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Estudando as obras de Kardec
Ano 2 - N° 102 – 12 de Abril de 2009  

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

A Revue Spirite de 1863

Allan Kardec 

(7a Parte)
 

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1863. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. O que é preciso para afastarmos os maus Espíritos?

Os maus Espíritos só se dirigem àqueles a quem sabem poder dominar e não àqueles a quem a superioridade moral -- não dizemos intelectual -- encouraça contra os ataques. Ninguém creia na virtude de talismãs, amuletos, signos ou palavras para afastar os maus Espíritos. A pureza de coração e de intenção, o amor de Deus e do próximo, eis o melhor talismã. (Revue Spirite de 1863, p. 139.)

B. Por que o Espiritismo agrada tanto às pessoas que o conhecem?

Segundo Kardec, o Espiritismo agrada às pessoas porque não se impõe e por causa de sua doçura, das consolações que proporciona, da fé inabalável que propicia. (Obra citada, págs. 140 a 145.)

C. A prece feita em intenção daquele que faleceu produz resultado?

Sim, a prece é sempre útil. Segundo relato do Espírito de Philibert Viennois, a prece que Kardec fez em sua intenção comovera muitos Espíritos levianos e incrédulos que estavam presentes à reunião, e serviria para o seu adiantamento. (Obra citada, pp. 145 a 148.)

Texto para leitura

62. Kardec refere ainda, baseado em relato do Dr. Chiara, que certa vez houve na igreja, onde os doentes tinham sido reunidos, um tumulto horrível. As mulheres caíram em crise ao mesmo tempo, derrubando e quebrando os bancos da igreja e rolando pelo chão, de mistura com homens e crianças, que tentavam contê-las. A seguir, elas proferiram juras horríveis e incríveis, interpelando os sacerdotes em termos bastante injuriosos. Foi aí que cessaram as cerimônias públicas de exorcismo, que passou a ser feito a domicílio, sem quaisquer resultados, até que a prática foi encerrada de vez. (P. 138)

63. Resultado diverso se obteve em Moscou, onde na mesma ocasião os habitantes de uma aldeia foram também atingidos por um mal em tudo semelhante ao de Morzine -- as mesmas crises, as mesmas convulsões, as mesmas blasfêmias, as mesmas injúrias contra os padres e a mesma impotência de exorcistas e médicos. Conta o Sr. A... que um de seus tios, o Sr. R..., de Moscou, poderoso magnetizador e homem de bem por excelência, de coração muito piedoso, tendo visitado aqueles infelizes, parava as convulsões mais violentas pela simples imposição das mãos, acompanhada de fervorosa prece. Repetindo o ato, ele acabou curando quase todos radicalmente. (P. 138)

64. É preciso que o agente da cura tenha o coração piedoso, contribuindo para que os que sofrem o mal se elevem moralmente, pois este é o mais seguro meio de neutralizar a influência dos maus Espíritos e de prevenir a volta do que se passou, porquanto os maus Espíritos só se dirigem àqueles a quem sabem poder dominar e não àqueles a quem a superioridade moral -- não dizemos intelectual -- encouraça contra os ataques. (P. 139)

65. Kardec conclui o artigo advertindo que ninguém creia na virtude de talismãs, amuletos, signos ou palavras para afastar os maus Espíritos. A pureza de coração e de intenção, o amor de Deus e do próximo, eis o melhor talismã. (P. 139)

66. Segundo São Luís, guia da Sociedade Espírita de Paris, os possessos de Morzine estavam realmente sob a influência de Espíritos atraídos para aquela região por causas que um dia serão conhecidas. “Se todos os homens fossem bons - diz São Luís - os maus Espíritos deles se afastariam porque não poderiam os induzir ao mal. A presença dos homens de bem os faz fugir; a dos homens viciosos os atrai, ao passo que se dá o contrário com os bons Espíritos.” (P. 140)

67. Com o título “Algumas refutações”, Kardec refere-se às prédicas que estavam se intensificando, à época, com o objetivo de denegrir a doutrina espírita e desmoralizar seus partidários. O conteúdo dos ataques - afirma o Codificador - é geralmente o mesmo. Parte do clero considerava o Espiritismo uma mistura de horrores que só a loucura poderia justificar. Kardec alinha, em seu artigo, algumas das objeções feitas e lhes dá a resposta cabível. (PP. 140 a 145)

68. Eis alguns dos pontos que merecem destaque nos comentários de Kardec: I) O Espiritismo também reconhece como profanação chamar os mortos levianamente, por motivos fúteis e, sobretudo, para fazer disto profissão lucrativa. II) Se a crença nas penas eternas alimentadas pela Igreja constituem um freio poderoso, por que a humanidade chegou ao ponto em que se encontra, onde as prevaricações, os vícios, a corrupção e as guerras parecem jamais ter fim? III) Se a Igreja julga sua segurança comprometida com o ataque a essa crença, é o caso de lamentá-la por repousar sobre uma base tão frágil, porquanto, se tem ela um verme roedor, esse verme é o dogma das penas eternas. IV) Os grupos e sociedades espíritas na França não abrem as portas ao público para pregar sua doutrina aos transeuntes. O Espiritismo se prega por si mesmo e pela força das coisas. V) O Espiritismo agrada às pessoas porque não se impõe e por causa de sua doçura, das consolações que proporciona, da fé inabalável que propicia. VI) A doutrina espírita se apoia em fatos irrecusáveis que desafiam toda negação: eis o segredo de sua tão rápida propagação. (PP. 140 a 145)

69. Falando sobre sua desencarnação, o Espírito de Philibert Viennois relata: I) A viagem da morte  é um sono para o justo; a ruptura é natural; mas, ao primeiro despertar, que admiração! Como tudo é novo, esplêndido, maravilhoso! II) Os Espíritos que ele amava e amigos de precedentes encarnações acolheram-no e abriram-lhe as portas da existência verdadeira. Na sequência, Viennois disse que a prece que Kardec fez em sua intenção comovera muitos Espíritos levianos e incrédulos que estavam presentes à reunião, e serviria para o seu adiantamento. A prece proferida por Kardec foi transcrita em seguida à comunicação. (PP. 145 a 148)

70. Num sermão pregado contra o Espiritismo, o orador, pensando com isso dar um golpe mortal nas ideias espíritas, relatou que, três semanas atrás, uma senhora que perdera o marido foi procurada por um médium. Este ofereceu-se para obter uma mensagem do falecido, que, valendo-se da escrita, contou à esposa que não tinha sido digno de entrar no repouso dos bem-aventurados e por isso se viu obrigado a reencarnar imediatamente para expiar seus pecados. Adivinhem onde? A um quilômetro dali, na propriedade de um moleiro, na pessoa de um jumentinho. A mulher foi e comprou o animal, instalando-o devidamente num cômodo especial de sua casa. (PP. 148 e 149)

71. Kardec, após relatar a anedota, diz que o orador demonstrou que critica o que não conhece, visto que o Espiritismo ensina, sem equívoco, que o Espírito não pode animar o corpo de um animal e vice-versa. (P. 149) (Continua no próximo número.)

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita