O sinal
Cármen Cinira
Quando chegamos do País
do Gozo,
Nossa alma sem repouso
Traz o sinal das trevas
do pecado.
Nossa alegria é um riso
envenenado.
A palavra disfarça o
coração
E a nossa dor é
desesperação.
Tudo é sombra. A verdade
não tem voz.
Muita vez, tudo é queda
dentro em nós.
Mas os que vêm do Mundo
dos Deveres
Guardam a luz de
místicos prazeres.
Não têm palmas da Terra
impenitente...
Como tudo, porém, é
diferente!...
Sua alegria é um fruto
adocicado,
Sua palavra é um livro
iluminado,
Sua dor alivia as outras
dores.
Trazem o amor de todos
os amores,
Revelando na vida
transitória
O sinal do Calvário
aberto em glória!
Cármen Cinira, nome
literário de Cinira do
Carmo Bordini Cardoso,
nasceu no Rio de Janeiro
em 1902, e faleceu em 30
de agosto de 1933. Sua
espontaneidade poética
era tão grande que ela
própria acreditava serem
os seus versos de origem
mediúnica. Glorificou o
Amor, a Renúncia, o
Sacrifício e a
Humildade, em obras como
Crisálida, Grinalda de
Violetas, Sensibilidade.
O poema acima faz parte
do Parnaso de Além
Túmulo, psicografado
por Francisco Cândido
Xavier.