MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
12)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. A solução do caso da
ex-fazendeira obsidiada
por três ferozes
inimigos exigiria muito
tempo?
R.: Sim. Incapaz de
expandir-se mentalmente
no idealismo superior,
que corrige desvarios
íntimos e facilita a
cooperação vibratória
das almas que respiram
em esferas mais
elevadas, a fazendeira
já havia sofrido dez
anos de mágoas
constantes e
indefiníveis. Com a
morte do corpo denso,
viu-se perseguida pelas
vítimas de outro tempo e
sua capacidade de
iniciativa anulou-se em
virtude das emissões
vibratórias do próprio
medo perturbador.
Padeceu muitíssimo,
apesar do auxílio dos
benfeitores que sempre
tentaram, sem êxito,
conduzi-la à humildade e
à renovação pelo amor,
visto que o ódio
permutado é uma fornalha
ardente que mantém a
cegueira e a sublevação.
A revolta, o pavor do
desconhecido e a
absoluta ausência de
perdão ligavam-nos uns
aos outros, quais
algemas de bronze. Como
solucionar semelhante
situação? Gúbio foi
muito claro: "Gastaremos
tempo. A perturbação vem
de inesperado,
instala-se à pressa;
entretanto, retira-se
muito devagar.
Aguardemos a obra
paciente dos dias".
(Libertação, cap. VII,
pp. 97 e 98.)
B. A solução do problema
passaria pelo processo
reencarnatório?
R.: Evidentemente.
Joaquim, o ex-esposo da
fazendeira, já fora ou
seria reconduzido à
reencarnação. A mulher
em breve o seguiria,
renascendo em círculos
de vida torturada,
enfrentando obstáculos
imensos para reencontrar
o antigo companheiro e
partilhar-lhe as
experiências futuras. Os
três inimigos
reencarnariam como
filhos. Eles aguardariam
junto dela o tempo de
imersão nos fluidos
terrestres. A
ex-fazendeira teria, na
Crosta, uma mocidade
torturada por sonhos de
maternidade e não
repousaria, intimamente,
enquanto não tivesse no
próprio colo os três
adversários convertidos
em filhos de sua ternura
sedenta de paz. (Obra
citada, cap. VII, pp. 99
e 100.)
C. Quem são os Dragões e
qual o seu papel em
nosso mundo?
R.: Citados por
Gregório, os Dragões são
Espíritos caídos no mal,
desde eras primevas da
criação do planeta, e
que operam em zonas
inferiores da vida. "Sem
eles, que seria da
conservação da Terra?”,
indagou Gregório. “Como
poderia operar o amor
que salva, sem a justiça
que corrige? Os Grandes
Juizes são temidos e
condenados; entretanto,
suportam os resíduos
humanos, convivem com as
nojentas chagas do
Planeta, lidam com os
crimes do mundo,
convertem-se em
carcereiros dos
perversos e dos vis." Na
concepção de Gregório,
os seguidores de Jesus
podem ajudar e resgatar
a muitos. No entanto,
milhões de criaturas não
pedem auxílio nem
liberação e, como os
tribunais da Terra são
insuficientes para a
identificação de todos
os delitos que se
processam entre as
criaturas, eram eles os
"olhos da sombra, para
os quais os menores
dramas ocultos não
passam despercebidos".
(Obra citada, cap.
VIII, pp. 101 a 105.)
Texto
para leitura
49. Obsessão e
morte - Apesar
de visitados com
frequência por amigos
espirituais que os
convidavam à tolerância
e ao perdão, os
ex-escravos nunca
cederam um til nos seus
planos sombrios.
Atacaram, sem piedade, a
mulher que os tratara
com dureza, impondo-lhe
destrutivo remorso ao
espírito vacilante e
fraco. Dominando-lhe a
vida psíquica,
transformaram-se para
ela em perigosos
carrascos invisíveis. A
senhora, por isso,
adoeceu gravemente,
desafiando conselhos e
medidas de cura.
Socorrida por médicos e
padres diversos, jamais
recobrou o equilíbrio
orgânico. Seu corpo
físico arrasou-se, a
pouco e pouco. "Incapaz
de expandir-se
mentalmente, no
idealismo superior, que
corrige desvarios
íntimos e facilita a
cooperação vibratória
das almas que respiram
em esferas mais
elevadas, a desditosa
fazendeira sofreu,
insulada no orgulho
destrutivo que lhe
assinalava o caminho,
dez anos de mágoas
constantes e
indefiníveis", informou
Gúbio. Com a morte do
corpo denso, exonerada
dos liames carnais,
viu-se perseguida pelas
vítimas de outro tempo,
e sua capacidade de
iniciativa anulou-se em
virtude das emissões
vibratórias do próprio
medo perturbador.
Padeceu muitíssimo,
apesar do auxílio dos
benfeitores que sempre
tentaram, sem êxito,
conduzi-la à humildade e
à renovação pelo amor. É
que o ódio permutado é
uma fornalha ardente que
mantém a cegueira e a
sublevação. Quando seu
esposo desencarnou, foi
semilouco encontrá-la no
mesmo invencível
abatimento, incapaz de
socorrê-la em vista das
próprias dores que o
constrangiam também a
difíceis retificações.
Os perseguidores
impiedosos, mesmo depois
de perderem a forma
perispirítica, aderiram
a ela. A revolta, o
pavor do desconhecido e
a absoluta ausência de
perdão ligavam-nos uns
aos outros, quais
algemas de bronze. A
infeliz não os via, não
os apalpava, mas
sentia-lhes a presença e
ouvia-lhe as vozes
acusadoras, através da
acústica inconfundível
da consciência. Como
resolver semelhante
situação? Gúbio
respondeu: "Gastaremos
tempo. A perturbação vem
de inesperado,
instala-se à pressa;
entretanto, retira-se
muito devagar.
Aguardemos a obra
paciente dos dias".
(Cap. VII, pp. 97 e 98)
50. O programa de
resgate - Gúbio
informou que Joaquim, o
ex-esposo da fazendeira,
possivelmente já tivera
sido reconduzido à
reencarnação. A mulher
em breve o seguiria,
renascendo,
evidentemente, em
círculos de vida
torturada, enfrentando
obstáculos imensos para
reencontrar o antigo
companheiro e
partilhar-lhe as
experiências futuras. Os
três inimigos
reencarnariam como seus
filhos. Eles aguardariam
junto dela o tempo de
imersão nos fluidos
terrestres. O caso era
facilmente explicável:
em fatos dessa ordem, a
individualidade
responsável pela
desarmonia reinante
converte-se em centro de
gravitação das
consciências
desequilibradas por sua
culpa e assume o comando
dos trabalhos de
reajustamento, sempre
longos e complicados, de
acordo com a Lei. Como
André estranhasse esse
mecanismo, Gúbio lhe
disse: "Por que a
estranheza? Os
princípios de atração
governam o Universo
inteiro. Nos sistemas
planetários e nos
sistemas atômicos vemos
o núcleo e os
satélites. Na vida
espiritual, os
ascendentes essenciais
não diferem. Se os bons
representam centros de
atenção dos Espíritos
que se lhes afinam pelos
ideais e tendências, os
grandes delinquentes se
transformam em núcleos
magnéticos das mentes
que se extraviaram da
senda reta, em
obediência a eles.
Elevamo-nos com aqueles
que amamos e redimimos
ou rebaixamo-nos com
aqueles que perseguimos
e odiamos". Depois, ele
acariciou a fronte da
pobre mulher,
envolvendo-a numa bênção
de fluidos divinos, e
asseverou que aquela
irmã teria, na Crosta,
uma mocidade torturada
por sonhos de
maternidade e não
repousaria, intimamente,
enquanto não osculasse,
no próprio colo, os três
adversários convertidos
em filhinhos tenros de
sua ternura sedenta de
paz... Ela conduziria
consigo três centros
vitais desarmônicos e,
até que os reajustasse
na forja do sacrifício,
recambiando-os à estrada
certa, seria, como mãe,
um ímã atormentado ou a
sede obscura e triste de
uma constelação de dor.
(Cap. VII, pp. 99 e 100)
51. Em casa de
Gregório - A
sala em que Gregório
recebeu Gúbio e seus
pupilos semelhava-se a
estranho santuário,
iluminado por tochas
ardentes. Sentado em
pequeno trono, Gregório
estava rodeado de mais
de cem entidades em
atitude de adoração.
Dois áulicos portavam
grandes turíbulos, em
cujo bojo se consumiam
substâncias perfumadas,
de violentas emanações.
A túnica de Gregório era
escarlate e seu halo era
pardo-escuro, cujos
raios, inquietantes e
contundentes, feriam a
retina dos visitantes. O
sacerdote deu ordem a
Gúbio para que se
aproximasse. Quem era
Gregório naquele
recinto? Um chefe
tirânico ou um ídolo
vivo, dotado de
misterioso poder? A um
gesto seu, o ambiente
ficou vazio, pois a
conversa seria sigilosa.
Gregório cumprimentou
Gúbio, exibindo fingida
complacência, e falou:
"Lembra-te de que sou
juiz, mandatário do
governo forte aqui
estabelecido. Não deves,
pois, faltar à
verdade". Em seguida,
pediu que Gúbio
repetisse o nome que ele
houvera pronunciado no
primeiro encontro que
tiveram. Era Matilde,
aquela que foi na Crosta
genitora do sacerdote.
Ao ouvir o nome de sua
mãe, o semblante de
Gregório fez-se sombrio
e angustiado, mas ele
dissimulou dura
impassibilidade,
inquirindo: "Que tem de
comum comigo semelhante
criatura?" Gúbio
redarguiu:
"Asseverou-nos querer-te
com desvelado amor
materno". Gregório disse
que isso era evidente
engano, porquanto sua
mãe se separara dele
alguns séculos antes e,
além disso, ainda que
lhe interessasse tal
reencontro, estavam eles
fundamentalmente
divorciados um do
outro, porquanto ela
servia ao Cordeiro e
ele, aos dragões.
(N.R.: dragões são
Espíritos caídos no mal,
desde eras primevas da
criação do planeta, e
que operam em zonas
inferiores da vida.)
(Cap. VIII, pp. 101 a
103)
52. O papel dos
dragões -
"Respeitável sacerdote
-- respondeu o
Instrutor Gúbio --, não
te posso discutir os
motivos pessoais. Sei
que há uma ordem
absoluta na Criação e
não ignoro que cada
Espírito é um mundo
diferente e que cada
consciência tem a sua
rota". Gregório
imaginou que Gúbio, ao
dizer isso, fazia uma
crítica aos dragões.
Considerou, então, algo
colérico: "Sem eles, que
seria da conservação da
Terra? como poderia
operar o amor que salva,
sem a justiça que
corrige? Os Grandes
Juizes são temidos e
condenados; entretanto,
suportam os resíduos
humanos, convivem com as
nojentas chagas do
Planeta, lidam com os
crimes do mundo,
convertem-se em
carcereiros dos
perversos e dos vis". Em
seguida, como se
tentasse justificar os
próprios atos, Gregório
afirmou, irritadiço: "Os
filhos do Cordeiro
poderão ajudar e
resgatar a muitos. No
entanto, milhões de
criaturas, como sucede a
mim mesmo, não pedem
auxílio nem liberação.
Afirma-se que não
passamos de transviados
morais. Seja. Seremos,
então, criminosos,
vigiando-nos uns aos
outros". Na sequência, o
sacerdote asseverou que
a Terra lhes pertencia,
porque dentro dela
imperava a animalidade,
oferecendo-lhes o clima
ideal. "Não tenho, por
minha vez, qualquer
noção de Céu",
declarou. "Acredito
seja uma corte de
eleitos, mas o mundo
visível para nós
constitui extenso reino
de condenados." Explicou
então que eles tinham
servidores em todas as
direções e que a eles se
subordinavam todos os
homens e mulheres
afastados da evolução
regular, os quais se
contam por milhões. Como
os tribunais da Terra
são insuficientes para a
identificação de todos
os delitos que se
processam entre as
criaturas, eram eles os
"olhos da sombra, para
os quais os menores
dramas ocultos não
passam despercebidos".
(Cap. VIII, pp. 103 a
105)
(Continua
no próximo número.)