ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Nadismo e vida
futura
“Uma
sociedade
fundada sobre o
nadismo traria
em si o gérmen
de sua própria
dissolução.”
(Allan Kardec)
Doutrinas
anti-reencarnacionistas
e nadismo são
gêmeos
univitelinos,
vez que elas
levam às mesmas
conseqüências,
ou seja: ao
estuário do
materialismo...
Essas doutrinas,
além de anular a
preexistência da
alma, causam a
paralisia do
progresso
humano, porque
circunscreve as
vistas do homem
ao imperceptível
ponto da
presente
existência,
restringindo-lhe
as idéias e
concentrando-as
forçosamente na
vida material.
Segundo Kardec
(1), tais
doutrinas, que
ainda embalam a
mente de muitas
criaturas que
não têm
“olhos de ver e
ouvidos de
ouvir”,
pregam que o
homem nada sendo
antes, nem
depois, cessando
com a vida todas
as relações
sociais, a
solidariedade é
vã palavra; a
fraternidade,
uma teoria sem
base; a
abnegação em
favor de outrem,
mero embuste; o
egoísmo, com a
sua máxima —
cada um por si
—, um direito
natural; a
vingança, um ato
de razão; a
felicidade,
privilégio do
mais forte e dos
mais astuciosos;
o suicídio, o
fim lógico
daquele que,
baldo de
recursos e de
expedientes,
nada mais espera
e não pode
safar-se do
tremedal.
Ensina ainda o
ínclito Mestre
Lionês (2):
“(...) Sendo as
Almas criadas ao
mesmo tempo que
os corpos,
nenhum laço
anterior há
entre elas, que,
nesse caso,
serão
completamente
estranhas umas
às outras. O pai
é estranho a seu
filho. A
filiação das
famílias fica
assim reduzida à
só filiação
corporal, sem
qualquer laço
espiritual. Não
há, então,
motivo algum
para quem quer
que seja
glorificar-se de
haver tido por
antepassados
tais ou tais
personagens
ilustres.
“(...) Isso
quanto ao
passado. Quanto
ao futuro,
segundo um dos
dogmas
fundamentais que
decorrem da
não-reencarnação,
a sorte das
almas se acha
irrevogavelmente
determinada,
após uma só
existência. A
fixação
definitiva da
sorte implica a
cessação de todo
progresso, pois
desde que haja
qualquer
progresso já não
há sorte
definitiva.
Conforme tenham
vivido bem ou
mal, elas vão
imediatamente
para a mansão
dos
bem-aventurados,
ou para o
inferno eterno.
Ficam assim,
imediatamente e
para sempre,
separadas e sem
esperança de
tornarem a
juntar-se, de
forma que pais,
mães e filhos,
maridos e
mulheres,
irmãos, irmãs e
amigos jamais
podem estar
certos de se
verem novamente;
é a ruptura
absoluta dos
laços de
família.”
A Doutrina
Espírita,
descortinando os
panoramas do
infinito,
informa-nos a
respeito da
reencarnação e
da Vida Futura
com sua lógica
contundente e
insofismável sob
o beneplácito da
razão.
Destarte,
segundo ainda o
insuperável e
singular Mestre
de Lyon (1):
“(...) outros
passam a ser os
sentimentos
daquele que tem
fé no futuro;
que sabe que
nada do que
adquiriu em
saber e em
moralidade lhe
estará perdido;
que o trabalho
de hoje dará
seus frutos
amanhã; que ele
próprio fará
parte das
gerações
porvindouras,
mais adiantadas
e mais ditosas.
Sabe que,
trabalhando para
os outros,
trabalha para si
mesmo. Sua visão
não se detém na
Terra, abrange a
infinidade dos
mundos que lhe
servirão um dia
de morada;
entrevê o
glorioso lugar
que lhe caberá,
como o de todos
os seres que
alcançam a
perfeição.
“Com a fé na
vida futura,
dilata-se-lhe o
círculo das
idéias; o porvir
lhe pertence; o
progresso
pessoal tem um
fim, uma
utilidade real.
Da continuidade
das relações
entre os homens
nasce a
solidariedade; a
fraternidade se
funda numa lei
da Natureza e no
interesse de
todos.
“A crença na
vida futura é,
pois, elemento
de progresso,
porque estimula
o Espírito.
Somente ela pode
dar ao homem
coragem nas suas
provas, porque
lhe fornece a
razão de ser
dessas provas,
perseverança na
luta contra o
mal, porque lhe
assina um
objetivo. A
formar essa
crença no
espírito das
massas é,
portanto, o em
que devem
aplicar-se os
que a possuem.”
Bibliografia:
(1) KARDEC,
Allan. Obras
Póstumas.
25. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
1990, 2ª parte –
Credo Espírita.
(2) KARDEC,
Allan. O
Evangelho seg. o
Espiritismo.
121. ed. Rio [de
Janeiro]: FEB,
2003, cap. IV,
itens 21 e 22.