MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Obreiros da Vida Eterna
(Parte 12)
André Luiz
Damos continuidade ao
estudo da obra
Obreiros da Vida Eterna,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e publicada em 1946 pela
editora da Federação
Espírita Brasileira, a
qual integra a série
iniciada com o livro
Nosso Lar.
Questões preliminares
A. Alguns beneficiados
da missão cumprida por
Dimas desejavam
visitá-lo e
testemunhar-lhe sua
gratidão, mas Jerônimo
vetou tal idéia. Por
quê?
R.: O Assistente
explicou que, se Dimas
estivesse plenamente
senhor das emoções, não
haveria nenhum problema.
Mas ele permanecia sob
agitações psíquicas
muito fortes. Sabia do
seu fim próximo, mas não
podia esquivar-se, de
súbito, às algemas
domésticas. Temia o
futuro dos seus,
conservava-se em total
descontrole dos nervos e
enlaçava-se nas emissões
de inquietude da esposa
e dos filhos. Por isso,
a manifestação de
carinho, merecida e
justa, deveria ficar
para o dia em que Dimas
se deslocasse da Casa
Transitória de Fabiano
para as regiões mais
altas. (Obreiros da
Vida Eterna, cap. 13,
pp. 203 a 209.)
B. Como Jerônimo
procedeu para a
liberação da alma de
Dimas e seu
desprendimento do corpo
físico?
R.: Primeiramente,
Jerônimo insensibilizou
inteiramente o vago,
para facilitar o
desligamento nas
vísceras. A seguir, com
passes longitudinais,
isolou todo o sistema
nervoso simpático,
neutralizando, mais
tarde, as fibras
inibidoras no cérebro.
Em seguida, começou a
operar sobre o plexo
solar, desatando laços
que localizavam forças
físicas. Com passes
concentrados sobre o
tórax, Jerônimo relaxou
os elos que mantinham a
coesão celular no centro
emotivo, operando sobre
determinado ponto do
coração, que passou a
funcionar como bomba
mecânica,
desreguladamente. Mais
tarde, após ligeiro
descanso, Jerônimo
voltou a intervir no
cérebro. Era a última
etapa do processo.
Concentrando todo o seu
potencial de energia na
fossa romboidal,
Jerônimo quebrou alguma
coisa que André não pôde
perceber com minúcias, e
brilhante chama
violeta-dourada
desligou-se da região
craniana. (Livro
citado, cap. 13, pp. 209
a 212.)
C. Segundo as
informações prestadas
por Fabriciano, para
quais médiuns os
mentores espirituais
estabelecem projetos
concretos de cooperação?
R.: A mediunidade é
título de serviço como
qualquer outro, mas há
pessoas que pugnam pela
obtenção de títulos, sem
estimar as obrigações
que lhes correspondem. É
por isso que não se
estabelecem conjuntos de
cooperação para todos os
médiuns, mas apenas para
aqueles que estejam
dispostos ao trabalho
ativo. (Livro citado,
cap. 14, pp. 213 a 215.)
Texto
para leitura
80. Preparativos
da desencarnação de
Dimas - O
decesso de Dimas fora
marcado para aquele dia.
Uma entidade amiga
perguntou a Jerônimo se
era possível reunir ali
alguns beneficiados da
missão cumprida pelo
moribundo, que lhe
desejavam testemunhar
carinhoso apreço, mas o
Assistente lhe fez ver a
inoportunidade da idéia.
Se Dimas estivesse
plenamente senhor das
emoções, não haveria
nenhum problema, disse
Jerônimo. Ele, contudo,
permanecia sob agitações
psíquicas muito fortes.
Sabia do seu fim
próximo, mas não podia
esquivar-se, de súbito,
às algemas domésticas.
Temia o futuro dos seus,
conservava-se em total
descontrole dos nervos e
enlaçava-se nas emissões
de inquietude da esposa
e dos filhos. Por isso,
a manifestação de
carinho, merecida e
justa, deveria ficar
para o dia em que Dimas
se deslocasse da Casa
Transitória de Fabiano
para as regiões mais
altas. O transe era
melindroso. A esposa do
médium, ao lado dele,
chorava muito, emitindo
forças de retenção que
prendiam o moribundo em
vasto emaranhado de fios
cinzentos, dando a
impressão de peixe
encarcerado em rede
caprichosa. A pobre
esposa seria o primeiro
empecilho a remover.
Seria improvisada
temporária melhora do
agonizante, a fim de
sossegar-lhe a mente
aflita. Somente assim
seria possível retirá-lo
sem maior impedimento. "As
correntes de força,
exteriorizadas por ela,
infundem vida aparente
aos centros de energia
vital, já em adiantado
processo de
desintegração",
esclareceu Jerônimo.
Luciana e Hipólito se
mantiveram ao lado da
esposa, modificando-lhe
as vibrações mentais.
André ajudava-os nesse
trabalho, e Jerônimo,
enquanto mantinha as
mãos coladas ao cérebro
de Dimas, aplicava-lhe
passes longitudinais,
propiciando-lhe a
renovação das forças
gerais e desfazendo os
fios magnéticos que se
entrecruzavam sobre o
corpo abatido. As
condições orgânicas do
enfermo eram péssimas. O
fígado, completamente
desorganizado, começava
a paralisar suas
funções. O estômago, o
pâncreas e o duodeno
apresentavam anomalias
estranhas. Os rins
pareciam praticamente
mortos. Sintomas de
gangrena pesavam em toda
a atmosfera orgânica. O
coração trabalhava com
dificuldade. Era preciso
fornecer-lhe melhoras
fictícias, para
tranqüilizar os parentes
aflitos, asseverou
Jerônimo. "A câmara
está repleta de
substâncias mentais
torturantes",
acrescentou. O
Assistente principiou,
então, a exercer
intensivamente sua
influência, ao passo que
Dimas, de raciocínio
obnubilado pela dor, não
percebia a presença das
entidades amigas. O coma
impedia-lhe percepções
claras. As proveitosas
faculdades mediúnicas
que ele possuía haviam
caído em temporário
eclipse. (Cap. 13, pp.
203 a 205)
81. A
desencarnação de Dimas
- Como já foi visto,
Dimas não divisava a
presença dos Espíritos
em seu quarto, mas era
extremamente sensível à
atuação magnética. Com a
ajuda de Jerônimo, ele
acalmou-se, respirou em
ritmo quase normal,
abriu os olhos fundos e
exclamou, reconfortado:
– "Graças a Deus!
Louvado seja Deus!"
A companheira de Dimas
denotava sinais de
angustioso cansaço e
lágrimas espessas
corriam-lhe dos olhos
congestionados. Dimas,
inspirado por Jerônimo,
pediu-lhe que
descansasse. Em vista
das melhoras obtidas,
houve expansão de júbilo
na casa. Radiante, o
médico asseverou que os
prognósticos
contrariavam disposições
anteriores. Dimas,
segundo ele notou,
acusava melhoras
surpreendentes e era
razoável, pois, que o
quarto fosse deixado em
silêncio para que
tivesse um sono
reparador. Além disso, o
clínico suspendeu os
anestésicos. Cedendo ao
pedido do marido e
influenciada por
Hipólito e Luciana, a
esposa recolheu-se ao
quarto. Todos, sem o
saberem, atendiam ao
desejo dos benfeitores
espirituais. Em breves
minutos, o
compartimento ficou
solitário,
facilitando-lhes o
serviço. Luciana e
Hipólito, após tecerem
uma rede fluídica de
defesa em torno do
leito, para que as
vibrações mentais
inferiores fossem
absorvidas, ficaram em
prece ao lado; André
mantinha a destra sobre
o plexo solar do
moribundo. Jerônimo
avisou então que seriam
iniciadas as operações
decisivas para o
desenlace, mas antes
daria ao enfermo a
oportunidade da oração
derradeira. Tocando-o,
demoradamente, na parte
posterior do cérebro, o
Assistente fez com que o
agonizante passasse a
emitir pensamentos
luminosos e belos. Dimas
nada via, nem ouvia, mas
tinha a intuição clara e
ativa. Sob o controle de
Jerônimo, sentiu
imperioso desejo de
orar, o que fez sem
palavras, apenas
mentalmente. Na oração,
dirigida a Jesus, ele
recordou os mais de doze
meses de sofrimento
carnal incessante e, a
certa altura, lembrou-se
dos anos de sua
meninice e de sua
querida mãe. Foi então
que, vislumbrando em sua
mente o vulto sublime de
Maria de Nazaré,
implorou-lhe permitisse
tivesse a seu lado a sua
querida mãe terrena no
minuto final, no
instante da partida...
(Cap. 13, pp. 206 a 209)
82. As três
regiões orgânicas
fundamentais - A
rogativa de Dimas teve
resultado imediato. O
coração do moribundo
convertera-se em foco
radioso, e a porta de
acesso deu entrada a
venerável anciã, coroada
de luz semelhante a neve
luminosa. Ela se
aproximou de Jerônimo e
informou, após saudar o
grupo: – "Sou a mãe
dele..." A venerável
senhora sentou-se no
leito, depondo a cabeça
do enfermo no regaço
acolhedor, enquanto a
afagava com suas mãos
cariciosas. Com esse
reforço valioso, Luciana
e Hipólito foram
liberados pelo
Assistente para velar
pelo sono da esposa, a
fim de que suas emissões
mentais não
prejudicassem o esforço
dos benfeitores. André
postou-se vigilante, com
as mãos coladas à
fronte do enfermo.
Jerônimo procedeu ao
serviço complexo e
silencioso de
magnetização.
Primeiramente,
insensibilizou
inteiramente o vago
(),
para facilitar o
desligamento nas
vísceras. A seguir, com
passes longitudinais,
isolou todo o sistema
nervoso simpático,
neutralizando, mais
tarde, as fibras
inibidoras no cérebro.
Explicou então que "há
três regiões orgânicas
fundamentais que
demandam extremo cuidado
nos serviços de
liberação da alma: o
centro vegetativo,
ligado ao ventre, como
sede das manifestações
fisiológicas; o centro
emocional, zona dos
sentimentos e desejos,
sediado no tórax, e o
centro mental, mais
importante por
excelência, situado no
cérebro". Em
seguida, começou a
operar sobre o plexo
solar, desatando laços
que localizavam forças
físicas. André notou
então, com espanto, que
certa porção de
substância leitosa
extravasava do umbigo,
pairando em torno.
Esticaram-se os membros
inferiores, com sintomas
de resfriamento. Dimas
gemeu em voz alta,
semi-inconsciente.
Amigos acorreram,
assustados. Sacos de
água quente foram-lhe
postos nos pés. Era
preciso agir rápido: com
passes concentrados
sobre o tórax, Jerônimo
relaxou os elos que
mantinham a coesão
celular no centro
emotivo, operando sobre
determinado ponto do
coração, que passou a
funcionar como bomba
mecânica,
desreguladamente. Nova
cota de substância
desprendia-se do corpo,
do epigástrio à
garganta, mas os
músculos trabalhavam
fortemente contra a
partida da alma,
opondo-se à libertação
das forças motrizes, em
esforço desesperado, o
que ocasionava
angustiosa aflição ao
paciente. O campo físico
oferecia resistência aos
Espíritos, insistindo
pela retenção do senhor
espiritual. (Cap. 13,
pp. 209 a 211)
83. Um cordão
prateado liga a alma ao
corpo - Dimas
entrou em coma, em boas
condições. Jerônimo,
após ligeiro descanso,
voltou a intervir no
cérebro. Era a última
etapa do processo.
Concentrando todo o seu
potencial de energia na
fossa romboidal,
Jerônimo quebrou alguma
coisa que André não pôde
perceber com minúcias, e
brilhante chama
violeta-dourada
desligou-se da região
craniana, absorvendo,
instantaneamente, a
vasta porção de
substância leitosa já
exteriorizada. Era
difícil fixá-la com
rigor. As forças eram
dotadas de movimento
plasticizante. "A
chama mencionada
transformou-se em
maravilhosa cabeça, em
tudo idêntica à do nosso
amigo em desencarnação,
constituindo-se, após
ela, todo o corpo
perispiritual de Dimas,
membro a membro, traço a
traço", informou
André Luiz. À medida,
porém, que o novo
organismo ressurgia, a
luz violeta-dourada,
fulgurante no cérebro,
empalidecia
gradualmente, até
desaparecer.
Dimas-desencarnado
elevou-se alguns palmos
acima de Dimas-cadáver,
apenas ligado ao corpo
através de leve cordão
prateado, semelhante a
sutil elástico, entre o
cérebro de matéria
densa, abandonado, e o
cérebro de matéria
rarefeita do organismo
liberto. A genitora
abandonou o corpo
grosseiro, rapidamente,
e recolheu a nova forma,
envolvendo-a em túnica
muito branca, que trazia
consigo. Aos olhos
terrenos, Dimas morrera,
inteiramente. Mas o
cordão fluídico
permaneceria até o dia
imediato, considerando
as necessidades do
falecido, ainda
imperfeitamente
preparado para desenlace
mais rápido. Ao saírem,
os benfeitores
espirituais deixaram
Dimas aos cuidados de
sua mãe. Ele partiria
para a Casa Transitória
de Fabiano apenas no dia
seguinte, quando seria
cortado o fio derradeiro
que o ligava aos
despojos. A partida
ocorreria após o enterro
dos envoltórios pesados,
a que ele ainda se unia
pelos últimos resíduos.
(Cap. 13, pp. 211 e 212)
84. Comissão
espiritual visita Dimas
- Devidamente autorizado
por Jerônimo, André
voltou sozinho, em plena
noite, à casa de Dimas,
onde se processava o
velório. A casa
enchera-se de amigos e
simpatizantes dos dois
planos. Não havia
serviços de defesa e o
trânsito era livre. Em
determinado
compartimento, ainda
ligado às vísceras
inertes pelo cordão
fluídico-prateado, Dimas
permanecia no regaço da
genitora, ao pé de dois
amigos que o assistiam,
cuidadosos. Um deles, de
nome Fabriciano,
acolheu André,
prestativo. Integrava a
comissão espiritual de
serviço que vinha
atendendo aos
necessitados, por
intermédio de Dimas, nos
últimos seis anos. O
médium fora sempre
assíduo em suas
obrigações, sempre leal
e bom companheiro,
informou Fabriciano. A
conversação girou então
em torno do serviço da
mediunidade na Terra.
Fabriciano asseverou
que a mediunidade é
título de serviço como
qualquer outro, mas há
pessoas que pugnam pela
obtenção de títulos, sem
estimar as obrigações
que lhes correspondem. "Gostariam,
por certo, do
intercâmbio com o nosso
plano – acentuou
Fabriciano – mas não
cogitam de finalidades e
responsabilidades".
É por isso – disse ele –
que não se estabelecem
conjuntos de cooperação
para todos os médiuns,
mas apenas para aqueles
que estejam dispostos ao
trabalho ativo. Existem
muitos aprendizes que
desejam o caminho bem
aplainado, exigindo a
convivência exclusiva
dos Espíritos
genuinamente bondosos,
contudo, à primeira
dificuldade, abandonam
os compromissos
assumidos. "A
aquisição da fortaleza
moral não prescinde das
provas arriscadas e
angustiosas",
completou Fabriciano.
Assim, para semelhantes
médiuns, é extremamente
difícil a formação de
equipes espirituais
eficientes, porquanto
não se sabe quando estão
dispostos a servir. "Se
recebem faculdades
intuitivas, pedem a
incorporação; se contam
com a vidência, querem a
possibilidade de
exteriorizar fluidos
vitais para os fenômenos
de materialização",
acrescentou o
companheiro espiritual.
(Cap. 14, pp. 213 a 215)
(Continua no próximo
número.)