A Revue Spirite
de 1859
(Parte 10 e final)
Allan Kardec
Concluímos hoje o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1859. O texto condensado
do volume citado foi
aqui apresentado em 10
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL. No próximo
número iniciaremos o
estudo do volume
correspondente ao ano de
1860.
Questões preliminares
A. Que dizer aos que
entendem que na Bíblia
não há referências às
comunicações espíritas?
Podemos dizer-lhes o que
disse o Espírito de
Rembrand, que afirmou,
em mensagem publicada na
Revue, que não
existe na Bíblia uma
única página onde não se
encontrem traços de
relação entre os mundos
visível e invisível.
(Revue Spirite, pp. 389
e 390.)
B. Pode um Espírito
ainda primitivo encarnar
no seio de uma sociedade
mais civilizada?
Sim. A Sociedade
Espírita de Paris, em
sua sessão geral de
30-9-1859, analisou o
crime cometido com
premeditação e todas as
agravantes por um menino
de 7 anos e meio.
Interrogado sobre o
fato, São Luís informou
que o Espírito dessa
criança estava quase no
início do período
humano; não tinha mais
que duas encarnações na
Terra e nascera naquele
meio na esperança de
progresso. (Obra
citada, p. 395.)
C. Por que, tendo já
vivido anteriormente no
estado de Espírito,
muitos Espíritos se
espantam com o que vêem
depois da morte
corpórea?
Essa mesma pergunta foi
formulada pelo Sr. Les...,
em reunião da Sociedade
Espírita de Paris.
Foi-lhe, então,
respondido que esse
espanto é apenas
temporário; depende do
estado de perturbação
que se segue à morte, e
cessa à medida que o
Espírito se desprende da
matéria e recupera suas
faculdades de Espírito.
(Obra citada, p.
404.)
D. Os bons Espíritos
costumam lisonjear as
pessoas?
Não. Kardec nos ensina
que os bons Espíritos
aprovam aquilo que acham
bom, mas não fazem
elogios exagerados.
Estes, como toda a
lisonja, são sinais de
inferioridade da parte
dos Espíritos. (Obra
citada, p. 408.)
Texto para leitura
215. O Espírito de
Carlos IX, ex-rei da
França e filho de
Catarina de Médicis,
pede que sejamos mansos
e pacientes com aqueles
a quem ensinarmos.
Carlos informa ter
reencarnado como escravo
na América e diz que sua
mãe, após sofrer
bastante, se encontrava
noutro planeta. (P. 388)
216. O Espírito de
Rembrand, criticando os
sábios que pensam serem
os únicos a possuir
todos os segredos da
Criação, mas não sabem
nem de onde vêm, nem
para onde irão, diz que
não há na Bíblia uma
única página onde não se
encontrem traços de
relação entre os mundos
visível e invisível. (P.
389)
217. O homem de coração
reto não tem a cabeça
emproada, diz um
Espírito, que adverte:
Há apenas um caminho que
a Deus conduz -- a fé e
o amor aos nossos
semelhantes. (P. 390)
218. O Sr. V...,
excelente médium que se
distingue pela pureza de
suas relações com o
mundo espírita, estava
sendo atormentado por um
Espírito que resolveu
residir no seu quarto.
Antigo carreteiro, esse
Espírito pertencia à
mais baixa classe.
Consultado por Kardec,
um Espírito superior diz
que há dois meios do
rapaz desembaraçar-se do
perseguidor: o meio
espiritual, pedindo a
Deus, e o meio material,
mudando de casa. (P.
392)
219. O fato demonstra
que existem realmente
lugares assombrados por
certos Espíritos, que se
ligam a certos locais.
(P. 392)
220. Comentando o
assunto, Kardec mostra
como a prece é útil em
tais casos e diz que
esses Espíritos se
sensibilizam com os
nossos conselhos e as
nossas preces. Por que,
pois, recusaríamos
ouvi-los, quando seu
arrependimento e seu
sofrimento podem
edificá-los? (PP. 393 e
394)
221. A Sociedade
Espírita de Paris, em
sua sessão geral de
30-9-1859, analisa o
crime cometido por um
menino de 7 anos e meio,
com premeditação e todas
as agravantes.
Interrogado, São Luís
informou que o Espírito
dessa criança está quase
no início do período
humano; não tem mais que
duas encarnações na
Terra. Pertencente às
tribos mais atrasadas
das ilhas marítimas,
nasceu aqui na esperança
de progresso. (P. 395)
222. Tratando da
admissão de novos
membros da Sociedade
Espírita de Paris,
Kardec observou: Não
basta que sejam eles
partidários do
Espiritismo em geral; é
necessário que concordem
com a sua maneira de
ser. A homogeneidade de
princípios -- diz Kardec
-- é condição essencial,
sem a qual uma sociedade
qualquer não poderia ter
vitalidade. (P. 396)
223. Para comunicar-se
entre si, os Espíritos
não precisam da palavra:
basta-lhes o pensamento.
Quando se comunicam com
os homens, devem
traduzir seu pensamento
em sinais humanos, isto
é, em palavras, que
tiram do vocabulário do
médium de que se servem,
de certo modo como de um
dicionário. Por isso, é
mais fácil ao Espírito
exprimir-se na língua
familiar do médium,
embora possa fazê-lo
numa língua que este
desconheça. (P. 398)
224. A Sociedade
Espírita de Paris, por
proposta de dois
membros, decidiu por
unanimidade: Toda pessoa
que desejar fazer parte
da Sociedade deverá
fazer o pedido por
escrito ao presidente. O
pedido deverá ser
assinado por dois
apresentantes e relatar:
1. -- que o postulante
tomou conhecimento do
regulamento e se
compromete a observá-lo;
2. -- as obras lidas
sobre Espiritismo e sua
adesão aos princípios da
Sociedade, que são os do
Livro dos Espíritos.
(PP. 399 e 400)
225. O Espírito de São
Luís, Presidente
espiritual da Sociedade
Parisiense de Estudos
Espíritas, desaconselha
uma evocação que,
segundo ele, requeria
uma grande tranqüilidade
de espírito, enquanto
que naquela noite
discutiram-se ali
longamente negócios
administrativos. (PP.
400 e 401)
226. Alguém propôs
evocar-se na Sociedade a
Sra. Br..., membro
titular que estava em
viagem de navio para
Havana. Consultado, São
Luís desaconselhou a
evocação informando que
a Sra. Br... estava
muito preocupada naquela
noite, visto que o vento
soprava com violência e
o instinto de
conservação tomava-lhe
todo o pensamento. (P.
402)
227. A Sociedade
Parisiense de Estudos
Espíritas decidiu que
todos os anos, na
renovação do ano social,
os membros honorários
serão submetidos a novo
voto de admissão, a fim
de serem eliminados os
que não mais estiverem
nas condições
requeridas. (P. 403)
228. O Sr. Les..., em
reunião da Sociedade,
diz não compreender o
espanto dos Espíritos
depois da morte, uma vez
que, tendo já vivido no
estado de Espírito
anteriormente, ele não
deveriam espantar-se com
isso. Foi-lhe
respondido: Esse espanto
é apenas temporário;
depende do estado de
perturbação que se segue
à morte, e cessa à
medida que o Espírito se
desprende da matéria e
recupera suas faculdades
de Espírito. (P. 404)
229. O Sr. Van Br..., de
Haia, adepto fervoroso
do Espiritismo, relatou
à Sociedade Espírita de
Paris que sua filha de
14 anos tornou-se um bom
médium, mas sua
mediunidade apresentava
particularidades
bizarras: a maior parte
do tempo escrevia às
avessas, de modo que
para ler-se o que
escreveu é preciso pôr
as folhas diante de um
espelho; além disso,
muitas vezes a mesa de
que ela se serve para
escrever inclina-se
diante dela como uma
carteira e fica nessa
posição até que ela
acabe. (N.R.: Essa
incrível mediunidade,
chamada de psicografia
especular, é raríssima e
só se encontra em
grandes médiuns.)
(P. 405)
230. O Espírito de São
Vicente de Paulo
esclarece alguns pontos
relacionados com os
Convulsionários de
Saint-Médard, e diz que
os fenômenos ali
cessaram porque eram
produzidos por Espíritos
pouco elevados, e não
porque a autoridade
terrena os interditou.
No caso, houve uma
conjugação de
propósitos. (P. 408)
231. Kardec ensina: Os
bons Espíritos aprovam
aquilo que acham bom,
mas não fazem elogios
exagerados. Estes, como
toda a lisonja, são
sinais de inferioridade
da parte dos Espíritos.
(P. 408)