ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas Gerais (Brasil)
Causas das
aflições
Um dos problemas
que mais afligem
a mente humana é
entender por que
o sofrimento
está de tal
forma associado
à vida das
pessoas.
Não há,
praticamente,
nenhuma pessoa
no mundo que não
defronte, em
algum momento de
sua vida, com
problemas de
perturbação e de
dor.
São as
vicissitudes da
encarnação a que
se referem os
Espíritos.
Podemos
catalogar
algumas dessas
vicissitudes:
Doenças sérias,
crônicas ou não:
quem vive o
problema
conhece-lhe a
extensão; quem
não o conhece
pode imaginar o
sofrimento que
envolve uma
dessas doenças
em pessoas da
família;
Dificuldades no
lar por motivos
diversos:
casamentos
provacionais;
separações;
traição;
falsidade;
infidelidade;
decepções com o
companheiro ou
com a
companheira;
ingratidão dos
filhos;
desrespeito de
qualquer
natureza;
agressões
físicas ou
morais;
alcoolismo;
frigidez nas
relações;
egoísmo,
comodismo,
intolerância,
mau-humor;
filhos-problemas
– (drogas,
rebeldia,
tendências
viciosas,
desvios sexuais,
dificuldades de
adaptação,
autismos,
deficiências de
toda ordem,
ojeriza ao
trabalho,
ociosidade, mau
humor);
Dificuldades
financeiras
por falência;
desemprego,
remuneração
insuficiente;
maus negócios;
jogos de azar;
Convivência
difícil
com vizinhos
complicados;
colegas de
serviço
individualistas
e
desrespeitosos;
patrões
insensíveis;
rejeições;
assédio sexual;
Calúnia,
difamação,
fofocas
comprometedoras;
suspeições;
Injustiças
sociais:
não
reconhecimento
no emprego; na
sociedade; nos
agrupamentos a
que se dedica,
nos clubes que
freqüenta; na
Igreja de sua
fé;
Escolha errada
de profissão;
Trabalho
profissional
desagradável;
Deficiências
incapacitantes;
Dependência de
terceiros.
Enfim, uma lista
enorme da qual,
alguns itens, de
certo, tocam-nos
de perto. E a
gente quer
saber. E se
pergunta: – Por
quê? Qual a
razão? Vontade
de Deus?
Capricho da
Providência?
Recomendam-nos
paciência,
sempre, os pais,
os amigos, os
religiosos. Que
Deus sabe o que
faz! Que Ele tem
uma programação
para nós. Que
Deus é justo; é
perfeito!
A gente vai
suportando até
onde dá, mas um
dia reclama: –
Será justo isso?
Que fiz eu, meu
Deus, para
sofrer assim?
Eis a questão:
Que fiz eu para
sofrer assim? –
Exatamente, aí
está o problema.
No fundo do
coração, lá
dentro da alma,
bem nos porões
da nossa
consciência,
persegue-nos
essa questão:
Que fiz eu para
sofrer
assim? A
gente sabe que
alguma coisa fez
para que o
corretivo da dor
nos alcance de
qualquer forma.
Parece claro que
o sofrimento, as
doenças, as
dificuldades não
existem por
vontade ou
capricho de
Deus. É até um
desrespeito à
inteligência e à
misericórdia de
Deus pensar
dessa maneira.
Deus não quer o
sofrimento de
ninguém; nem que
algum de seus
filhos se perca
no caminho.
Deus é amor e só
amor tem para
nos dar. Mas,
para o perfeito
funcionamento do
Universo e das
coisas que o
compõem, criou
leis. Leis
sábias, justas,
perfeitas. Uma
dessas leis,
base das outras,
é a lei de causa
e efeito. A todo
efeito
corresponde uma
causa, ou seja,
não há efeito
sem causa. O
sofrimento é um
efeito. Qual
será a causa?
Os Espíritos nos
informam que as
causas de nossas
aflições
promanam de duas
fontes bem
diferentes, que
importa
distinguir. Umas
são fruto da
vida presente;
outras vêm de
existências
anteriores.
De fato,
remontando-se à
origem dos males
terrestres,
reconheceremos
que muitos são
conseqüência
natural do
caráter e do
proceder dos que
os suportam.
Kardec,
examinando a
questão, no
capítulo quinto,
de O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
assim se
expressou com
toda a força de
sua lógica:
“Quantos
homens caem por
sua própria
culpa! Quantos
são vítimas de
sua
imprevidência,
de seu orgulho e
de sua ambição!
“Quantos se
arruínam por
falta de ordem,
de perseverança,
pelo mau
proceder, ou por
não terem sabido
limitar seus
desejos!
“Quantas uniões
infelizes por
resultarem de um
cálculo de
interesse, ou de
vaidade, e nas
quais o coração
não tomou parte
alguma!
“Quantas
dissensões e
funestas
disputas se
teriam evitado
com um pouco de
moderação e
menos
suscetibilidade.
“Quantas doenças
e enfermidades
decorrem da
intemperança e
dos excessos de
todo gênero!
Álcool, fumo e
drogas são os
responsáveis
pelo maior
número de
internações em
nossos
hospitais.
“Quantos pais
são infelizes
com seus filhos,
porque não lhes
combateram,
desde o
princípio, as
más tendências!
Por fraqueza, ou
indiferença,
deixaram que
neles se
desenvolvessem
os germens do
orgulho, do
egoísmo e da
tola vaidade,
que produzem a
secura do
coração; depois,
mais tarde,
quando colhem o
que semearam,
admiram-se e se
afligem da falta
de consideração
com que são
tratados e da
ingratidão
deles.
“Interroguem
friamente suas
consciências
todos os que são
feridos no
coração pelas
vicissitudes e
decepções da
vida; remontem,
passo a passo, à
origem dos males
que os torturam
e verifiquem se,
às mais das
vezes, não
poderão dizer:
se eu
houvesse feito
ou deixado de
fazer tal coisa,
não estaria em
semelhante
condição.
“A quem, então,
há de o homem
responsabilizar
por todas essas
aflições, senão
a si mesmo?
“O homem, pois,
em grande número
de casos, é o
causador de seus
próprios
infortúnios.
“Os males dessa
natureza
fornecem,
indubitavelmente,
um notável
contingente ao
cômputo das
vicissitudes da
vida. O homem as
evitará quando
trabalhar por
melhorar
moralmente,
tanto quanto
intelectualmente.
“A lei humana
atinge certas
faltas e as
pune. Pode,
então, o
condenado
reconhecer que
sofre a
conseqüência do
que fez. Mas a
lei não atinge,
nem pode atingir
todas as faltas;
incide
especialmente
sobre as que
trazem prejuízo
à sociedade e
não sobre as que
só prejudicam os
que as cometem.
Deus, porém,
quer que todas
as suas
criaturas
progridam e,
portanto, não
deixa impune
qualquer desvio
do caminho reto.
Não há falta
alguma, por mais
leve que seja,
nenhuma infração
da sua lei que
não acarrete
forçosas e
inevitáveis
conseqüências,
mais ou menos
deploráveis. Daí
se segue que,
nas pequenas
coisas, como nas
grandes, o homem
é sempre
alcançado
naquilo que
errou, porque o
erro humano –
qualquer que
seja – altera o
equilíbrio da
vida e descumpre
a lei do amor,
essência do
código divino.
Os sofrimentos
que decorrem de
seu erro são-lhe
uma advertência
de que procedeu
mal. Dão-lhe
experiência,
fazem-lhe sentir
a diferença
entre o bem e o
mal e a
necessidade de
se melhorar
para, de futuro,
evitar o que lhe
originou uma
fonte de
amarguras; sem o
que, motivo não
haveria para que
se corrigisse.
“Mas, se há
males nesta vida
cuja causa
primária é o
homem; outros há
também aos
quais, pelo
menos na
aparência, ele é
completamente
estranho e que
parecem
atingi-lo como
por fatalidade.
Tal, por
exemplo, a
perda de
entes queridos
e a dos que
são o amparo da
família.
Tais ainda os
acidentes que
nenhuma previsão
poderia impedir;
os reveses da
fortuna, que
frustram todas
as precauções
aconselhadas
pela prudência;
os flagelos
naturais,
as
enfermidades de
nascença,
sobretudo as que
tiram a tantos
infelizes os
meios de ganhar
a vida pelo
trabalho; as
deformidades,
a idiotia,
o cretinismo
etc.
“Os que nascem
nessas
condições,
certamente nada
hão feito na
existência atual
para merecer,
sem compensação,
tão triste sorte
que não podiam
evitar, que são
impotentes para
mudar por si
mesmos e que os
põe à mercê da
comiseração
pública. Por
que, pois, seres
tão infelizes,
enquanto, ao
lado deles, sob
o mesmo teto, na
mesma família,
outros são
favorecidos de
todos os modos?
“Que dizer,
enfim, dessas
crianças que
morrem em tenra
idade e da vida
só conheceram
sofrimentos?
Problemas são
esses que ainda
nenhuma
filosofia pode
resolver,
anomalias que
nenhuma religião
pode justificar
e que seriam a
negação da
bondade, da
justiça e da
providência de
Deus, se se
verificasse a
hipótese de ser
criada a alma ao
mesmo tempo em
que o corpo e de
estar a sua
sorte
irrevogavelmente
determinada após
a permanência de
alguns instantes
na Terra. Que
fizeram essas
almas, que
acabam de sair
das mãos do
Criador, para se
verem, neste
mundo, a braços
com tantas
misérias e para
merecerem no
futuro uma
recompensa ou
uma punição
qualquer, visto
que não hão
podido praticar
nem o bem, nem o
mal?
“Todavia, em
virtude do
axioma segundo o
qual todo efeito
tem uma causa,
tais misérias
são efeitos que
hão de ter uma
causa e, desde
que se admita um
Deus justo, essa
causa também há
de ser justa.
Ora, ao efeito
precedendo
sempre a causa,
se esta não se
encontra na vida
atual, há de ser
anterior a essa
vida, isto é, há
de estar numa
existência
precedente. Por
ouro lado, não
podendo Deus
punir alguém
pelo bem que
fez, nem pelo
mal que não fez,
se somos
punidos, é
porque fizemos o
mal; se esse mal
não o fizemos na
presente vida,
tê-lo-emos feito
noutra. É uma
alternativa a
que ninguém pode
fugir e em que a
lógica decide de
que parte se
acha a justiça
de Deus.
“O homem nem
sempre é punido,
ou punido
completamente,
na sua
existência
atual; mas não
escapa nunca às
conseqüências de
suas faltas. A
prosperidade do
mau é apenas
momentânea: se
ele não expiar
hoje, expiará
amanhã, ao passo
que aquele que
sofre está
expiando o seu
passado. O
infortúnio que,
à primeira
vista, parece
imerecido tem
sua razão de
ser, e aquele
que se encontra
em sofrimento
pode sempre
dizer: Perdoa-me
Senhor, porque
pequei”.