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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 101 – 5 de Abril de 2009

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  
 

Libertação

André Luiz

(Parte 12)

Damos continuidade ao estudo da obra Libertação, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1949 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. A solução do caso da ex-fazendeira obsidiada por três ferozes inimigos exigiria muito tempo?

R.: Sim. Incapaz de expandir-se mentalmente no idealismo superior, que corrige desvarios íntimos e facilita a cooperação vibratória das almas que respiram em esferas mais elevadas, a fazendeira já havia sofrido dez anos de mágoas constantes e indefiníveis. Com a morte do corpo denso, viu-se perseguida pelas vítimas de outro tempo e sua capacidade de iniciativa anulou-se em virtude das emissões vibratórias do próprio medo perturbador. Padeceu muitís­simo, apesar do auxílio dos benfeitores que sempre tentaram, sem êxito, conduzi-la à humildade e à renovação pelo amor, visto que o ódio permutado é uma fornalha ardente que mantém a cegueira e a sublevação. A revolta, o pavor do desconhecido e a absoluta ausência de perdão ligavam-nos uns aos outros, quais algemas de bronze. Como solucionar semelhante situação? Gúbio foi muito claro: "Gastaremos tempo. A perturbação vem de inesperado, instala-se à pressa; entretanto, re­tira-se muito devagar. Aguardemos a obra paciente dos dias". (Libertação, cap. VII, pp. 97 e 98.)

B. A solução do problema passaria pelo processo reencarnatório?

R.: Evidentemente. Joaquim, o ex-esposo da fazendeira, já fora ou seria reconduzido à reencarnação. A mulher em breve o seguiria, renascendo em círculos de vida torturada, enfrentando obstáculos imensos para reencontrar o an­tigo companheiro e partilhar-lhe as experiências futuras. Os três ini­migos reencarnariam como filhos. Eles aguardariam junto dela o tempo de imersão nos fluidos terrestres. A ex-fazendeira teria, na Crosta, uma mocidade torturada por sonhos de maternidade e não repousaria, intimamente, en­quanto não tivesse no próprio colo os três adversários convertidos em filhos de sua ternura sedenta de paz. (Obra citada, cap. VII, pp. 99 e 100.)

C. Quem são os Dragões e qual o seu papel em nosso mundo?

R.: Citados por Gregório, os Dragões são Espíritos caídos no mal, desde eras primevas da criação do planeta, e que operam em zonas inferiores da vida. "Sem eles, que seria da conservação da Terra?”, indagou Gregório. “Como poderia operar o amor que salva, sem a justiça que cor­rige? Os Grandes Juizes são temidos e condenados; entretanto, suportam os resíduos humanos, convivem com as nojentas chagas do Planeta, lidam com os crimes do mundo, convertem-se em carcereiros dos perversos e dos vis." Na concepção de Gregório, os seguidores de Jesus podem ajudar e resgatar a muitos. No entanto, milhões de criaturas não pedem auxílio nem liberação e, como os tribunais da Terra são insuficientes para a identificação de todos os delitos que se processam entre as criaturas, eram eles os "olhos da sombra, para os quais os menores dramas ocultos não passam despercebidos". (Obra citada, cap. VIII, pp. 101 a 105.)

Texto para leitura

49. Obsessão e morte - Apesar de visitados com frequência por amigos espirituais que os convidavam à tolerância e ao perdão, os ex-escravos nunca cederam um til nos seus planos sombrios. Atacaram, sem piedade, a mulher que os tratara com dureza, impondo-lhe destrutivo remorso ao espírito vacilante e fraco. Dominando-lhe a vida psíquica, transforma­ram-se para ela em perigosos carrascos invisíveis. A senhora, por isso, adoeceu gravemente, desafiando conselhos e medidas de cura. So­corrida por médicos e padres diversos, jamais recobrou o equilíbrio orgânico. Seu corpo físico arrasou-se, a pouco e pouco. "Incapaz de expandir-se mentalmente, no idealismo superior, que corrige desvarios íntimos e facilita a cooperação vibratória das almas que respiram em esferas mais elevadas, a desditosa fazendeira sofreu, insulada no or­gulho destrutivo que lhe assinalava o caminho, dez anos de mágoas constantes e indefiníveis", informou Gúbio. Com a morte do corpo denso, exonerada dos liames carnais, viu-se perseguida pelas vítimas de outro tempo, e sua capacidade de iniciativa anulou-se em virtude das emissões vibratórias do próprio medo perturbador. Padeceu muitís­simo, apesar do auxílio dos benfeitores que sempre tentaram, sem êxito, conduzi-la à humildade e à renovação pelo amor. É que o ódio permutado é uma fornalha ardente que mantém a cegueira e a sublevação. Quando seu esposo desencarnou, foi semilouco encontrá-la no mesmo in­vencível abatimento, incapaz de socorrê-la em vista das próprias dores que o constrangiam também a difíceis retificações. Os perseguidores impiedosos, mesmo depois de perderem a forma perispirítica, aderiram a ela. A revolta, o pavor do desconhecido e a absoluta ausência de perdão ligavam-nos uns aos outros, quais algemas de bronze. A infeliz não os via, não os apalpava, mas sentia-lhes a presença e ouvia-lhe as vo­zes acusadoras, através da acústica inconfundível da consciência. Como resolver semelhante situação? Gúbio respondeu: "Gastaremos tempo. A perturbação vem de inesperado, instala-se à pressa; entretanto, re­tira-se muito devagar. Aguardemos a obra paciente dos dias". (Cap. VII, pp. 97 e 98)

50. O programa de resgate - Gúbio informou que Joaquim, o ex-esposo da fazendeira, possivelmente já tivera sido reconduzido à reencarnação. A mulher em breve o seguiria, renascendo, evidentemente, em círculos de vida torturada, enfrentando obstáculos imensos para reencontrar o an­tigo companheiro e partilhar-lhe as experiências futuras. Os três ini­migos reencarnariam como seus filhos. Eles aguardariam junto dela o tempo de imersão nos fluidos terrestres. O caso era facilmente expli­cável: em fatos dessa ordem, a individualidade responsável pela desar­monia reinante converte-se em centro de gravitação das consciências desequilibradas por sua culpa e assume o comando dos trabalhos de rea­justamento, sempre longos e complicados, de acordo com a Lei. Como An­dré estranhasse esse mecanismo, Gúbio lhe disse: "Por que a estra­nheza? Os princípios de atração governam o Universo inteiro. Nos sis­temas planetários e nos sistemas atômicos vemos o núcleo e os satéli­tes. Na vida espiritual, os ascendentes essenciais não diferem. Se os bons representam centros de atenção dos Espíritos que se lhes afinam pelos ideais e tendências, os grandes delinquentes se transformam em núcleos magnéticos das mentes que se extraviaram da senda reta, em obediência a eles. Elevamo-nos com aqueles que amamos e redimimos ou rebaixamo-nos com aqueles que perseguimos e odiamos". Depois, ele aca­riciou a fronte da pobre mulher, envolvendo-a numa bênção de fluidos divinos, e asseverou que aquela irmã teria, na Crosta, uma mocidade torturada por sonhos de maternidade e não repousaria, intimamente, en­quanto não osculasse, no próprio colo, os três adversários convertidos em filhinhos tenros de sua ternura sedenta de paz... Ela conduziria consigo três centros vitais desarmônicos e, até que os reajustasse na forja do sacrifício, recambiando-os à estrada certa, seria, como mãe, um ímã atormentado ou a sede obscura e triste de uma constelação de dor. (Cap. VII, pp. 99 e 100)

51. Em casa de Gregório - A sala em que Gregório recebeu Gúbio e seus pupilos semelhava-se a estranho santuário, iluminado por tochas arden­tes. Sentado em pequeno trono, Gregório estava rodeado de mais de cem entidades em atitude de adoração. Dois áulicos portavam grandes turí­bulos, em cujo bojo se consumiam substâncias perfumadas, de violentas emanações. A túnica de Gregório era escarlate e seu halo era pardo-es­curo, cujos raios, inquietantes e contundentes, feriam a retina dos visitantes. O sacerdote deu ordem a Gúbio para que se aproximasse. Quem era Gregório naquele recinto? Um chefe tirânico ou um ídolo vivo, dotado de misterioso poder? A um gesto seu, o ambiente ficou vazio, pois a conversa seria sigilosa. Gregório cumprimentou Gúbio, exibindo fingida complacência, e falou: "Lembra-te de que sou juiz, mandatário do governo forte aqui estabelecido. Não deves, pois, faltar à ver­dade". Em seguida, pediu que Gúbio repetisse o nome que ele houvera pronunciado no primeiro encontro que tiveram. Era Matilde, aquela que foi na Crosta genitora do sacerdote. Ao ouvir o nome de sua mãe, o semblante de Gregório fez-se sombrio e angustiado, mas ele dissimulou dura impassibilidade, inquirindo: "Que tem de comum comigo semelhante criatura?" Gúbio redarguiu: "Asseverou-nos querer-te com desvelado amor materno". Gregório disse que isso era evidente engano, porquanto sua mãe se separara dele alguns séculos antes e, além disso, ainda que lhe interessasse tal reencontro, estavam eles fundamentalmente divor­ciados um do outro, porquanto ela servia ao Cordeiro e ele, aos dragões. (N.R.: dragões são Espíritos caídos no mal, desde eras prime­vas da criação do planeta, e que operam em zonas inferiores da vida.) (Cap. VIII, pp. 101 a 103)

52. O papel dos dragões - "Respeitável sacerdote -- respondeu o Ins­trutor Gúbio --, não te posso discutir os motivos pessoais. Sei que há uma ordem absoluta na Criação e não ignoro que cada Espírito é um mundo diferente e que cada consciência tem a sua rota". Gregório ima­ginou que Gúbio, ao dizer isso, fazia uma crítica aos dragões. Consi­derou, então, algo colérico: "Sem eles, que seria da conservação da Terra? como poderia operar o amor que salva, sem a justiça que cor­rige? Os Grandes Juizes são temidos e condenados; entretanto, suportam os resíduos humanos, convivem com as nojentas chagas do Planeta, lidam com os crimes do mundo, convertem-se em carcereiros dos perversos e dos vis". Em seguida, como se tentasse justificar os próprios atos, Gregório afirmou, irritadiço: "Os filhos do Cordeiro poderão ajudar e resgatar a muitos. No entanto, milhões de criaturas, como sucede a mim mesmo, não pedem auxílio nem liberação. Afirma-se que não passamos de transviados morais. Seja. Seremos, então, criminosos, vigiando-nos uns aos outros". Na sequência, o sacerdote asseverou que a Terra lhes per­tencia, porque dentro dela imperava a animalidade, oferecendo-lhes o clima ideal. "Não tenho, por minha vez, qualquer noção de Céu", decla­rou. "Acredito seja uma corte de eleitos, mas o mundo visível para nós constitui extenso reino de condenados." Explicou então que eles tinham servidores em todas as direções e que a eles se subordinavam todos os homens e mulheres afastados da evolução regular, os quais se contam por milhões. Como os tribunais da Terra são insuficientes para a identificação de todos os delitos que se processam entre as criaturas, eram eles os "olhos da sombra, para os quais os menores dramas ocultos não passam despercebidos". (Cap. VIII, pp. 103 a 105) (Continua no próximo número.)   


 


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