A eficácia na utilização
do passe espírita foi
comprovada
cientificamente após
grupos de pesquisadores
da Universidade Federal
do Triângulo Mineiro (UFTM),
com sede em Uberaba
(MG), estudarem seus
efeitos em grupos de
recém-nascidos e
adultos. A pesquisadora
e fisioterapeuta Élida
Mara Carneiro,
coordenadora
da Capelania Espírita do
Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do
Triângulo Mineiro e
membro da Associação
Médico-Espírita de
Uberaba (AME-UBE),
apresenta dados
interessantes sobre a
imposição de mãos, agora
comprovados dentro de
ambientes hospitalares,
seguindo rigores para
estudos, como mostra a
seguinte entrevista que
ela gentilmente nos
concedeu.
Como surgiu a ideia de
aplicar o passe no
tratamento de neonatos?
Há cinco anos iniciamos
a Capelania Espírita no
Hospital de Clínicas da
Universidade Federal do
Triângulo Mineiro (UFTM)
que inclui, entre as
diversas atividades e
locais de atuação, a
aplicação de passe
espírita nos neonatos da
Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal e
Pediátrica. Com o
intuito de realizar as
pesquisas para avaliar
os efeitos do passe
espírita, escolhemos,
inicialmente, os
recém-nascidos pelo fato
de ter sido realizado um
estudo anterior com essa
população e alguns
membros da equipe já
possuírem habilidade na
coleta de cortisol
salivar. Posteriormente,
continuamos as pesquisas
inserindo outras
populações.
O que é avaliado? Há
alterações antes,
durante ou após o passe?
Em recém-nascidos foi
realizado um ensaio
clínico randomizado
duplo-cego. Foram
avaliados os níveis de
estresse por meio da
análise do cortisol
salivar, dor, parâmetros
fisiológicos como
frequência respiratória,
frequência cardíaca e
saturação periférica de
oxigênio, antes e após a
aplicação do passe
espírita comparado à
imposição de mãos com
intenção de cura,
durante 10 minutos,
durante três dias
consecutivos. Após as
intervenções foram
anotadas as complicações
e o tempo de permanência
dos recém-nascidos no
hospital. Foi encontrada
redução significante da
frequência respiratória
e diminuição
considerável, embora sem
significância
estatística, do número
de complicações e do
tempo de internação nos
recém-nascidos que
receberam o passe
espírita comparado à
imposição de mãos com a
intenção de cura.
Esse estudo foi
realizado com pacientes
adultos?
Em adultos, dois estudos
foram publicados. O
primeiro incluiu
pacientes internados na
Enfermaria de Clínica
Médica. Os pacientes
foram alocados em três
grupos: passe espírita,
imposição de mãos com a
intenção de cura e
controle, durante 10
minutos, três dias
consecutivos. As
variáveis psicológicas
avaliadas foram: níveis
de ansiedade, depressão,
intensidade de dor,
percepção de tensão
muscular e sensação de
bem-estar, e como
variáveis fisiológicas
os parâmetros:
frequência cardíaca e
saturação periférica de
oxigênio. Concernente
aos resultados, houve
redução significante nos
níveis de ansiedade,
depressão e tensão
muscular, com
consequente aumento da
sensação de bem-estar
nos pacientes que
receberam o passe
espírita. Em relação ao
segundo estudo, a
amostra compreendeu
pacientes com doenças
cardiovasculares
hospitalizados.
Observou-se no grupo que
recebeu passe espírita
diminuição significativa
nos escores de ansiedade
e de percepção da tensão
muscular, melhoria da
sensação de bem-estar e
aumento da saturação
periférica de oxigênio,
e, no grupo imposição de
mãos com a intenção de
cura, houve redução
significante da
percepção de tensão
muscular e aumento da
sensação de bem-estar.
Entretanto,
a redução da
tensão muscular e
melhoria do bem-estar
foram maiores no grupo
que recebeu o passe
espírita.
Se houve alterações,
elas são puramente
observacionais ou
pode-se mensurá-las
clinicamente?
As alterações foram
mensuradas por meio de
instrumentos validados
para o Brasil, as
medidas de parâmetros
fisiológicos pelos
monitores específicos e
a dosagem de cortisol
salivar em laboratório
de referência.
Ressalta-se que, em
todos os estudos, os
avaliadores eram cegos
aos procedimentos que os
pacientes recebiam, ou
seja, os examinadores
que participaram da
aplicação dos
questionários, da coleta
de cortisol salivar e
das variáveis
fisiológicas não
conheciam
qual tratamento os
pacientes estavam
recebendo e em qual
grupo estavam alocados.
Os resultados foram os
esperados pela equipe de
pesquisadores?
A equipe da pesquisa
esperava os resultados
diante das hipóteses dos
estudos, embora nem
todas as variáveis
apresentassem diferenças
significativas
pressupostas.
E a recepção por parte
de colegas,
profissionais de Saúde e
da diretoria do hospital
em relação à pesquisa?
Diversos profissionais
de Saúde e colegas
demonstraram interesse
pelos resultados das
pesquisas. Em relação à
diretoria
do hospital, desde o
início, tivemos um
valoroso apoio da
superintendência e
também dos coordenadores
dos diversos setores do
hospital.
A aceitação também foi
igual por parte dos
familiares dos
pacientes?
A aceitação do passe
espírita, durante a
realização das
pesquisas, pelos pais
dos recém-nascidos e
familiares dos pacientes
foi relevante (89%).
Esses resultados denotam
a aceitação dessa
terapia complementar
pela maioria dos
indivíduos elegíveis
para a pesquisa,
independentemente da
crença religiosa.
Há algum novo projeto
envolvendo o passe para
o futuro?
Sim, estamos trabalhando
em novo estudo com a
avaliação de outras
variáveis.