RICARDO BAESSO
DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Células-tronco
embrionárias:
uma posição
favorável
O problema
fundamental que
envolve as
experiências com
células-tronco
embrionárias
reside no
seguinte fato: a
retirada da
célula do
pequeno embrião
de poucos dias,
congelado no
laboratório,
leva
automaticamente
à sua morte.
Como o embrião é
uma forma de
vida humana,
embora
elementar, tal
medida pode ser
considerada como
abortiva e,
portanto,
criminosa. Os
Espíritos
Superiores que
assessoravam
Kardec se
manifestaram
assim: cometerá
crime sempre que
alguém tirar a
vida de uma
criança antes do
nascimento, pois
está impedindo
uma alma de
suportar as
provas de que
serviria de
instrumento o
corpo que estava
se formando
(L.E. item 358).
Propomos uma
reflexão que
pode levar-nos a
pensar que tal
crime não
existe. Para que
tal procedimento
configure um
crime,
precisamos estar
diante de um
embrião que
caracterize um
ser humano; para
tal, ele
necessita estar
ligado a um
elemento
espiritual. Sem
a ligação
espiritual não
temos uma vida
humana e sim uma
vida vegetativa.
O codificador do
Espiritismo fez
uma nítida
diferenciação
entre vida
vegetativa e
vida espiritual
(L.E. itens 25,
62 e 354). Sem a
presença do
Espírito ligado
ao embrião não
há crime, tal
qual não existe
crime ao
retirarmos
células do
corpo, para
estudo
histopatológico,
em uma biópsia
médica. Como
também não há
crime em
desprezarmos
células
sanguíneas
retiradas por
sangria de um
enfermo que
necessite dela.
Sabemos que um
embrião pode
existir,
desenvolver-se à
forma fetal e
até mesmo nascer
(embora não
sobreviva) sem
uma alma (L.E.
item 356). O que
levaria
Espíritos
desencarnados a
se ligarem a
embriões
produzidos
artificialmente
em laboratório,
sem uma
finalidade
reprodutiva, se
o que atrai o
Espírito à nova
encarnação é o
psiquismo
materno?
Tal princípio
foi bem
estabelecido
pelo benfeitor
André Luiz,
quando escreveu:
“os espíritos em
ligação sutil
com a mente
materna que lhes
oferta guarida
... entram em
simbiose com as
organizações
femininas a que
se agregam,
experimentando o
definhamento do
corpo
espiritual”
(Evolução em
Dois Mundos,
cap.XIX).
Não existe,
portanto,
nenhuma
justificativa
lógica para que
embriões
congelados em
laboratórios,
que jamais serão
utilizados,
sejam “moradas”
para seres
espirituais que
têm mais o que
fazer e com o
que se ocupar.
Alguns confrades
argumentarão o
seguinte: se
muitos desses
embriões
congelados se
desenvolvem
quando
introduzidos no
vaso uterino,
isso significa
que haveria
Espíritos
ligados
previamente a
eles, pois,
segundo a
codificação, a
ligação do
Espírito à
célula ovo se dá
no momento da
fecundação.
Tal idéia,
todavia,
configura uma
hipótese e não
uma teoria
definitiva, pois
Kardec e os
autores que
examinaram o
tema,
particularmente
André Luiz,
estudaram o
processo
encarnatório
apenas do ponto
de vista da
reprodução
natural, que se
desenrola no
aparelho genital
feminino. Em
nenhum momento,
e não poderiam
agir de forma
diferente, em
decorrência da
época em que os
livros foram
redigidos, eles
analisaram o
processo em uma
reprodução
artificial,
assistida por
técnicos em
laboratórios
especializados.
André Luiz
chegou a afirmar
que “não existe
uma técnica
invariável no
serviço
reencarnatório”
(Evolução em
Dois Mundos,
cap. XIX).
Não se pode
afastar a
hipótese de que,
no caso dos
embriões
congelados que
se desenvolvem
ao serem
introduzidos no
útero materno, a
ligação
espírito-fetal
se dê, quando da
fixação do
embrião na
cavidade
uterina.
A biologia
humana nos dá
vários exemplos
de processos que
se dão de forma
diferente,
quando mudamos
as condições do
meio ambiente.
Por exemplo,
quando as
células são
retiradas do
tecido ao qual
pertencem perdem
por completo a
sua forma,
assumindo a
forma amebóide.
Outros tantos
exemplos
poderiam ser
citados pelos
especialistas da
área.
Estudemos,
finalmente, uma
última
possibilidade,
que certo
embrião
destruído pela
retirada de uma
célula-tronco
tenha uma
entidade
espiritual, por
um motivo
qualquer,
vinculada a ele.
Ainda aqui é de
se perguntar:
existe maior
crueldade em
manter um
Espírito
indefinidamente
ligado a células
inúteis em um
laboratório ou
libertá-lo para
eficazes
reencarnações,
fazendo com que
suas poucas
células sejam
utilizadas em
prol de milhares
e milhares de
Espíritos
reencarnados em
luta com suas
próprias
dificuldades?
Alguns
companheiros
dirão: “é o seu
carma”! “Talvez
necessitem
passar por
isso!”
Aprendemos,
todavia, com o
sábio
Codificador, que
a Lei de Deus
nos oferece
formas diversas
de nos
libertarmos dos
desatinos do
passado.
Ficarmos
aprisionados às
células
disformes em
laboratórios de
reprodução
humana não nos
parece ser a
melhor delas.
Sejam úteis,
ensinam os bons
Espíritos, pois
“a perda de um
dedo mínimo,
quando se esteja
prestando um
serviço, apaga
mais faltas do
que o suplício
da carne
suportado
durante anos,
sem outro
objetivo senão o
bem de si mesmo
(L.E. item
1000)”.
Mesmo porque,
para sermos
coerentes com a
resposta que os
Espíritos deram
à Kardec, no
item 358 de O
Livro dos
Espíritos e que
citamos na
introdução do
artigo, nesta
situação
assinalada não
estaremos
“impedindo o
espírito de
passar pelas
provas de que o
corpo seria o
instrumento”,
porque esse
espírito não
iria concluir o
processo
reencarnatório
em tempo algum.
Apresentamos
simplesmente
algumas idéias.
O tema é
complexo e
muitas outras
observações
poderiam ser
feitas. O
assunto deve e
pode ser
debatido de
forma cristã e
fraterna,
levando-nos a
conclusões
futuras mais
satisfatórias.