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Estudando as obras de Kardec
Ano 2 - N° 52 - 20 de Abril de 2008

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

A Revue Spirite de 1859

(8a Parte)

Allan Kardec
 

Damos continuidade ao estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1859. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 10 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Há diferença entre médium mecânico e médium intuitivo?

Sim. No médium mecânico, o Espírito age sobre a mão, que recebe o impulso inteiramente involuntário e desempenha o papel daquilo que o Sr. Brasseur chama médium inerte. No médium intuitivo, o Espírito age sobre o cérebro, transmitindo pela corrente do sistema nervoso o movimento ao braço. (Revue Spirite, p. 293.)

B. São Luís era consultado por Kardec nas evocações?

A consulta a São Luís em tais situações era coisa comum, como mostram os casos do chanceler Pasquier e o de um Espírito que se encontrava encarnado, nos quais o instrutor espiritual desaconselhou a evocação. (Obra citada, pp. 298 e 299.)

C. Devemos publicar tudo quanto os Espíritos dizem?

A um correspondente da Revue que lhe fez esta pergunta, Kardec respondeu que publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte é dar prova de pouco discernimento. O exame criterioso é, segundo ele, fundamental antes de publicar qualquer coisa. (Obra citada, p. 316.)

D. Qual foi, segundo Kardec, o equívoco cometido pelo precursor Swedenborg?

O equívoco do grande sensitivo sueco foi ter aceitado cegamente tudo quanto lhe fora ditado pelos Espíritos, fato admitido pelo próprio Swedenborg em comunicação dada na Sociedade Espírita de Paris, na qual ele reconheceu que sua doutrina não está isenta de grandes erros e declarou que a Doutrina Espírita seguia um caminho mais seguro que o dele. (Obra citada, pp. 335 a 339.) 

Texto para leitura

170. Concluindo essa notícia, Kardec diz que a classe médica está dividida relativamente ao magnetismo, assim como à homeopatia, ao tratamento do cólera, à frenologia, bem como sobre uma porção de outras coisas. (P. 290)

171. Se o magnetismo fosse uma utopia – afirma Kardec –, há muito dele não mais cogitariam, enquanto que, como o seu irmão, o Espiritismo, lança raízes por todos os lados. (P. 290)

172. O Sr. Brasseur, escrevendo no "Jornal dos Salões", diz que Kardec errou ao não admitir a existência dos médiuns inertes, como as caixas, as pranchetas, os cartões. (P. 291)

173. Kardec refuta as idéias do Sr. Brasseur, esclarecendo que as caixas, as pranchetas e os cartões são apenas apêndices da mão, e que a faculdade mediúnica reside na pessoa, não no objeto. (P. 292)

174. Se ao Espírito bastasse dispor de um instrumento qualquer – diz Kardec – veríamos cestas e pranchetas escrevendo sozinhas, o que jamais aconteceu, porque é preciso um indivíduo como médium. (P. 292)

175. O médium pode ser mecânico ou intuitivo. No médium mecânico, o Espírito age sobre a mão, que recebe o impulso inteiramente involuntário e desempenha o papel daquilo que o Sr. Brasseur chama médium inerte. (P. 293)

176. No médium intuitivo, o Espírito age sobre o cérebro, transmitindo pela corrente do sistema nervoso o movimento ao braço. (P. 293)

177. São Luís aconselhou não fosse feita evocação em dois casos: o primeiro concernente à sepultura do chanceler Pasquier, na Igreja de Saint-Leu, onde acharam mais de 15 esqueletos em diferentes posições. Houve crime ali. No segundo caso, o Espírito se encontrava encarnado. (PP. 298 e 299)

178. Um artigo da Illustration de 1853 demonstra que o fenômeno das mesas girantes é conhecido e praticado desde tempos imemoriais na China, na Sibéria e entre os Kalmouks da Rússia meridional. Entre estes últimos, valiam-se da mesa para a descoberta de objetos perdidos. (PP. 299 e 310)

179. Um fato curioso de aparição é narrado pelo Sr. D..., doutor em Medicina, de Paris. Havendo tratado durante algum tempo uma se­nhora que sofria de uma moléstia incurável, quinze dias atrás ele foi des­pertado por pancadas à porta de seu quarto. Era a senhora, que lhe disse claramente: "Venho dizer que morri". Ela morrera, de fato, naquela noite. (P. 302)

180. O Sr. Det..., membro da Sociedade Espírita de Paris, lembra que existiu uma sociedade como esta no século passado, conforme relata Mercier, em seu Tableau de Paris, de 1788, volume 12. (P. 303)

181. Em nota abaixo da notícia, Kardec lembra que no ano de 1800 o célebre Abade Faria ocupava-se da evocação e obtinha comunicações escritas, muito antes que se cogitasse dos Espíritos na América. (P. 304)

182. Evocado por Kardec, o milionário de Lião conhecido pela alcunha de Pai Crépin diz ter saudades da vida terrena e confessa ter ainda prazer ao ver seu ouro, que não pode mais apalpar. Sua vida terrena foi-lhe inteiramente inútil, diz Pai Crépin. (PP. 305 e 306)

183. São Luís, comentando esse caso, diz que o avarento mais culpado é aquele que só é avarento para os outros. (P. 307)

184. Um correspondente perguntou se devemos publicar tudo quanto os Espíritos dizem. Kardec respondeu que publicar sem exame, ou sem correção, tudo quanto vem dessa fonte, é dar prova de pouco discernimento. O exame criterioso é, pois, fundamental antes de publicar qualquer coisa. (P. 316)

185. Falando sobre a inspiração, Kardec diz que o cérebro pode produzir aquilo que está dentro dele; mas as idéias que não são nossas, são-nos sugeridas. Quando a inspiração não vem é porque o inspirador não está presente ou julga conveniente não inspirar; muitos poetas, compositores e escritores são, assim, médiuns sem o saber. (PP. 317, 318 e 378)

186. A Revue transcreve o poema "Urânia", do Sr. De Porry, de Mar­selha, em que o autor diz que a Terra "é uma região de prova em que o justo a sofrer em prantos se renova". E acrescenta: "Se manténs neste mundo um co­ração virtuoso, irás para esses globos de aspecto suntuoso, onde há alegria e paz, onde a sabedoria mora e a felicidade eterna se irradia". (P. 324)

187. Kardec escreve sobre o precursor Emmanuel Swedenborg (1688-1772) e sua obra, asseverando que o equívoco do sensitivo sueco, para ele imperdoável, foi ter aceitado cegamente tudo quanto lhe fora ditado pelos Espíritos. (P. 335)

188. Apesar disso, Swedenborg ficará sempre ligado à História do Espiritismo, do qual foi um dos primeiros e mais zelosos pioneiros. (P. 337)

189. Em comunicação na Sociedade Espírita de Paris, Swedenborg admite que sua doutrina não está isenta de grandes erros e declara que a Doutrina Espírita segue um caminho mais seguro que o dele. (PP. 338 e 339)

190. Simon M..., correspondente da Revue, lembra que o homem deve vigiar os seus menores pensamentos malévolos, até os seus maus sentimentos, visto que estes podem atrair Espíritos maus e corrompidos. (P. 343)

191. Comentando um fato ocorrido durante a guerra da Criméia, em que um jovem oficial foi avisado mediunicamente da morte da Srta. de T..., Kardec não autentica o relato, mas considera-o possível, acrescentando que os exemplos, antigos e recentes, de advertências de além-túmulo são tão numerosos, que esse nada tem mais de extraordinário do que outros. (P. 345)

192. Outro fato de advertência de além-túmulo, referido pela Gazette d'Ard (Hungria), de novembro de 1858, é relatado pela Revue. (P. 345) (Continua no próximo número.)  


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