WEB

BUSCA NO SITE

Página Inicial
Capa desta edição
Edições Anteriores
Quem somos
Estudos Espíritas
Biblioteca Virtual
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français  
Jornal O Imortal
Vocabulário Espírita
Biografias
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English Livres Spirites en Français Spiritisma Libroj en Esperanto 
Mensagens de Voz
Filmes Espiritualistas
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Efemérides
Esperanto sem mestre
Links
Fale Conosco
Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 59 - 8 de Junho de 2008

ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)

 O passe e o passista

 
A aplicação de passes magnéticos, na cura de afecções nervosas, tem sido largamente utilizada desde a origem dos tempos.

Nasceu com o homem.

Talvez seja dessas intuições essenciais que a gente traz da vida espiritual para nos ajudar na travessia da experiência carnal como homens, Espíritos encarnados.

Porque é instintivo isso.

Desde que nascemos, sem que ninguém nos tenha ensinado, quando sentimos qualquer ponto dolorido de nosso corpo, colocamos a mão sobre a parte que dói e temos certa sensação de alívio.

Quando batemos com a mão ou o dedo em algum lugar que nos cause dor, imediatamente começamos a soprar porque, também, o sopro nos traz uma sensação de alívio quase imediato. Quantas vezes utilizamos esse processo no atendimento aos nossos filhos ao caírem ou baterem com a cabeça em algum lugar. A gente sopra e a criança logo se  acalma.

De onde vem isso? Quem nos ensinou?  Que fluido anestesiante existe no sopro?

Hoje conhecemos o efeito positivo, no tratamento de certas dificuldades motoras, do hálito dos eqüinos. O passeio a cavalo é ótima terapia para portadores de síndrome de down.

Muitos hospitais do mundo inteiro já aceitam de bom grado a prática da oração como complemento ao tratamento hospitalar. Tem-se verificado estatisticamente o benefício que a oração traz na cura de várias moléstias.

O passe, através da imposição das mãos, era largamente utilizado por Jesus e pelos seus discípulos. Como já acontecia desde tempos imemoriais na China, no Egito, na Índia.

Modernamente, entretanto, seu surgimento, forçando as portas do ceticismo, deveu-se a um médico austríaco, Franz Anton Mesmer, ao publicar em 1775, em Viena, seus “Estudos sobre a Cura Magnética”.

Mesmer, formado em Filosofia, Teologia e Medicina, afirmava ter descoberto o magnetismo animal, estabelecendo, inicialmente, uma relação entre este e os influxos dos planetas, tentando reunir em suas teorias os estudos sobre a força da gravidade que Newton descobrira, para explicar a queda dos corpos, a atração dos planetas e o vaivém das marés.

Aproveitando as descobertas de Benjamim Francklin sobre os pólos positivos e negativos que justificavam a transmissão do fluido elétrico de um corpo para o outro, Mesmer sugeria que o magnetismo animal era também um fluido que podia ser transmitido de uma pessoa para outra pessoa.

Vivíamos a era dos fluidos.

Pensava-se que a eletricidade fosse um fluido que transitava de um ponto para outro. O calor era considerado, também, um fluido que se transferia de um corpo para outro corpo. Acreditava-se que o universo estava mergulhado num fluido universal que se infiltrava em todas as coisas. Ainda se acredita nisso, hoje, embora sob nova conceituação.

Mesmer verificou certa feita, num caso de hemorragia, de que ele estava tratando, que o sangue estancava quando ele se aproximava do doente, e voltava a fluir quando do doente se afastava. Concluiu que tal fato se dava em virtude de alguma energia que saía dele para o doente de que cuidava.  

Já havia lido sobre o caso da hemorroíssa que, ao se aproximar de Jesus, dele absorvera uma virtude que a curara do fluxo hemorrágico que a fazia sofrer havia já doze anos. Jesus sentira sair dele tal fluido e quis até saber quem fora o responsável por aquilo. Ao que Pedro estranhou, já que muitas tinham sido as pessoas que haviam esbarrado neles, no meio da multidão.     

Começou a tratar diversos casos de doenças nervosas por processos magnéticos, curando muita gente, o que causou furor na França do século XVIII. Disso resultou uma nova especialidade médica: o tratamento pelo magnetismo, com a  introdução nos tratamentos dos chamados passes magnéticos.  

Era uma nova terapia que surgia.

Kardec chegou a utilizar o magnetismo antes de se dedicar ao estudo dos fenômenos mediúnicos que eclodiam em todo o mundo. Talvez tenha nascido disso a idéia de que teria sido médico, o que não é verdade.

A chegada do Espiritismo com novas informações sobre a existência e diversidade de fluidos estabeleceu uma certa ligação das técnicas adotadas pelo magnetismo com a prática do Espiritismo nos tratamentos das obsessões.

No último livro da codificação – A Gênese –, há interessante estudo sobre os fluidos e os efeitos de sua aplicação.

O codificador, ao final de seu comentário ao texto da questão número 70, que trata do fluido vital, afirma: “A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se”.

Os magnetizadores desenvolveram técnicas na arte que procuravam praticar. E utilizavam dessas técnicas levando em consideração a diversidade das moléstias.  Para isso adotaram vários tipos de passes, os chamados passes técnicos.

A Doutrina Espírita não se preocupou com isso. Não era matéria doutrinária.  Como não é. Dessa forma, os primeiros espíritas aplicavam técnicas aprendidas fora da Doutrina, com os magnetizadores profissionais. Como os magnetizadores utilizavam o toque (para o estabelecimento da chamada relação magnética), e gestos espalhafatosos, os antigos espíritas os copiaram. Depois, a conveniência sugeriu que abandonássemos aqueles processos, desnecessários e às vezes comprometedores, e adotássemos processos mais simples, porque mais acordes com os princípios da Doutrina. Ou seja: abandonar o misticismo desnecessário e a encenação descabida.

Não são os gestos que fazem a transferência dos fluidos, mas a mente, a vontade, o desejo de ajudar.

Herculano Pires foi um defensor ardoroso da simplicidade na aplicação do passe. Dizia ele que, no passe, nada é tão simples quanto aplicá-lo. E recomendava que fizéssemos como fizeram Jesus e seus discípulos: pela simples imposição das mãos. Vontade firme de servir e crença na eficácia do que se está fazendo. Movimentar com a mente o fluido que lhe sobra para completar o que está faltando no companheiro que se quer ajudar.

André Luiz, em Os Missionários da Luz, dá-nos algumas indicações. Diz ele:

O passista necessita: (a) ter grande domínio sobre si mesmo; (b) espontâneo equilíbrio de sentimentos; (c) acendrado amor aos semelhantes; (d) alta compreensão da vida; (e) fé vigorosa e (f) profunda confiança no Poder Divino. Mas..., na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência

E acrescenta: 

Um bom passista precisa, antes de tudo, equilibrar o campo das emoções. Não é possível fornecer forças construtivas a alguém, se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a inquietude obsidente constituem barreiras que impedem a passagem das energias auxiliadoras. É preciso também examinar as necessidades fisiológicas. O excesso de alimentação produz odores fétidos, através dos poros, bem como das saídas dos pulmões e do estômago, prejudicando as faculdades radiantes, porquanto provoca dejeções anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrintestinal, interessando a intimidade das células. Por fim, deve evitar-se o álcool e outras substâncias tóxicas que operam distúrbios nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando os melhores esforços na transmissão de elementos regeneradores e salutares. MAS... e se isso não for possível? Em todo lugar onde haja merecimento nos que sofrem e boa vontade nos que auxiliam, podemos ministrar o benefício espiritual com relativa eficiência”. E conclui: “Se a prática do bem estivesse circunscrita aos Espíritos completamente bons, seria impossível a redenção humana”.
 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita