ARÍSIO ANTÔNIO
FONSECA JUNIOR
arisiojunior@yahoo.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Quem conhece o
Cristo?
“Ele conhecia o
Cristo e Saulo
não”.
(1)
Narra Emmanuel,
no livro
Paulo e Estêvão,
entre outras
histórias, o
comovente
encontro do
Apóstolo dos
Gentios com
Estêvão,
considerado este
o primeiro
mártir do
Cristianismo.
Não se contará
aqui a história,
para que os
leitores possam
buscar a obra
mencionada, cuja
leitura será –
acreditem! –
verdadeira
felicidade para
os olhos e para
a alma.
Entretanto,
contextualizar a
frase acima
citada é de
fundamental
importância, a
fim de se poder
evidenciar a
profundidade de
um dito
supostamente
simples.
Estêvão era
homem israelita
cumpridor de
suas obrigações,
com respeito à
lei mosaica,
atento aos
ensinos
recebidos da mãe
quando criança,
que sempre se
lembrava de Deus
nas horas
difíceis e nos
momentos
alegres. Após
alguns
acontecimentos
infelizes, que o
tiraram de
Corinto, Estêvão
desembarcou em
Jope, de onde,
depois, foi para
Jerusalém.
Chegando à
Cidade Santa,
conheceu Simão
Pedro e os
outros do
“Caminho”. (2)
Então, em
contato com
Cefas (3), pôde
conhecer Jesus,
através, tanto
da narrativa do
discípulo,
quanto do
Evangelho de
Mateus – ou, ao
menos, o que era
o esboço desse
livro.
Convertido
voluntariamente
ao “Caminho”,
porque obtivera
na vida de Jesus
os exemplos mais
sublimes do
amor, Estêvão
tornou-se grande
trabalhador e
pregador da
doutrina daquela
pessoa em quem
ele via o
verdadeiro
Cristo, o
Messias
anunciado pelos
profetas de
Israel.
Porque Estêvão
fazia chegar a
quem quisesse os
ensinos de
Jesus, através
de suas
pregações sobre
o Evangelho,
Paulo, que,
naquele momento,
chamava-se
Saulo,
empreendeu
contra ele
acirrada
perseguição,
após ter sido
derrotado em um
debate
intelectual na
igreja do
“Caminho”, pois
que o primeiro
mártir do
cristianismo
estava repleto
do espírito de
Jesus. Nada
podendo contra
Estêvão, ao
menos na
discussão das
ideias, Saulo o
prende.
Movimentando
seus interesses
e sua influência
junto ao
Sinédrio, ele
condena Estêvão
à lapidação no
altar dos
holocaustos.
No dia
designado, todos
os mais
importantes
membros do
farisaísmo e os
mais altos
postos da
hierarquia
religiosa de
Israel
encontravam-se
presentes para
ver a morte
daquele homem
simples, que
apenas pregava
as benesses do
Pai de Amor,
como fizera seu
Mestre, Jesus.
Em posição de
destaque,
alçava-se Saulo
de Tarso, a quem
todos
cumprimentavam
pelo feito
grandioso, na
visão deles.
Iniciada a
lapidação,
Estêvão sentia
no corpo as
dores provocadas
pelas pedras,
entretanto, em
seu íntimo,
nenhum
sofrimento o
assaltava, vez
que estava com o
Cristo.
Estêvão, na
proximidade da
morte, percebe a
presença de
Jesus, no plano
espiritual, a
olhar para Saulo
de modo
condoído. Então,
neste ponto da
narrativa
histórica,
Emmanuel diz
sobre o
sentimento de
compaixão que
tinha Estêvão em
relação ao moço
de Tarso: “ele
(Estêvão)
conhecia o
Cristo”. E, como
se completasse,
Estêvão
verbaliza o
sentimento e
pede
amorosamente:
“Senhor, não lhe
imputes este
pecado”.
Obviamente, a
narrativa de
Emmanuel é
extremamente
mais rica e
adornada do que
a que se
pretendeu neste
texto. Porém,
não importa,
agora, a beleza
das palavras e
da história, mas
a simples
reflexão que
surge daquela
frase do livro.
Quem conhece o
Cristo? Aqueles
que o viram
realizar seus
atos chamados
miraculosos?
Aqueles que
privaram de sua
companhia nos
anos de
messianato? Ou
os que
constataram com
seus ouvidos as
sublimes
palavras do
Sermão do Monte?
Certamente,
todos esses que
se ajustam às
hipóteses acima
tomaram contato
com Jesus. Mas
quem dentre eles
conheceu
verdadeiramente
o Cristo?
Se relembrarmos
a narrativa de
Emmanuel,
Estêvão não
conviveu com
Jesus encarnado.
Ouviu sobre Ele
por meio das
histórias de
Pedro e do
Evangelho de
Mateus.
Entretanto,
asseverou com a
firmeza da alma
que conhecia o
Mestre,
perdoando Saulo
de Tarso, ao
ponto de desejar
felicidade ao
futuro enlace de
sua irmã Abigail
com o seu
carrasco. Como
pode ser assim?
“Disse-lhe
Jesus: Porque me
viste, Tomé,
creste;
bem-aventurados
os que não viram
e creram” (Jo,
20.29). Eis aqui
a felicidade de
Estêvão: não
viu, porém
acreditou.
Acreditou em
tudo o que o
Divino
Mensageiro
trouxe como boa
nova: somos
Espíritos
imortais,
habitamos em um
corpo perecível;
Deus é um Pai
amoroso e justo;
podemos fazer
espiritualmente
mais do que
cremos poder;
amar o próximo é
o caminho para a
própria salvação
etc.
Todos esses
ensinamentos
chegaram até
nossa época.
Ainda que não
tivessem
chegado,
poderíamos
tê-los conhecido
em outras
passagens por
este planeta.
Sabemos de tudo
isso. Podemos
dizer, portanto,
que conhecemos o
Cristo? Depende!
Se sabemos todos
os versículos do
Novo Testamento,
porém não os
aplicamos em
nossas vidas,
não conhecemos
Jesus. Se temos
na memória todos
os itens de O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
mas não vivemos
essas lições,
não conhecemos o
Mestre. Se
podemos citar
todas as
questões de O
Livro dos
Espíritos,
entretanto, não
colocamos a
perspectiva
espiritual como
guia de nossos
atos, não
conhecemos o
Cristo.
Conhecer o
Mestre Nazareno
é andar de
acordo com seu
mandamento: “O
meu mandamento é
este: Que vos
ameis uns aos
outros, assim
como eu vos
amei” (Jo,
15.12). É amar
nossos inimigos,
bendizer os que
nos maldizem,
fazer o bem aos
que nos odeiam,
e orar pelos que
nos maltratam e
nos perseguem
(Mt, 5.44), como
determinou Jesus
no chamado
Sermão do Monte.
Em termos
práticos para
nossa vida
cotidiana,
significa
mudarmos nossas
condutas em
relação a nós
mesmos e aos
outros. Sair da
clausura
material dos
desejos
imediatistas,
perdoar aqueles
que tenham agido
contrariamente
às nossas
expectativas,
relevar atos e
palavras
desagradáveis
vindos de
pessoas que
talvez não o
façam por mal,
mas por
ignorância.
Conhecer o
Cristo é
compreender o
significado de
todo o seu
ensinamento, a
fim de ser um
seguidor d’Ele,
sair como os
Apóstolos
fizeram outrora,
pregando o
Evangelho, mais
com ações que
com palavras.
Negarmo-nos a
nós mesmos,
silenciando
nossa vaidade e
nossa busca pelo
destaque no
mundo, tomar
cada dia nossas
cruzes,
carregando com
felicidade os
fardos das
provas e das
expiações, e
seguir após
Jesus, andando
nos passos dos
exemplos do
Messias (Mt
16.24; Mc 8.34;
Lc 9.23).
Enfim,
exemplificar,
como Estêvão o
fez na hora de
seu testemunho.
Referências: