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Jóias da poesia contemporânea
Ano 2 - N° 56 - 18 de Maio de 2008
 

Cego

Bastos Tigre

 

Sempre que nega o ateu que Deus exista,

Contra a blasfêmia se revolta o crente.

Mostra-lhe  a “obra” que requer o “Artista”,

Mundos e sóis onde o Criador se sente!

 

– Fita o mar! Para o céu estende a vista!

Olha em ti! Não descobres Deus presente?...

Mas o ateu nada vê: materialista,

Com a matéria se afaz e está contente.

 

Não me revolta o ateu. Se ele diz: – Nego!

Lamento-o como se lamenta a um cego

Que nem sabe para onde se conduz.

 

Nasceu sem vista: é justa essa descrença,

Não tem, acaso, o cego de nascença

Direito de negar que exista a luz?

 

 

Bastos Tigre nasceu em Recife, no ano de 1882. Este soneto, ele improvisou-o em homenagem a Frederico Figner e foi publicado na revista Reformador, em 1933.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita