MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Obreiros da Vida Eterna
(Parte 11)
André Luiz
Damos continuidade ao
estudo da obra
Obreiros da Vida Eterna,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e publicada em 1946 pela
editora da Federação
Espírita Brasileira, a
qual integra a série
iniciada com o livro
Nosso Lar.
Questões preliminares
A. Por que não é difícil
aos enfermos que se
aproximam da
desencarnação
ausentar-se do corpo?
R.: Os que se aproximam
da desencarnação, nas
moléstias prolongadas,
comumente se ausentam do
corpo, em ação quase
mecânica, o que é
facilitado pelo fato de
que seus familiares,
cansados de vigílias,
tudo fazem por rodear os
enfermos de silêncio e
cuidado. (Obreiros da
Vida Eterna, cap. 12,
pp. 191 a 195.)
B. Que é que socorre as
pessoas nas supremas
horas evolutivas?
R.: O que socorre as
pessoas nesses momentos
não é a rotulagem
externa, mas a
sementeira do esforço
próprio nos serviços da
sabedoria e do amor, que
frutifica, no instante
oportuno, através de
providências
intercessórias ou de
compensações espontâneas
da lei que manda
entregar as respostas do
Céu a cada um por suas
obras. (Obra citada,
cap. 12, pp. 195 a 198.)
C. Por que Dimas, embora
desencarnasse antes da
hora, recebeu tão alta
consideração dos
Benfeitores espirituais?
R.: Dimas, segundo o
assistente Jerônimo, não
chegou realmente a
aproveitar todo o tempo
prefixado, mas não era
um suicida. O assistente
explicou o que realmente
aconteceu. Dimas não
conseguira preencher
toda a cota de tempo que
lhe era lícito utilizar,
em virtude do ambiente
de sacrifício que lhe
dominou os dias, na
existência recém-finda.
Acostumado, desde a
infância, à luta sem
mimos, desenvolveu o
corpo, entre deveres e
abnegações incessantes.
Desfavorecido de
qualquer vantagem
material, conheceu
ásperas obrigações para
ganhar a intimidade com
as leituras mais
simples. Entregue ao
serviço rude, no verdor
da mocidade, constituiu
a família, pingando suor
no sacrifício diário.
Passou a vida em
submissão a
regulamentos,
conquistando a
subsistência com enorme
despesa de energia.
Mesmo assim, encontrou
recursos para dedicar-se
aos que gemem e sofrem
nos planos mais baixos
que o dele. Recebendo a
mediunidade, colocou-a a
serviço do bem coletivo.
Conviveu com os
desalentados e aflitos
de toda sorte. E porque
seu espírito sensível
encontrava prazer em ser
útil e em razão dos
necessitados guardarem
raramente a noção do
equilíbrio, sua
existência converteu-se
em refúgio de enfermos
do corpo e da alma. Ele
perdera quase
integralmente o conforto
da vida social,
privou-se de estudos
edificantes que lhe
poderiam prodigalizar
mais amplas realizações
ao idealismo de homem de
bem e prejudicou as
células físicas, no
acúmulo de serviço
obrigatório e acelerado
na causa do sofrimento
humano. Pelas vigílias
compulsórias, noite
adentro, atenuou-se-lhe
a resistência nervosa;
pela inevitável
irregularidade das
refeições, distanciou-se
da saúde harmoniosa do
estômago; pelas
perseguições gratuitas
de que foi objeto,
gastou fosfato
excessivamente e, pelos
choques reiterados com a
dor alheia, que sempre
lhe repercutiu
amargamente no coração,
alojou destruidoras
vibrações no fígado. A
enfermidade que pôs fim
aos seus dias foi, por
isso, uma mera
conseqüência. (Obra
citada, cap. 13, pp. 199
a 203.)
Texto
para leitura
74. Os enfermos
reúnem-se no instituto
- A explanação de Irene
encantou André Luiz, que
percebeu enfim que a
difusão da luz
espiritual na Crosta
Terrestre não é ação
milagrosa, mas
edificação paciente e
progressiva. As casas de
benemerência social,
sobre as águas pesadas
do pensamento humano,
funcionam como grandes
navios de abastecimento
à coletividade faminta
de luz e necessitada de
princípios renovadores.
"Passei a ver o
estômago dos pequeninos
em plano secundário,
porque era a claridade
positiva do Evangelho
que inundava agora
minhalma, convidando-me
à contemplação feliz do
futuro maior", disse
André. Os serviços
programados para a noite
próxima eram inúmeros.
Aqui, cuidadosas
preceptoras
desencarnadas reuniriam
as crianças nos momentos
de sono físico, em
ensinos benéficos.
Acolá, benfeitores
diversos buscariam
irmãos para experiências
e dádivas preciosas, nos
círculos espirituais.
André revela ter
refundido sua apreciação
inicial, enxergando
então, naquele
instituto, abençoada
escola de
espiritualidade
superior, pelo ensejo de
semeadura divina que
proporcionava aos
missionários da luz. Já
era noite fechada quando
Jerônimo convocou o
grupo ao serviço. Os
enfermos deveriam ser
trazidos à instituição
espírita dirigida por
Adelaide, de onde todos
sairiam para a Casa
Transitória de Fabiano,
em excursão de
aprendizado e
adestramento. Luciana e
Irene trariam a irmã
Albina. André e padre
Hipólito trariam
Cavalcante, Dimas e
Fábio. No trajeto,
utilizando a volitação,
André e o padre
conversaram animadamente
sobre a tarefa, que,
segundo Hipólito, seria
fácil. "Os que se
aproximam da
desencarnação, nas
moléstias prolongadas,
comumente se ausentam do
corpo, em ação quase
mecânica. Os familiares
terrestres, por sua vez,
cansados de vigílias,
tudo fazem por rodear os
enfermos de silêncio e
cuidado. Desse modo, não
é difícil afastá-los
para a tarefa de
preparação", disse o
ex-sacerdote. "Geralmente,
estão hesitantes,
enfraquecidos,
semi-inconscientes, mas
nosso auxílio magnético
resolverá o problema.
Conservar-nos-emos nas
extremidades,
segurando-lhes as mãos
e, impulsionados por
nossa energia, volitarão
conosco, sem maiores
impedimentos",
acrescentou Hipólito.
Dimas notou desde logo a
presença dos visitantes
e, de mãos dadas os
três, com André à
frente, rumaram para o
Rio de Janeiro, em busca
de Fábio. (Cap. 12, pp.
191 a 193)
75. A
viagem até à Casa
Transitória
- Fábio, sem qualquer
dificuldade, ligou-se,
prazeroso, à pequena
caravana. Depois de
deixar os dois enfermos
na instituição dirigida
por Adelaide, André e
Hipólito foram ao grande
hospital, à procura de
Cavalcante. O doente
mostrava-se muito
aflito. Apesar de
Bonifácio, ao lado dele,
cooperar para
desprendê-lo, Cavalcante
se deixara tomar por
horríveis impressões de
medo, dificultando os
esforços do grupo. Foi
só após ingente trabalho
de magnetização do vago
e depois da ministração
de certos agentes
anestesiantes,
destinados a
propiciar-lhe brando
sono, que Cavalcante
pôde ser afastado do
corpo, que ficou sob os
cuidados de Bonifácio.
Em poucos minutos eles
já estavam no instituto,
reunidos aos demais. A
caravana dirigir-se-ia
então à Casa Transitória
de Fabiano. Dos
enfermos, apenas
Adelaide e Fábio
revelavam consciência
mais nítida da situação.
Os outros titubeavam,
enfraquecidos, baldos de
noção clara do que
ocorria. Jerônimo
organizou a corrente
magnética, tomando
posição guiadora. Cada
irmão encarnado
localizava-se entre dois
Espíritos: o grupo fora
enriquecido com a
presença de outras
entidades desencarnadas
amigas dos enfermos. De
mãos entrelaçadas, para
permutar energias em
assistência mútua, a
caravana utilizou
intensamente a
volitação, ganhando
altura. Adelaide e
Fábio, habituados ao
desdobramento, assumiram
discreta atitude de
observação e silêncio.
Os outros, porém,
comentavam o
acontecimento em altos
brados: – "O' grande
Deus! – exclamava
Albina – estaremos
nós no glorioso carro de
Elias?" – "Dai-me
forças, ó Pai de
Misericórdia! –
expressava-se
Cavalcante, de alma
opressa – falta-me a
confissão geral! Ainda
não recebi o Viático!
Oh! não me deixeis
enfrentar os vossos
juízos com a consciência
mergulhada no mal!..."
()
Dimas, por sua vez,
balbuciava frases
ininteligíveis.
Atravessada a região
estratosférica, a
ionosfera surgia à vista
de todos, apresentando
enorme diferença, por
causa do afluxo intenso
dos raios cósmicos em
combinação com as
emanações lunares.
Espantado, Dimas
perguntou em voz alta: "Que
rio é este? Ah! tenho
medo! não posso
atravessá-lo, não posso,
não posso!" O
impulso magnético
inicial fornecido por
Jerônimo era, no
entanto, excessivamente
forte para sofrer
solução de continuidade,
ante tão débil
resistência, de modo que
o grupo avançou sem
recuos, alcançando,
muito além, o abrigo de
Fabiano, onde Zenóbia os
acolheu de braços
carinhosos. (Cap. 12,
pp. 193 a 195)
76. Cavalcante
pensa que está no céu
- Em pequena sala,
Gotuzo aplicou vigorosos
recursos fluídicos nos
cinco enfermos, que os
receberam como crianças
incapacitadas de
imediato julgamento,
exceção de Adelaide e
Fábio, que estavam
cônscios do fenômeno. Em
seguida, Jerônimo
dirigiu-se a eles,
comentando: "Amigos,
o concurso desta noite
não se destina à cura do
corpo grosseiro, posto
agora a distância pelas
necessidades do momento.
Tentamos revigorar-vos o
organismo espiritual,
preparando-vos o
desligamento definitivo,
sem alarmes de dor
alucinatória. Devo
confessar-vos que,
retomando o vaso físico,
experimentareis natural
piora de vossas
sensações,
agravando-se-vos a
tortura, porque os
remédios para a alma, na
presente situação,
intensificam os males da
carne. Certificai-vos,
portanto, de que as
providências desta hora
constituem ajuda efetiva
à libertação. De retorno
ao antigo ninho
doméstico, encerrada
esta primeira excursão
de adestramento,
encontrareis mais
tristeza no terreno da
Crosta, mais angústia
nas células físicas,
mais inquietude no
coração, porque a vossa
mente, no processo das
recordações instintivas,
terá fixado, com maior
ou menor intensidade, o
contentamento sublime
deste instante.
Preparai-vos, pois, para
vir até nós; solucionai
os derradeiros problemas
terrestres e confiai na
Proteção Divina!".
Findas as explicações do
Assistente, todos
permaneceram à vontade.
Viu-se então que as
idéias que os enfermos
faziam do acontecimento
eram muito diversas
entre si. Cavalcante,
por exemplo, perguntou
se ali seria o céu.
André Luiz não conseguiu
mudar-lhe tal idéia.
Albina lembrava cenas
bíblicas, em suas
interpretações literais
do texto sagrado. Depois
de observar o nevoeiro
exterior, perguntou a
Luciana se aquela era a
casa do Senhor,
mencionada no capítulo 8
do 1o Livro dos
Reis. Adelaide e Fábio
oravam, felizes, mas
Dimas inquiriu se aquela
zona representava alguma
dependência venturosa de
Marte. Jerônimo
aproveitou o ensejo para
esclarecer que o plano
impressivo da mente
grava as imagens dos
preconceitos e dogmas
religiosos com singular
consistência. A morte
corpórea reintegra a
criatura no patrimônio
de suas faculdades
superiores, mas esse
trabalho não pode ser
brusco, sob pena de
ocasionar desastres
emocionais de graves
conseqüências. Urge
considerar a necessidade
da gradação. (Cap. 12,
pp. 195 a 197)
77. A
importância da
sementeira do esforço
próprio
- O Assistente chamou a
atenção de todos para um
ponto importante. "Como
vemos" – disse ele –
"não é a rotulagem
externa que socorre o
crente nas supremas
horas evolutivas. É
justamente a sementeira
do esforço próprio, nos
serviços da sabedoria e
do amor, que frutifica,
no instante oportuno,
através de providências
intercessórias ou de
compensações espontâneas
da lei que manda
entregar as respostas do
Céu `a cada um por suas
obras'. Todo lugar do
Universo, portanto, pode
ser convertido em
santuário de luz eterna,
desde que a execução dos
Divinos Desígnios seja a
alegria de nossa própria
vontade". Finda a
colheita de preciosos
ensinamentos, os
enfermos foram
conduzidos pelo grupo
socorrista aos leitos de
origem. Fábio
demonstrava infinito
conforto no campo
íntimo. Cavalcante
acordou, no corpo
físico, pensando em
recorrer à eucaristia
pela manhã, e Dimas, ao
despertar, chamou a
esposa e afirmou em voz
fraca: – "Oh! como
foi maravilhoso meu
sonho de agora! Vi-me à
beira de rio caudaloso e
brilhante, que
atravessei com o auxílio
de benfeitores
invisíveis, chegando, em
seguida, a grande casa,
cheia de luz!". A
recordação, no entanto,
findava-se aí. Estava
concluída a primeira
excursão de adestramento
com os amigos que,
dentro em breve,
partiriam para o
além-túmulo. André e
seus companheiros
voltaram então à Casa
Transitória, para
descansar e servir em
outros setores. (Cap.
12, pp. 197 e 198)
78. O caso Dimas
- Jerônimo, depois de
inúmeros preparativos,
articulava providências
referentes à
desencarnação de Dimas,
cuja posição era das
mais precárias. Via-se,
assim, que há tempo de
morrer, como há tempo de
nascer. Dimas alcançara
o período de renovação
e, por isso, seria
subtraído à forma
grosseira, de modo a
transformar-se para o
novo aprendizado. Não
fora determinado dia
exato. Atingira-se o
tempo próprio. André
estava, todavia, curioso
por saber se Dimas
desencarnaria em ocasião
adequada, ou seja, se
ele vivera toda a cota
de tempo suscetível de
ser aproveitada por seu
Espírito na Crosta da
Terra. Jerônimo
respondeu que não. Dimas
não chegou a aproveitar
todo o tempo prefixado.
Teria ele sido então um
suicida inconsciente? –
indagou André Luiz,
intrigado com a
consideração recebida
por Dimas, incompatível
com a situação de
suicida. O Assistente,
lendo fundo na alma de
André, abstendo-se de
longas explicações,
disse-lhe simplesmente:
"Não, André, nosso
amigo não é suicida".
André perguntou então se
Dimas, não havendo
aproveitado todo o tempo
de que dispunha, não
teria também
desperdiçado a
oportunidade, tal como
acontece a muita gente e
aconteceu com ele mesmo.
A explicação de Jerônimo
foi imediata: "Não
conheço seu passado,
André, e acredito que as
melhores intenções terão
movido suas atividades
no pretérito. A situação
do amigo a que nos
referimos, porém, é
muito clara. Dimas não
conseguiu preencher toda
a cota de tempo que lhe
era lícito utilizar, em
virtude do ambiente de
sacrifício que lhe
dominou os dias, na
existência a termo.
Acostumado, desde a
infância, à luta sem
mimos, desenvolveu o
corpo, entre deveres e
abnegações incessantes.
Desfavorecido de
qualquer vantagem
material no princípio,
conheceu ásperas
obrigações para ganhar a
intimidade com as
leituras mais simples.
Entregue ao serviço
rude, no verdor da
mocidade, constituiu a
família, pingando suor
no sacrifício diário.
Passou a vida em
submissão a
regulamentos,
conquistando a
subsistência com enorme
despesa de energia.
Mesmo assim, encontrou
recursos para dedicar-se
aos que gemem e sofrem
nos planos mais baixos
que o dele. Recebendo a
mediunidade, colocou-a a
serviço do bem coletivo.
Conviveu com os
desalentados e aflitos
de toda sorte. E porque
seu espírito sensível
encontrava prazer em ser
útil e em razão dos
necessitados guardarem
raramente a noção do
equilíbrio, sua
existência converteu-se
em refúgio de enfermos
do corpo e da alma".
E o Assistente
continuou: "Perdeu,
quase integralmente, o
conforto da vida social,
privou-se de estudos
edificantes que lhe
poderiam prodigalizar
mais amplas realizações
ao idealismo de homem de
bem e prejudicou as
células físicas, no
acúmulo de serviço
obrigatório e acelerado
na causa do sofrimento
humano. Pelas vigílias
compulsórias, noite
adentro, atenuou-se-lhe
a resistência nervosa;
pela inevitável
irregularidade das
refeições, distanciou-se
da saúde harmoniosa do
estômago; pelas
perseguições gratuitas
de que foi objeto,
gastou fosfato
excessivamente e, pelos
choques reiterados com a
dor alheia, que sempre
lhe repercutiu
amargamente no coração,
alojou destruidoras
vibrações no fígado,
criando afeições morais
que o incapacitaram para
as funções regeneradoras
do sangue". (Cap.
13, pp. 199 a 201)
79. André
contempla o próprio
passado -
Jerônimo, resumido o
caso Dimas, ressalvou
que o aludido
companheiro poderia ter
recebido, com
naturalidade,
semelhantes emissões
destrutivas, mantendo-se
na serenidade intangível
do legítimo apóstolo do
Evangelho. Mas, era
preciso considerar as
circunstâncias. Não se
organiza de um dia para
outro o anteparo
psíquico contra o
bombardeio dos raios
perturbadores da mente
alheia, como não é fácil
improvisar cais seguro
ante o oceano em
ressaca. Cercado de
exigências sentimentais,
subalimentado,
maldormido, teve ele as
reiteradas congestões
hepáticas convertidas na
cirrose hipertrófica,
portadora da
desintegração do corpo.
O Assistente, dito isto,
acentuou: "Segundo
observamos, há
existências que perdem
pela extensão, ganhando,
porém, pela intensidade".
André calou-se,
humilhado. O hábito de
analisar pessoas e
ocorrências,
unilateralmente, mais
uma vez lhe impunha
proveitosa decepção.
Assomaram-lhe
recordações do passado,
mais nítidas e
esclarecedoras. Ele
conduzira sua última
existência como melhor
lhe pareceu. Fizera
refeições calmas e
substanciosas, a horas
certas. Dedicara-se a
estudos prediletos.
Dispusera de seu tempo
com rigorosa
independência. Cerrara a
porta aos clientes
antipáticos, quando lhe
faltava disposição para
suportá-los. Mas nunca
molestara o fígado por
sofrimentos alheios,
porque ele já era
pequeno para conter as
vibrações destruidoras
de suas próprias
irritações. E,
sobretudo, aniquilara o
aparelho gastrintestinal
pelo excesso de
comestíveis e bebedices
aliados à sífilis a que
ele mesmo dera guarida,
levianamente. Havia,
portanto, muita
diferença entre o caso
Dimas e o seu. Dimas
empregara as
possibilidades que o Céu
lhe confiara em
benefício de outrem.
Quanto a ele, gozara
essas possibilidades até
ao clímax, centralizado
em si mesmo e
perdendo-se pela abusiva
saciedade. (Cap. 13, pp.
201 a 203)
(Continua no próximo
número.)