MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Obreiros da Vida Eterna
(Parte 18 e final)
André Luiz
Concluímos hoje o estudo
da obra
Obreiros da Vida Eterna,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier, ao qual se
seguirá o estudo do
livro
No Mundo Maior,
do mesmo autor,
publicado em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que ensinamentos
ensejou a eutanásia
praticada em Cavalcante?
R.: O principal
ensinamento foi
verificar que a injeção
sedativa, veiculando
anestésicos em dose
alta, afetara-lhe o
corpo perispirítico,
como se fora choque
elétrico. Devido a isso,
ele permanecia quase
inerte, ignorando-se a
si mesmo. Qualquer
droga, no campo
infinitesimal dos
núcleos celulares, se
faz sentir por
propriedades elétricas
específicas. Todo
remédio está saturado
de energias
eletromagnéticas em seu
raio de ação. É por isso
que o veneno destrói as
vísceras e o
entorpecente modifica a
natureza das células em
si, impondo-lhes
incapacidade temporária.
A gota medicamentosa tem
princípios elétricos,
como também acontece às
associações atômicas que
vão recebê-la. Em plano
algum a Natureza age aos
saltos. O perispírito,
formado à base de
matéria rarefeita,
mobiliza igualmente
trilhões de unidades
unicelulares que
abandonam o corpo físico
saturadas da vitalidade
que lhe é peculiar. Daí
os sofrimentos e
angústias de
determinadas criaturas,
além do decesso. Os
suicidas costumam
sentir, durante longo
tempo, a aflição das
células violentamente
aniquiladas, enquanto os
viciados experimentam
tremenda inquietação
pelo desejo
insatisfeito. Na
eutanásia fenômeno
semelhante se dá.
(Obreiros da Vida
Eterna, cap. 19, pp. 282
a 286.)
B. Que pedido fez
Zenóbia aos
colaboradores da
instituição dirigida por
Adelaide?
R.: Zenóbia primeiro
lembrou a todos que
Adelaide, depois de
muito cooperar nas obras
do bem, necessitava
agora de passagem livre
a caminho da
espiritualidade
superior. Não havia,
pois, qualquer sentido
nos pensamentos de
angústia que, partindo
dos seus colaboradores,
a envolviam. A aflição
com que eles intentavam
reter a missionária do
bem, era filha do
egoísmo e do medo. Era
indispensável, assim,
não reter, com suas
lamúrias, a companheira
prestes a regressar à
verdadeira pátria.
(Obra citada, cap. 19,
pp. 289 a 294.)
C. Como se deu a
desencarnação de
Adelaide?
R.: Aproximando-se o
momento da
desencarnação, Adelaide
rogou a Jerônimo lhe
fosse concedido o
obséquio de tentar, ela
própria, a sós, a
desencarnação. E assim
se fez. André e Jerônimo
se mantiveram em câmara
próxima, em vigilância,
durante as longas horas
que a benfeitora
consumiu no trabalho
complexo e persistente
da própria liberação.
Jerônimo esclareceu que
a cooperação do plano
espiritual é
indispensável no ato
conclusivo da liberação,
mas o serviço preliminar
do desenlace, no plexo
solar e mesmo no
coração, pode, em vários
casos, ser levado a
efeito pelo próprio
interessado, quando este
haja adquirido o preciso
treinamento com a vida
espiritual mais elevada.
No caso de Adelaide, com
efeito, Jerônimo
interveio apenas no
derradeiro minuto, para
desatar o apêndice
prateado, com o que a
agonizante estava
finalmente livre.
(Obra citada, cap. 19 e
20, pp. 294 a 304.)
Texto
para leitura
114. Efeitos da
droga no perispírito
- O caso Cavalcante
ofereceu a André amplo
ensejo a infatigáveis
pesquisas. A injeção
sedativa, veiculando
anestésicos em dose
alta, afetara-lhe o
corpo perispirítico,
como se fora choque
elétrico. Devido a isso,
ele permanecia quase
inerte, ignorando-se a
si mesmo. Jerônimo
esclareceu: "Qualquer
droga, no campo
infinitesimal dos
núcleos celulares, se
faz sentir pelas
propriedades elétricas
específicas. Combinar
aplicações químicas com
as verdadeiras
necessidades
fisiológicas,
constituirá,
efetivamente, o escopo
da Medicina no porvir. O
médico do futuro
aprenderá que todo
remédio está saturado
de energias
eletromagnéticas em seu
raio de ação. É por isso
que o veneno destrói as
vísceras e o
entorpecente modifica a
natureza das células em
si, impondo-lhes
incapacidade
temporária". E o
Assistente continuou:
"A gota medicamentosa
tem princípios
elétricos, como também
acontece às associações
atômicas que vão
recebê-la. Segundo
sabemos, em plano algum
a Natureza age aos
saltos. O perispírito,
formado à base de
matéria rarefeita,
mobiliza igualmente
trilhões de unidades
unicelulares da nossa
esfera de ação, que
abandonam o corpo físico
saturadas da vitalidade
que lhe é peculiar. Daí
os sofrimentos e
angústias de
determinadas criaturas,
além do decesso. Os
suicidas costumam
sentir, durante longo
tempo, a aflição das
células violentamente
aniquiladas, enquanto os
viciados experimentam
tremenda inquietação
pelo desejo
insatisfeito". André
foi compreendendo, pouco
a pouco, a importância
do desapego às emoções
inferiores para os
homens e mulheres
encarnados na Crosta.
Matéria e espírito, vaso
e conteúdo, forma e
essência, confundiam-se
aos seus olhos como a
chama da vela e o
material incandescente.
Integrados um no outro,
produziam a luz
necessária aos objetivos
da vida. O Espírito,
eterno nos fundamentos,
vale-se da matéria,
transitória nas
associações, como
material didático,
sempre mais elevado, no
curso incessante da
experiência para a
integração com a
Divindade Suprema.
Prejudicando a matéria,
complicaremos o quadro
de serviços que nos é
indispensável e
estacionaremos, em
qualquer situação, a fim
de restaurar o
patrimônio sublime posto
à nossa disposição pela
Divindade. Ninguém se
colocará vitorioso no
cume da vida eterna, sem
aprender o equilíbrio
com que deve elevar-se.
Daí as atividades
complexas do caminho
evolutivo, as
diferenciações
inumeráveis, a
multiplicidade das
posições, as escalas da
possibilidade e os graus
da inteligência, nos
variados planos da vida.
(Cap. 19, pp. 282 e 283)
115. Cavalcante
indaga se é possível uma
audiência com Deus
- Padre Hipólito fora
designado por Jerônimo
para orientar Cavalcante
em seu processo de
renovação. O
convalescente fixava os
Espíritos, receoso,
crendo-se vítima de
pesadelo, em hospital
diferente. Dizia-se
interessado em continuar
no corpo terrestre e
chamava a esposa
insistentemente,
repetindo descrições do
passado com admirável
expressão emotiva. Ao
lado de Hipólito, porém,
ele se aquietava,
humilde. Influíam nele o
respeito e a confiança
que se habituara a
consagrar aos
sacerdotes, e Hipólito
possuía sobre ele
importante ascendente
espiritual. Cavalcante
ia despertando
devagarinho. Seus
colóquios com padre
Hipólito eram
impressionantes, porque
ele fazia interrogações
intempestivas. Queria
saber onde se
localizavam o céu e o
inferno. Pedia notícias
dos santos. Rogava
explicações sobre o
limbo e, por aí afora,
chegando um dia ao
cúmulo de perguntar se
não lhe seria possível
obter uma audiência com
Deus, na Corte Celeste.
Hipólito precisou
mobilizar infinita
boa-vontade para tratar
com respeito e proveito
tamanha boa-fé, ao que
um dia, vendo esses
surpreendentes diálogos,
irmã Zenóbia comentou:
"Nossa antiga Igreja
Romana, tão venerável
pelas tradições de
cultura e serviço ao
progresso humano, é, de
fato, na atualidade,
grande especialista em
crianças
espirituais...".
André e Jerônimo tinham
agora pela frente o caso
Adelaide e vinte e cinco
dias já haviam
transcorrido desde o
início da tarefa.
Adelaide, devido ao
avançado enfraquecimento
do corpo físico,
abandonava-o com a maior
facilidade, ao primeiro
sinal da presença de
André e Jerônimo. Na
antevéspera do
desenlace, o abnegado
doutor Bezerra de
Menezes veio visitá-la,
como fazia
freqüentemente. Ele lhe
disse, então, que morrer
é muito mais fácil que
nascer, pois em ocasiões
como esta a resolução é
quase tudo. "Ajude a
você mesma, libertando a
mente dos elos que a
imantam a pessoas,
acontecimentos, coisas e
situações da vida
terrena. Não se detenha.
Quando for chamada, não
olhe para trás" –
aconselhou-lhe o
venerável benfeitor
espiritual. (Cap. 19,
pp. 284 a 286)
116. A
morte é o melhor
antídoto da idolatria
- Adelaide revelou ao
doutor Bezerra de
Menezes que sentia o
socorro dos amigos, mas
tinha medo de si mesma.
Bezerra disse-lhe
compreender sua
ansiedade: "Também
passei por aí. Creia,
entretanto, que a
lembrança de Jesus, ao
pé de Lázaro, foi ajuda
certa ao meu coração, em
transe igual. Busquei
insular-me, cerrar
ouvidos aos chamamentos
do sangue, fechar os
olhos à visão dos
interesses terrenos, e a
libertação, afinal,
deu-se em poucos
segundos. Pensei nos
ensinamentos do Mestre,
ao chamar Lázaro, de
novo, à existência, e
recordei-lhe as
palavras: – Lázaro, sai
para fora! Centralizando
a atenção na
passagem evangélica,
afastei-me do corpo
grosseiro sem obstáculo
algum". A
simplicidade de doutor
Bezerra encantava.
Adelaide sorriu, sem no
entanto disfarçar a
preocupação íntima.
Jerônimo destacou para
André as condições
excepcionais em que
Adelaide partia da
Crosta, dizendo que os
semeadores do bem, os
que se consagram à
preparação do futuro com
a vida eterna, através
de manifestações de
espiritualidade
superior,
instintivamente aprendem
todos os dias a morrer
para a existência
inferior. Pouco tempo
depois, Adelaide foi
conduzida por Jerônimo a
breve excursão na Casa
Transitória, onde
Zenóbia desejava vê-la,
antes do desenlace. No
instituto, Adelaide era
alvo do carinho geral. E
depois revelou a Zenóbia
que, quanto menos se via
presa ao corpo, mais se
ampliava a exigência de
parentes e amigos...Como
portar-se ante essa
situação? como
fazer-lhes sentir a
realidade? Ela
enlaçara-se em vastos
compromissos,
tornando-se,
involuntariamente, a
escora espiritual de
muitos. Zenóbia
escutou-a, atenta, e
observou: "Reconheço
os obstáculos, mas não
se amofine. A morte é o
melhor antídoto da
idolatria. Com a sua
vinda operar-se-á a
necessária
descentralização do
trabalho, porque se
dará a imposição
natural de novo esforço
a cada um. Alegre-se,
minha amiga, pela
transformação que
ocorrerá dentro em
pouco. Reanime-se,
sobretudo, para que a
sua situação se reajuste
naturalmente sem
qualquer ponto de
interrogação ao término
da experiência atual".
Zenóbia silenciou
alguns momentos e avisou:
"Temos ainda a noite de
amanhã. Aproveitá-la-ei
para dirigir-me aos seus
colaboradores, em apelo
à compreensão geral.
Amigos nossos
contribuirão para que se
reúnam em assembléia,
como se faz
indispensável".
(Cap. 19, pp. 286 a 289)
117. Colaboradores
de Adelaide se reúnem
para ouvir Zenóbia
- Após a conversa com
Zenóbia, Adelaide tornou
ao corpo, bem disposta e
reanimada. No decurso do
dia, Jerônimo e a
diretora da Casa
Transitória combinaram
medidas relativas à
reunião da noite. Mais
tarde, através de
reiterados passes
magnéticos sobre os
órgãos da circulação,
aplicados por Jerônimo,
Adelaide entrou em fase
de inesperada calma,
tranqüilizando o campo
das afeições terrenas.
Renovaram-se de súbito
as esperanças.
Multiplicaram-se as
vibrações de paz e as
preces de
reconhecimento. Em vista
disso, iniciou-se com
grande facilidade, após
a meia-noite, o trabalho
preparatório da grande
reunião. Colaboradores
diversos trouxeram os
companheiros da
instituição,
provisoriamente
desenfaixados do corpo
físico pela atuação do
sono. A maior
percentagem de
recém-chegados se
constituía de mulheres e
todos traziam a mente
polarizada na prece, em
favor da benfeitora
doente. A reunião seria
realizada no extenso
salão de estudos e
preces públicas,
devidamente preparado. A
enorme dependência fora
submetida a rigoroso
serviço de limpeza. Os
componentes da reunião
podiam descansar
tranqüilos, sem o
assédio de correntes
mentais inferiores.
Zenóbia entrou no
recinto acompanhada de
beneméritos amigos da
casa, conduzindo
Adelaide. Sua mão
despedia raios de
claridade safirina, com
tanta prodigalidade, que
proporcionava a todos a
idéia de estar em
comunicação com extenso
e oculto reservatório de
luz. Finda a saudação,
feita com formosa
ternura, a diretora da
Casa de Fabiano
dirigiu-se aos ouvintes,
com visível energia.
Tinha início o seu
apelo. (Cap. 19, pp. 289
a 291)
118. O apelo de
Zenóbia aos amigos de
Adelaide - A
diretora da Casa de
Fabiano disse que seria
breve e que ali
comparecia apenas para
fazer-lhes pequeno
apelo. Aludiu então às
condições orgânicas de
Adelaide, que, depois de
muito cooperar nas obras
do bem, necessitava
agora de passagem livre
a caminho da
espiritualidade
superior. "Por que a
detendes?", indagou
Zenóbia. Não havia
qualquer sentido nos
pensamentos de angústia
que, partindo dos seus
colaboradores, a
envolviam. Todos
deveriam pensar na
necessidade de ação
individual, no campo do
bem. Não era possível
manter-se na ociosidade,
à distância do
desenvolvimento de suas
possibilidades
infinitas. A aflição com
que eles intentavam
reter a missionária do
bem, era filha do
egoísmo e do medo.
Alguns se apoiavam na
confiança de que
Adelaide se tornou
depositária fiel; outros
pretextavam orfandade
espiritual, simplesmente
pelo receio de
enfrentar, por si
mesmos, as dores e os
riscos, as adversidades
e os testemunhos
inerentes à iluminação
do caminho para a vida
eterna. Zenóbia falava
com serenidade, mas era
objetiva: "Criais
semideuses e gastais o
incenso de infindáveis
referências pessoais,
estabelecendo problemas
complexos que lhes
reduzem a capacidade de
serviço, olvidando as
sementes divinas de que
sois portadores". "Se o
ídolo não vos
corresponde à
expectativa, alimentais
a discórdia, a
irritação, a exigência;
se falha, após o início
da excursão para o
conhecimento superior,
senti-vos desarvorados;
se rola do pedestal de
cera, experimentais o
frio pavor do
desconhecido pelo
auto-relaxamento na
renovação própria",
acrescentou Zenóbia, que
foi conscientizando a
todos da necessidade de
não reter, com suas
lamúrias, a companheira
prestes a regressar à
verdadeira pátria. "Não
somos infensos às
manifestações de
carinho. A saudade e o
reconhecimento caminham
juntos. Todavia, no
âmbito das relações
amistosas, toda
imprudência resulta em
desastre", advertiu
a generosa diretora da
Casa Transitória. (Cap.
19, pp. 291 a 294)
119. A
desencarnação de
Adelaide
- Zenóbia fez breve
interrupção em sua
palestra e, nesse
instante, como se lhe
atendessem, de muito
alto, os apelos
silenciosos, começaram a
cair no recinto raios de
luz balsamizante,
acentuando-lhes a
sensação de felicidade e
contentamento. Depois de
longo silêncio, Zenóbia
continuou: "Afirmais
mentalmente que Adelaide
é a viga mestra deste
pouso de amor, que
surgirão dificuldades
talvez invencíveis para
que seja substituída no
leme da orientação
geral; entretanto,
sabeis que vossa irmã,
não obstante os valores
incontestáveis que lhe
exornam a personalidade,
foi apenas instrumento
digno e fiel desta
criação de benemerência,
sem ter sido, porém, sua
fundadora". Relatou
então que Adelaide
afeiçoou-se ao espírito
cristão, ao qual todos
poderiam adaptar-se por
sua vez. Pouco tempo
depois, a assembléia se
desfez. Adelaide, ao
retornar à matéria,
respirava, radiante,
todavia seu corpo
perispiritual ganhara
tamanha energia, que o
regresso às células de
carne foi complicado e
doloroso. Depois da
palavra de Zenóbia
extinguiram-se as
correntes mentais de
retenção que se
mantinham antes, pelo
entendimento fraterno da
comunidade reconhecida.
O corpo carnal privou-se
do permanente socorro
magnético, que o afluxo
daquelas correntes
alimentava,
atenuando-lhe a
resistência e
precipitando a queda do
tono vital. Além disso,
o contentamento daquela
hora robusteceu-lhe de
tal maneira os centros
perispirituais, que
seria impossível evitar
a sensação angustiosa no
contacto com os órgãos
doentios. A
desencarnação era
questão de horas.
Adelaide rogou a
Jerônimo lhe fosse
concedido o obséquio de
tentar, ela própria, a
sós, a desencarnação. E
assim se fez. André e
Jerônimo se mantiveram
em câmara próxima, em
vigilância, durante as
longas horas que a
benfeitora consumiu no
trabalho complexo e
persistente da própria
liberação. Jerônimo
esclareceu que a
cooperação do plano
espiritual é
indispensável no ato
conclusivo da liberação,
mas o serviço preliminar
do desenlace, no plexo
solar e mesmo no
coração, pode, em vários
casos, ser levado a
efeito pelo próprio
interessado, quando este
haja adquirido o preciso
treinamento com a vida
espiritual mais elevada.
Realmente. No caso de
Adelaide, o Assistente
interveio apenas no
derradeiro minuto, para
desatar o apêndice
prateado. A agonizante
estava livre, enfim!...
A casa foi aberta à
visitação geral e
pôde-se observar
discreta atitude de
respeito, serenidade e
conformação na mente dos
cooperadores encarnados
do instituto,
evangelizados pelo verbo
construtivo de Zenóbia.
Adelaide ficou até a
inumação dos despojos,
consolando amigos e
recebendo consolações.
Só mais tarde, depois de
orar, fervorosamente, no
último pouso de seu
corpo físico, é que ela,
serena e confiante,
cercada de numerosos
amigos, partiu em
direção da Casa
Transitória, em
companhia de André e
Jerônimo. (Cap. 19, pp.
294 a 297)
120. Pranto e
emoção na prece final de
Adelaide -
Congregados todos no
instituto socorrista de
Fabiano, o grupo
preparava-se para a
ditosa viagem de
regresso. As saudades da
vida harmoniosa e bela
que usufruíam na colônia
eram muito grandes. O
serviço nas regiões
inferiores
proporcionava-lhes
experiência e sabedoria,
acentuava-lhes o
equilíbrio,
enriquecia-lhes o quadro
de aquisições eternas;
todavia, nada disso
impedia a sede da paz
que os aguardava, no lar
tépido e suave das
afinidades mais puras. A
tarefa estava cumprida e
todos demonstravam
júbilo por isso. Marcada
a reunião derradeira na
Casa Transitória,
rodeavam-se os
recém-libertos –
Dimas, Fábio,
Cavalcante e Adelaide –
de vários amigos que
lhes traziam alegres
notícias e boas-vindas
confortadoras. Dimas e
Cavalcante, agora
renovados em espírito,
ignoravam como exprimir
o reconhecimento que
lhes vibrava n'alma,
enquanto Adelaide e
Fábio, mais evolvidos na
senda de luz divina,
comentavam problemas
transcendentes do
destino e do ser,
através de observações
formosas e
surpreendentes,
recolhidas na vasta
esfera de experiências
individuais. Notas de
alegria e otimismo
transpareciam de todas
as palestras, projetos e
recordações. Zenóbia foi
até à câmara consagrada
à prece, para
despedir-se do grupo, e
pediu a Adelaide que
pronunciasse a oração de
graças, que seria
acompanhada de um
comovente hino que ela,
Zenóbia, lhes
ofereceria, como sinal
de afetuoso apreço. A
oração de Adelaide foi
fervorosa e comovente, e
iniciou-se assim: "A
ti, Senhor, nossos
agradecimentos por esta
hora de paz intraduzível
e de infinita luz.
Agora, que cessou a
nossa oportunidade de
trabalho nos círculos da
carne, nós te
agradecemos os
benefícios recolhidos,
as aquisições
realizadas, os serviços
levados a efeito... Mais
que nunca, reconhecemos
hoje a tua magnanimidade
indefinível que nos
utilizou o deficiente
instrumento na
concretização de
sublimes desígnios!
Vacilantes e frágeis,
como as aves que mal
ensaiam o primeiro vôo
longe do ninho,
encontramo-nos aqui,
venturosos e confiantes,
ao pé de teus desvelados
emissários que nos
ampararam até o fim!..."
A oração, voltada
até‚ o fim para o
agradecimento ao Senhor,
foi comovedora, e
Adelaide teve de enxugar
o pranto para poder
concluí-la. (Cap. 20,
pp. 298 a 301)
121. O regresso à
colônia - Finda
a prece, a irmã Zenóbia
abraçou Adelaide e,
reassumindo o seu lugar,
recomendou aos
auxiliares que a
ajudassem no formoso
cântico de agradecimento
ao círculo terreno que
os irmãos libertos
acabavam de deixar. Foi
um dilúvio de vibrações
cariciosas, que arrancou
lágrimas de todos: o
hino, de indefinível
beleza, era composto de
oito estrofes com oito
versos cada uma, e
reverenciava a "mãe
Terra", assinalando
a importância da
experiência terrestre no
processo de evolução da
criatura humana. Quando
soou a derradeira nota
do hino, com os olhos
nevoados de lágrimas, o
grupo despediu-se de
Zenóbia com carinhoso
abraço de adeus. André,
Jerônimo, Luciana e
Hipólito tomaram as mãos
dos recém-libertos,
imprimindo-lhes energia
para a subida
prodigiosa, cercados de
amigos que os seguiam,
alegres e venturosos, a
caminho da colônia
espiritual. Indefinível
júbilo vibrava no peito
de todos, empolgados de
vigorosa esperança, e,
depois de atravessar os
círculos de baixo padrão
vibratório, em que se
localizava a Casa
Transitória de Fabiano,
o grupo ganhou região
brilhante e formosa,
coberta pelo céu
faiscante de
estrelas!... (Cap. 20,
pp. 301 a 304)