62. Kardec refere ainda,
baseado em relato do Dr.
Chiara, que certa vez
houve na igreja, onde os
doentes tinham sido
reunidos, um tumulto
horrível. As mulheres
caíram em crise ao mesmo
tempo, derrubando e
quebrando os bancos da
igreja e rolando pelo
chão, de mistura com
homens e crianças, que
tentavam contê-las. A
seguir, elas proferiram
juras horríveis e
incríveis, interpelando
os sacerdotes em termos
bastante injuriosos. Foi
aí que cessaram as
cerimônias públicas de
exorcismo, que passou a
ser feito a domicílio,
sem quaisquer
resultados, até que a
prática foi encerrada de
vez. (P. 138)
63. Resultado diverso se
obteve em Moscou, onde
na mesma ocasião os
habitantes de uma aldeia
foram também atingidos
por um mal em tudo
semelhante ao de Morzine
-- as mesmas crises, as
mesmas convulsões, as
mesmas blasfêmias, as
mesmas injúrias contra
os padres e a mesma
impotência de exorcistas
e médicos. Conta o Sr.
A... que um de seus
tios, o Sr. R..., de
Moscou, poderoso
magnetizador e homem de
bem por excelência, de
coração muito piedoso,
tendo visitado aqueles
infelizes, parava as
convulsões mais
violentas pela simples
imposição das mãos,
acompanhada de fervorosa
prece. Repetindo o ato,
ele acabou curando quase
todos radicalmente. (P.
138)
64. É preciso que o
agente da cura tenha o
coração piedoso,
contribuindo para que os
que sofrem o mal se
elevem moralmente, pois
este é o mais seguro
meio de neutralizar a
influência dos maus
Espíritos e de prevenir
a volta do que se
passou, porquanto os
maus Espíritos só se
dirigem àqueles a quem
sabem poder dominar e
não àqueles a quem a
superioridade moral --
não dizemos
intelectual --
encouraça contra os
ataques. (P. 139)
65. Kardec conclui o
artigo advertindo que
ninguém creia na virtude
de talismãs, amuletos,
signos ou palavras para
afastar os maus
Espíritos. A pureza de
coração e de intenção, o
amor de Deus e do
próximo, eis o melhor
talismã. (P. 139)
66. Segundo São Luís,
guia da Sociedade
Espírita de Paris, os
possessos de Morzine
estavam realmente sob a
influência de Espíritos
atraídos para aquela
região por causas que um
dia serão conhecidas.
“Se todos os homens
fossem bons - diz São
Luís - os maus
Espíritos deles se
afastariam porque não
poderiam os induzir ao
mal. A presença dos
homens de bem os faz
fugir; a dos homens
viciosos os atrai, ao
passo que se dá o
contrário com os bons
Espíritos.” (P. 140)
67. Com o título
“Algumas refutações”,
Kardec refere-se às
prédicas que estavam se
intensificando, à época,
com o objetivo de
denegrir a doutrina
espírita e desmoralizar
seus partidários. O
conteúdo dos ataques
- afirma o Codificador -
é geralmente o mesmo.
Parte do clero
considerava o
Espiritismo uma mistura
de horrores que
só a loucura poderia
justificar. Kardec
alinha, em seu artigo,
algumas das objeções
feitas e lhes dá a
resposta cabível. (PP.
140 a 145)
68. Eis alguns dos
pontos que merecem
destaque nos comentários
de Kardec: I) O
Espiritismo também
reconhece como
profanação chamar os
mortos levianamente,
por motivos fúteis e,
sobretudo, para fazer
disto profissão
lucrativa. II) Se a
crença nas penas eternas
alimentadas pela Igreja
constituem um freio
poderoso, por que a
humanidade chegou ao
ponto em que se
encontra, onde as
prevaricações, os
vícios, a corrupção e as
guerras parecem jamais
ter fim? III) Se a
Igreja julga sua
segurança comprometida
com o ataque a essa
crença, é o caso de
lamentá-la por repousar
sobre uma base tão
frágil, porquanto, se
tem ela um verme roedor,
esse verme é o dogma das
penas eternas. IV) Os
grupos e sociedades
espíritas na França não
abrem as portas ao
público para pregar sua
doutrina aos
transeuntes. O
Espiritismo se prega por
si mesmo e pela força
das coisas. V) O
Espiritismo agrada às
pessoas porque não se
impõe e por causa de sua
doçura, das consolações
que proporciona, da fé
inabalável que propicia.
VI) A doutrina espírita
se apoia em fatos
irrecusáveis que
desafiam toda negação:
eis o segredo de sua tão
rápida propagação. (PP.
140 a 145)
69. Falando sobre sua
desencarnação, o
Espírito de Philibert
Viennois relata: I) A
viagem da morte
é um sono para o justo;
a ruptura é natural;
mas, ao primeiro
despertar, que
admiração! Como tudo é
novo, esplêndido,
maravilhoso! II) Os
Espíritos que ele amava
e amigos de precedentes
encarnações acolheram-no
e abriram-lhe as portas
da existência
verdadeira. Na
sequência, Viennois
disse que a prece que
Kardec fez em sua
intenção comovera muitos
Espíritos levianos e
incrédulos que
estavam presentes à
reunião, e serviria para
o seu adiantamento. A
prece proferida por
Kardec foi transcrita em
seguida à comunicação.
(PP. 145 a 148)
70. Num sermão pregado
contra o Espiritismo, o
orador, pensando com
isso dar um golpe mortal
nas ideias espíritas,
relatou que, três
semanas atrás, uma
senhora que perdera o
marido foi procurada por
um médium. Este
ofereceu-se para obter
uma mensagem do
falecido, que,
valendo-se da escrita,
contou à esposa que não
tinha sido digno de
entrar no repouso dos
bem-aventurados e por
isso se viu obrigado a
reencarnar imediatamente
para expiar seus
pecados. Adivinhem onde?
A um quilômetro dali, na
propriedade de um
moleiro, na pessoa de um
jumentinho. A mulher foi
e comprou o animal,
instalando-o devidamente
num cômodo especial de
sua casa. (PP. 148 e
149)
71. Kardec, após relatar
a anedota, diz que o
orador demonstrou que
critica o que não
conhece, visto que o
Espiritismo ensina, sem
equívoco, que o Espírito
não pode animar o corpo
de um animal e
vice-versa. (P. 149)
(Continua no próximo
número.)