Tocar a
orla da sua túnica
Contam-nos dois
evangelistas que Jesus
caminhava no meio da
multidão quando se
sentiu levemente tocado.
Tratava-se de uma mulher
que, havia doze anos,
sangrava sem parar e em
vão gastara todos os
seus haveres com
diversos médicos.
Sabendo da fama do poder
de cura de Jesus, ela se
aproximou do Mestre por
trás e tocou-lhe a orla
da túnica. No mesmo
instante, o sangramento
estancou. Jesus notou o
que tinha acontecido e
perguntou a alguns de
seus discípulos: “Quem é
que me tocou?” Ao que
Pedro e os que estavam
com ele responderam:
“Mestre, a multidão te
aperta e te oprime, e
dizes: Quem é que me
tocou?” Jesus
esclareceu: “Alguém me
tocou diferentemente,
porque bem o percebi”.
Então, sentindo que não
poderia ocultar-se, a
mulher prostrou-se
diante dele e declarou
que o havia tocado
porque desejava
curar-se. E ele lhe
disse: “Filha, a tua fé
te salvou”.
Em diversas passagens
evangélicas, verifica-se
que Jesus não atribuía a
seus poderes as curas
(embora eles fossem
indispensáveis),
preferindo sempre
ressaltar o papel da fé.
Perguntado pelos
discípulos por que eles
não conseguiram a cura
de um menino, Jesus
respondeu: “É porque
vocês não têm bastante
fé. Eu garanto a vocês:
se tiverem a fé do
tamanho de uma semente
de mostarda, podem dizer
a esta montanha: ‘Vá
daqui para lá’, e ela
irá. E nada será
impossível para vocês”.
Conceitualmente, fé é a
confiança no poder
divino, num poder
supremo, no poder do
Criador. Como
conseqüência, quem tem
fé submete-se
resignadamente a essa
vontade divina. Todavia,
a fé não é um atributo
que se obtenha da noite
para o dia. Ela deve ser
conquistada aos poucos,
fruto do longo processo
de amadurecimento do
Espírito. Logo, a fé e a
resignação perante os
ditames divinos
dependem, inicialmente,
da certeza de uma vida
espiritual. Quem não
acredita no porvir não
compreende e não
consegue aceitar as
provações pelas quais
precisa passar, porque
não sabe que tudo
resultou das próprias
escolhas feitas em vidas
passadas.
A prece é uma
demonstração de fé.
Através da oração, a
criatura procura entrar
em contato com o
Criador, e isso gera um
estado de receptividade
ao auxílio divino. Jesus
afirmava que tudo quanto
for pedido, “fazendo
oração com fé”, será
conseguido. Para isso, a
prece deverá vir do
interior, em forma de
súplica, louvor e
agradecimento. De nada
valem gestos ou palavras
convencionais
mecanicamente repetidos.
“Bem-aventurados”, dizia
o Mestre, “aqueles que,
para crer, não precisam
de demonstrações”.
É principalmente pela
prece, portanto, que
devemos praticar o
necessário exercício da
fé. E não duvidemos do
poder dessa fé, que é de
fato capaz de remover
montanhas.
Então, bom exercício a
todos!