FRANCISCO
REBOUÇAS
costareboucas@ig.com.br
Niterói, Rio de
Janeiro (Brasil)
A
quem seguir?
O ser humano
movimenta-se,
indeciso e
amedrontado,
entre as
solicitações de
duas potências
que o rodeiam.
De um lado, as
religiões, com
seu manancial de
erros e
superstições,
com sua secular
tendência de
dominação e
intolerância,
onde se acredita
encontrar
lenitivo para
acalentar as
esperanças de
grande número de
criaturas, que
procuram nelas
as consolações
de que se
intitulam
portadoras, de
possuírem as
verdades
transmitidas
pelo próprio do
Criador.
Do outro, a
Ciência,
extremamente
materialista em
seus princípios,
meios e fins,
com louvável e
reconhecido
trabalho em
descobertas
fantásticas para
o progresso da
humanidade nos
dias da
atualidade, mas
mantendo suas
frias e
inaceitáveis
negações sobre
as coisas do
espírito,
mantendo
infelizmente
exagerada
inclinação para
o individualismo
e para as
riquezas
enganosas e
fugidias da
matéria, como
por exemplo, o
poder e o
prestígio.
Entre os
argumentos de
cada uma dessas
solicitações,
encontra-se o
ser humano que,
indeciso ante
aos apelos de
uma e de outra,
não sabe se
segue os
convites da
Religião sem
provas, ou da
Ciência sem
ideal, pois elas
vivem em
constante
combate, sem
jamais
conseguirem a
vitória final,
visto que tanto
a ciência como a
religião
representam uma
necessidade
imperiosa do
homem, pois
uma trata das
necessidades do
homem no mundo
material, e a
outra dirige-se
às necessidades
do espírito
imortal e da
razão em plano
maior, e, o
equilíbrio do
homem depende
justamente do
somatório das
duas.
A ciência
procura dar mais
qualidade de
vida ao ser
humano, em
termos de
crescimento e
progresso
gerados pelas
descobertas
científicas que
se multiplicam
dia a dia, e a
religião se
propõe, como
finalidade
principal, dar
esperança de que
é possível se
conquistar uma
vida de
felicidade após
as experiências
vivenciadas na
vida material,
que segue a
pleno vapor após
a morte do corpo
físico.
Nesse
particular,
nenhuma outra
filosofia
religiosa tem os
argumentos mais
sólidos e
lógicos do que
os que
encontramos na
Doutrina
Espírita que nos
dá certeza
absoluta da
finalidade
divina do Ser
imortal que
somos, além da
vida física,
fazendo-nos
entender que,
sendo Deus pai
misericordioso e
bom, não nos
criaria senão
para a
felicidade e
pureza
espiritual,
onde, dependendo
do esforço de
cada indivíduo,
é possível
desfrutarmos das
maravilhas
proporcionadas
pela verdadeira
felicidade.
Quando não temos
essas
informações
esclarecedoras e
consoladoras
muito bem
definidas em
nosso mundo
íntimo, nossos
sentimentos
generosos de
fraternidade se
enfraquecem,
deixando surgir
como
consequência a
divisão, que
fomenta o ódio,
e a separação,
desaparecendo
por essa razão
os sentimentos
nobres de
benevolência e
indulgência para
com o outro,
alastrando dessa
forma a
discórdia, o
caos e a
desgraça.
O resultado
desse choque de
idéias é
comprovado por
todas as nações
do nosso
planeta, a
começar na
própria família,
e que se
multiplica por
toda a
sociedade, onde
os valores
éticos e morais
andam em desuso
ou até mesmo
desaparecendo
das atitudes do
homem. Isso
porque, tanto a
Ciência como a
Religião, não
mais sabem
fortalecer as
almas com as
benesses das
virtudes, nem
prepará-las para
os combates
naturais da vida
de um ser humano
num mundo de
provas e
expiações como o
nosso.
Precisamos
urgentemente
encontrar uma
saída para o
caos já
instalado em
nosso planeta, e
não existe
melhor solução
para a crise que
uma sincera
reflexão do
homem para
conciliar essas
duas forças
“inimigas”, o
Sentimento e a
Razão,
representando as
duas asas que
precisamos
desenvolver de
forma
equilibrada,
para que assim
possamos alçar
voos mais altos
e seguros.
O Espiritismo,
como Consolador
Prometido por
Jesus, muito
pode colaborar
nessa procura do
equilíbrio entre
a ciência e a
religião, pois
nos aclara para
a importância de
ambas na vida do
homem,
fazendo-nos
entender que não
existe uma mais
importante que a
outra na vida do
indivíduo; ambas
fazem parte das
Leis Sábias
Justas e
imutáveis com
que Deus mantém
a harmonia do
universo
infinito.
Em O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
encontramos as
instruções que
abaixo
transcrevemos
sobre o assunto:
Aliança da
Ciência e da
Religião
“8. A Ciência e
a Religião são
as duas
alavancas da
inteligência
humana: uma
revela as leis
do mundo
material e a
outra as do
mundo moral.
Tendo, no
entanto, essas
leis o mesmo
princípio, que é
Deus, não
podem
contradizer-se.
Se fossem a
negação uma da
outra, uma
necessariamente
estaria em erro
e a outra com a
verdade,
porquanto Deus
não pode
pretender a
destruição de
sua própria
obra. A
incompatibilidade
que se julgou
existir entre
essas duas
ordens de idéias
provém apenas de
uma observação
defeituosa e de
excesso de
exclusivismo, de
um lado e de
outro. Daí um
conflito que deu
origem à
incredulidade e
à intolerância.
São chegados os
tempos em que os
ensinamentos do
Cristo têm de
ser completados;
em que o véu
intencionalmente
lançado sobre
algumas partes
desse ensino tem
de ser
levantado; em
que a Ciência,
deixando de ser
exclusivamente
materialista,
tem de levar em
conta o elemento
espiritual e em
que a Religião,
deixando de
ignorar as leis
orgânicas e
imutáveis da
matéria, como
duas forças que
são, apoiando-se
uma na outra e
marchando
combinadas, se
prestarão mútuo
concurso. Então,
não mais
desmentida pela
Ciência, a
Religião
adquirirá
inabalável
poder, porque
estará de acordo
com a razão, já
se lhe não
podendo mais
opor à
irresistível
lógica dos
fatos.
A Ciência e a
Religião não
puderam, até
hoje,
entender-se,
porque,
encarando cada
uma as coisas do
seu ponto de
vista exclusivo,
reciprocamente
se repeliam.
Faltava, com que
encher o vazio
que as separava,
um traço de
união que as
aproximasse.
Esse traço de
união está no
conhecimento das
leis que regem o
Universo
espiritual e
suas relações
com o mundo
corpóreo, leis
tão imutáveis
quanto as que
regem o
movimento dos
astros e a
existência dos
seres. Uma vez
comprovadas pela
experiência
essas relações,
nova luz se fez:
a fé dirigiu-se
à razão; esta
nada encontrou
de ilógico na
fé: vencido foi
o materialismo.
Mas, nisso, como
em tudo, há
pessoas que
ficam atrás, até
serem arrastadas
pelo movimento
geral, que as
esmaga, se
tentam
resistir-lhe, em
vez de o
acompanharem. E
toda uma
revolução que
neste momento se
opera e trabalha
os espíritos.
Após uma
elaboração que
durou mais de
dezoito séculos,
chega ela à sua
plena realização
e vai marcar uma
nova era na vida
da Humanidade.
Fáceis são de
prever as
consequências:
acarretará para
as relações
sociais
inevitáveis
modificações, às
quais ninguém
terá força para
se opor, porque
elas estão nos
desígnios de
Deus e derivam
da lei do
progresso, que é
lei de Deus.”
(1)
Necessário se
faz que
entendamos o
quanto antes o
valor da ciência
e da religião na
vida de todos
nós, seres
humanos em
evolução no
presente momento
de nossas vidas,
e procuremos
tirar de ambas
os melhores
ensinamentos
para que melhor
nos utilizemos
dos benefícios
proporcionados
por ambas, no
trabalho de
implantação do
amor nos
corações de
todos nós,
irmãos em
humanidade,
desenvolvendo os
nobres valores
das virtudes
que dormitam em
nosso mundo
íntimo à espera
de nossa
disposição em
desenvolvê-las,
para encurtar o
longo e
espinhoso
caminho que nos
levará ao
encontro da
pureza e da
felicidade que
nos aguardam num
porvir ainda
distante do
nosso momento
atual, mas que
tanto almejamos
alcançar. (Grifos
nossos.)
Referência:
(1)
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Cap. I, Item 8.