ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)
Finalidade da encarnação
Uma das questões
que mais têm
intrigado as
pessoas que
pensam é
exatamente a que
constitui o tema
de nossa
conversa de
hoje. De fato os
homens sempre
se perguntaram:
– O que estamos
fazendo aqui?
– Qual o
objetivo da
existência
humana?
– Até quando
teremos que
passar por esse
fatigante
processo?
As respostas têm
sido as mais
desencontradas.
Filósofos
ensaiaram
explicações. As
religiões nos
acenam com
outras. Os
materialistas
supõem que somos
um capricho da
Natureza,
agrupando
células, e em
torno delas
desenvolvendo a
vida.
Uns acham que
estamos aqui
para sofrer. Até
já se definiu o
planeta em que
vivemos como “um
vale de
lágrimas” onde a
felicidade é
impossível. Os
que assim pensam
só nos acenam
com o sofrimento
e o fracasso.
A gente percebe
que, embora
semelhantes,
somos
profundamente
diferentes. A
forma geral – o
desenho físico –
é a mesma para
todos, mas o
conteúdo é
profundamente
diferente.
Níveis de
percepção
diferentes,
gostos
diferentes,
habilidades
diferentes,
tendências,
reações,
comportamentos
diferentes.
Por que somos
assim? Será que
fomos feitos
assim? Deus fez
para cada um de
nós, uma forma
diferente? Ou a
Natureza (para
aqueles que não
crêem em Deus)
fez cada um de
nós,
diferentes um
do outro?
Por que uns são
tão mais
esclarecidos que
outros? Mais
sábios, mais
belos, mais
amados, mais
simpáticos, mais
habilidosos. Por
que há ídolos
que a
unanimidade
cultua? Por que
há títeres,
déspotas,
governantes tão
arrogantes? Por
que há Hitler e
Francisco de
Assis? Lucrécia
Bórgia e Joana
D`Arc?
A ciência nos
diz que o
Universo é
resultado de uma
lei a que todos
nós estamos
subordinados: a
lei da evolução.
Nossa meta é a
perfeição.
Perfeição
possível, a que
estão destinados
todos os seres
humanos. Um dia
todos nós
seremos
perfeitos.
Quando será esse
dia, ninguém
sabe. Só depende
de nós apressar
sua vinda ou
adiá-la no
tempo.
Ao que nos foi
dado saber, esse
trajeto e essa
caminhada devem
ser feitos
através da
matéria, da
carne, das
encarnações.
Precisamos
lembrar que, em
1865, surgiu uma
volumosa obra,
dita mediúnica,
que nos trouxe
uma estranha
idéia sobre
isso. Precisamos
relembrar para
que não reste
nenhuma dúvida
entre nós.
Inclusive porque
há vários
companheiros que
aceitam e
divulgam essa
idéia. Essa obra
contraria
frontalmente a
Doutrina dos
Espíritos ao
afirmar que a
evolução dos
Espíritos se
faria,
normalmente,
enquanto
Espíritos, sem a
necessidade de
passar pela
experiência da
carne. Jesus,
segundo essa
teoria, teria
alcançado sua
evolução em
linha reta, sem
nunca ter
precisado
encarnar-se e,
conseqüentemente,
reencarnar-se. E
mais: que o que
leva o Espírito
às agruras da
encarnação é a
sua queda pelo
pecado. A
encarnação,
nessa hipótese,
não seria uma
necessidade, mas
um castigo para
quem tivesse
cometido, como
Espírito, o
pecado do
orgulho, da
inveja ou do
ateísmo. Esses
três pecados, e
só esses,
levariam ao
castigo da
encarnação.
Depois, sim,
pelos erros
cometidos na
carne, viria a
exigência das
reencarnações.
Esse pensamento
não foi acolhido
por Kardec, para
quem, conforme
afirmaram os
Espíritos que o
ajudaram na
consolidação da
doutrina, a
encarnação não é
um castigo e sim
uma necessidade
da evolução.
Algumas pessoas
costumam
indagar: Não
nos poderia Deus
ter feito
perfeitos já de
uma vez,
poupando-nos das
encarnações?
Teria evitado
essa série de
dificuldades por
que temos de
passar quando
mergulhamos na
matéria...
Essas amolações
todas que
envolvem nossa
passagem por
aqui...
É claro que Deus
poderia ter-nos
feito perfeitos.
Ele pode tudo.
Mas por que não
fez? Só
perguntando a
Ele ou esperar
que o tempo,
talvez, nos
permita
entender.
Kardec foi
direto à
questão: –
Afinal, qual é o
objetivo da
encarnação?
(Questão 132, de
O Livro dos
Espíritos.)
– Os objetivos
são dois –
responderam os
Espíritos: (a)
encaminhar o
Espírito na
jornada da
evolução e (b)
colocá-lo em
condições de
realizar a parte
que lhe cabe na
obra da criação.
Ou seja: ao
mesmo tempo em
que Deus nos põe
na Terra em
contato com a
matéria para,
através dela,
atingirmos a
perfeição a que
estamos
destinados, fez
de nós
co-autores de
sua obra. O
planeta que Deus
nos entregou
para nele
vivermos nossa
experiência na
carne não estava
pronto, acabado.
Como ainda não
está. Essas
subversões que
periodicamente
nos visitam são
necessárias à
acomodação das
coisas e ao
equilíbrio das
forças que o
governam.
Nossa
participação no
processo de
aperfeiçoamento
da Terra é
fundamental.
Hoje a Terra é
um jardim, muito
diferente
daquela bola de
fogo que nos foi
entregue para as
nossas primeiras
experiências. Os
pântanos, os
desertos, os
lugares
insalubres e
sombrios, ao
pouco, pela ação
do trabalho
humano, foram se
transformando e
a Terra hoje é
um planeta
saudável, belo,
harmonioso,
quase pronto. Há
ainda coisas a
fazer; desertos
a reflorestar,
áreas a colorir.
Mas o grande
modelo está
quase completo.
É fácil perceber
a nossa
participação na
obra do
Criador. Deus
deu-nos a pedra
e nós a
transformamos em
máquina. Deu-nos
o trigo e nós
fizemos a
farinha e o pão.
Escondeu o
petróleo e nós
fomos buscá-lo
no fundo do poço
para
construirmos as
coisas de que
nós precisamos.
Deu-nos a cana e
fizemos o
açúcar. Mas como
somos travessos,
da cana também
fizemos o álcool
e a cachaça.
Deu-nos a uva e
nós fizemos o
vinho. Deu-nos a
árvore e nós
criamos o papel,
a roupa, o
caderno e os
livros que
guardam o que
aprendemos para
repassá-los aos
que vierem
depois. Da
árvore também
fizemos o
abrigo. Deu-nos
a alegria e nós
construímos os
sonhos.
São dois, pois,
os objetivos
principais da
encarnação:
acelerar o nosso
crescimento e
trabalhar no
aperfeiçoamento
da grande obra
de Deus. Há,
porém, outros
objetivos a
alcançar.
Objetivos
paralelos.
Importantíssimos,
como tudo que
nos vem da parte
do Senhor:
Passarmos pelas
provas que
escolhemos para
vencer fraquezas
que ainda nos
dominam
(provação);
Corrigirmos,
pela cirurgia da
dor, as lesões
que causamos em
nós mesmos, por
indisciplina,
por imprudência
ou por teimosia
(expiação);
Enriquecermo-nos
com os dons que
a traça não rói,
o ladrão não
rouba e a
ferrugem não
consome, única
riqueza que nos
acompanha para
onde formos,
porque essa,
sim, é
patrimônio que
se incorpora,
definitivamente,
à nossa alma;
Substituirmos
pelo afeto de
hoje a mágoa
que, por
descuido,
implantamos,
ontem, no
coração das
pessoas a quem
ferimos ou
humilhamos
(reparação).