LEONARDO MARMO
MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São José dos
Campos,
São Paulo
(Brasil)
A didática de
Jesus muito
além
das parábolas
A vida de Jesus,
em todos os
momentos, tem um
significado
profundo e
pedagógico.
Todas as
passagens,
invariavelmente
belas,
revestem-se de
um sentido muito
amplo de
exemplificação e
didática para
que todos nós,
seus irmãos
menores,
pudéssemos
entender o que
realmente é a
vida e os
porquês de uma
série de
contingências
que o cotidiano
da vida física
nos impõe. Essa
compreensão é
fundamental para
que
desenvolvamos um
verdadeiro ideal
superior, o qual
implica,
necessariamente,
em um sentido de
espiritualidade
profunda em
relação à
eleição dos
objetivos
pessoais de
vida.
Assim sendo,
vale lembrar,
mesmo que de
forma sucinta,
algumas
passagens da
vida do Mestre
tendo em vista o
propósito de uma
reflexão mais
amadurecida do
ponto de vista
espírita, sobre
nossos próprios
caminhos
existenciais.
Jesus, sendo o
Espírito
extremamente
evoluído,
responsável pelo
governo da
Terra, poderia
selecionar suas
condições
reencarnatórias
conforme lhe
aprouvesse. De
fato, Ele
executa essa
escolha; não,
porém, como nós,
em princípio,
poderíamos
imaginar. Ele
nasce em um lar
pobre, em uma
comunidade
afastada dos
grandes centros,
sem isenção de
dificuldades.
Demonstrando a
necessidade de
valorização da
família como
escola divina na
Terra, nasce em
um lar
harmonioso,
mesmo que em
dificuldades
materiais
significativas,
ressaltando a
profunda
diferença entre
os termos “Lar”
e “Casa”.
Ilustrando sua
condição de
Excelência
Espiritual e
demonstrando
eloqüentemente
que “o que é da
carne é carne e
o que é do
espírito é
espírito”,
ensina, aos 12
anos, muito mais
do que os
supostos
“Doutores”
poderiam
conhecer sobre a
Lei.
Exemplificando
que as tarefas
chamadas
“pequeninas” são
extremamente
relevantes aos
olhos de Deus,
assume, conforme
nos narra
Humberto de
Campos na
excepcional obra
“Boa Nova”, as
singelas
obrigações da
carpintaria de
seu pai José
como a melhor
“escola
preparatória”
para as tarefas
da idade adulta,
apesar de estar
consciente de
que em Sua
condição
espiritual,
prescindisse de
qualquer preparo
adicional.
Iniciando seu
apostolado,
prefere escolher
como discípulos
indivíduos
considerados,
aos olhos do
povo, pobres,
ignorantes e sem
quaisquer
recursos
extraordinários
para a tarefa
gigantesca que
já se
vislumbrava.
Todavia, para os
Seus olhos
percucientes, os
escolhidos em
questão eram
Espíritos
preparados,
embora não
perfeitos,
apresentando o
senso de
espiritualidade
e de sinceridade
necessários para
se
sensibilizarem
com a proposta
do Mais Alto.
Apresenta,
assim, suas
diretrizes para
as atividades
espirituais, que
devem sempre
transcender os
limites
estreitos dos
títulos e
“aparências
exteriores”, tão
do agrado da
nossa ilusão
personalista e
material.
Ao contrário dos
comportamentos
típicos dos
religiosos de
todos os tempos,
não renega o
mundo, muito
menos o seu
“pecado”. Aceita
a Terra como
escola bendita,
tornando-se um
ser totalmente
inserido em seu
contexto social,
sendo,
inclusive, um
cidadão
acessível a
todas as
criaturas, dos
mais desprezados
aos mais
considerados na
comunidade em
questão.
Apresentando
recursos
pedagógicos
extraordinariamente
didáticos e
originais, prega
e ensina a todas
as criaturas,
compreendendo,
porém, que cada
indivíduo,
apesar de “Deus
em potencial”,
apresenta em
determinado
momento
limitações
definidas. Assim
sendo, fornece o
ensinamento de
conformidade com
a capacidade de
assimilação
intelecto-moral
momentânea que
cada indivíduo
possuía, amando
a todos
indistintamente,
mas cônscio de
que a evolução
requer tempo,
“pois é
necessário
nascer de novo”.
Valoriza, uma
vez mais, os
hábitos simples
da vida
material,
participando do
cotidiano dos
seus
contemporâneos
com simplicidade
e alegria, desde
festas e
casamentos a
visitas e
debates
religiosos, sem,
todavia,
adquirir os
hábitos viciosos
de muitos que
desfrutavam de
sua intimidade.
É humilde para
ser amigo e é
amigo para
ajudar mais, sem
se comprometer,
entretanto, com
os hábitos
viciosos do seu
tempo.
Apesar de
entender e
valorizar
profundamente a
ocorrência de
“escândalos e
tribulações”,
não se faz
indiferente ao
sofrimento do
povo,
desenvolvendo
inúmeras vezes
as chamadas
“curas
espirituais”,
sem deixar, no
entanto, de
explicar, quando
fosse adequado,
a Lei de Causa e
Efeito,
procurando não
só a cura do
corpo,
naturalmente
perecível, mas
principalmente a
educação do
Espírito
imortal.
Faz o possível
para não ser
considerado um
“milagreiro”
comum, um mágico
ou um artista,
em muitas
ocasiões rogando
aos próprios
beneficiários
que não
divulgassem a
cura, mas que
propalassem a
mensagem da
Fraternidade. De
fato,
invariavelmente,
coloca a
essência da
mensagem do
Evangelho em
primeiro plano,
pois todas as
demais coisas,
inclusive sua
própria
personalidade,
eram secundárias
quando
comparadas às
Leis Cósmicas do
Amor que
constituam toda
a sua tarefa.
Deixa evidente,
reiteradas
vezes, que Ele
não era Deus,
renegando,
inclusive, o
título de “bom”,
pois
verdadeiramente
bom, segundo o
Mestre, “só o
Pai”. De fato,
nas palavras de
João
Evangelista,
“Ele sabia o que
havia no coração
do homem” e,
dessa forma, não
desconhecia que,
a posteriori,
tentariam
divinizá-lo. Por
conseqüência,
ensina com amor,
não para
produzir
admiradores, mas
sim, seguidores.
Denota que todo
e qualquer tipo
de preconceito é
fruto direto da
ignorância
humana,
repetindo, a
cada momento,
que sua
mensagem, como
reflexo do Amor
de Deus, deveria
abranger todas e
quaisquer
criaturas do
Universo. De
fato, Jesus
acentua a cada
momento que
todos os seres
são Filhos de
Deus, incluindo
aí, não só o ser
humano, mas
também toda a
Obra da Criação,
incluindo
animais,
vegetais e
minerais.
Elabora um
Cântico de Amor
e
Espiritualidade,
palestrando com
eloqüência
inigualável no
“Sermão da
Montanha”,
quebrando, mais
uma vez,
paradigmas
limitados da
ortodoxia
religiosa da
época, no que se
refere à questão
capital do
cumprimento dos
desígnios de
Deus.
Confirma
definitivamente
o seu ensino já
consolidado de
que não usufruía
de privilégios
especiais de
cunho material
em função de sua
evolução
espiritual,
sendo condenado
à morte e se
submetendo,
resignadamente,
a essas
dolorosas
injunções. Mesmo
nessas
condições,
exemplifica
disciplina e
capacidade de
otimização do
tempo,
aproveitando
cada instante
derradeiro para
ensinar mais e
reforçar seu
legado de Amor e
Luz. Tal prova
de Amor denota
um dos pontos
chaves da sua
proposta de
vida, pois
demonstra que a
Felicidade
espiritual
transcende
vantagens
materiais de
quaisquer
teores.
Ressurge várias
vezes, após a
morte física, em
corpo
espiritual,
reanimando os
apóstolos
aturdidos e
amedrontados,
ratificando as
mensagens de
Amor, Trabalho e
Alegria de toda
a Sua vida
física. Desta
forma, procura
dirimir as
dúvidas e as
impressões
negativas
geradas pelo
episódio do
Gólgota, como a
nos ensinar, que
todos devemos
passar por
momentos
difíceis em
nosso esforço
evolutivo, sem,
contudo, nos
deixarmos fixar
por essas
impressões, uma
vez que a
Felicidade
espiritual é uma
questão de
atitudes da
mente e do
coração.
Em suma, faz da
chamada
“Ressurreição”
um curso
intensivo, porém
resumido, que
destaca de forma
luminosa os
pontos chaves de
toda a sua
trajetória
física, pregando
com e sem
palavras,
incansavelmente,
a necessidade de
boa vontade e
dinamismo para
que possamos,
lenta e
gradualmente,
descobrir,
através do nosso
irmão, o Amor e
o Reino dos Céus
que jazem dentro
de nós.