Leonardo Machado
Tavares:
“Não nos compete
converter
ninguém para o
Espiritismo, mas
formar
indivíduos
melhores”
O jovem confrade
Leonardo Machado
Tavares
(foto)
começou muito
cedo a atuar nos
trabalhos
espíritas.
Nascido e
crescido em
Recife (PE), o
jovem, que está
prestes a
concluir o curso
de Medicina pela
Faculdade de
Ciências Médicas
da Universidade
de Pernambuco,
nasceu em berço
espírita e desde
adolescente atua
em atividades
ligadas no
Núcleo Espírita
Investigadores
da Luz (NEIL).
Atualmente,
Leonardo realiza
palestras e
compõe músicas
eruditas, tendo
já lançado
quatro CDs com
algumas de suas
composições.
Além de viajar a
serviço da
divulgação
espírita, ele
participa de um
|
|
grupo mediúnico
em sua cidade e
colabora com
artigos
doutrinários em
diversos
periódicos
espíritas, como
esta revista, de
que é, desde o
início,
colaborador
assíduo. |
Em sua opinião,
os trabalhadores
espíritas têm
trabalhado com
seriedade na
divulgação da
Doutrina, como
explica na
presente
entrevista em
que fala também
sobre outros
importantes
temas de
interesse do
leitor.
O Consolador:
Qual foi seu
primeiro
trabalho no meio
espírita?
Meu primeiro
trabalho na Casa
Espírita foi
realizar a
Campanha do
Quilo e ser
evangelizador
juvenil, quando
tinha 13 anos.
Aos 15, quando
estudava música
no Conservatório
Pernambucano de
Música, comecei
a compor
diversas músicas
orquestrais
eruditas
inspiradas na
Doutrina
Espírita,
finalizando a
Sinfonia número
1 em dó menor –
“A evolução dos
mundos” (para
orquestra
sinfônica) – a
qual, no início
de 2006, tive a
oportunidade de
lançar em CD.
Aos 17 anos,
realizei minha
primeira
palestra. Tive
oportunidade,
ainda, de
realizar e de
ser monitor por
algum tempo do
Estudo
Sistematizado da
Doutrina
Espírita (ESDE).
O Consolador: No
movimento
espírita, que
atividades você
já realizou e
continua a
realizar?
Realizo
palestras,
conferências e
seminários
espíritas, tendo
já visitado
diversas cidades
de Pernambuco, o
estado do Ceará
e a cidade de
Londres,
Inglaterra.
Escrevo músicas
eruditas com
temáticas
espíritas e já
lancei, desde
2006, quatro CDs
com algumas
dessas obras.
Colaboro com
artigos
espíritas para
diversos
periódicos
espíritas e
leigos, como a
revista
Reformador;
a Revista
Internacional de
Espiritismo,
o Jornal do
Comércio de
Pernambuco e
para esta
revista - O
Consolador.
Escrevemos
livros
espíritas, tendo
lançado o nosso
primeiro “Quando
a Terra imita os
céus” – na
Livraria Saraiva
do Shopping
Center Recife em
junho do ano
passado, e
outros estão em
fase final ou em
análise. Fundei
em 2004 e sou
atual
coordenador do
Grupo União
Carlos Gomes, no
qual ensino
música erudita
aliada ao
Espiritismo,
gratuitamente.
Trabalhamos
mediunicamente
através da
psicografia e
das consultas
mediúnicas, no
Núcleo Espírita
Investigadores
da Luz, e somos
o atual Diretor
de Programação e
Divulgação do
referido centro.
O Consolador:
É verdade que
você nasceu em
lar espírita?
Sim.
Tive a
oportunidade,
juntamente com
meus dois irmãos
mais velhos, de
nascer em
berço
espírita, já que
meus pais são
espíritas há
cerca de 30
anos. Vale
salientar que,
igualmente,
estamos, desde o
berço, ligados
ao Núcleo
Espírita
Investigadores
da Luz (NEIL),
instituição que,
neste ano de
2007, completou
70 anos de
fundação e para
qual reverto
toda a renda de
minhas obras.
O Consolador: Dos
três aspectos do
Espiritismo –
científico,
filosófico e
religioso –,
qual o toca mais
profundamente?
Considero que a
Doutrina
Espírita é
maravilhosa,
justamente pela
capacidade que
tem de
esclarecer estes
três grandes
pilares do saber
humano. Não
saberia,
portanto, dizer
com segurança
qual das três
áreas mais me
atrai, conquanto
adoro a ciência
– a Gênese foi,
certamente, a
obra que mais me
empolgou. Amo a
filosofia, tanto
que escrevi um
livro no qual
comparo a
filosofia
socrática com os
preceitos
espíritas, o
qual deve estar
sendo lançado em
breve; e admiro
Jesus e sua
mensagem. Para
mim, o
Espiritismo é o
Cristianismo
Redivivo. E,
portanto, sem a
base
ético-moral-religiosa
do Evangelho de
Jesus muito
pouco ele
conseguiria ter
feito nestes 150
anos.
O Consolador:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
Allan Kardec,
Léon Denis,
Emmanuel, André
Luiz, Victor
Hugo (por
Divaldo e por
Zilda Gama),
Manoel Philomeno
de Miranda e
Joanna de
Ângelis.
O Consolador:
Que livros
espíritas você
considera de
leitura
indispensável
àqueles que se
iniciam no
Espiritismo?
Toda a
Codificação; os
clássicos,
mormente os
livros de Léon
Denis e de
Gabriel Delanne;
a série
denominada pela
Federação
Brasileira
Espírita (FEB)
de “A vida no
mundo
espiritual”, de
André Luiz;
“Paulo e
Estevão” e “A
caminho da Luz”,
de Emmanuel; e
“Devassando o
Invisível”, de
Yvonne A.
Pereira.
O Consolador:
Se fosse para um
local distante,
sem acesso às
atividades e
trabalhos
espíritas, que
livros você
levaria?
Toda a
Codificação, a
Bíblia e alguns
dos livros de
Léon Denis.
O Consolador:
As divergências
doutrinárias em
nosso meio
reduzem-se a
poucos assuntos.
Um deles diz
respeito ao
chamado
Espiritismo
laico. Para
você, o
Espiritismo é
uma religião?
Tenho a mesma
opinião de Allan
Kardec,
expressada em
seus livros. O
Espiritismo não
é ma religião
formal, porque
não tem
hierarquia, nem
sacerdócio, nem
um chefe; mas,
sem dúvida, tem
um caráter
religioso muito
forte, porquanto
toda a sua
função é
espiritualizar o
ser e religá-lo
ao Criador. Não
se pode nunca,
portanto,
esquecer que a
Doutrina
Espírita é o
Cristianismo
voltando com
toda as suas
pureza e força
em nossas vidas
e em nossos
corações.
O Consolador:
Outro tema que
suscita
geralmente
grandes debates
diz respeito à
obra publicada
na França por J.
B. Roustaing.
Qual é sua
apreciação dessa
obra?
Infelizmente,
não me dediquei
a estudar estas
obras, já que,
sendo muito novo
biologicamente,
preferi começar
pelo começo, que
é Kardec, quando
tinha 13 anos,
ocasião em que
li meu primeiro
livro espírita.
O Consolador:
Sobre os passes
padronizados,
qual é sua
opinião?
Somos daqueles
que vêem o passe
como uma prática
inspirada pelas
passagens do
Evangelho de
Jesus, quando em
diversas
oportunidades
ele, através da
imposição das
mãos, doava o
seu amor e
curava. Vale a
pena, ainda,
lembrar que em
certas ocasiões
ele aplicava o
passe sem mover
sequer um dedo,
quando, por
exemplo, disse a
Pedro que,
tendo-o tocado
alguém, havia
saído dele uma
virtude, uma
energia salutar.
Desta forma, o
mais importante
não é o
exterior, mas o
interior. O
passe é doação
de bioenergia,
de amor. Assim,
muitas vezes, a
forma e a
técnica em
demasia podem
nada somar neste
sentido. Isso
não implica
dizer que,
dentro do
trabalho na Casa
Espírita, o
passe seja
aplicado sem
orientação e sem
estudo por parte
do passista, mas
que a técnica
deve ser a mais
simples
possível, com a
finalidade de se
manter a
simplicidade de
Jesus em nossos
Centros.
O Consolador:
Como você vê a
discussão em
torno do aborto?
Acompanho os
trabalhos da
Federação
Espírita
Brasileira e da
Associação
Médico-Espírita
do Brasil, bem
como de
expoentes do
movimento
espírita
brasileiro, como
Divaldo Franco,
Alberto Almeida
e Raul Teixeira,
e considero que
todos têm um
grande empenho
em defender a
vida.
Particularmente,
considero que,
se algo falta
neste sentido, é
o empenho
pessoal de cada
um de nós
cristãos-espíritas
em expor suas
convicções em
momentos
oportunos,
baseadas em
Kardec,
obviamente. No
entanto, sem
querer impô-las
a ninguém. Às
vezes, nós
confundimos
expor com impor
e esclarecer com
julgar. E isso
traz grande
prejuízo. O mais
importante não é
anatematizar o
aborto e
condenar aqueles
que o fazem, mas
sobretudo
defender o valor
da vida em todo
o seu esplendor.
Jesus mesmo
disse: “Eu vim
para que todos
vós tenhais
vida, e vida em
abundância”. É
isso que devemos
demonstrar: que
depois do
momento de
dúvidas a
alegria da vida
suavizará
qualquer
angústia. Nesse
contexto, é
necessário,
outrossim, fazer
um maior
trabalho de
conscientização
da juventude,
onde se situa o
grande foco da
gravidez não
planejada, sem
medo de debater
com os jovens os
seus medos e os
seus
questionamentos.
Dar à juventude,
conforme seu
grau de
maturidade,
oportunidades de
trabalho na Casa
Espírita.
Trazê-la para
junto do
trabalho no bem
para que a
energia que ela
possui abundante
possa ser bem
direcionada.
Este é, também,
um grande
trabalho
profilático em
defesa da vida.
O Consolador:
A eutanásia,
como sabemos, é
uma prática que
não tem o apoio
da Doutrina
Espírita.
Surgiu, no
entanto,
ultimamente a
idéia da
ortotanásia,
defendida até
mesmo por
médicos
espíritas. Qual
é sua opinião a
respeito?
A eutanásia
seria a “boa
morte”; a
distanásia, o
prolongamento
excessivo da
vida. A
ortotanásia
surgiu como
sendo a morte
“na hora certa”.
Difícil saber
qual é a hora
certa de se
morrer, não?
Necessário,
portanto, é
valorizar a
vida, dar
qualidade para
ela até os
últimos
instantes, ter
cautela, não
transferir os
próprios desejos
para o paciente,
estudar a morte
para se
familiarizar com
ela, encarando-a
como natural, e,
acima de tudo,
não brincar de
Deus.
O Consolador:
O movimento
espírita em
nosso País lhe
agrada ou falta
algo nele que
favoreça uma
melhor
divulgação da
Doutrina?
Obviamente,
sendo o
movimento
formado por
pessoas, há
nele, também,
erros que não
deveriam mais
acontecer.
Apesar disto,
verifico que as
coisas boas vêm
sobrepujando, e
muito, as coisas
ruins, as quais,
paulatinamente,
vão caindo no
esquecimento,
com o passar dos
anos e com o
passar dos
modismos.
Necessário,
portanto, é cada
vez mais a união
verdadeira, a
temperança, o
não julgar, o
respeito e o
amor-caridade
para com todos.
Nesse sentido, a
FEB vem
desempenhando
incomparável
papel,
exemplificando,
certamente, tudo
isso que é
indispensável.
Como, portanto,
ser pessimista
diante do labor
ininterrupto de
tantos
trabalhadores
incansáveis que
existem pelo
movimento
espírita
brasileiro e
mundial?
O Consolador:
Como você vê o
nível da
criminalidade e
da violência que
parece aumentar
em todo o País?
Em sua opinião,
como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
A hora pela qual
passamos é bem a
hora da
transição. De
nossa parte,
cabe-nos
aumentar os
serviços de
assistência e de
promoção social
de nossos
Centros
Espíritas,
incluindo neles,
não somente o
material, mas
também o auxílio
do
esclarecimento
espiritual,
divulgando e
demonstrando que
o amor e o
perdão ensinado
por Jesus são
possíveis. Não
nos compete
converter
ninguém para o
Espiritismo, mas
sobretudo formar
indivíduos
melhores em
nossa sociedade,
muito embora
devamos isto
fazer com o
auxílio dos
conhecimentos da
Doutrina dos
Espíritos, pelo
fato de sermos
coerentes com
aquilo que
abraçamos. Além
disso, o mais
importante é
construirmos a
paz interior e a
tranqüilidade em
nossos lares e
em nossos
relacionamentos,
demonstrando,
pelo exemplo,
que é possível
fazer diferente
diante de tanta
loucura.
O Consolador:
Daqui a quantos
anos você
acredita que a
Terra deixará de
ser um mundo de
provas e
expiações,
passando
plenamente à
condição de um
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra amor
estará escrita
em todas as
frontes e uma
eqüidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
Sinceramente,
muito difícil é
precisar uma
data,
especialmente
devido à
relatividade da
dimensão
espaço-tempo.
Espero que seja
na minha próxima
reencarnação.
O Consolador:
Quanto aos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando, o
que você acha
que deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
Brasil e no
mundo?
Eu gostaria de
responder –
EDUCAÇÃO - com
letras de ouro.
Mas, diante do
atual cenário,
falar em
qualquer projeto
será difícil se
não se falar, em
primeiro lugar,
em HONESTIDADE.
E esta deve
passar não
somente pelos
políticos
(embora
principalmente
por eles, já que
devem dar o
exemplo), mas
por todos os
eleitores, os
quais, muitas
vezes, votam com
objetivos menos
louváveis de
interesse
pessoal.
Outrossim, por
todos aqueles
que estão
lidando com o
dinheiro
público; por
todos os
empresários que
visam lucros
exagerados;
enfim, por todos
aqueles que, à
semelhança de
Maquiavel,
pensam que os
fins justificam
os meios.
Honestidade,
pois, e urgente,
lembrando-nos do
“Sim, sim! Não,
não!” ensinado
pelo Mestre
Jesus.
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