LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Seguir a
luz para encontrar o
caminho
“Temos, porém, este
tesouro em vasos de
barro para que a
excelência do poder seja
de Deus e não de nós.”
(1)
Se
formos ao dicionário,
encontraremos a palavra
pedra como sinônimo de
dureza. Entretanto,
Jesus recorreu a ela,
muitas vezes, para
significar firmeza. Ele
próprio chamou Pedro,
Seu discípulo de “rocha
viva de fé”. Cada um de
nós admira essa firmeza
de fé, não importa de
onde venha. O que não
podemos é repousar sobre
a firmeza alheia,
esquecendo de construir
nossos próprios
alicerces.
Tudo na vida convida o
homem ao trabalho de seu
aperfeiçoamento e
iluminação.
Dizemos a todo instante
que acreditamos em Deus,
no Seu poder, na Sua
bondade e na Sua
justiça. Mas, também, a
todo instante, só temos
fé quando Ele cura
nossos males, alivia as
dores e as aflições, ou
quando estamos
relativamente felizes ou
em paz. No Deus que
permite que as tentações
nos rondem a existência;
que nos convida a lutar
contra elas, tendo por
suporte a firmeza de
nossa fé; que testa essa
firmeza quando nos envia
padecimentos como
experiências
imprescindíveis ao nosso
crescimento, nesse Deus
não temos fé.
Muitos possuem assim a
singular disposição em
matéria de fé: hoje
crêem, amanhã descrêem.
Ontem, se entregavam a
firmes manifestações de
fé; entretanto, porque
alguém não se curou de
algum mal, hoje perdeu a
confiança, e se entregou
ao longo caminho da
negação. Ontem,
iniciaram a prática do
bem com fé e vontade,
através do serviço e do
consolo aos que sofrem;
mas, alguém lhes tocou
com os espinhos da
ingratidão, e hoje,
abandonam o serviço e os
propósitos de fazer o
bem.
Não compreenderam – e
muitos de nós ainda não
compreendem – que o
exercício do amor não
pode cansar o coração.
Apesar de laboriosamente
conquistarmos ou
buscarmos conquistar os
talentos da fé, do
conhecimento superior, o
dom de consolar e a
capacidade de servir,
nada disso nos pertence.
O poder da fé, o
esclarecimento através
do conhecimento, a
capacidade de consolar e
servir na Seara do
Mestre são bênçãos de
Deus. É Dele o poder e
não nosso. Quando
compreendemos isso,
entendemos também que
nosso planeta não é
lugar só de alegrias.
Encontramos, ao
contrário, lágrimas e
penas amargas em todos
os cantos. Entendemos,
também, que os problemas
da alma não estão
circunscritos a dias ou
a semanas terrenas, e
nem podem viver
acondicionados a
deficiências físicas. Os
problemas da alma são
problemas de vida, de
renovação e de
eternidade. Se nos
cansarmos de ter fé, de
ter esperança, de
praticar o bem por causa
do mal que nos cerca,
seja em nós mesmos ou no
ambiente em que vivemos,
como conseguiremos
colher com nossas
próprias mãos os
benefícios que estão
reservados para nós no
futuro?
Até alcançarmos triunfo
pleno sobre nossos
desejos malsãos,
sofreremos na vida, seja
no corpo de carne ou
além dele, os flagelos
da tentação. Não é fácil
nos desligarmos das
forças que nos prendem
aos círculos menos
elevados da vida. Por
essa razão, a vida
continua semeando luz e
oportunidade para que
não nos faltem os frutos
da experiência. Se a
tentação nasce de nós
porque ainda estamos
imersos em nossos
impulsos instintivos não
dominados, o chamado à
educação e ao
aprimoramento vem de
Deus.
Devagar, o trabalho e a
dor, a enfermidade e o
término da vida terrena
nos fazem reconsiderar
os caminhos até agora
percorridos,
impulsionando nossas
mentes para a Esfera
Superior. Quando
compreendemos que as
aflições são um mal
necessário,
compreendemos, também,
que o remédio que nos
ajudará a suportá-lo é a
firmeza de nossa fé na
justiça divina e no Seu
infinito amor por todos
os Seus filhos.
Apesar de nossa origem
divina, mil obstáculos
nos separam da
Paternidade Celeste: o
orgulho nos cega; o
egoísmo nos tranca o
coração; a vaidade nos
ergue falsos tronos de
favoritismo indébito,
nos afastando da
realidade; a ambição
inferior nos lança em
abismos de fantasias
destruidoras; a revolta
forma tempestades sobre
nossas cabeças; a
ansiedade nos fere a
alma. E através desses
sentimentos conflitantes
e aflitivos, com os
quais julgamos pertencer
ao corpo físico, nos
esquecemos de que todo
patrimônio material que
nos circunda representa
empréstimos de forças e
possibilidades para
descobrirmos a nós
mesmos e nos
valorizarmos como filhos
do Pai Criador. “É o
conflito da luz e da
treva em nós mesmos”, e,
por essa razão, Emmanuel
nos orienta a “seguirmos
a luz para acertarmos o
caminho”.
“Todos os talentos que
conquistamos, toda a
capacidade de poder
servir e todo
fortalecimento das
virtudes, sentimentos
contrários às
imperfeições que são os
obstáculos a nos separar
da Vida Superior”, na
feliz definição do
Apóstolo Paulo,
“transportamos no vaso
de barro da nossa
profunda inferioridade,
a fim de que saibamos
reconhecer que todo
amor, toda santificação,
toda excelência e toda
beleza da vida não nos
pertence de modo algum,
mas sim à glória de
nosso Pai, a quem nos
cabe obedecer e servir,
hoje e sempre.” Pela Sua
infinita bondade,
empresta-nos,
oferece-nos todas as
oportunidades, para que
possamos crescer,
evoluir e progredir
espiritualmente em
direção ao Seu amor.
Tudo que precisamos
conquistar para nos
tornarmos criaturas
melhores está aí, às
nossas vistas. Por não
enxergarmos as
possibilidades
oferecidas, permanecemos
mergulhados na amargura,
na infelicidade e no
desânimo, colocando-nos
como vítimas e não como
agentes na manutenção
desse estado. Culpamos
os outros, à vida e a
Deus, por não nos darem
oportunidades de
melhoria. Quase sempre,
esperamos que a solução
venha do Alto, como
chuva de luzes,
resolvendo todos os
nossos problemas,
arrancando-nos dessa
apatia que sentimos
diante das dificuldades,
aliviando nossos
padecimentos, sem
precisarmos nos
levantar, arregaçar as
mangas e partir para o
trabalho.
Não temos fé na
Providência Divina? Às
vezes temos, mas é uma
fé vacilante. Fé daquele
que só crê porque
consegue ajuda
momentânea e
transitória. Quando
acaba o efeito da ajuda,
termina a fé. É difícil
compreender que se a
aflição é proporcional à
falta cometida, o
benefício, também, será
proporcional ao mérito
do nosso trabalho.
Deus não tem dois pesos
e duas medidas. A fé é
um estado de graça,
bênção divina, que
precisa ser fortalecida
a cada dia, e isso só
acontece quando
transformamos essa fé em
obras no bem, a começar
por nós mesmos.
Bibliografia:
(1) PAULO, II Coríntios,
4:7.
(2) EMMANUEL (Espírito)
– Palavras de Vida
Eterna.
[psicografado por] F. C.
Xavier – 20ª ed.,
Comunhão Espírita Cristã
Edições – UBERABA/MG –
1995 – lição 21.
(3) Vinha de Luz.
[psicografado por] F. C.
Xavier – 14 ed., RIO DE
JANEIRO/RJ – lição 40.
(4) KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo,
Capítulo XIX.