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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 59 - 8 de Junho de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Obreiros da Vida Eterna

(Parte 15)

André Luiz

Damos continuidade ao estudo da obra Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1946 pela editora da Federação Espírita Brasileira, a qual integra a série iniciada com o livro Nosso Lar.  

Questões preliminares

A. Por que a situação de Fábio, comparada à de Dimas, era espiritualmente mais equilibrada?

R.: Enquanto Dimas ali estava em porfiada luta consigo mesmo, para restaurar seu próprio equilíbrio, diferente era a situação de Fábio. Sua casinha singela encantava. Ali havia paz e silêncio, harmo­nia e bem-estar. À apreciação espiritual, parecia delicioso oásis em meio de vasto deserto. Fábio arregimentara todas as medidas relacionadas com a próxima libertação, submetendo-se, dócil, aos desígnios superiores. Tivera existência modesta; limitara o vôo das ambições mais nobres, no culto da espiritualidade redentora; esforçara-se suficientemente pela tran­qüilidade familiar; fora acicatado por dificuldades sem conta, no transcurso da experiência que terminava; deixava a esposa e dois fi­lhos amparados na fé viva, e, embora não lhes legasse facilidades eco­nômicas, afastava-se do corpo físico, jubiloso e confortado, com a glória de haver aproveitado todos os recursos que a esfera superior lhe havia concedido. Além de haver-se afeiçoado profundamente ao Evan­gelho do Cristo, vivendo-lhe os princípios renovadores, com todas as possibilidades ao seu alcance, Fábio conseguira iluminar a mente da companheira e construir bases sólidas no espírito dos filhinhos, orientando-os para o futuro. E, ademais, Fábio estava desencarnando na ocasião prevista, visto que  aproveitara todos os recursos que lhe fo­ram conferidos, malgrado o corpo franzino e doente desde a infância. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 16, pp. 242 a 246.)

B. Que medida socorrista se verificou no banho que precedeu o falecimento de Fábio?

R.: Primeiro foram-lhe aplicados passes longitudinais. Em seguida, quando Fábio se preparava para o banho, Jerônimo e Aristeu ministraram à água pura certos agentes de absorção e ampararam a dedi­cada esposa que, por sua vez, auxiliava Fábio a banhar-se. "Notei, admirado, que a operação se fizera acompanhar de salutaríssimos efei­tos – registrou André Luiz –, surpreendendo-me, mais uma vez, ante a capacidade absorvente da água comum. A matéria fluídica prejudicial fora integralmente retirada das glândulas sudoríparas". (Obra citada, cap. 16, pp. 246 a 251.)

C. Como foi o despertamento de Fábio na vida espiritual?

R.: Fábio recobrou as forças de modo notavelmente rápido. Os longos e difíceis exercícios de espiritualidade superior, levados a efeito por ele na Crosta, frutificavam agora, em bênçãos de serenidade e compreensão. E, por isso, experimentava tranqüilidade. Embora não fosse um gênio das alturas, era servo distinto, em posição invejável pelos débitos pagos e pela venturosa possibilidade de prosseguir a caminho de altos e gloriosos cumes do conhecimento. (Obra citada, cap. 16 e 17, pp. 251 a 259.)

Texto para leitura

97. Fábio era um completista - O caso Dimas era esclarecedor. O dedi­cado médium, apesar de cercado da mais honrosa consideração por parte das autoridades espirituais, ali estava em porfiada luta consigo mesmo, para restaurar seu próprio equilíbrio. Viu-se então, mais uma vez, que o amor pode improvisar infinitos recursos de assistência e carinho, mas que a lei divina é sempre a mesma para todos. Cada homem se elevará ao céu ou descerá aos infernos transitórios, em obediência às disposições mentais em que se prende. Diferente era a situação de Fábio. Sua casinha singela encantava. Ali havia paz e silêncio, harmo­nia e bem-estar. À apreciação espiritual, parecia delicioso oásis em meio de vasto deserto. Três amigos espirituais recepcionaram Jerônimo e André. Um deles, Aristeu Fraga, velho conhecido do Assistente, apre­sentou-lhes o irmão Silveira, que fora pai de Fábio na Terra e dese­java colaborar em favor do filho querido. Silveira estava satisfeito, porque Fábio arregimentara todas as medidas relacionadas com a próxima libertação, submetendo-se, dócil, aos desígnios superiores. Tivera existência modesta; limitara o vôo das ambições mais nobres, no culto da espiritualidade redentora; esforçara-se suficientemente pela tran­qüilidade familiar; fora acicatado por dificuldades sem conta, no transcurso da experiência que terminava; deixava a esposa e dois fi­lhos amparados na fé viva, e, embora não lhes legasse facilidades eco­nômicas, afastava-se do corpo físico, jubiloso e confortado, com a glória de haver aproveitado todos os recursos que a esfera superior lhe havia concedido. Além de haver-se afeiçoado profundamente ao Evan­gelho do Cristo, vivendo-lhe os princípios renovadores, com todas as possibilidades ao seu alcance, Fábio conseguira iluminar a mente da companheira e construir bases sólidas no espírito dos filhinhos, orientando-os para o futuro. E, ademais, Fábio estava desencarnando na ocasião prevista, visto que  aproveitara todos os recursos que lhe fo­ram conferidos, malgrado o corpo franzino e doente desde a infância. André então considerou: "É lamentável tenha renascido em semelhante organismo quem sabe servir com tanto valor à causa do bem..." O geni­tor de Fábio disse que também pensara assim, quando encarnado, mas es­clareceu que a condição do filho tinha a sua razão de ser, à vista dos princípios que regem a vida do homem na Terra. (Cap. 16, pp. 242 a 244)

98. O caso Fábio - O pai de Fábio contou então que, na existência que ora findava, o filho foi atacado de pneumonia dupla, que quase o arre­batou de seu convívio. Contava então apenas doze anos. Médico amigo chamou-lhe a atenção para a debilidade do rapazinho, mas eles eram de­masiadamente pobres para tentar tratamentos caros em estâncias de re­pouso. Antes dos quatorze anos, terminado o curso primário, conduziu-o ao serviço, pela exigência imperiosa do ganha-pão. Sabia que Fábio de­sejava continuar estudando, para o aprimoramento das faculdades inte­lectuais, em face dos seus pendores para o desenho e a literatura, e não poucas vezes o vira namorando o educandário vizinho de casa, ra­lado de inveja ao reparar os colegiais em bandos festivos. As condições de vida da família, no entanto, reclamavam esforço ingente, e Fábio, atirado à luta desde muito cedo, não encontrou ensejo para as construções artísticas que idealizava. Trabalhando numa oficina mecâ­nica, em ambiente pesado demais para a sua constituição física, ele não suportou por muito tempo o esforço, contraindo com facilidade a tuberculose pulmonar. Ao desencarnar, o pai procurou saber a causa da debilidade orgânica do filho. E, passado algum tempo, foi devidamente esclarecido. Ele e Fábio foram destacados fazendeiros  na antiga no­breza rural fluminense. Nessa época, não muito recuada, foram também pai e filho. Educou-o com desvelado carinho e,  por mais de uma vez, enviou-o à Europa, ansioso por elevar-lhe o padrão intelectual e cioso de suas possibilidades financeiras. Ambos, porém, cometeram graves erros, sobretudo no trato direto com seus escravos. O filho era sensí­vel e generoso, mas excessivamente austero para com os servidores das tarefas mais duras. Congregava-os na senzala, com seve­ridade rigorosa, e muitos dos serviçais morreram, em virtude do ar vi­ciado pela construção deficiente que Fábio conservara inalterável, simplesmente para manter ponto de vista pessoal. O genitor se comoveu com a narrativa e pediu permissão para interrompê-la. No quarto ao lado, Fábio, funda­mente abatido, respirava com dificuldade, acusando infinito mal-estar. Junto dele, a esposa velava, atenta. (Cap. 16, pp. 244 a 246)

99. A água do banho é magnetizada - O pai de Fábio disse a Jerônimo que desejava auxiliar o filho no derradeiro culto doméstico que ele faria ao lado da família. "Regra geral – disse ele –, as últimas conversações dos moribundos são gravadas com mais carinho pela memória dos que ficam. Em razão disso, ser-me-ia sumamente agradável ajudá-lo a endereçar algumas palavras de aviso e estímulo à companheira". O As­sistente concordou com a proposta. Em seguida, ele e Aristeu passaram a aplicar passes longitudinais no enfermo, deixando, porém, as subs­tâncias nocivas à flor da epiderme, abstendo-se de maior esforço para alijá-las de vez. André quis saber dos motivos de semelhante medida. O Assistente explicou que Fábio estava muito enfraquecido e, por isso, não desejavam aumentar-lhe o cansaço. "As substâncias retidas nas pa­redes da pele serão absorvidas pela água magnetizada do banho, a ser usado em breves minutos", acrescentou Jerônimo. Dito e feito. Influen­ciado pelos benfeitores espirituais, Fábio expressou o desejo de tomar leve banho morno, no que foi atendido prontamente. Jerônimo e Aristeu ministraram à água pura certos agentes de absorção e ampararam a dedi­cada esposa, que, por sua vez, auxiliava marido a banhar-se. "Notei, admirado, que a operação se fizera acompanhar de salutaríssimos efei­tos – registrou André Luiz –, surpreendendo-me, mais uma vez, ante a capacidade absorvente da água comum. A matéria fluídica prejudicial fora integralmente retirada das glândulas sudoríparas". Findo o banho, Fábio voltou ao leito, em pijama, de fisionomia confortada e espírito bem disposto. Dentro em pouco, sua esposa, dona Mercedes, trouxe ambas as crianças, e teve início o culto do Evangelho no lar. Fábio, auxi­liado pelo pai desencarnado, abriu o Novo Testamento, na primeira epístola de Paulo aos Coríntios e leu o versículo 44 do capítulo 15: "Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual. Há corpo ani­mal, e há corpo espiritual". Em seguida, proferiu a prece inicial, di­rigida a Deus, em que reconhecia que a saúde é tesouro que o Senhor nos empresta, e não uma propriedade nossa, como o homem geralmente pensa. (Cap. 16, pp. 246 a 248)

100. Fábio despede-se da esposa - O genitor de Fábio colocou a destra em sua fronte, mantendo-se na atitude de quem ora com profunda devoção. Luminosa corrente se estabeleceu, então, no organismo do enfermo, desde a massa encefálica até o coração, inflamando as células nervo­sas, que pareciam minúsculos pontos de luz condensada e radiante. Os olhos de Fábio adquiriram, pouco a pouco, mais brilho e sua voz fez-se ouvir, de novo, com diferente inflexão. Dirigindo-se à esposa e aos filhos, ele comentou a passagem lida e disse palavras de despedida aos seus familiares, pressentindo que aquela seria a última noite em que se reuniria com eles, naquele corpo... Fábio referiu-se ao lar espiri­tual que ali fora construído, ponto indelével de referência à felici­dade imorredoura. Estimulou a esposa à busca de trabalho digno, sem medo dos obstáculos da sombra. Lembrou-lhe que a solidão torna-se aflitiva para a mulher jovem, e assim incentivou-a a aceitar, como se­gundo esposo, aquele que Jesus lhe enviasse no curso do tempo. "Se isso acontecer, querida, não recuse", disse-lhe o enfermo, assegurando que tudo faria para que ela não ficasse sozinha, visto que os filhos, ainda frágeis, necessitariam de amparo amigo na orientação da vida prática. Mercedes, enxugando os olhos cheios de lágrimas, ia protes­tar, mas Fábio não permitiu que ela falasse, adiantando-se: "Já sei o que dirá. Nunca duvidei de sua virtude incorruptível, de seu desvelado amor". E acrescentou: "Reconheça, porém, que temos vivido em profunda comunhão espiritual e devemos encarar, com sinceridade e lógica, minha partida próxima". Foram palavras de raro desprendimento e elevação, que mostravam perfeitamente o caráter do companheiro prestes a deixar seus familiares, em demanda dos páramos espirituais. (Cap. 16, pp. 248 a 251)

101. A desencarnação de Fábio - O genitor retirou a destra da fronte de Fábio, desaparecendo, de imediato, a corrente fluídico-luminosa que o ajudara a pronunciar aquela impressionante alocução de amor acriso­lado. Carlindo, um dos filhos do casal, fez a prece final. Fábio sen­tiu vontade de beijar os filhos, pedindo, para isso, que Mercedes lhe trouxesse um lenço novo. Emocionado, o enfermo aplicou o pano à cabe­leira das crianças e beijou o tecido, ao invés de oscular-lhes os ca­belos. Contudo, havia tanta alma, tanto fervor afetivo naquele gesto, que um jato de luz lhe saiu da boca, atingindo a mente dos pequeninos. O beijo saturava-se de magnetismo santificante. Jerônimo, presenciando a cena, comentou com André, baixinho: "Outros verão micróbios; nós ve­mos amor..." Logo depois, a família recolheu-se. As crianças foram, por Aristeu, conduzidas, fora do corpo físico, a uma paisagem de ale­gria, de modo a se entreterem, descuidadas... Foi realizado então o serviço de libertação. Enquanto Silveira amparava o filho, com enorme carinho, Jerônimo aplicou ao enfermo passes anestesiantes. Em seguida, o Assistente deteve-se em complicada operação magnética sobre os órgãos vitais da respiração e verificou-se a ruptura de importante vaso. O paciente tossiu e, num átimo, o sangue fluiu-lhe à boca aos borbotões. Mercedes levantou-se, assustada, mas Fábio, falando com difi­culdade, tranqüilizou-a: "Pode chamar o médico... entretanto, Merce­des... não se preocupe... é justamente o fim..." Alguém chamou o clí­nico, enquanto prosseguia a separação do corpo perispiritual do orga­nismo físico. Quando o médico chegou, nada mais podia ser feito. O sangue, em golfadas rubras, fluía sempre, sem parar. Jerônimo repetia em Fábio o mesmo processo de libertação praticado em Dimas, mas com espantosa facilidade. Depois da ação desenvolvida sobre o plexo solar, o coração e o cérebro, desatado o nó, Fábio fora completamente afas­tado do corpo físico. Por fim, brilhava o cordão fluídico-prateado, com formosa luz. Amparado pelo pai, o recém-liberto descansava, sono­lento, sem consciência exata da situação. Uma hora depois da desencarnação, Jerônimo cortou o apêndice luminoso. Fábio estava completamente livre. O pai beijou sua fronte e entregou-o a Jerônimo, dizendo: "Não desejo que ele me reconheça de pronto. Não seria aproveitável levá-lo agora a recordações do passado. Encontrá-lo-ei mais tarde, quando tenha de partir da instituição socorrista para as zonas mais altas". E acrescentou: "Pode conduzi-lo sem perda de tempo. Incumbir-me-ei de velar pelo cadáver, inutilizando os derradeiros resíduos vitais contra o abuso de qualquer entidade inconsciente e perversa". Jerônimo agra­deceu, emocionado, e partiu conduzindo, com André, o sagrado depósito que lhes fora confiado. Observando Fábio adormecido, enquanto viajavam em direção à Casa Transitória, André registrou: "tive a impressão de que gloriosos portos do Céu se iluminavam de sol para receber aquele homem, de sublime exemplo cristão, que subia vitorioso da Terra...". (Cap. 16, pp. 251 a 254)

102. Fábio encontra a esposa - Enquanto Dimas se restaurava paulatinamente, Fábio recobrava as forças de modo notavelmente rápido. Os longos e difíceis exercícios de espiritualidade superior, levados a efeito por ele na Crosta, frutificavam agora, em bênçãos de serenidade e compreensão. Ambos contavam, na Casa Transitória, com a simpatia geral e o amparo de Zenóbia. O exemplo de Fábio ajudou Dimas a criar novo ânimo. Este reagia agora com mais calor ante as exigências da família terrena e consolidava a serenidade própria, com a precisa eficiência. Fábio, por sua vez, experimentava tranqüilidade: embora não fosse um gênio das alturas, era servo distinto, em posição invejável pelos débitos pagos e pela venturosa possibilidade de prosseguir a caminho de altos e gloriosos cumes do conhecimento. Foi assim que, certa noite, Jerônimo tomou a iniciativa de trazer-lhe a esposa, em visita ligeira. Mercedes estava atônita, deslumbrada, extática, quando penetrou o pórtico do instituto. Conduzida à câmara de Fábio, ela ajoelhou-se instintivamente, sensibilizando a todos, com seu gesto de humildade espontânea. Fábio, adiantando-se, ergueu-a e abraçou com infinito carinho, dizendo-lhe que não se amedrontasse com a viuvez, pois eles estariam sempre juntos, como prometido no seu encontro derradeiro, antes da morte corpórea. Pediu-lhe depois notícias dos filhos. Mercedes fez um sinal mostrando que se lembrava da promessa. Fixou nele, com mais atenção, seus olhos meigos e brilhantes e disse, chorando de júbilo, que estava feliz por vê-lo... Lágrimas copiosas corriam-lhe das faces. Informou então que os meninos iam bem e que todas as noites reuniam-se em oração, implorando a Deus concedesse a ele alegria e paz na nova vida. Em seguida, após curta pausa em que tentou conter o pranto, Mercedes avisou-o de que já estava trabalhando. Carlindo cuidava do irmão menor, enquanto ela se ausentava do lar. Nada lhes faltava em sentido material, apenas saudades. "Não se zangará – disse Mercedes – se eu reclamar contra as saudades imensas? Em nossas refeições e preces, há um lugar vazio, que ‚é o seu. Creia, porém, que faço o possível por não feri-lo. Coloquei mentalmente a presença de Jesus, o nosso Mestre invisível, onde você sempre esteve. Desse modo, sua ausência em casa está  cheia da confiança fervorosa nesse Amigo Certo que você me ensinou a encontrar...". (Cap. 17, pp. 255 a 257)

103. A morte não opera milagres - Fábio fez visível esforço para não chorar, ante o carinho da esposa. Mas, otimista, disse-lhe: "Não apague a luz da esperança. Não me zango em sabê-los saudosos, pois também eu sinto falta de sua presença, de sua ternura, da carícia de nossos filhos, mas ficaria contrariado se soubesse que a tristeza absorveu nosso ninho alegre. Tenha coragem e não desfaleça. Logo que for possível, retomarei meu lugar, em espírito. Estarei com você no ganha-pão, assisti-la-ei nos exercícios da prece e respirarei a atmosfera de seu carinho". Contou-lhe então que estava cercado de bons amigos e que, em breve, teria ingresso em colônia de trabalho santificador, a fim de prosseguir em seus serviços de elevação. "Poderei talvez tecer diferente e mais belo ninho para aguarda-la", prometeu-lhe Fábio, que acrescentou: "Ouço dizer, Mercedes, que o Sol é muito mais lindo nessa paisagem de encantadora luz e que, à noite, as  árvores floridas assemelham-se a formosos lampadários, porque as flores maravilhosas retêm o luar divino..." André Luiz, que a tudo assistia, estava perplexo. Se Fábio tinha tantos amigos em "Nosso Lar", desde outro tempo, como se mostrava adventício a respeito da vida na Colônia, ignorando aspectos tão simples, como se fosse um iniciante na vida espiritual? Jerônimo o socorreu: "A morte não faz milagres. Retomar a lembrança ‚ também serviço gradual, como qualquer outro que envolva atividades divinas da Natureza". A conversa entre Fábio e sua esposa continuava. Ele falava agora da transitoriedade da vida carnal, dizendo que valia a pena sofrer, de algum modo, na Terra, para conseguir o sagrado patrimônio espiritual, que se avizinhava. Mercedes mostrava um semblante feliz e manteve-se, por alguns instantes, de mãos postas, como a agradecer a Deus o imenso júbilo daquela hora. Chegara ao fim o tempo da visita. Zenóbia tomou de uma flor semelhante a uma grande camélia dourada e deu-a a Fábio, para que presenteasse a companheira. Esta recebeu a dá diva, conchegando-a ao coração. Mercedes despediu-se e, em breve, foi reconduzida por André ao seu lar. Estranha felicidade a viúva sentiu, no dia seguinte, ao despertar com a perfeita impressão de guardar a delicada flor entre os dedos. (Cap. 17, pp. 257 a 259) (Continua no próximo número.)  
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita