O passe e o
passista
A aplicação de
passes
magnéticos, na
cura de afecções
nervosas, tem
sido largamente
utilizada desde
a origem dos
tempos.
Nasceu com o
homem.
Talvez seja
dessas intuições
essenciais que a
gente traz da
vida espiritual
para nos ajudar
na travessia da
experiência
carnal como
homens,
Espíritos
encarnados.
Porque é
instintivo isso.
Desde que
nascemos, sem
que ninguém nos
tenha ensinado,
quando sentimos
qualquer ponto
dolorido de
nosso corpo,
colocamos a mão
sobre a parte
que dói e temos
certa sensação
de alívio.
Quando batemos
com a mão ou o
dedo em algum
lugar que nos
cause dor,
imediatamente
começamos a
soprar porque,
também, o sopro
nos traz uma
sensação de
alívio quase
imediato.
Quantas vezes
utilizamos esse
processo no
atendimento aos
nossos filhos ao
caírem ou
baterem com a
cabeça em algum
lugar. A gente
sopra e a
criança logo se
acalma.
De onde vem
isso? Quem nos
ensinou? Que
fluido
anestesiante
existe no sopro?
Hoje conhecemos
o efeito
positivo, no
tratamento de
certas
dificuldades
motoras, do
hálito dos
eqüinos. O
passeio a cavalo
é ótima terapia
para portadores
de síndrome de
down.
Muitos hospitais
do mundo inteiro
já aceitam de
bom grado a
prática da
oração como
complemento ao
tratamento
hospitalar.
Tem-se
verificado
estatisticamente
o benefício que
a oração traz na
cura de várias
moléstias.
O passe, através
da imposição das
mãos, era
largamente
utilizado por
Jesus e pelos
seus discípulos.
Como já
acontecia desde
tempos
imemoriais na
China, no Egito,
na Índia.
Modernamente,
entretanto, seu
surgimento,
forçando as
portas do
ceticismo,
deveu-se a um
médico
austríaco, Franz
Anton Mesmer, ao
publicar em
1775, em Viena,
seus “Estudos
sobre a Cura
Magnética”.
Mesmer, formado
em Filosofia,
Teologia e
Medicina,
afirmava ter
descoberto o
magnetismo
animal,
estabelecendo,
inicialmente,
uma relação
entre este e os
influxos dos
planetas,
tentando reunir
em suas teorias
os estudos sobre
a força da
gravidade que
Newton
descobrira, para
explicar a queda
dos corpos, a
atração dos
planetas e o
vaivém das
marés.
Aproveitando as
descobertas de
Benjamim
Francklin sobre
os pólos
positivos e
negativos que
justificavam a
transmissão do
fluido elétrico
de um corpo para
o outro, Mesmer
sugeria que o
magnetismo
animal era
também um fluido
que podia ser
transmitido de
uma pessoa para
outra pessoa.
Vivíamos a era
dos fluidos.
Pensava-se que a
eletricidade
fosse um fluido
que transitava
de um ponto para
outro. O calor
era considerado,
também, um
fluido que se
transferia de um
corpo para outro
corpo.
Acreditava-se
que o universo
estava
mergulhado num
fluido universal
que se
infiltrava em
todas as coisas.
Ainda se
acredita nisso,
hoje, embora sob
nova
conceituação.
Mesmer verificou
certa feita, num
caso de
hemorragia, de
que ele estava
tratando, que o
sangue estancava
quando ele se
aproximava do
doente, e
voltava a fluir
quando do doente
se afastava.
Concluiu que tal
fato se dava em
virtude de
alguma energia
que saía dele
para o doente de
que cuidava.
Já havia lido
sobre o caso da
hemorroíssa que,
ao se aproximar
de Jesus, dele
absorvera uma
virtude que a
curara do fluxo
hemorrágico que
a fazia sofrer
havia já doze
anos. Jesus
sentira sair
dele tal fluido
e quis até saber
quem fora o
responsável por
aquilo. Ao que
Pedro estranhou,
já que muitas
tinham sido as
pessoas que
haviam esbarrado
neles, no meio
da multidão.
Começou a tratar
diversos casos
de doenças
nervosas por
processos
magnéticos,
curando muita
gente, o que
causou furor na
França do século
XVIII. Disso
resultou uma
nova
especialidade
médica: o
tratamento pelo
magnetismo, com
a introdução
nos tratamentos
dos chamados
passes
magnéticos.
Era uma nova
terapia que
surgia.
Kardec chegou a
utilizar o
magnetismo antes
de se dedicar ao
estudo dos
fenômenos
mediúnicos que
eclodiam em todo
o mundo. Talvez
tenha nascido
disso a idéia de
que teria sido
médico, o que
não é verdade.
A chegada do
Espiritismo com
novas
informações
sobre a
existência e
diversidade de
fluidos
estabeleceu uma
certa ligação
das técnicas
adotadas pelo
magnetismo com a
prática do
Espiritismo nos
tratamentos das
obsessões.
No último livro
da codificação –
A Gênese
–, há
interessante
estudo sobre os
fluidos e os
efeitos de sua
aplicação.
O codificador,
ao final de seu
comentário ao
texto da questão
número 70, que
trata do fluido
vital, afirma: “A
quantidade de
fluido vital se
esgota. Pode
tornar-se
insuficiente
para a
conservação da
vida, se não for
renovada pela
absorção e
assimilação das
substâncias que
o contêm. O
fluido vital se
transmite de um
indivíduo a
outro. Aquele
que o tiver em
maior porção
pode dá-lo a um
que o tenha de
menos e em
certos casos
prolongar a vida
prestes a
extinguir-se”.
Os
magnetizadores
desenvolveram
técnicas na arte
que procuravam
praticar. E
utilizavam
dessas técnicas
levando em
consideração a
diversidade das
moléstias. Para
isso adotaram
vários tipos de
passes, os
chamados passes
técnicos.
A Doutrina
Espírita não se
preocupou com
isso. Não era
matéria
doutrinária.
Como não é.
Dessa forma, os
primeiros
espíritas
aplicavam
técnicas
aprendidas fora
da Doutrina, com
os
magnetizadores
profissionais.
Como os
magnetizadores
utilizavam o
toque (para o
estabelecimento
da chamada
relação
magnética), e
gestos
espalhafatosos,
os antigos
espíritas os
copiaram.
Depois, a
conveniência
sugeriu que
abandonássemos
aqueles
processos,
desnecessários e
às vezes
comprometedores,
e adotássemos
processos mais
simples, porque
mais acordes com
os princípios da
Doutrina. Ou
seja: abandonar
o misticismo
desnecessário e
a encenação
descabida.
Não são os
gestos que fazem
a transferência
dos fluidos, mas
a mente, a
vontade, o
desejo de
ajudar.
Herculano Pires
foi um defensor
ardoroso da
simplicidade na
aplicação do
passe. Dizia ele
que, no passe,
nada é tão
simples quanto
aplicá-lo. E
recomendava que
fizéssemos como
fizeram Jesus e
seus discípulos:
pela simples
imposição
das mãos.
Vontade firme de
servir e crença
na eficácia do
que se está
fazendo.
Movimentar com a
mente o fluido
que lhe sobra
para completar o
que está
faltando no
companheiro que
se quer ajudar.
André Luiz, em
Os
Missionários da
Luz, dá-nos
algumas
indicações. Diz
ele:
“O passista
necessita: (a)
ter grande
domínio
sobre si mesmo;
(b)
espontâneo
equilíbrio de
sentimentos;
(c)
acendrado
amor aos
semelhantes; (d)
alta
compreensão da
vida; (e)
fé vigorosa
e (f)
profunda
confiança no
Poder Divino.
Mas..., na
esfera carnal, a
boa vontade
sincera, em
muitos casos,
pode suprir essa
ou aquela
deficiência”.
E acrescenta:
“Um bom
passista
precisa, antes
de tudo,
equilibrar o
campo das
emoções. Não
é possível
fornecer forças
construtivas a
alguém, se
fazemos
sistemático
desperdício das
irradiações
vitais. A
mágoa excessiva,
a paixão
desvairada, a
inquietude
obsidente
constituem
barreiras que
impedem a
passagem das
energias
auxiliadoras.
É preciso também
examinar as
necessidades
fisiológicas. O
excesso de
alimentação
produz odores
fétidos, através
dos poros, bem
como das saídas
dos pulmões e do
estômago,
prejudicando as
faculdades
radiantes,
porquanto
provoca dejeções
anormais e
desarmonias de
vulto no
aparelho
gastrintestinal,
interessando a
intimidade das
células. Por
fim, deve
evitar-se o
álcool e outras
substâncias
tóxicas que
operam
distúrbios nos
centros
nervosos,
modificando
certas funções
psíquicas e
anulando os
melhores
esforços na
transmissão de
elementos
regeneradores
e salutares.
MAS... e se isso
não for
possível? Em
todo lugar onde
haja merecimento
nos que sofrem e
boa vontade nos
que auxiliam,
podemos
ministrar o
benefício
espiritual com
relativa
eficiência”.
E conclui: “Se a
prática do bem
estivesse
circunscrita aos
Espíritos
completamente
bons, seria
impossível a
redenção
humana”.