MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(Parte
13)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Quem era Margarida e
que risco ela corria?
R.: Margarida era uma
jovem mulher que,
debaixo de um processo
obsessivo rigoroso,
estava sendo
constrangida ao retorno
à pátria espiritual, a
mando de Gregório, a
quem ela fora ligada em
anterior existência. O
risco de morrer era
iminente.
(Libertação, cap. VIII,
pp. 107 e 108.)
B. Que tipo de ajuda
concernente a Margarida
foi solicitada a
Gregório?
R.: Gúbio pediu-lhe que
adiasse a execução de
seus propósitos de
vingança, concedendo à
jovem um intervalo
benéfico que a poupasse
da morte. (Obra
citada, cap. VIII, pp.
109 e 110.)
C. Gregório atendeu ao
pedido que lhe foi
feito?
R.: Sim. Vencido pela
insistência de Gúbio,
após longos minutos de
reflexão, ele ergueu os
braços e asseverou: "Não
creio nas possibilidades
do tentame; todavia,
concordo com a
providência a que
recorres. Não
interferirei". Em
seguida, chamou um
auxiliar de nome Timão,
a quem determinou
situasse Gúbio e seus
pupilos junto da falange
que operava no caso de
Margarida. (Obra
citada, cap. VIII, pp.
110 a 112.)
Texto
para leitura
53. Não se atiram
pérolas aos porcos
- Gúbio, que a tudo
ouvira com paciência,
redarguiu dizendo a
Gregório saber
perfeitamente que o
Senhor Supremo nos
aproveita em sua obra
divina segundo as nossas
tendências e
possibilidades. Não
estando habilitado a
apreciar o trabalho dos
Juizes, conhecia,
contudo, os sofrimentos
que povoavam aqueles
sítios e tinha segura
convicção de que o amor,
instalado naqueles
corações, redimiria
todos os pecados.
Indagou, então: "Se
gastássemos nos
cometimentos divinos do
Cordeiro as mesmas
energias que se
despendem a serviço dos
dragões, não
alcançaríamos, mais
apressadamente, os
objetivos do supremo
triunfo?" Gregório
ouviu-o, contrariado, e
replicou: "Como pude
escutar-te, calado,
tanto tempo? somos aqui
julgadores na morte de
todos aqueles que
malbarataram os tesouros
da vida. Como inocular
amor em corações
enregelados? Não disse o
Cordeiro, certa vez, que
não se deve lançar
pérolas aos porcos? Para
cada pastor de rebanho
na Terra, há mil porcos
ostentando as insígnias
da carne". O sacerdote
perguntou, depois, que,
se o amor conquistasse a
Terra, de um dia para
outro, onde acomodar os
milhões de consciências
de lobos, leões, tigres
e panteras (pela extrema
analogia que ainda
guardam com essas
feras), almas essas que
habitam formas humanas
aos milhares de
milhares? Que seria dos
Céus se não vigiassem os
infernos? As palavras de
Gregório foram seguidas
de estrepitosa e
sarcástica gargalhada,
mas Gúbio não se
perturbou, dizendo:
"Ouso lembrar que, se
nos lançássemos todos a
socorrer as misérias, a
miséria se extinguiria;
se educássemos os
ignorantes, a treva não
teria razão de ser; se
amparássemos os
delinquentes,
oferecendo-lhes
estímulos à luta
regenerativa, o crime
seria varrido da face
da Terra.” (Cap. VIII,
pp. 105 e 106)
54. O apelo em
favor de Margarida
- Gregório irritara-se
muito com a altivez de
Gúbio, mas ao mesmo
tempo se admirava da
coragem com que o
Instrutor de André a ele
se dirigia. Aproveitando
o momento psicológico
favorável, Gúbio
referiu-se a Matilde:
"Declarou-nos Matilde, a
nossa benfeitora, que a
tua nobreza não se
esvaiu e que as tuas
elevadas qualidades de
caráter permanecem
invioladas, não obstante
a direção diferente que
imprimiste aos passos;
por isto mesmo,
identificando-te o
valor pessoal, chamo-te
de ‘respeitável'
nos apelos que te
dirijo". A cólera de
Gregório pareceu
amainar-se: "Não
acredito em tuas
informações, mas sê
claro nas rogativas. Não
disponho de tempo para
falas inúteis". Gúbio
referiu-se então à jovem
Margarida, ameaçada
naquele momento de
loucura e morte, sem
razão de ser. Gregório,
ao ouvir o nome da
jovem, modificou-se
visivelmente.
Inquietação
indisfarçável passou a
dominá-lo e sua estranha
auréola revelou
tonalidades mais
escuras, enquanto dureza
singular revelava em
seus olhos e lábios
infinita amargura.
Margarida, que se
empenhava em viver no
corpo, faminta de
redenção, estava sendo
constrangida ao retorno
à pátria espiritual, a
mando de Gregório. Era,
porém, necessário
ajudá-la. Sua existência
atual envolvia largo
serviço salvador.
Desposara antigo
associado de luta
evolutiva que não era
também estranho ao
coração de Gregório e em
seu lar organizaria, com
a ajuda de benfeitores
devotados, formoso
ministério de trabalho
iluminativo. Era por
isso que ele, Gúbio,
vinha, em nome de
Matilde, apelar para que
fosse suavizada a
vindita cruel, a
benefício de Margarida.
(Cap. VIII, pp. 107 e
108)
55. Adiamento da
sentença -
Pesados minutos de
expectação e silêncio
caíram sobre todos.
Gúbio, porém, longe de
desanimar, disse a
Gregório: "Se ainda não
consegues ouvir os
recursos interpostos
pela Lei do Cordeiro
Divino que nos recomenda
o amor recíproco e
santificante, não te
ensurdeças aos apelos do
coração materno.
Ajuda-nos a liberar
Margarida, salvando-a da
destrutiva perseguição.
Não se faz imperioso o
teu concurso pessoal.
Bastar-nos-á tua
indiferença, a fim de
que nos orientemos com a
precisa liberdade".
Gregório replicou-lhe:
"Quem lavra sentenças,
despreza a renúncia.
Entre os que defendem a
ordem, o perdão é
desconhecido.
Determinavam os
legisladores da Bíblia
que os arrestos se
baseassem no princípio
da troca: ‘olho por
olho e dente por dente’'.
E já que te mostras tão
bem informado acerca de
Margarida, poderás, em
sã consciência, suprimir
as razões que me
compelem a decretar-lhe
a morte?" Gúbio
respondeu, entre aflito
e entristecido: "Não
discuto os motivos que
te conduzem, todavia,
ouso insistir na súplica
fraterna. Auxilia-nos a
conservar aquela
existência valiosa e
frutífera.
Ajudando-nos, quem sabe?
Talvez, pelos braços
carinhosos da vítima de
hoje poderias, tu mesmo,
voltar ao banho lustral
da experiência humana,
renovando caminhos para
glorioso futuro".
"Qualquer ideia de volta
à carne me é
intolerável!" -- gritou
Gregório, contrafeito.
Mas Gúbio insistiu:
"Sabemos, grande
sacerdote, que sem a tua
permissão, em vista dos
laços que Margarida
criou com a tua mente,
poderosa e ativa,
ser-nos-ia difícil
qualquer atividade
libertadora. Promete-nos
independência de ação!
Não te pedimos sustar a
sentença, nem
pretendemos inocentar
Margarida. Quem assume
compromissos diante das
Leis Eternas é obrigado
a encará-los, de frente,
agora ou mais tarde,
para resgate justo.
Rogar-te-íamos, contudo,
adiamento na execução de
teus propósitos. Concede
à tua devedora um
intervalo benéfico, em
homenagem aos desvelos
de tua mãe e,
possivelmente, os dias
se encarregarão de
modificar este processo
doloroso". (Cap. VIII,
pp. 109 e 110)
56. Gregório
atende ao pedido
- Gregório, surpreso com
o pedido, considerou,
já menos contundente:
"Tenho necessidade do
alimento psíquico que só
a mente de Margarida me
pode proporcionar".
Gúbio, então, alvitrou:
"E se reencontrasses o
doce reconforto da
ternura materna,
sustentando-te a alma,
até que Margarida te
pudesse fornecer,
redimida e feliz, o
sublimado pão do
espírito?" Gregório
vacilou. Gúbio pediu-lhe
neutralidade e liberdade
para poderem agir a
benefício da jovem...
Gregório disse que era
muito tarde e
justificou-se dizendo
que o caso de Margarida
estava definitivamente
entregue a uma falange
de sessenta servidores,
sob a chefia de duro
perseguidor que odiava a
família da moça. A
solução cabal poderia
ter sido alcançada em
poucas horas, com sua
desencarnação, mas ele
não queria que ela lhe
voltasse às mãos
trazendo a revolta, o
desespero e o fel de
vítima. Ela deveria ser
torturada como o
torturara no passado;
padeceria humilhações
sem nome e desejaria a
própria morte como
valioso bem. Rendida
pelo sofrimento
dilacerante, a mente
dela o receberia por
benfeitor, amoroso e
providencial,
envolvendo-o nas
emissões de carinho que
há muito ele vinha
esperando... Era, pois,
infrutífera qualquer
tentativa liberatória.
Os raciocínios dela
estavam sendo
conturbados, pouco a
pouco, e o trabalho de
imantação para a morte
estava quase concluído.
Gúbio, porém, insistiu,
propondo a permissão de
Gregório para que ele e
seus amigos se
infiltrassem na equipe
de perseguidores e ali,
sem que os outros
percebessem, prestassem
o auxílio de que
Margarida necessitava.
"Concede!... concede!...
Dá-nos a tua palavra de
sacerdote! lembra-te de
que, um dia, ainda que
não creias, enfrentarás,
de novo, o olhar de tua
mãe!", rogou firme o
Instrutor. Gregório,
vencido pela insistência
de Gúbio, após longos
minutos de reflexão,
ergueu os braços e
asseverou: "Não creio
nas possibilidades do
tentame; todavia,
concordo com a
providência a que
recorres. Não
interferirei". Em
seguida, chamou um
auxiliar de nome Timão,
a quem determinou
situasse Gúbio e seus
pupilos junto da
falange que operava no
caso de Margarida. (Cap.
VIII, pp. 110 a 112)
(Continua
no próximo número.)