ou “você
fez errado, olha, é
assim que se faz!”, e
extirpamos nesses jovens
sua vontade pura e
verdadeira de ajudar o
próximo.
Aí vem o velho
argumento: “Não, você é
espírita e está aqui
para aprender a ter
paciência, obedecer, a
baixar a cabeça”, e isto
é sempre dito pelos
maiores “ditadorzinhos”
do Centro. Você os
conhece, leitor amigo,
aquele que, ou a coisa é
do jeito que ele quer,
ou está tudo errado...,
e nem importa o que diz
a Doutrina, o que
importa é o seu EGO!
Assim, não haverá NUNCA
voluntários dispostos a
ajudar e a ENSINAR A
PESCAR e ficaremos
praticando por anos uma
CARIDADE inócua, uma
pretensa Caridade!
A verdade é que, se o
Presidente ou os
Dirigentes de uma Casa
Espírita quiserem
realmente ENSINAR A
PESCAR, tudo fluirá para
isso. As coisas virão
por si, porque tudo o
que é feito para o
verdadeiro BEM de alguém
flui e aparece e se
desenvolve sem nós
mesmos sequer vermos
como as coisas vão se
encaixando conforme a
necessidade de cada dia.
Respondam com
sinceridade, por
gentileza:
Vocês acham que se
Divaldo Franco e, por
exemplo, Isabel Salomão,
tivessem tido o mesmo
“medo”, e não tivessem
delegado, teriam eles
realizado uma obra de
alcance social como a
que tem,
respectivamente, na
Bahia e em Minas? Teriam
eles tido tempo para
propagar a Doutrina
Espírita como o fizeram
e ainda fazem?
Dirigentes de Casas
Espíritas, pensem nisso.
E aos que já ensinam a
pescar e acreditam e
envolvem a juventude da
casa, parabéns!