WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
Kardec e os
maus-tratos
aos
idosos
Acompanho
durante 20 anos
delicada
história, as
razões
certamente se
perdem nas
noites dos
séculos,
porquanto nos
dias de hoje os
Espíritos
protagonistas
são chamados aos
reajustes
perante a
própria
consciência.
Para quem vê
apenas a
superfície,
trata-se de
dolorosa
situação,
contudo, para
quem vê “além do
horizonte”, é
motivo de
júbilo, porque
pode representar
a real
libertação do
Espírito, que
vence
dificuldades e
ressurge
triunfante rumo
à gloriosa
jornada de
evolução,
destino de todos
nós.
Minha tia há 20
anos teve
trombose
cerebral, e
desde então não
fala, não anda,
não se mexe,
necessidades
fisiológicas
apenas com a
ajuda de muitos
remédios.
Um de meus
primos assumiu
desde a
adolescência a
tutela da mãe,
cuida com
extremo carinho
de sua
progenitora.
Troca fraldas,
prepara papinhas,
dá banho...
Coloca-se de
fato como o pai
de sua própria
mãe. É um
carinho, um
afeto que
emociona quem
acompanha essa
história.
Enquanto há
pessoas
conscientes no
mundo, que se
preocupam com os
pais,
demonstrando
gratidão e
trabalhando por
eles quando
estes estão
impossibilitados
de fazê-lo, há
também pessoas
que carregam
consigo o lema
da ingratidão,
e,
lamentavelmente,
o da maldade,
agredindo,
ameaçando e
violentando
aqueles que
fizeram a
história de
nossa sociedade
e nosso país.
Por isso, vamos
adentrar
delicado
assunto:
Maus-tratos
aos idosos.
Em “O Livro dos
Espíritos”,
Kardec e os
Espíritos amigos
trataram de
temas
semelhantes,
envolvendo a
responsabilidade
que os filhos
têm para com
seus pais; foram
além e
demonstraram que
a sociedade
também deve
proteger e
proporcionar uma
vida digna
àqueles que
durante longos
anos foram o
alicerce da
família e da
economia.
No capítulo “Lei
do Trabalho” da
obra acima
citada, Kardec
questiona os
mentores
espirituais:
P - 681: A lei
natural impõe
aos filhos a
obrigação de
trabalhar por
seus pais?
R - Certamente,
do mesmo modo
que os pais
devem trabalhar
por seus filhos;
é por isso que
Deus fez do amor
filial e do amor
paternal um
sentimento
natural para
que, por essa
afeição
recíproca, os
membros de uma
mesma família
fossem levados a
se ajudarem
mutuamente, o
que é
freqüentemente
esquecido em
vossa sociedade
atual.
Agora vejamos a
questão de nº
685 (a).
Prossegue
Kardec:
P - 685 (a): Mas
que recurso tem
o idoso
necessitado de
trabalhar para
viver, se já não
pode?
R - O forte deve
trabalhar pelo
fraco e, na
falta da
família, a
sociedade deve
tomar o seu
lugar: é a lei
da caridade.
Resposta
esclarecedora!
Por isso, vamos
informar alguns
dados para que o
leitor amigo
tome nota da
gravidade da
situação que
passam alguns de
nossos idosos.
Segundo recente
pesquisa
realizada por
especialistas da
Universidade
Católica de
Brasília, em um
universo de 18
milhões de
idosos em nosso
país,
considere-se
então pessoas
com idade acima
de 60 anos, um
total de 2
milhões, são
vítimas de
maus-tratos.
Violência
psicológica,
ameaças,
violência
física,
negligência e,
pasmem, até
violência sexual
estão entre os
absurdos que vêm
fazendo sofrer
nossos idosos.
O mais triste é
que alguns casos
de violência são
anotados dentro
do próprio lar,
ou seja, um
local onde o
idoso deveria se
sentir
protegido,
amparado, amado,
torna-se palco
de atrocidades.
E nota-se ainda
traços de
machismo,
porquanto 60%
das vítimas são
mulheres.
Lamentavelmente
crescemos com a
idéia de que com
o passar dos
anos vamos
perdendo nossa
utilidade. É a
cultura de
privilegiar o
corpo, a
superfície,
apenas a
estética. Rugas
são sinônimos de
horror. Cabelos
brancos são
sinais de
tristeza. Todas
essas idéias
desembocam no
preconceito, na
discriminação,
na violência.
O próprio
mercado de
trabalho, por
exemplo,
confirma essa
tese ao condenar
pessoas com
idade acima dos
35 anos ao
desemprego,
considerando que
já estão
“velhas” para
determinada
função. Um
autêntico
absurdo!
Vemos também
essa idéia
impregnada na
forma de pensar
das pessoas,
quando em tom de
brincadeira
dizem: “Ah, vou
trocar minha
esposa de 40 por
duas de 20!”
De modo que as
gerações se
sucedem e
começam a ver
nos idosos não
fonte de
experiência,
mas, sim, um
peso, um
incômodo. Tanto
é verdade que
muitos se
recusam a falar
sobre sua idade
biológica,
trazendo consigo
uma visão
distorcida da
realidade,
acreditando que
o avançar da
idade é sinônimo
de enfermidades,
dificuldades,
limitações...
Ora, qual o
problema do
avançar da
idade? Por que
esconder os anos
que nos
trouxeram
experiência,
maturidade?
Em realidade,
com o progresso
da ciência, hoje
a Qualidade de
vida aumentou
muito, nos
mostrando que os
problemas de
saúde estão
muito mais
relacionados com
a falta de
cuidado com o
corpo do que com
o avançar das
primaveras.
E como dizem os
sábios da
espiritualidade,
vencer o
preconceito é
uma questão de
educação, não a
educação vinda
dos livros, que
também é
importante, mas
não suficiente,
mas a educação
moral, que
ensina o
indivíduo
moralizar suas
atitudes e
acionar os
condutos do
coração,
respeitando as
fases da vida,
encarando-as
como um
incessante
processo da
natureza que, no
seu infindável
vai-e-vem, vai
nos lapidando e
nos ensinando a
despir de
preconceitos,
onde
compreendemos
que o chegar da
idade faz parte
da caminhada
evolutiva de
todos nós,
desmistificando
a cultura de que
pessoas que
ultrapassam os
60, 70, 80 anos
são um incômodo,
um peso que a
sociedade deve
carregar.
O melhor é
exercitarmos a
gratidão;
gratidão pelos
pais que tanto
fizeram por nós,
gratidão pelos
professores,
amigos e tantos
outros que
cruzaram nossa
existência,
banhando-nos com
a riqueza de
suas
experiências.
Quando
aprendermos o
sentido da
gratidão, não
haverá
agressões,
preconceitos e
negligências
contra os idosos
que, a muito
custo,
construíram a
história de
nossa pátria.
Uma questão a se
pensar!