A Revue Spirite
de 1860
Allan Kardec
(9a
Parte)
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1860. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 11
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. O Espiritismo
chegará, algum dia, a
exercer influência sobre
a estrutura social?
Sim. Um dia, disse
Kardec, o Espiritismo
exercerá imensa
influência sobre a
estrutura social, mas
esse dia ainda está
longe, porque são
necessárias gerações
para que nos despojemos
do homem velho. (Revue
Spirite, p. 320.)
B. Que fato leva os maus
Espíritos a se emendar e
buscar o caminho do bem?
Diz o Espírito de
Georges que os maus
Espíritos, enquanto dão
vazão à sua raiva, são,
a seu modo, quase
felizes; no entanto,
passam os séculos e eles
sentem-se de súbito
invadidos pelas trevas,
advindo daí o remorso e
o arrependimento,
seguidos de gemidos e
expiações. A modificação
para melhor resultaria
disso. (Obra citada,
pp. 331 e 332.)
C. Os amigos do mundo
espiritual nos ajudam em
nosso retorno à
erraticidade?
Certamente. Kardec
sustenta que nossos
amigos do mundo espírita
nos recebem e nos ajudam
no retorno à vida
espiritual e diz que, na
erraticidade, os
Espíritos se reúnem e
agem de comum acordo,
tanto para o mal quanto
para o bem. (Obra
citada, pp. 340 e 360.)
D. Uma pessoa pode ser,
ao mesmo tempo, bom
católico e fervoroso
espírita?
Parece-nos que não, mas
já houve quem pensasse
assim, como o Dr. De
Grand-Boulogne, autor da
obra "Carta de um
Católico sobre o
Espiritismo", na qual
procura mostrar que se
pode ser, ao mesmo
tempo, bom católico e
fervoroso espírita.
(Obra citada, p. 352.)
Texto para leitura
187. Os Espíritos agem
incessantemente sobre
nós, sem o sabermos,
sejamos médium ou não.
Não é a mediunidade que
os atrai; ao contrário,
é ela que fornece o meio
de conhecer o inimigo,
que se trai sempre.
(P. 319)
188. Um dia, asseverou o
Codificador, o
Espiritismo exercerá
imensa influência sobre
a estrutura social, mas
esse dia ainda está
longe, porque são
necessárias gerações
para que nos despojemos
do homem velho. (P. 320)
189. Com os
conhecimentos que nos
transmite, o Espiritismo
nos torna feliz e é isto
que lhe dá um poder
irresistível e assegura
o seu triunfo futuro.
(P. 320)
190. Jobard diz, em
interessante artigo, que
os Espíritos superiores
não lamentam os bens
materiais aqui deixados,
ao contrário do
humanimal, que sente
que, perdendo os bens
terrenos, tudo perde.
(PP. 324 e 325)
191. Jobard afirma que
não existe um médium bem
intencionado que não
seja magnetizador e
curador por natureza,
mas muitos ignoram esse
tesouro e não sabem
utilizá-lo. (P. 326)
192. Kardec retifica
algumas idéias de
Jobard, que não levava
muito em conta o
progresso realizado pelo
Espírito no estado
errante. (P. 327)
193. Kardec afirma que,
mesmo que nada
pudéssemos aprender com
as manifestações dos
Espíritos, já é bastante
o fato de nos darem eles
a prova da existência do
além-túmulo. E eles nos
dão muito mais. (P. 328)
194. Georges (Espírito)
descreve o castigo
infligido aos maus
Espíritos. Enquanto dão
vazão à sua raiva, eles
são quase felizes; no
entanto, passam os
séculos e eles sentem-se
de súbito invadidos
pelas trevas, advindo
daí o remorso e o
arrependimento, seguidos
de gemidos e expiações.
(PP. 331 e 332)
195. Marte é descrito
como um mundo bem
inferior à Terra, onde
os seres, embora tendo
a forma humana, são
rudimentares e sem
nenhuma beleza.
(N.R.: Duas obras
recebidas por Chico
Xavier dizem o
contrário.) (PP. 332
a 334)
196. O mesmo Espírito
diz que Júpiter,
dividido em países de
aspectos variados, é um
mundo superior e
encantador. (PP. 334 a
336)
197. Georges diz que a
forma dos Espíritos
puros é etérea e nada
tem de palpável. Em suas
fileiras é que são
escolhidos os anjos da
guarda. São eles os
ministros de Deus, que
regem os mundos
inumeráveis. (P. 336)
198. O Espírito de Zenon
disserta sobre a
reencarnação e afirma
que com ela os mistérios
se explicam, os
problemas se resolvem,
todas as dificuldades se
aplainam. (P. 339)
199. Georges (Espírito)
diz que os Espíritos
errantes não se
comunicam entre si,
ensinamento contestado
por Kardec. O
Codificador sustenta que
nossos amigos do mundo
espírita nos recebem e
nos ajudam no retorno à
vida espiritual e ensina
que, na erraticidade, os
Espíritos se reúnem e
agem de comum acordo,
tanto para o mal quanto
para o bem. Kardec
entende que o erro de
Georges foi restringir o
termo errante a
uma certa categoria de
Espíritos, em vez de
aplicá-lo a todos os
Espíritos desencarnados.
(PP. 340 e 360)
200. A
Revue transcreve
mensagem assinada pelo
Espírito de Irmã Rosália
sobre a caridade
material e a caridade
moral. (N.R.: Essa
mensagem foi incluída
mais tarde n´O Evangelho
segundo o Espiritismo,
cap. XIII, item 9.)
(PP. 342 e 343)
201. Delphine de
Girardin (Espírito)
disserta sobre a
eletricidade do
pensamento e afirma que,
uma vez reunidos, os
homens desprendem um
fluido que lhes
transmite, com a rapidez
do relâmpago, as menores
impressões. Sob a ação
dessa corrente
magnética, as pessoas
mais interessadas em
ocultar seu pensamento
são levadas a
descobri-lo, até mesmo a
se acusar, como se vê
muitas vezes nos
tribunais do júri. (P.
344)
202. O Espírito de
Lamennais, falando sobre
a hipocrisia, assevera
que a hipocrisia é o
vício de nossa época:
"Em nome da liberdade,
vos engrandeceis; em
nome da moral, vos
embruteceis; em nome da
verdade, mentis". (P.
345)
203. A
Revue registra a viagem
feita por Kardec em
setembro de 1860 às
cidades de Sens, Mâcon,
Lyon e Saint-Etienne. "O
Espiritismo está no ar",
eis a impressão sentida
por Kardec em todos os
lugares onde falou. (P.
347)
204. Em Lyon, onde os
adeptos do Espiritismo
se contavam às centenas,
um médium vidente pôde
ver o Espírito de São
Luís, que confirmou em
Paris, posteriormente,
sua presença na viagem
feita pelo Codificador.
(P. 348)
205. Nas proximidades de
Saint-Etienne, Kardec
assistiu a um fenômeno
de transfiguração com
uma mocinha que, em
certos momentos, tomava
a aparência completa de
seu irmão, morto há
alguns anos. (P. 348)
206. A
Revue noticia o fato
ocorrido num navio da
marinha imperial,
estacionado nos mares da
China, em que um
tenente, morto há dois
anos, deu uma
comunicação tiptológica
em que pedia fosse paga
ao capitão determinada
quantia. (N.R.: O
fato é narrado também n'
O Livro dos Médiuns.)
(P. 348)
207. A
Revue noticia o
lançamento da obra
"Carta de um Católico
sobre o Espiritismo", do
dr. De Grand-Boulogne,
doutor em Medicina,
antigo vice-cônsul da
França, na qual o
autor prova que se pode
ser, ao mesmo tempo,
bom católico e fervoroso
espírita. Dia virá,
disse De Grand-Boulogne,
em que, pela força das
coisas, "o Espiritismo
estará na religião, ou a
religião no
Espiritismo". (P. 352)
(Continua no próximo
número.)