EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Acerca da
disponibilidade
A Doutrina dos
Espíritos se
revela
instrumento de
educação salutar
para todo aquele
que procura
viver em
sintonia com as
boas vibrações
do amor e da
caridade. Ora,
orientado pelo
conhecimento
espírita, pode o
indivíduo nutrir
novas metas e
cuidar para que
sua vontade se
fortaleça no
intuito de
promover um
comportamento
ético e talhado
no seguinte
ensinamento do
Evangelho: “Amar
a Deus sobre
todas as coisas
e ao próximo
como a si
mesmo”.
Contudo, se a
educação
espírita é
fundamentada na
idéia do homem
de bem, segundo
uma pedagogia do
amor, a
moralidade
consciencial
necessita ser
reativada com
constância no
coração do ser
humano ainda
imperfeito. Com
isso, a
auto-evangelização
ganha
efetividade nas
práticas
cotidianas e as
diversas
situações passam
a ser
consideradas
como
oportunidades de
progresso ao
Espírito em mais
uma experiência
corporal.
De outro lado,
se a moral
social, ajustada
a um tempo
histórico,
reivindica
ganhos e
vantagens, pois
alinhada às
bases do ter e
das conquistas
materiais, a
moral
consciencial,
iluminada pela
regra de ouro –
fazer para o
outro o que
gostaria de
receber –, é
exigente de uma
aproximação
estreita entre
consciência e
vontade para que
a razão
participe
ativamente no
processo de
melhoria íntima.
Nota-se, então,
que a
disponibilidade
coloca-se como
qualidade que
pode orientar o
viver na trilha
do bem.
Nos cenários da
existência, a
disponibilidade
é ferramenta
capaz de
administrar a
vida de relação,
pois é nela, no
encontro eu-tu,
que a identidade
humana é
constituída e
atualizada a
partir de
critérios não
somente
intelectuais,
mas também
afetivos e por
isso aptos a
assegurarem o
alargamento da
práxis da
tolerância, da
paciência, da
mansuetude, que
são a argamassa
de uma
convivência
evangelizada,
cristã.
À pergunta sobre
qual seria a
“melhor”
religião,
Dalai-Lama
respondeu: “
– A melhor
religião é
aquela que o
torna uma pessoa
melhor”.
Para dar
radiância a essa
sábia resposta,
acredito que a
disponibilidade
é condição
diretiva para um
existir mais
desapegado, mais
compassivo,
porque o
desabrochar da
própria
humanidade
depende da
troca, da
inclusão do tu à
ambiência do eu,
pois só existe o
crescer junto
com outros,
consubstanciado
em mais
compreensão.
Como tudo está
inter-relacionado,
pois “Deus se
espelha no
universo e
penetra no
coração de cada
coisa”, no
dizer de
Leonardo Boff,
nosso desafio
consiste em
descobrir que a
moral
consciencial
vive da
disponibilidade,
da gratuidade,
vive da
necessidade do
reconhecimento
da nossa
condição de
seres
espirituais...
Sim, podemos nos
abrir à escuta,
ao diálogo que
recusa tão-só a
posse das
coisas, mas pede
a convivência
espontânea e
fraterna com as
pessoas. Sem
dúvida:
disponíveis, nos
aproximaremos
mais e mais do
Reino de Jesus.