WILSON CZERSKI
wilsonczerski@brturbo.com.br
Curitiba, Paraná
(Brasil)
Ecologia: herança para
filhos, netos, mansos e
nós
A História e mesmo o
nosso dia-a-dia comum
demonstram que
faculdades humanas ou
frutos dos avanços
tecnológicos podem e
devem ser avaliados não
só pelo que significam
em si, mas pelo uso que
deles se faz. Invenções
e descobertas como o
avião, energia nuclear
ou os satélites
artificiais atendem tão
bem ao progresso e
conforto dos seres
humanos como para seu
aniquilamento. Da mesma
forma, no terreno
pessoal, a utilização da
inteligência, do sexo,
do dinheiro, talentos
artísticos, poder. Às
vezes, apenas uma
questão de
interpretação,
geralmente forçada, para
atender nossos desejos e
interesses. É o caso das
leis e da religião. Nos
livros de auto-ajuda
temos outro exemplo.
Embora até valorizem e
incentivem as relações
interpessoais e o
respeito ao próximo, o
que a maioria das
pessoas busca nestas
obras são fórmulas
mágicas para resolver os
próprios problemas e
obter benefícios e
vantagens – rápidas,
abundantes e à custa dos
outros. Ascensão
profissional alcançada
no acirramento da
concorrência
profissional, sucesso
afetivo de satisfação
egoística ou meras
conquistas em aventuras
efêmeras, êxito
financeiro obtido, não
raro, pelos atalhos
ilícitos da corrupção ou
dos direitos lesados de
outrem.
No mundo prático de
hoje, difícil que seja
diferente e pense-se
primeiro nas
necessidades alheias
para depois em si. Pois
que seja. Ao menos em
relação aos cuidados com
a nossa casa planetária.
Afora os fenômenos cujas
causas absolutamente não
estão no poder do homem
controlar, como os
terremotos, por exemplo,
o fato é que muitas das
transformações
observadas na Terra são
de nossa
responsabilidade.
Temperaturas extremas
quebrando recordes de
muitas décadas, índices
pluviométricos que
provocam inundações,
morte e destruição,
secas prolongadas em
áreas antes imunes a
tais calamidades,
aumento na freqüência de
furacões ou o
aparecimento deles em
regiões inéditas como o
sul do Brasil e tantos
outros.
Sabe-se que o progresso
moral quase nunca
acompanha o intelectual.
Difícil estimar
percentualmente, mas
poucos organismos
governamentais de certos
países e ONGs, além de
alguns milhões, talvez,
de pessoas, estão
efetivamente preocupados
com o futuro do mundo em
que habitamos. Enfrentam
heroicamente a imensa
maioria que detém o
poder de impor e fazer
tudo que satisfaça o
imediatismo e a ganância
desmedida. Por falta de
educação social,
econômica, ecológica e
moral, quase todos nós
damos o triste
contributo para a
deterioração do meio
ambiente, em franco
desprezo e ingratidão
por tudo o que a
natureza nos oferece.
Lixo nos córregos e rios
e pouca reciclagem,
automóveis com motores
desregulados emitindo
excesso de monóxido de
carbono na atmosfera,
ajudando no efeito
estufa, o desmatamento
indiscriminado e
criminoso, o esgoto nos
oceanos, a exploração
desenfreada dos recursos
naturais como a água
doce e os frutos do mar.
Fauna e flora
comprometidos,
habitats degradados,
espécies em extinção.
Conforme o ensinamento
dos Mentores
Espirituais, questão
185, de O Livro dos
Espíritos, os mundos
também são submetidos à
mesma lei de progresso
que rege o destino dos
homens e dos seres
inferiores da criação. A
Terra já foi um mundo
primitivo, mas
experimentará
transformações que a
conduzirão à condição de
verdadeiro paraíso. Mas
isto somente quando
nós nos tornarmos bons
ou “mansos e humildes”,
segundo o evangelho.
Aos que argumentam que a
filosofia espírita faz
apologia do sofrimento
aceito passivamente e
estimula a busca
exclusiva da felicidade
na vida futura da alma
em total detrimento
daquela possível de ser
desfrutada no hoje e no
aqui, o esclarecimento
espiritual acima prova o
contrário. Afinal, para
que serviria um planeta
tão belo, habitado por
seres bem dotados
intelectualmente, sob o
império da fraternidade
e justiça, se não fosse
para torná-los felizes
desde este momento? A
vida é uma só, na Terra
ou fora dela, encarnados
ou como Espíritos
livres, e a felicidade é
um direito de todos.
Basta ter mérito
individual e coletivo
para vivenciá-la.
Um dos argumentos mais
freqüentes a favor da
responsabilidade
ecológica é que disto
dependerá a qualidade de
vida de nossos filhos e
netos. O Espiritismo diz
mais. Está em jogo o
futuro de todos nós,
moradores atuais.
Retornaremos pelas
portas da reencarnação
para sermos nossos
próprios netos ou
bisnetos. Ou um outro
aparentado qualquer. Ou,
ainda, alguém sem
vínculos com a atual
família consangüínea.
Mas estaremos aqui para
prosseguir no
aprendizado, no
crescimento espiritual,
no desenvolvimento de
nossas potencialidades
para confirmar o “sois
deuses” do Cristo. E
também para colher o que
estamos semeando hoje,
incluindo as reações da
natureza.
Ninguém é obrigado a
aceitar a reencarnação,
mas bem que poderia
fazer um esforço para
compreendê-la. Um exame
despreconceituoso,
racional e sério
fornecerá evidências
claras e consistentes,
filosóficas, científicas
e religiosas, de que
ela, a reencarnação, é
uma abençoada lei
natural da vida. O resto
é da alçada de cada um,
até a sobrevivência do
nosso planeta azul.