Encontro em São Paulo
discute a situação do
livro espírita
Com a realização de
um seminário sobre o
Livro Espírita,
realizado em 25 de
maio último, em sua
sede, na Rua Dr.
Gabriel Piza, 433,
Santana, a USE São
Paulo reuniu cerca
de 50 pessoas para
dar início a um
debate que envolve a
qualidade das obras
espíritas que estão
sendo lançadas no
mercado, a
necessidade de
análise antes de
disponibilizá-las
aos freqüentadores
da Casa Espírita, a
importância do
estudo contínuo das
obras de Allan
Kardec e, ainda,
lançou um olhar
crítico sobre a
literatura espírita
infantil e o papel
das instituições
espíritas na
formação de novos
leitores.
Foram debatedores
Jéferson Betarello,
escritor e
ex-diretor do
Departamento do
Livro na USE SP, e
Martha Rios
Guimarães,
jornalista e
diretora de Infância
na USE SP.
A primeira parte do
evento foi destinada
a reflexões sobre a
Literatura Espírita
Infantil, assunto
explanado pela
jornalista e
educadora Martha
Rios Guimarães , que deu
início à sua
exposição citando os
principais
obstáculos à
formação de novos
leitores: alto preço
dos livros, o baixo
nível
de ensino no país
resultando, segundo
o IBGE,
em apenas
25% de |
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Aspecto parcial
do público |
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Martha Rios (ao
centro, no
microfone) foi
um dos
debatedores do
encontro |
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Crianças que
participam do
Projeto Sopa
de Letrinhas,
que incentiva a
leitura |
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pessoas entre 15 e
62 anos com total
domínio da leitura e
a falta de estímulo
à formação de novos
leitores.
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Dicas para estimular a
leitura
“
São os adultos os
principais responsáveis
pelo contato da criança
com o livro, porém, se
eles próprios não são
exemplo de leitura, como
exigir que os pequenos
leiam?”, questionou
Martha, lembrando que
cabe aos adultos tornar
a leitura um ato de
prazer para, assim,
despertar interesse e
formar novos leitores.
Nesse módulo, a
expositora também
demonstrou os benefícios
proporcionados pela
leitura, afirmou que há
uma grande carência de
livros espíritas
infantis de boa
qualidade e,
finalizando, deu dicas
para estimular a leitura
e avaliar as obras,
adequando-as às faixas
etárias dos leitores
mirins. Entre as idéias
que existem com esse
propósito, mencionou o
Projeto “Sopa de
Letrinhas”, que ela
mesma mantém no Centro
Espírita Gabriel
Ferreira, no qual as
crianças mais assíduas
na leitura leram,
juntas, 375 obras (foto).
Jéferson Betarello,
escritor e grande
estudioso das obras
espíritas, comandou o
segundo bloco do evento
destacando a riqueza de
informações disponíveis
na coleção da Revista
Espírita, editada por
Allan Kardec entre 1858
e 1869. “A coleção da
Revista Espírita é, na
verdade, obra básica de
estudo do Espiritismo e
não obra complementar”,
defendeu Betarello,
frisando que em suas
páginas encontramos a
história da Doutrina que
estava nascendo.
Carência de bons
romances espíritas
Ao falar da importante
publicação, o expositor
proporcionou uma viagem
pelos pensamentos do
Codificador sobre o
movimento espírita e
sobre o próprio
Espiritismo,
explicitando que apenas
com o estudo das obras
kardequianas teremos
condições de avaliar os
livros espíritas
disponíveis no mercado.
No final, Jéferson
defendeu a reedição da
obra kardequiana, com
atualização de
vocabulário e notas de
rodapé que facilitem o
entendimento dos
leitores, e lembrou que
há carência de bons
romances espíritas –
gênero muito procurado
pelos que se iniciam na
Doutrina e, também,
pelos não-espíritas.
Além da qualidade de
informações e dos
debates proporcionados,
o seminário deixou
evidente que as
lideranças espíritas
necessitam manter as
discussões sobre a
qualidade do Livro
Espírita e que as
instituições necessitam
se responsabilizar pela
divulgação da boa obra
doutrinária,
disponibilizando títulos
que estejam de acordo
com a base doutrinária e
não vendo o livro apenas
como fonte de renda,
mas, acima de tudo, como
um dos mais importantes
canais de divulgação da
Doutrina Espírita.