Poema de gratidão
Abílio Barreto
Lembra-me, Mãe querida,
a glória que me deste,
A alegria do lar no
lençol de cravinas1,
A mesa, o livro, o pão e
as canções cristalinas,
As preces de ninar, no
humilde berço agreste.
Ao perder-te, no mundo,
o carinho celeste,
Vendo-te as mãos em
cruz, quais flores
pequeninas,
Fui chorar-te, debalde,
ao pé das casuarinas2,
Buscando-te a presença
entre a lousa3
e o cipreste!4...
Entretanto, do Além,
caminhavas comigo,
Vinhas, a cada passo,
anjo piedoso e amigo,
Guardar-me o coração na
fé radiante e calma.
E, quando a morte veio
expor-me à noite escura,
Solucei de alegria, em
preces de ternura,
Em te revendo a luz,
conduzindo
minha’alma!...
Notas:
1 Cravina: pequeno cravo
(flor); nome d’algumas
variedades de cravo.
2 Casuarina: planta de
folhas semelhantes às
penas do casuar (ave
corredora).
3 Lousa: ardósia; laje;
pedra que cobre a
sepultura.
4 Cipreste: designação
dada a várias árvores da
família das
cupressáceas, de copa
longa e estreita, muito
comuns em cemitérios;
(fig.) luto, morte ou
tristeza.
Do livro Mãe,
antologia mediúnica
constituída de mensagens
e poemas psicografados
pelo médium Francisco
Cândido Xavier.