IRIÊ SALOMÃO DE
CAMPOS
irie.salomao@terra.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Almas educadas
Por tempos a
fio, o homem
moderno vem
desbravando o
campo das
pesquisas e do
conhecimento
dito científico.
Voa aos mais
infindos
espaços; quando
não pode estar
de corpo
presente, envia
suas máquinas
que filmam,
fotografam,
colhem amostras
de tudo que é
visto, mas ainda
intocável pelas
mãos materiais.
O saber possuir
o conhecimento e
contentar-se com
a informação é
sempre um
provocativo à
humanidade. Os
egípcios, gregos
e romanos
mesclaram-se em
suas culturas,
fundiram seus
conhecimentos,
fazendo um mundo
antigo
surpreendente.
Os séculos
varreram as
civilizações. A
humanidade,
adaptando-se ao
novo tempo,
surge em novas
civilizações,
compondo a
misteriosa
fisionomia
refundida em uma
sociedade pronta
para caminhar
maior distância
de progresso. A
cada tempo tudo
se refaz, e a
religião segue
estabelecendo as
diretrizes do
momento. Em
todas as escolas
religiosas, os
patriarcas,
gurus, eleitos
ou iluminados
veneráveis
procuram
acomodar os
interesses
sociais
imediatistas aos
conhecimentos
necessários à
evolução
espiritual.
Porém, uma
tormenta segue a
humanidade desde
o seu primórdio:
o medo da morte.
Sepulturas com
todas as
características
já foram
construídas
mundo afora, os
teólogos
traçaram
variados
caminhos a serem
percorridos por
justos,
pecadores e
remediados, cada
qual com o seu
destino
pós-morte
definitivamente
estabelecido. A
humanidade, tão
abalada por
ocorrências
mundanas, não
encontra na
religião
tradicional
senão mais um
ponto de
interrogação. Os
ritos e mitos
compõem belos
conjuntos
alegóricos,
incapazes de
satisfazer a
inteligência do
Espírito atuante
que conduz o
lar, a empresa,
e governa
cidades.
Mergulhada na
província do
mito pecador, a
humanidade se
pergunta: qual o
meu papel neste
mundo?
Os mensageiros
do Cristo não
medem esforços
para nos darem
socorro,
sussurrando em
nossos ouvidos,
via intuição,
para que
entendamos o
caminho do bem,
de forma a nos
tornarmos
sensíveis às
verdades divinas
que facilitam em
muito a
compreensão do
valor que a vida
tem. Não é de
inteligência
continuarmos
fechados para o
plano
espiritual.
Assim agindo,
continuaremos
sujeitos às leis
e desordens do
mundo, acabando
tocados e
dominados pela
revolta,
angústia, dor
física, correndo
o grave risco de
esquecermos
nossa filiação
divina e, como
os povos
antigos, sermos
tomados pelo
medo da morte e
erguermos
túmulos e
pirâmides,
perdendo a
oportunidade
desta
reencarnação.
Paulo de Tarso
seguia pela
estrada de
Damasco em busca
de Ananias.
Jesus, postado à
sua frente,
perguntou:
Saulo, Saulo,
por que me
persegues? E
aquela alma
então perdida
nos descaminhos
do materialismo
reencontrou seu
real objetivo,
passando o
restante daquela
encarnação
dedicado à
difusão dos
ensinamentos do
Evangelho. O
Apóstolo dos
Gentios, o
grande
divulgador do
Cristo, chama a
nossa atenção
para a
necessidade de
construirmos o
homem novo.
Cada qual em seu
mais profundo
íntimo sabe
exatamente onde
está sua Estrada
de Damasco.
Então, por que
continuar atado
aos medos dos
homens velhos?
Jesus veio a
nós, ensinou e
partiu. Mas não
sem antes deixar
a mensagem de
esperança: Vou a
meu Pai, mas não
os deixarei a
sós, enviarei o
Consolador. Este
é a Doutrina dos
Espíritos, que
nos devolve o
Evangelho como
tal, em sua
pureza
grandiosa, que
nos aponta o
caminho do
progresso
espiritual e que
nos informa que
cada vida é uma
encarnação de
aprendizado e
oportunidade
bendita de
recomeço. A
morte não
necessita de
templos, a não
ser o monumento
do equilíbrio
quando este se
faz presente.
Nestes momentos
tão delicados,
em que a dor da
perda física
toca os nossos
lares, é natural
que a saudade
esteja presente,
mas o
conhecimento da
eternidade do
Espírito, da
paternidade de
Deus e do Amor
de Maria
Santíssima
fortalecem a
certeza de que
Deus existe, de
que Jesus está
entre nós, vivo,
amigo e atuante,
e de que nenhum
pai deseja mal a
seu filho.
Estejamos
certos. Seja
qual for a
religião, é
sadio
compreender e
viver como quem
compreende que
Jesus, através
da
espiritualidade
amiga, tem sua
presença nos
amparando,
protegendo e
curando, e que o
temor pela morte
não cabe mais no
íntimo de uma
alma
espiritualmente
educada. “Jesus
é o caminho, a
verdade e a
vida.”
Iriê Salomão de
Campos é
professor,
escritor e
conferencista
espírita,
diretor do
Colégio Allan
Kardec de Juiz
de Fora,
coordenador do
Centro de
Estudos
Espíritas “Léon
Denis” e
integrante da
equipe de
trabalhadores da
Comunidade
Espírita “A Casa
do Caminho”, de
Juiz de Fora
(MG).