A Revue Spirite
de 1859
(8a Parte)
Allan Kardec
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1859. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 10
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Há diferença entre
médium mecânico e médium
intuitivo?
Sim. No médium mecânico,
o Espírito age sobre a
mão, que recebe o
impulso inteiramente
involuntário e
desempenha o papel
daquilo que o Sr.
Brasseur chama médium
inerte. No
médium intuitivo, o
Espírito age sobre o
cérebro, transmitindo
pela corrente do sistema
nervoso o movimento ao
braço. (Revue
Spirite, p. 293.)
B. São Luís era
consultado por Kardec
nas evocações?
A consulta a São Luís em
tais situações era coisa
comum, como mostram os
casos do chanceler
Pasquier e o de um
Espírito que se
encontrava encarnado,
nos quais o instrutor
espiritual desaconselhou
a evocação. (Obra
citada, pp. 298 e 299.)
C. Devemos publicar tudo
quanto os Espíritos
dizem?
A um correspondente da
Revue que lhe fez
esta pergunta, Kardec
respondeu que publicar
sem exame, ou sem
correção, tudo quanto
vem dessa fonte é dar
prova de pouco
discernimento. O exame
criterioso é, segundo
ele, fundamental antes
de publicar qualquer
coisa. (Obra citada,
p. 316.)
D. Qual foi, segundo
Kardec, o equívoco
cometido pelo precursor
Swedenborg?
O equívoco do grande
sensitivo sueco foi ter
aceitado cegamente tudo
quanto lhe fora ditado
pelos Espíritos, fato
admitido pelo próprio
Swedenborg em
comunicação dada na
Sociedade Espírita de
Paris, na qual ele
reconheceu que sua
doutrina não está isenta
de grandes erros e
declarou que a Doutrina
Espírita seguia um
caminho mais seguro que
o dele. (Obra citada,
pp. 335 a 339.)
Texto para leitura
170. Concluindo essa
notícia, Kardec diz que
a classe médica está
dividida relativamente
ao magnetismo, assim
como à homeopatia, ao
tratamento do cólera, à
frenologia, bem como
sobre uma porção de
outras coisas. (P. 290)
171. Se o magnetismo
fosse uma utopia –
afirma Kardec –, há
muito dele não mais
cogitariam, enquanto
que, como o seu irmão, o
Espiritismo, lança
raízes por todos os
lados. (P. 290)
172. O Sr. Brasseur,
escrevendo no "Jornal
dos Salões", diz que
Kardec errou ao não
admitir a existência dos
médiuns inertes, como as
caixas, as pranchetas,
os cartões. (P. 291)
173. Kardec refuta as
idéias do Sr. Brasseur,
esclarecendo que as
caixas, as pranchetas e
os cartões são apenas
apêndices da mão, e que
a faculdade mediúnica
reside na pessoa, não no
objeto. (P. 292)
174. Se ao Espírito
bastasse dispor de um
instrumento qualquer –
diz Kardec – veríamos
cestas e pranchetas
escrevendo sozinhas, o
que jamais aconteceu,
porque é preciso um
indivíduo como médium.
(P. 292)
175. O médium pode ser
mecânico ou intuitivo.
No médium mecânico, o
Espírito age sobre a
mão, que recebe o
impulso inteiramente
involuntário e
desempenha o papel
daquilo que o Sr.
Brasseur chama médium
inerte. (P. 293)
176. No médium
intuitivo, o Espírito
age sobre o cérebro,
transmitindo pela
corrente do sistema
nervoso o movimento ao
braço. (P. 293)
177. São Luís aconselhou
não fosse feita evocação
em dois casos: o
primeiro concernente à
sepultura do chanceler
Pasquier, na Igreja de
Saint-Leu, onde acharam
mais de 15 esqueletos em
diferentes posições.
Houve crime ali. No
segundo caso, o Espírito
se encontrava encarnado.
(PP. 298 e 299)
178. Um artigo da
Illustration de 1853
demonstra que o fenômeno
das mesas girantes é
conhecido e praticado
desde tempos imemoriais
na China, na Sibéria e
entre os Kalmouks da
Rússia meridional. Entre
estes últimos, valiam-se
da mesa para a
descoberta de objetos
perdidos. (PP. 299 e
310)
179. Um fato curioso de
aparição é narrado pelo
Sr. D..., doutor em
Medicina, de Paris.
Havendo tratado durante
algum tempo uma senhora
que sofria de uma
moléstia incurável,
quinze dias atrás ele
foi despertado por
pancadas à porta de seu
quarto. Era a senhora,
que lhe disse
claramente: "Venho
dizer que morri".
Ela morrera, de fato,
naquela noite. (P. 302)
180. O Sr. Det...,
membro da Sociedade
Espírita de Paris,
lembra que existiu uma
sociedade como esta no
século passado, conforme
relata Mercier, em seu
Tableau de Paris,
de 1788, volume 12. (P.
303)
181. Em nota abaixo da
notícia, Kardec lembra
que no ano de 1800 o
célebre Abade Faria
ocupava-se da evocação e
obtinha comunicações
escritas, muito antes
que se cogitasse dos
Espíritos na América.
(P. 304)
182. Evocado por Kardec,
o milionário de Lião
conhecido pela alcunha
de Pai Crépin diz ter
saudades da vida terrena
e confessa ter ainda
prazer ao ver seu ouro,
que não pode mais
apalpar. Sua vida
terrena foi-lhe
inteiramente inútil, diz
Pai Crépin. (PP. 305 e
306)
183. São Luís,
comentando esse caso,
diz que o avarento mais
culpado é aquele que só
é avarento para os
outros. (P. 307)
184. Um correspondente
perguntou se devemos
publicar tudo quanto os
Espíritos dizem. Kardec
respondeu que publicar
sem exame, ou sem
correção, tudo quanto
vem dessa fonte, é dar
prova de pouco
discernimento. O exame
criterioso é, pois,
fundamental antes de
publicar qualquer coisa.
(P. 316)
185. Falando sobre a
inspiração, Kardec diz
que o cérebro pode
produzir aquilo que está
dentro dele; mas as
idéias que não são
nossas, são-nos
sugeridas. Quando a
inspiração não vem é
porque o inspirador não
está presente ou julga
conveniente não
inspirar; muitos poetas,
compositores e
escritores são, assim,
médiuns sem o saber.
(PP. 317, 318 e 378)
186. A Revue transcreve
o poema "Urânia", do Sr.
De Porry, de Marselha,
em que o autor diz que a
Terra "é uma região de
prova em que o justo a
sofrer em prantos se
renova". E acrescenta:
"Se manténs neste mundo
um coração virtuoso,
irás para esses globos
de aspecto suntuoso,
onde há alegria e paz,
onde a sabedoria mora e
a felicidade eterna se
irradia". (P. 324)
187. Kardec escreve
sobre o precursor
Emmanuel Swedenborg
(1688-1772) e sua obra,
asseverando que o
equívoco do sensitivo
sueco, para ele
imperdoável, foi ter
aceitado cegamente tudo
quanto lhe fora ditado
pelos Espíritos. (P.
335)
188. Apesar disso,
Swedenborg ficará sempre
ligado à História do
Espiritismo, do qual foi
um dos primeiros e mais
zelosos pioneiros. (P.
337)
189. Em comunicação na
Sociedade Espírita de
Paris, Swedenborg admite
que sua doutrina não
está isenta de grandes
erros e declara que a
Doutrina Espírita segue
um caminho mais seguro
que o dele. (PP. 338 e
339)
190. Simon M...,
correspondente da Revue,
lembra que o homem deve
vigiar os seus menores
pensamentos malévolos,
até os seus maus
sentimentos, visto que
estes podem atrair
Espíritos maus e
corrompidos. (P. 343)
191. Comentando um fato
ocorrido durante a
guerra da Criméia, em
que um jovem oficial foi
avisado mediunicamente
da morte da Srta. de
T..., Kardec não
autentica o relato, mas
considera-o possível,
acrescentando que os
exemplos, antigos e
recentes, de
advertências de
além-túmulo são tão
numerosos, que esse nada
tem mais de
extraordinário do que
outros. (P. 345)
192. Outro fato de
advertência de
além-túmulo, referido
pela Gazette d'Ard
(Hungria), de novembro
de 1858, é relatado pela
Revue. (P. 345)
(Continua no próximo
número.)