JOSÉ ANTÔNIO V.
DE PAULA
depaulajose@hotmail.com
Cambé, Paraná
(Brasil)
Ivan de
Albuquerque,
exemplo para a
juventude cristã
No dia 5 de
abril do ano de
1946,
desencarnava,
aos 28 anos de
idade, aquele
que se tornou o
exemplo para a
mocidade
espírita do
Brasil e para
todos os jovens
cristãos de
qualquer
religião, Ivan
de Albuquerque.
Nascido em uma
fazenda, no
município de
Brotas, no ano
de 1918, aos 19
anos já proferia
a sua primeira
palestra
espírita em um
bairro de
Pinheiros, na
cidade de São
Paulo.
No dia 12 de
maio de 1940,
fundou uma
juventude
espírita, na
cidade de
Araçatuba,
fazendo o mesmo
mais tarde na
cidade de São
Paulo.
No dia 5 de
abril de 1986,
quando o
movimento
espírita
brasileiro
celebrava 40
anos de sua
desencarnação,
seu irmão, Dr.
Ciro de
Albuquerque,
hoje já na
pátria
espiritual,
concedeu-nos
(para o jornal
O Imortal,
de Cambé) uma
belíssima
entrevista sobre
esse Espírito de
escol.
Contou-nos, na
oportunidade,
Dr. Ciro:
– Quando
estávamos nos
formando no
curso ginasial,
e já prestes a
escolher a
profissão que
deveríamos
seguir, nosso
pai atravessava
uma fase
financeira muito
difícil. Foi
quando o Ivan me
disse: – “Olha,
Ciro, você que
já está mais
adiantado nos
estudos deve
continuar. Papai
não tem recursos
para nos
sustentar, e já
seria um
sacrifício muito
grande ele
sustentá-lo em
uma escola
superior,
portanto, eu vou
procurar um
emprego. Tenho
alguma
experiência de
assistência em
enfermaria e
irei para São
Paulo, enquanto
você irá para
Piracicaba
estudar
Agronomia na
Faculdade Luiz
de Queiroz, como
você deseja”.
– E assim
aconteceu, eu
fui para
Piracicaba e ele
para São Paulo,
onde logo
arrumou um
emprego no
Sanatório
Esperança, à Rua
dos Ingleses,
Sanatório este
muito famoso na
época, pelo
excelente quadro
de cirurgiões
que o compunha.
Ivan, sempre com
aquele
temperamento
solidário que
lhe era
característico,
logo se tornou
um enfermeiro
muito querido.
Ele não saía,
não gostava de
diversões; a
diversão dele
era conversar
com os doentes,
consolá-los, ou
mesmo trocar
idéias.
Um dia, Dr.
Júlio Prestes de
Albuquerque –
ex-governador do
Estado de São
Paulo, ex-líder
da Câmara
Federal, e
candidato eleito
à Presidência da
República no ano
em que Getúlio
Vargas subiu ao
poder – teve um
problema renal,
tendo sido
internado
naquele
Hospital,
ficando também
sob os
cuidados do
Ivan.
Em pouco tempo,
notando que Ivan
dispensava a ele
as mesmas
atenções que ele
usava no
tratamento para
com todos, lhe
disse:
– Ivan! Eu
queria lhe fazer
uma indagação!
Você também é da
família
Albuquerque.
Será que nós não
somos parentes?
Então, Ivan lhe
disse:
– Olha, Dr.
Júlio Prestes,
seria uma honra
para mim, um
privilégio. Mas
a minha família
é de Brotas e a
do Senhor é de
Itapetininga.
Assim, não vejo,
no momento, um
laço maior de
parentesco, o
qual muito me
honraria.
Em seguida, Dr.
Júlio voltou-se
para Ivan e lhe
disse:
– Ivan, a vida é
mãe e mestra, e
nós estamos
aprendendo
sempre. Se, há
alguns anos
atrás, ocorresse
uma
circunstância em
que um
enfermeiro
invocasse razões
de parentesco
comigo, muito
pouca atenção eu
lhe daria, pois
naquela época eu
me sentia como
uma árvore
fecunda que dava
sombras aos
viandantes, que
dava frutos, e
que oferecia
meus galhos para
que os pássaros
fizessem seus
ninhos. Nessa
época eu estava
embevecido com
as ilusões da
vida. Mas, hoje,
eu sou um homem
vivido e
sofrido, e
aquela árvore
fecunda do
passado
transformou-se
em uma árvore
seca que não dá
mais frutos, e
que nem serve
mais de pouso
para que os
pássaros façam
seus ninhos.
“No entanto,
hoje, Ivan, eu
tenho condições
de avaliar as
qualidades que
exornam um moço
como você, que
está aqui, na
flor da
juventude,
esquecido dos
prazeres do
mundo, para se
reportar desta
forma como você
tem feito, aos
internos deste
Hospital. Hoje,
Ivan, esteja
certo de uma
coisa, eu é que
me sentiria
honrado em ser
seu parente.”