A Revue Spirite
de 1860
(8a
Parte)
Allan Kardec
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1860. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 11
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que dizer aos que
associam os fatos
espíritas ao
sobrenatural e ao
miraculoso?
Em oito proposições
bastante claras, Kardec
reafirma que os fatos
espíritas, baseados numa
lei da natureza, nada
têm de maravilhoso ou de
sobrenatural, no sentido
vulgar desses vocábulos,
visto que o milagre não
se explica, mas os
fenômenos espíritas, ao
contrário, se explicam
racionalmente. O milagre
tem, ainda, outro
caráter: o de ser
insólito e isolado. Ora,
desde que um fato se
repete à vontade e por
diversas pessoas, não
pode ser um milagre, e é
o que se dá com os
fenômenos espíritas.
(Revue Spirite, pp. 283
a 285.)
B. As manifestações
espíritas podem ser
comprovadas?
Segundo Kardec, os
espíritas provam a
realidade das
manifestações "pelos
fatos e pelo
raciocínio". "Se não
admitem nem uns, nem
outro, se negam o que
vêem, a eles cabe provar
que o nosso raciocínio é
falso e que os fatos são
impossíveis", arremata o
Codificador. (Obra
citada, p. 295.)
C. Como Kardec, em
discurso na cidade de
Lyon, classificou os
espíritas?
No discurso proferido em
19 de setembro de 1860
Kardec classificou os
espiritistas em três
categorias: os que
buscam os fenômenos e se
limitam a crer nas
manifestações; os que
nele vêem mais que os
fatos e admiram sua
moral, mas não a
praticam; e os que
admiram sua moral, a
praticam e aceitam todas
as suas conseqüências:
os verdadeiros
espíritas, ou melhor, os
espíritas cristãos.
(Obra citada, p.
315.)
D. Que modelo propõe
Kardec no tocante às
reuniões espíritas?
Lembrando que as
melhores comunicações
são obtidas em reuniões
pouco numerosas, nas
quais reina a harmonia e
uma comunhão de
sentimentos, ele diz que
os pequenos grupos serão
sempre mais homogêneos e
é esse modelo que
sugere. (Obra citada,
pp. 316 e 317.)
Texto para leitura
167. O dr. De
Grand-Boulogne envia
carta à Sociedade
dizendo não ser certo
considerar todos os
Espíritos batedores como
de uma ordem inferior,
visto como ele mesmo,
por meio de batidas,
obteve comunicações de
ordem muito elevada.
Kardec responde que
tiptologia é um meio de
comunicação como
qualquer outro, do qual
podem servir-se os mais
elevados Espíritos.
Entende-se por Espíritos
batedores os chamados
batedores profissionais.
(P. 272)
168. Na sessão realizada
em 24-8-1860, o Sr.
Sanson agradece ao
Espírito de São Luís por
sua intervenção na cura
instantânea de um mal na
perna, que tinha
resistido a todos os
tratamentos e deveria
levar à amputação. (P.
278)
169. Em artigo sobre o
maravilhoso e o
sobrenatural, Kardec
analisa a questão da
crítica, asseverando que
a opinião de um crítico
só tem valor quando ele
fala com perfeito
conhecimento de causa.
(P. 282)
170. Em seguida, o
Codificador lista 8
proposições em que
reafirma que os fatos
espíritas, baseados numa
lei da natureza, nada
têm de maravilhoso ou de
sobrenatural, no sentido
vulgar desses vocábulos.
(P. 283)
171. O milagre não se
explica; os fenômenos
espíritas, ao contrário,
se explicam da maneira
mais racional. O milagre
tem, ainda, outro
caráter: o de ser
insólito e isolado. Ora,
desde que um fato se
repete, à vontade e por
diversas pessoas, não
pode ser um milagre. (P.
284)
172. De quantos gracejos
não foram objeto as
elevações de São
Cupertino? Ora, a
suspensão no ar dos
corpos pesados é um fato
explicado pelo
Espiritismo, que o Sr.
Home e outros repetiram
várias vezes. Trata-se,
pois, de um fenômeno
natural, não miraculoso.
(P. 285)
173. Vê-se que os fatos
espíritas são
contestados por certas
pessoas porque parecem
fugir à lei comum e
porque elas não os
compreendem. Dai-lhes
uma base racional e a
dúvida cessará. (P. 286)
174. Diz o Sr. Louis
Figuier, em sua obra
sobre o maravilhoso e o
sobrenatural, que no
século XVIII todos os
olhos se abriram às
luzes do bom-senso e da
razão, mas o maravilhoso
e os milagres
resistiram. "Abundam
ainda os milagres", diz
o Sr. Figuier. (P. 292)
175. Kardec conclui sua
análise da obra do Sr.
Figuier afirmando que os
espíritas provam a
realidade das
manifestações "pelos
fatos e pelo
raciocínio". "Se não
admitem nem uns, nem
outro, se negam o que
vêem, a eles cabe provar
que o nosso raciocínio é
falso e que os fatos são
impossíveis", arremata
o Codificador. (P. 295)
176. Jobard conta que o
físico Thilorier, que
era extremamente surdo,
se havia curado com o
magnetizador Lafontaine,
em poucas sessões. (P.
296)
177. Kardec explica por
que as comunicações
relativas às pesquisas
científicas têm
importância secundária:
todo cuidado é pouco
para evitar dar
prematuramente como
verdades incontestáveis
o que é ainda
hipotético. (P. 298)
178. Georges (Espírito
familiar) pede maior
regularidade nas sessões
da Sociedade, ou seja,
que se evitem toda
confusão, toda
divergência de idéias,
porque a divergência
favorece a intromissão
dos maus Espíritos. (P.
300)
179. Kardec responde à
"Gazette de Lyon",
que em 2-8-1860 fez
duras críticas aos
espíritas, e lhe diz que
o Espiritismo é
inteiramente baseado no
dogma da existência da
alma, sua sobrevivência
ao corpo, sua
individualidade após a
morte, sua imortalidade,
as penas e as
recompensas futuras. Seu
objetivo é prová-las de
maneira patente e sua
moral é apenas o
desenvolvimento das
máximas do Cristo. (P.
308)
180. Kardec fala dos
espíritas de Lyon e as
conversões para o bem
conseguidas, até então,
pelos ensinamentos
espíritas. (P. 310)
181. Concluindo sua
resposta à "Gazette
de Lyon", Kardec
lembra que almas e
Espíritos são uma única
e mesma coisa. Assim,
negar a existência dos
Espíritos é negar a
alma; admitir a alma,
sua sobrevivência e
individualidade, é
admitir os Espíritos.
Resta saber se após a
morte ela pode
manifestar-se, fato que
os livros sagrados e os
Pais da Igreja
reconheciam. (N.R.:
Frei Boaventura
Kloppenburg também o
reconhece.) (P. 311)
182. Os espíritas
lioneses ofereceram em
19-9-1860 um banquete a
Kardec, ocasião em que o
Sr. Guillaume proferiu
um belo discurso, que
foi respondido pelo
Codificador. (PP. 312 a
314)
183. Em seu discurso,
Kardec classifica os
espiritistas em 3
categorias: os que
buscam os fenômenos e se
limitam a crer nas
manifestações; os que
nele vêem mais que os
fatos e admiram sua
moral, mas não a
praticam; e os que
admiram sua moral, a
praticam e aceitam todas
as suas conseqüências:
os verdadeiros
espíritas, ou melhor, os
espíritas cristãos.
(P. 315)
184. Sobre as sociedades
espíritas, Kardec
lembrou que as melhores
comunicações são obtidas
em reuniões pouco
numerosas, nas quais
reina a harmonia e uma
comunhão de sentimentos;
os pequenos grupos serão
sempre mais homogêneos,
e é esse modelo que ele
sugere. (P. 316)
185. Não é nas grandes
reuniões que os neófitos
podem colher elementos
de convicção, mas na
intimidade. Há, pois, um
duplo motivo para se
preferir os pequenos
grupos, que se podem
multiplicar ao infinito,
porque 20 grupos de dez
pessoas, sem nenhuma
dúvida, obterão mais e
farão mais prosélitos
que uma única reunião de
200 pessoas. (P. 317)
186. Sobre a identidade
dos Espíritos
comunicantes, Kardec
ensina, como regra
geral: jamais o nome é
uma garantia; a única, a
verdadeira garantia de
superioridade é o
pensamento e a maneira
por que ele é expresso.
(P. 318)
(Continua no próximo
número.)