LEONARDO MACHADO
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Recife, Pernambuco (Brasil)
Humildade frágil
Ninguém ignora
ser a humildade
um dos pontos
máximos da
peregrinação de
Jesus na Terra,
bem como de sua
mensagem entre
nós.
Allan Kardec a
esse respeito
chega mesmo a
anotar que “em
todas as
circunstâncias,
Jesus põe a
humildade na
categoria das
virtudes que
aproximam de
Deus”. (1)
Sendo assim, o
próprio Mestre,
exemplo maior,
desde o berço
envolto de
simplicidade até
o calvário em
torno de
silêncio,
escolheu esta
divina virtude
como sendo seu
norte seguro e
seu símbolo de
luz.
Foi exatamente
por isso que Ele
nunca se cansou
de ensinar tal
sentimento. Da
primeira
bem-aventurança,
anotada por
Mateus (2), à
exaltação dos
rebaixados da
Terra, escrita
por Lucas (3),
recitou para a
posteridade
versos de
peregrina beleza
em louvor à
simplicidade de
coração.
Há muito, porém,
a humanidade vem
ignorando tal
preceito áureo.
Particularmente,
muitos cristãos.
Esquecê-la, no
entanto, é erro
gravíssimo, pois
que, conforme
explicações de
Lacordaire (4),
“sem a
humildade,
apenas vos
adornais de
virtudes que não
possuís, como se
trouxésseis um
vestuário para
ocultar as
deformidades do
vosso corpo”.
A verdade,
entretanto, é
que sentir a
humildade em sua
plenitude é algo
bastante
difícil,
especialmente
por conta dos
milênios
entregues aos
desvarios do
orgulho que,
agora, persistem
em pesar na
balança
sentimental
íntima.
Nesse sentido,
porque se
conhece a
mensagem
objetiva de
Jesus, mas ainda
não se consegue
realizá-la por
completo,
começa-se a
formular ritos,
quase dogmas, e
atitudes
estereotipadas,
que seriam a
chave da
aceitação do
mundo para se
intitular
humilde.
Entrementes...
Roupas gastas?
Sinal objetivo
de simplicidade!
Um falar manso?
Regra ímpar!
Recebe-se
parabéns ou
palmas com
respostas
afetadas de
recusa – “quem
sou eu? que é
isso?” Conduta
inequívoca de um
humilde de
coração!
Vangloria-se,
com a boca, a
crítica? Ótimo!
Afinal, esta é
sempre
construtiva...
Ledo engano.
E, de engano a
engano,
constrói-se um
arsenal do “bom
proceder
para se ser
humilde”,
detendo-se na
forma,
esquecendo-se,
no entanto, do
fundo.
A humildade,
contudo, forjada
desta maneira,
será sempre uma
“humildade
frágil”, pois
que, passageira
como as
convenções, não
é capaz de
arquitetar no
indivíduo as
benesses
inefáveis
proclamadas pelo
Cristo. Não foi
este tipo de
simplicidade
ensinada pelo
Mestre. E não é
este tipo que
aproxima o ser
de Deus.
A verdadeira
humildade é
aquela que não
se envaidece por
nada; aquela que
promove, de modo
espontâneo,
atitudes sem
perceber e sem
pretensões;
aquela que
permanece
íntegra apesar
dos elogios e
dos clamores do
mundo, bem como
das pedras que
recebe.
E é esta a
humildade forte
proclamada e
vivida por
Jesus.
Referências
bibliográficas:
(1) KARDEC,
ALLAN. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
112. ed. Rio de
Janeiro: FEB,
capítulo VII,
ponto 2, p. 134.
(2) KARDEC,
ALLAN. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
112. ed. Rio de
Janeiro: FEB,
capítulo VII,
ponto 2, p. 134.
(3) KARDEC,
ALLAN. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
112. ed. Rio de
Janeiro: FEB,
capítulo VII,
ponto 2, p. 13.
(4) KARDEC,
ALLAN. O
Evangelho
segundo o
Espiritismo.
112. ed. Rio de
Janeiro: FEB,
capítulo VII,
ponto 11, p.
139.