O tempo
Amaral Ornellas
O tempo é o campo eterno
em que a vida enxameia
Sabedoria e amor na
estrada meritória.
Nele o bem cedo atinge a
colheita da glória
E o mal desce ao paul de
lama, cinza e areia.
Esquece a mágoa hostil
que te oprime e
alanceia.
Toda amargura é sombra
enfermiça e ilusória...
Trabalha, espera e
crê... O serviço é
vitória
E cada coração recolhe o
que semeia.
Dor e luta na Terra — a
Celeste Oficina —
São portas aurorais para
a Mansão Divina,
Purifica-te e cresce,
amando por vencê-las...
Serve sem perguntar por
“onde”, “como” e
“quando”,
E, nos braços do Tempo,
ascenderás cantando
Aos Píncaros da Luz, no
País das Estrelas!
Amaral Ornellas nasceu
no Rio de Janeiro em 20
de outubro de 1885 e
desencarnou em 5 de
janeiro de 1923. Talento
brilhante, deixou dois
volumes de poesia,
consagrados pela
crítica, além de copiosa
literatura teatral e
doutrinária. Foi ele
quem trouxe para as
fileiras do Espiritismo
a figura luminar de
Carlos Imbassahy. O
soneto acima,
psicografado por
Francisco Cândido
Xavier, integra o livro
Parnaso de Além
Túmulo.