DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
O maior
de todos os bens
Há um certo poder que
supera as paixões dos
dominadores, cargos e
títulos honoríficos.
Essa força soberana
colide sempre com a
exaltada presunção, está
em contínua sublimidade
identificada com o
Ilimitado e Fecundo,
permanecendo
inalterável, límpida e
harmônica. Estamos nos
referindo ao maior bem
de todos os bens
terrenos: o Bem Moral.
Poder no mundo é força
ou autoridade. Ao se
falar em poder, pensa-se
em primazia sobre povos,
a inconstância dos
tiranos, o devaneio dos
artistas, semideuses e
guerreiros, a hipotética
vitória da pretensão.
Quem recebe o poder
temporal e obra em
proveito próprio, em
nome da soberania de um
povo, em vez de agir em
nome ou no exercício do
bem coletivo, enodoa a
própria alma por fazer
infelizes os seus
semelhantes...
A história tem-nos
apresentado impetuosos
ursupadores
incendiários, admiráveis
protagonistas por seus
feitos, guerreiros e
suas legiões incitadas
pelo revide, pela
pilhagem, que
escravizavam pessoas,
oprimiam vencidos. Em
Atenas, antigo universo
da verdadeira
democracia, berço da
cultura e das artes, a
que ministrou ao mundo
os primeiros rudimentos
de reverência à vida, à
criação e à beleza, um
justo foi condenado à
pena capital...
O abuso da autoridade
manchou o solo romano de
sangue pela embriaguez
da corrupção ao lado do
desmedido desregramento;
no entanto, as cinzas da
pompa e circunstância
desvaneceram-se em
trevas de hórridas
eversões. Antagonismos,
mentiras, assassinatos,
suicídios, lutas
cruentas à base de ferro
e fogo sobrepujaram a
força da cultura e
experiência de vida, a
qual deveria ser
empregada em prol de
todos. Já os hebreus
exigiram de um Sublime
Profeta o crédito de
víndice soberano, quando
Este apenas almejava o
perfeito entendimento
entre as pessoas...
Quem visa unicamente
seus interesses
mesquinhos sob
justificativa da
soberania popular
infringe a lei dos
homens e a Lei de Deus.
Sim. Quem quer que
perverta os princípios
fundamentais do Bem,
deixados entrevistos
pelo Criador de todas as
coisas, viola um direito
preciso: o direito
natural. E o bom senso
nos diz ser o amor ao
direito a sua prática, e
este amor, partícipe da
Lei Maior, dita
respeitarmos os nossos
direitos; mas também
dita, sobretudo, a
submissão à
responsabilidade do
culto aos deveres,
conferindo um caráter
sublime às nossas
ações.
Conforme escreveu o
DaLai Lama, respeitável
líder espiritual
budista, “há
inteligências geradoras
de sofrimentos”... Na
Terra existem mais
misérias, tristezas, que
alegrias em decorrência
de não se pensar no
direito do próximo. Como
aduz o capítulo 5.o
da excelente
obra O Evangelho
segundo o Espiritismo,
“somos, em grande número
dos casos, os
verdadeiros responsáveis
pelos próprios
infortúnios”. Enfim,
somos justamente os
autores de nossas
aflições por não admitir
que mais sábio é ser bom
que ser mau, ser dócil
vale mais que ser
altivo, ter juízo é mais
útil que ser insensato.
Afirmam serem boas todas
as religiões e seitas do
mundo... Em todos os
tempos, estas
recomendaram e até hoje
recomendam o Bem, cada
uma explicando segundo a
sua concepção. Somente o
Espiritismo, a Doutrina
dos Espíritos,
codificada por Allan
Kardec, em 1857, França,
não só explica como
justifica por que nos
convém ser bons. Em
outras palavras, só o
Espiritismo faz o homem
descobrir pelo tino,
pelo raciocínio, o dever
intransferível da
mudança íntima, a
verdadeira “conversão em
Cristo Jesus”, a que
converte o sofrimento em
amor — o amor pessoal em
amor que excede em
intensidade e
importância.
O
autor é jornalista,
presidente-fundador da
Fraternidade Espírita
Aurora da Paz (Feap),
site
www.feap.udesp.org.br,
São Paulo, Capital, e
membro da União dos
Delegados de Polícia
Espíritas do Estado de
São Paulo.